Lyanna voltou da cozinha com um sorriso maroto no rosto. Sabia que tinha alguma coisa entre sua mãe e o senhor Potter. Não achava ruim. Na verdade, gostava que sua mãe tivesse companhia.

A ruiva nunca se perguntara sobre seu pai. Desde pequena aprendera que este não era um assunto que sua mãe gostava de falar. Não tinha curiosidade. Apenas sabia que esse assunto não fazia bem a sua mãe. Fazia-a pensar demais no passado.

- Que cara é essa? – Luke a perguntou quando sentou ao seu lado.

- Nada – Respondeu com um sorriso inocente. Ele revirou os olhos.

- Não confia em mim, Lya? – Ele perguntou se aproximando e colocando uma mão sobre a sua perna.

- Não me lembro de ter te dado intimidade para me chamar de Lya, Zabine – Lyanna pegou delicadamente a mão do rapaz e a afastou de seu corpo, fazendo-o rir. Em seguida, a ruiva começou a conversar com o primo mais novo, Brandon, que olhava a cena com uma carranca.

Percebeu que Luke não desistira e colocara a mão em sua perna novamente. Dessa vez, ela não objetou e a deixou ali. Quando tinha se acostumado com o toque, Luke começou a acaricia-la e isso a pegou de surpresa, fazendo-a perder o rumo da conversa com seu primo. Este, por sua vez, percebera todo o ato e não se sentia nada confortável com a situação.

Lyanna não o culpou, antes de Luke chegar com o senhor Potter, eles estavam se dando bem, conversando sobre vários assuntos e, por fim, ele a falava sobre Hogwarts. Por mais que ele fosse um ano mais novo, não era infantil e isso a fez simpatizar ainda mais com o primo, de infantilidades já bastava Daenerys.

Mas, bem, isso foi até Luke Zabine chegar. Lyanna percebeu que eles não eram muito amigos. Especialmente depois que Luke começou com as investidas dele. Ela deveria se sentir mal, mas não conseguia. Luke parecia fazer o estilo “garoto errado” – o preferido de Lyanna. Brandon e Luke trocavam farpas a cada cinco segundos, mas o ultimo já não parecia mais se importar em alfinetar o outro, estava mais preocupado com a garota ao seu lado.

-Atenção! Vamos cantar os parabéns para o vovô! – Senhora Weasley, a sua carismática e sorridente bisavó por quem adquirira uma grande afeição, chamou.

Os filhos e os netos se aproximaram do sr. Weasley, que estava sentado na cabeceira da mesa. Lyanna tinha certeza de que aquela casa havia sido magicamente aumentada, pois não era possível caber tanta gente em um espaço tão pequeno.

Ela ficou um pouco mais atrás, junto com seus primos mais novos, e Luke. Este se posicionou atrás da ruiva e se manteve quieto enquanto todos batiam palmas e cantavam animados. Calmamente, enlaçou Lyanna pela cintura e a puxou mais para perto de seu corpo. Por sua vez, ela apenas continuou batendo palmas.

Os lábios quentes do moreno atingiram seu ouvido e sussurraram docemente:

- Vamos lá pra fora.

Lyanna sentiu suas pernas tremerem e seu coração palpitar. Queria não sorrir, manter-se séria, mas os cantos de seus lábios tinham vida própria e sorriram por ela.

- Depois – Ela respondeu usando todas as suas forças para se afastar do rapaz.

Não sabia o que estava acontecendo. Conhecia Luke Zabine há apenas algumas horas e ele já a deixava com as mãos inquietas e lábios secos. Lyanna ansiava por ele, como jamais ansiara por nenhum outro garoto.

Ele era apenas alguns meses mais velho, mas tinha um corpo, particularmente, muito bem definido. Não sabia o que acontecia entre ele e Brandon, mas o jeito que ele farava com o seu primo deixou uma coisa bem clara: Luke era “o cara”.

O cara para o qual os alunos abriam passagem no corredor. O cara pelo qual as meninas viravam a cabeça para não perder contato com seus maravilhosos músculos. O cara que aprontava tudo que fosse possível e sempre que levava a melhor. Lyanna conhecia esse tipo de cara, costumava andar com eles em Durmstrang.

- Vai querer bolo, meu anjo? – Rose perguntou se aproximando e passando a mão no cabelo da filha.

Lyanna gaguejou qualquer coisa, negando e voltou para perto de Brandon, que a olhava curioso.

- Ele quer alguma coisa com você, não é? – Perguntou, surpreendo-a.

- Desculpe? – Ela se surpreendeu, demorando a entender sobre o que o loiro falava.

- Zabine – Ele revirou os olhos – Ele quer alguma coisa com você. Ele quer com todas.

- Como assim? – Lyanna ignorou o nó em sua garganta Ela estava acostumada com esse tipo de “o cara”, normalmente são seus amigos mais íntimos e confidentes, com algumas pegações de vez em quando, óbvio, mas por que esse desapontamento?

-Você sabe o que eu quero dizer – Ele respondeu antes de se levantar para pegar um pedaço de bolo.

Ela estava pronta para se perder em pensamentos, mas um vulto na janela chamou a sua atenção. Luke acabara de sair da casa pela porta dos fundos. Ninguém parecia se importar com nada, conversavam animados.

Olhou uma ultima vez para Brandon. Algo em seu olhar – a janela de sua alma – a fez considerar o que estava prestes a fazer, mas a sensação durou por pouco tempo. Antes que se arrependesse, Lyanna se levantou e saiu discretamente para o fundo da casa.

- Podem nos pegar – Ela sussurrou audivelmente enquanto chegava perto de Luke.

Este riu e levantou a mão, convidando-a a chegar mais perto. Estava na encosta de um morro. Lyanna sentiu medo, mas o toque da mão de Luke a deu coragem, e, quando sentiu o vento bater contra seu rosto, quase sentiu vontade de voar de novo.

- Não está com frio? - Ele perguntou analisando as roupas que a ruiva usava.

Ela fez uma careta.

- A Europa é fria de qualquer jeito, não importa o que eu use. E perto do frio que eu passo em Durmstrang, posso até sentir calor nesse clima.

- Vamos ver quando chegar o inverno – Ele riu novamente – Mas eu não te chamei aqui fora para falar do clima. E você não veio para comentar das suas roupas – Luke comentou se virando e fazendo ficar de frente para si.

Lyanna pode encará-lo nos olhos. Luke tinha olhos lindos. Uma imensidão negra, assim como a noite, que, escura como só ela, escondia o rubor da face da garota, que se sentia cada vez mais envergonhada perto de Luke. Mas isso não a fazia querer a distância, não, pelo contrário: ela queria menos distancia. Quanto menos distancia entre eles, melhor.

Ele acariciou o seu rosto e mexeu em uma pequena mecha dos seus cabelos. Não tirava os olhos de sua boca. Uma mão enlaçou a garota pela cintura, trazendo-a mais para perto enquanto a outra ainda repousava sobre seu rosto.

Suas respirações se tornaram uma só quando Luke finalmente tomou seus lábios.

Se Lyanna sentira vontade de voar, seu desejo havia sido realizado. Por mais clichê que esse sentimento lhe parecesse, era assim que ela sentia: voando. Luke a levara mais alto do que qualquer vassoura jamais faria, a fizera dar mais voltas do que qualquer coreografia de dança, fizera seu coração palpitar bem mais do que uma simples corrida.

Quando se separaram para recuperar o ar, ele encostou-se a uma arvore ali perto e a puxou pela cintura com um sorriso enviesado e começou a depositar vários beijos em Lyanna, começando pelo canto da boca e seguindo até o pescoço. A ruiva apenas apreciou o contato, suspirando de vez em quando.

Não gostava disso. Quer dizer, gostava disso. Gostava até demais disso, do beijo de Luke, do seu toque e de todas as sensações que isso lhe causava. E isso incomodava. Afinal, como alguém que ela acabara de conhecer a deixara tão inconstante?

Lyanna sabia que seria capaz de fazer loucuras para que pudesse passar o resto da noite ali, nos braços daquele negro tão inquietante, tão cheio de si e tão... Será que ela poderia citar essa palavra? Tão apaixonante.

Porque, sim, Luke Zabine era definitivamente “o cara” e Lyanna sabia que, se permitisse, poderia facilmente se apaixonar por ele.