Albus costumava se perguntar o porquê de gostar tanto da companhia do filho de Daniel, Luke, ou do filho de James, Brandon. Não entendia o porquê disso, mas, naquela noite, enquanto estava deitado sozinho em sua cama king size percebeu que aqueles meninos eram um jeito de tentar se completar.

Por catorze anos, Albus Potter tinha sido um homem vazio, rodeado por flashes e entrevistas. Mesmo tendo sido finalmente aceito em sua família, ainda se sentia sozinho.

Ele já tinha tentando várias maneiras, passando mais tempo com os garotos, bebendo, saindo com várias mulheres e até mesmo fumando – ultimo vicio adquirido. Infelizmente, nenhuma funcionara. Muito pelo contrário, apenas tinham-no ajudado a afundar mais e mais.

Então Rose voltou. Só então Albus percebeu que já não tinha memórias exatas dela. Depois de tanto tempo, só se lembrava de palavras, não de um som especifico. Tinha um relance dos cabelos vermelhos, mas mal podia se recordar do azul de seus olhos.

Albus nunca considerara ter uma versão menor de si, mas ele via isso em Daenerys. Todavia, Lyanna mexia bem mais com ele. Ela não era uma versão menor de Albus Potter, era uma Rose Weasley mais jovem, apenas com um detalhe ou outro dele.

Em nenhum momento de sua vida o homem imaginara ter filhos, eram apenas “pirralhos desnecessários”. Talvez tivesse considerado constituir uma família, mas isso tinha sido há catorze anos, um pouco antes d’ele entrar para o time de Quadribol.

Ele suspirou fundo e tampou o rosto com travesseiro. Pai. Talvez, em seu interior, quisesse tanto isso que não teve nenhum tipo de problema em aceitar a novidade. Pai. Duas lindas meninas, uma parecida consigo e outra, com a mulher que tanto amara. Pai. E ele não podia nem ao menos trata-las como suas filhas. Pai.

Sentia-se estranho. Como se uma parte apagada dentro de seu corpo voltasse a brilhar depois de catorze anos. Todos os sentimentos que jurara ter esquecido voltaram como se nunca tivessem saído – talvez nunca o fizeram, de qualquer maneira, ele não se importava muito com esse detalhe.

- Eu sou uma mentira – Albus sussurrou para si mesmo.

Adormeceu com essa frase na cabeça.

Quando acordou, Luke já estava de pé. O mais novo estava terminando de tomar seu café da manhã e subindo para o terraço. O céu não dava nenhum indicio da tempestade da noite anterior, então o menino iria, provavelmente, voar em sua vassoura nova.

Daniel costumava mimar o único filho por se sentir culpado por passar tanto tempo longe. Albus sorriu ao ver Luke subir, se lembrava de quando o amigo tinha contado sobre a existência do garoto e de como ele tremia de nervosismo. Tinham acabado de terminar o sétimo ano, quando Daniel chamou Albus e Scorpius para uma conversa “séria”. Ele estava pálido e com a boca seca. Levou aproximadamente dez minutos para contar que tinha bebido demais uma noite e se esquecido da proteção. Foi o maior incentivo que teve para entrar no time de Quadribol. Poderia ser de família rica, mas era orgulhoso de mais para cuidar de seu filho com o dinheiro do pai.

Assim que terminou de comer, Albus subiu para o terraço e logo avistou Luke perseguindo uma pomba. Ele tinha puxado o pai desde o talento em cima de uma vassoura até mesmo ao temperamento sonserino. Assim como Daniel, Luke sabia ser bem malvado quando queria. Albus mesmo já havia presenciado isso várias vezes. Seu lado adulto deveria corrigi-lo, mas seu lado sonserino sentia muito orgulho do garoto.

- Ei, tio! – Ele chamou – Acha que consegue me vencer hoje? – Luke perguntou com um sorriso debochado.

Albus revirou os olhos e pegou a sua vassoura e um pomo de ouro. O terraço tinha sido decorado estrategicamente para jogos de Quadribol. Ele subiu na mesma altura do mais novo e o desafiou com o olhar, soltando o pomo no ar.

Antes que Albus fizesse o mínimo movimento, Luke já saíra disparado por onde a bolinha dourada sumira. O mais velho revirou os olhos e o seguiu em mesma velocidade, não deixaria aquele pirralho o ganhar tão fácil.

E, de fato, não deixou. Luke o ganhou por mérito próprio e fez questão de jogar isso na cara do melhor amigo de seu pai.

- Acho que mereço um beijo por uma vitória tão linda como essa... – Luke se gabou enquanto voltavam pra o interior do apartamento.

- Beijo? Ficou louco garoto? Por que EU te daria um beijo?

- Não seu beijo... – Ele explicou revirando os olhos – Mas quem sabe daquela sua prima que estava aqui ontem... Lyanna.

Albus sentiu seu estomago revirar. Pai. Então era assim que um pai se sentia?

- Ela nunca estava n’A Toca quando eu fui, nem a mãe.

- Rose foi embora há catorze anos, quando engravidou de Lyanna. Voltou faz pouco tempo.

- Por que ela foi embora? – Luke perguntou, se jogando no sofá.

- Não sei – Albus respondeu com a mesma dúvida na cabeça.

- Ela é gata. – Constatou Luke depois de um tempo.

- Qual delas? – Albus perguntou, desconfortável com o assunto.

- As duas – Luke revirou os olhos novamente – Mas uma delas é um tanto velha demais para mim, não é?

– Você não se acha novo demais para pensar nisso? – Respondeu Albus

– Qual é! Eu tenho 15 anos...

– Na sua idade eu costumava me preocupar mais com o campeonato de Quadribol do que com garotas – O menino bufou – Vem! Se troque, vamos fazer uma pequena visita A’toca.

– O Brandon não vai está lá, vai? – Luke murmurou.

– Deve estar, sei lá... Só, vai se trocar.

- Espera... Lyanna vai estar lá?

– Provável - Os olhos do menino brilharam – É o aniversário do meu avô, a família inteira vai estar lá e como Rose sempre foi a neta preferida, acho que ela vai também.

- Quantos anos o velho tem? Trezentos?

- Um a mais, um a menos – Albus deu os ombros. Ambos riram – Anda logo, você vai precisar de um bom tempo para se arrumar se quiser ficar apresentável para Lyanna.