Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 25
Capítulo 14 - A soma de todos os medos PT3


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Sakura tenta se focar nos estudos, o vilão Phobos vai ampliando sua influência. E as meninas do clube de atletismo se vêem diante de uma ameaça inesperada...



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(CONTINUANDO...)

As teias imobilizam um dos pés de Rika, derrubando-a. Sakura corre até a amiga para ajudá-la.

Sakura: Rika! Você está bem?
Rika (gritando): Me ajuda, Sakura! Elas surgiram do nada e estão me caçando! Não deixe elas me tocarem!

Fai se agacha diante de Rika e acaricia o rosto dela, deixando a menina corada. Vendo aquela cena, Meiling rosna de raiva. A chinesa faz menção de tomar alguma atitude, mas Sakura a impede ficando na frente.

Fai: Por favor, procura se acalmar. Farei o possivel e o impossivel para protegê-la. Uma menina tão bonita quanto você com certeza vale o esforço.
Rika: O-obrigada...

Fai puxa um canivete do bolso de sua calça e corta a teia.

Rika (limpando os resquicios de teia): Ai! Que nojo!

Sakura verifica o tornozelo da amiga e a ajuda a se levantar.

Shaoran (gritando): Ela está bem?!

Shaoran havia assumido a dianteira e estava mantendo a horda de aranhas afastada. O chinês estava se valendo de suas técnicas e de sua incrivel agilidade para golpear qualquer aranha que tentasse avançar. Shaoran chuta uma das aranhas, lançando-a com força contra uma parede. A aranha acaba esmagada e morta, uma gosma esverdeada marcando o local de sua morte na parede. Entretanto, do corpo da aranha surge uma estranha aura negra que acaba se transformando em mais duas aranhas.

Shaoran: Elas estão se multiplicando?

Shaoran não tem muito tempo para pensar e continua seus ataques de contenção. Ele sabia, contudo, que não poderia manter o controle por muito tempo já que as aranhas eram pequenas e dificeis de acertar e estavam ficando em grande número.

Rika (tremendo): Por que isso está acontendo comigo? Por que?

Sakura olha da fragilizada Rika para a horda de aranhas que já começavam a superar a contenção de Shaoran.

“Se usarmos magia, Shaoran e eu podemos dar conta dessas aranhas. Mas não podemos fazer isso na frente do Fai e da Rika.”

Tomando sua decisão, Sakura pega a mão de Meiling.

Sakura: Eu preciso que você e o Fai tirem a Rika daqui. Levem-na para um lugar seguro.
Meiling: Pode contar comigo.
Fai: Ficarei feliz em ajudar.
Rika: Mas e você, Sakura?
Sakura: Eu e Shaoran vamos atrasá-las.
Rika: Não! E se elas fizerem algo contra vocês?!?
Sakura (sorrindo para deixar a amiga despreocupada): Não se preocupe. Nós estaremos logo atrás de vocês. O mais importante agora é manter você a salvo.
Rika: Sakura...
Meiling: Então vamos indo. Eu te ligo para avisar onde estamos, Sakura.
Sakura: Certo.

Puxando Rika pela mão, Meiling começa a correr rumo ao norte, ambas seguindo os passos de Fai. Após perder os amigos de vista, Sakura caminha lentamente em direção a horda de aranhas e segura sua chave mágica em sua mão esquerda.

Sakura: LIBERTE-SE!

A herdeira de Clow retira seu baralho de cartas mágicas de sua mochila e o lança no ar.

Sakura: Cartas criadas com o poder da minha estrela, levantem uma barreira que mantenha inocentes afastados dessa àrea...

Flutuando pouca acima da cabeça de sua mestra, as cartas mágicas se posicionam de forma a tornar possivel o desenho de uma estrela, desenho esse que é formado por um feixe de luz que emerge de uma das cartas.

Sakura: ESPAÇO RESTRITO!

A estrela luminosa se eleva aos céus e se expande, criando uma barreira transparente envolvendo aquela àrea. As cartas mágicas se reúnem e pousam na mão de sua mestra, que já separa uma delas para preparar um ataque.

Shaoran: Bom trabalho, Sakura. Agora não preciso mais me segurar.

Shaoran pega um amuleto em seu bolso, convertendo em sua imponente espada mágica. O chinês salta e finca sua espada no meio do grupo de aranhas.

Shaoran: Dragão do trovão, obedeça ao meu comando!

Um poderoso relâmpago desce do ceú e atinge as aranhas. Eletrocutadas, as aranhas começam a explodir, seus corpos dando lugar a diversas poças de gosma. Satisfeito com o resultado de se ataque, Shaoran coloca sua espada no ombro e se afasta alguns passos dos restos das aranhas, ficando lado a lado com Sakura.

Sakura: Conseguimos?
Shaoran: Elas estão acabadas. Resta agora saber de onde...
Sakura: ESCUDO!

Um escudo mágico envolve Sakura e Shaoran. O chinês se surpreende ao perceber que mais aranhas haviam surgido a partir das aranhas mortas. Mas essas aranhas pareciam diferentes. A coloração de seus corpos havia mudado, assumindo um tom claro de amarelo. Shaoran nota um pouco de fumaça saltando da superficie do escudo gerado por sua namorada.

Shaoran: Ácido?
Sakura: Eu não sei, mas parecia algo perigoso, então agi rápido e ergui o escudo.
Shaoran: Obrigado. Isso teria causado uma bela queimadura...
Sakura: Eu não sei de onde essas novas aranhas surgiram... você derrubou todas as outras com seu ataque.
Shaoran: Elas continuam se multiplicando. Mas como isso é possivel?
Sakura: Será que podemos baní-las?
Shaoran: Elas definitivamente emitem uma aura de magia do caos, mas algo não está certo. É diferente de tudo que enfrentamos antes.

As aranhas se preparam para atacar novamente. Sakura desfaz o escudo e saca uma carta mágica.

Sakura: GELO!

Uma nuvem de poeira branca emerge da carta mágica e se espalha pelo caminho a frente de Sakura. Em questão de segundos todas as aranhas se vêem presas em blocos de gelo.

Sakura: Fiquem quietinhas ai.
Shaoran: Se elas não morrerem, não poderão se multiplicar. Basta imobilizar as aranhas. Bem pensado, Sakura.
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): Não foi nada... eu meio que agi por instinto...

O terreno da praça é abalado por um tremor, que desequilibra momentaneamente Sakura e Shaoran.

Sakura: O que foi isso?
Shaoran: Um terremoto?

Shaoran ajuda Sakura a se levantar. Ao se virarem, os dois se deparam com uma lâmina gigante fincada na calçada, onde havia provocado uma rachadura. A lâmina na verdade era parte dos oito pares de pernas de uma aranha gigante que havia acabado de surgir. Ela tinha cerca de dez metros de altura e era da mesma coloração amarela das aranhas capturadas, embora houvesse listras negras paralelas em suas costas. Além disso, possuía uma segunda cabeça na extremidade oposta de seu corpo. Os sete olhos vermelhos da aranha estavam focados em suas presas.

Sakura: Eu acho que essa é a mamãe deles...
Shaoran: E não parece nada feliz...

A aranha abre sua boca e vomita uma grande quantidade de ácido. Sakura e Shaoran se esquivam com algumas cambalhotas. A segunda cabeça também age, disparando uma baforada de fogo direcionada ao chinês.

Shaoran: Dragão da terra, obedeça ao meu comando!

Um muro de pedra surge diante de Shaoran, protegendo-o do ataque.

Sakura (apontando com seu báculo): Shaoran! Elas sumiram!

Shaoran segue o báculo de estrela e nota que ela apontava para os pequenos blocos de gelo criados pelo ataque de Sakura. Os blocos, entretanto, estavam vazios.

Shaoran: Você viu para onde elas foram?
Sakura: Elas simplesmente sumiram e... espera... elas estão ali!

Sakura aponta para o telhado de uma casa, onde todas as aranhas estavam reunidas. As criaturas começam a se mover, saltando de telhado em telhado.

Sakura: Elas não podem ir atrás da Rika! Eu vou segurá-las!

A aranha gigante salta e pousa diante de Sakura, que é atacada por uma baforada de fogo.

Sakura: SALTO!

Com um poderoso salto, Sakura se lança no ar e evita o ataque. A outra cabeça da aranha, entretanto, também havia iniciado um ataque. Sakura é atingida em pleno ar e lançada contra um grupo de árvores.

Sakura: Mas o que...?

Sakura nota que havia sido aprisionada numa enorme teia de aranha, de onde não conseguia se soltar. Com seus braços presos, a menina não podia sacar suas cartas mágicas.

Shaoran: Dragão do fogo, obedeça ao meu comando!

Da espada mágica emerge uma poderosa rajada de fogo que envolve a aranha. A criatura guincha de dor e é consumida pelas chamas, não deixando nenhum vestígio. Com seu alvo neutralizado, o chinês se volta para sua companheira.

Shaoran (erguendo a espada): Fique tranquila, Sakura. Eu já vou te...

Shaoran é atingido repentinamente e jogado contra um banco da praça. O garoto se vê cercado por duas aranhas gigantes, essas de coloração roxa.

Shaoran: Eu não deixei vestigios da outra aranha... então como foi que essas aranhas surgiram?

Uma das aranhas tenta prender Shaoran com teias, mas ele se esquiva delas. Não satisfeitas, as duas aranhas atacam juntas e criam um muro de teia ao redor do chinês. Shaoran ergue sua espada e tenta cortar a teia.

Shaoran: Ahhhh!

O chinês é eletrocutado após o contato da espada com a teia e cai desacordado.

Sakura: SHAORAN!

Sakura se debate violentamente, tentando se soltar. Uma das aranhas ergue uma de suas pernas e se prepara para o ataque final.

Sakura: NÃOOOOO!!!

A aranha finca sua perna no chão com força, gerando uma nuvem de poeira. Quando a nuvem se dissipa, Sakura percebe que seu namorado não fora atingido.

Mulher: Precisa de uma mãozinha?

Uma mulher de longos cabelos na cor rosa e asas de borboleta estava flutuando no ar. Ela trazia em seus braços o desacordado Shaoran.

Sakura: Ruby Moon!

Ruby Moon conjura uma espada feita de uma espécie de rubi vermelho e, com um único golpe, consegue romper a teia que prendia Sakura. Assim que chega ao chão, Sakura não perde tempo e corre até Ruby Moon e Shaoran.

Sakura: Shaoran!

Ruby Moon coloca o garoto chinês no chão. Ele havia acabado de despertar.

Sakura: Shao-kun? Você está bem?
Shaoran: Não se preocupe. Estou bem. Só tenho ferimentos leves.

Sakura abraça Shaoran com força, deixando o garoto levemente corado.

Sakura: Que bom!

Sakura desfaz o abraço e se volta para Ruby Moon.

Sakura: Obrigada por nos ajudar.
Ruby Moon: Não é hora para bate-papo. O problema ainda não acabou.

Sakura e Shaoran notam as duas aranhas gigantes se aproximando. Elas estavam acompanhadas de dezenas de aranhas menores.

Sakura: Elas continuam aparecendo do nada.
Shaoran (erguendo a espada e assumindo posição de combate): Não importa quantas aranhas a gente derrube, sempre aparecem mais no lugar.
Sakura: Você tem algum plano, Ruby?
Ruby Moon: No momento o plano é derrubar elas e tentar não morrer durante a luta.
Shaoran (erguendo a sobrancelha): Não é exatamente um plano, não é?
Ruby Moon: É tudo que podemos fazer até descobrirmos o ponto fraco dessas aranhas bizarras.
Sakura: Algumas delas escaparam e estão indo atrás de meus amigos. Temos que ajudá-los!

Ruby Moon conjura uma esfera de luz em sua mão esquerda, de onde surgem diversas lâminas de rubi vermelho que atacam um grupo de aranhas de menor porte.

Ruby Moon: Então vamos ter que abrir caminho até eles, não é?

Fai, Meiling e Rika estavam correndo sem parar, dobrando esquinas e entrando em ruas aleatoriamente. Tentaram ir para o mais longe possivel, como prometido a Sakura.

Meiling: Acho que as despistamos por enquanto.

O grupo pára próximo a uma banca de jornal e aproveita para recuperar o fôlego.

Fai: Alguma idéia de onde estamos?
Meiling (dando um tapa na cabeça do garoto): Ei! Foi você que nos guiou na corrida.
Fai (fazendo uma reverência): Mil perdões. Eu apenas segui meus instintos. Não conheço muito bem a cidade.
Meiling (suspirando): Tudo bem... deixe-me ver...

Meiling cruza os braços e começa a observar a redondeza. Seus olhos páram por um instante em um muro que estava parcialmente coberto pela sombra de uma grande árvore. Havia um par de olhos vermelhos ocultos naquela sombra. Quando Meiling tenta observar uma segunda vez, ela percebe que o muro estava vazio.

Fai: Algo errado?
Meiling: Parecia haver algum bicho em cima do muro nos encarando.

Fai olha para o muro em questão.

Fai: Não vejo nada.
Meiling: Deve ter sido só impressão.

A chinesa continua a observar a àrea até que aponta para uma cabine telefônica na esquina.

Meiling: Reconheço aquela cabine. Já sei onde estamos.
Fai: Acho que você devia checar sua amiga agora.

Rika havia se sentado numa grade baixa que cercava um terreno baldio. Seus olhos estavam arregalados e tanto seus cabelos quanto suas roupas estavam uma bagunça. Meiling se aproxima da amiga e tenta arrumá-la um pouco.

Meiling: Prontinho. Agora sim parece com menina linda que é minha amiga Rika.

Dos olhos de Rika começam a escorrer lágrimas.

Meiling: Ei! Não chore. Está tudo bem agora.
Rika: E-eu... e-eu... eu não consigo parar de tremer... s-só de pensar naquelas aranhas... só de lembrar a sensação delas tocando minha pele... só isso já me faz tremer como louca...
Meiling: Aranhas são realmente um pouco nojentas...

Rika soluça algumas vezes.

Meiling (agitando os braços): Mas você não têm que pensar nisso. Está segura agora.
Rika: M-mas e quanto a Sakura? E o Li? E-eu os coloquei nessa confusão... e-eu... e-eu... e-eu nem consigo explicar o que está acontecendo...

Meiling tira seu celular do bolso e se afasta alguns passos.

Meiling: Aqueles dois são imbativeis juntos. Eles devem estar esperando a gente ligar, então eu...
Fai: Cuidado!

Fai surpreende Meiling e a pega no colo, se jogando dentro do terreno baldio em seguida. A chinesa cora de vergonha ao perceber que estava sendo carregada como se fosse uma noiva e começa a bater no peito de Fai.

Meiling: Idiota! Idiota! Idiota! O que você pensa que está fazendo?
Fai: Salvando minha deslumbrante namorada?

Meiling nota que havia um buraco no chão no local onde ela estava antes, de onde estava saindo um pouco de fumaça.

Rika: M-mais aranhas?!?

Havia um grupo de aranhas amarelas saltando de telhado em telhado e indo em direção a Meiling, Rika e Fai. Elas os alcancariam em instantes.

Fai: Essas são diferentes. Parecem capazes de disparar uma espécie de ácido.
Meiling: Isso significa que...
Fai: ... que você escapou por pouco dessa.
Meiling (virando o rosto): O-obrigada... por me salvar...

Os dois ficam quietos por um instante.

Meiling (uma veia saltando na testa): Por quanto tempo eu vou ter que ficar assim?
Fai (sorrindo): Ah. Não sei. Você parece tão confortável que fiquei sem graça de colocá-la no chão novamente.
Meiling: Idiota!!!

Meiling se debate e consegue sair dos braços de Fai. Nesse mesmo instante as aranhas alcançam Rika e começam a disparar ácido contra ela.

Rika (as pernas tremendo): O que eu faço? O que eu faço?

Meiling e Fai puxam os braços de Rika ao mesmo tempo, arrastando a garota para o terreno baldio. Os disparos de ácido se espalham pela calçada, causando um certo estrago.

Meiling (e Fai): Corra!

Os três adolescentes correm pelo terreno baldio enquanto se esquivam dos ataques. Uma das aranhas dispara ácido contra Rika, mas Fai a puxa para trás de uma árvore no último instante.

Fai: Você tem que ficar mais atenta.
Rika: E-entendi...
Fai: Corram em zigue-zague por entre as árvores!

Rika e Meiling obedecem a ordem de Fai. Fugindo dessa maneira, eles conseguem piorar a precisão dos ataques das aranhas.

Meiling: Essas coisas não desistem?

As aranhas resolvem mudar sua tática e começam a disparar teias. Entretanto, os disparos não são direcionados as suas presas, passando direto por elas. Fai derrapa por um instante ao ser obrigado a parar repentinamente. Ele segura as meninas pela cintura, impedindo que elas avancem.

Meiling: O que foi? Elas ainda estão atrás de nós.

Fai aponta para a parede de teia que havia sido criada diante deles.

Fai: Estão tentando nos cercar.
Meiling: Esses bichos são mais espertos do que parecem...
Fai: Por aqui!

Fai e as meninas mudam de direção e pulam a cerca, deixando o terreno baldio. Eles passam a correr de cabeça baixa, usando os carros estacionados na rua como proteção. Uma das aranhas consegue contornar o grupo de adolescentes e salta em direção a Rika. Fai acerta um soco na criatura em pleno ar, transformando-a numa mancha gosmenta na calçada.

Fai: Continuem correndo! Vou atrasá-las!
Meiling: Meio tarde para heroísmo...

Fai nota que mais aranhas haviam se aproximado e estavam tentando atacar Rika. Meiling se põe no caminho, gira seu corpo e acerta um chute nas aranhas. As criaturas atingem um dos carros com força e acabam esmagadas, um pouco de gosma caindo sobre a chinesa.

Meiling (limpando um pouco o corpo): Eca! Que nojo!

Fai se esquiva de dois disparos de ácido e esmaga três aranhas com dois socos.

Fai: Belo movimento, Meiling.
Meiling (estufando o peito): Ficou todo bobo, não é? Aposto que pensou “como sou sortudo de ter uma namorada tão habilidosa”...
Fai (sorrindo): Algo desse tipo...

Meiling derruba uma lixeira no caminho, ganhando tempo para uma nova fuga.

Meiling: Corram!

Aproveitando o momento, o grupo volta a correr. Extremamente assustada, Rika acaba assumindo a dianteira, correndo sem olhar para trás com medo de encarar as aranhas. Quando encontra uma interseção de ruas, Rika escolhe tomar o caminho da esquerda.

Meiling: Espera, Rika! Essa é uma rua sem saída!

Mas já era tarde demais. Antes que Rika possa voltar atrás, ela se depara com uma aranha de coloração vermelha do tamanho de um bebê que estava pendurada num poste, segurando-se por uma teia. Sua cabeça era pequena se comparada ao resto do corpo. A aranha reduz sua altitude, soltando um pouco mais a teia, e vomita algo sobre Rika.

Rika: AHHHHHHHHHHHH!
Meiling: Rika!

Rika começa a bater no próprio corpo e a dar gritos de pânico. Meiling corre até a amiga enquanto Fai fica na entrada da rua, tentando manter as outras aranhas afastadas.

Meiling: Você está bem? Aquele monstrengo acertou ácido em você?

Meiling olha mais atentamente para o corpo de Rika. Ela não estava coberta por ácido e sim por centenas de aranhas brancas com poucos milímetros de altura. As aranhas passeavam por sua pele, picando-a diversas vezes. As criaturas se espalham em velocidade absurda, se infiltrando no vestido de Rika, passando por baixo das roupas íntimas da menina, percorrendo toda a extensão de seu corpo, dançando por seu rosto e chegando a se embrenhar em seus cabelos castanhos. Cada vez mais desesperada, Rika segue batendo em seu próprio corpo e gritando.

Rika (a pele toda arrepiada): Tira isso de mim! Tira isso de mim!
Meiling: Fica calma. Eu vou te ajudar.

Rika se joga no chão e começa a rolar de um lado para o outro. Meiling tenta ajudar a amiga a retirar as aranhas. Contudo, quanto mais aranhas elas tiram, mais aparecem.

Meiling (mexendo os braços a todo vapor): Desse jeito não vai acabar nunca...

A aranha vermelha tenta surpreender Meiling com um salto sorrateiro por trás. A chinesa, entretanto, pressente o perigo e chuta a criatura para longe.

Meiling (com um sorriso confiante): Vai ter que fazer melhor que isso se quiser me pegar, inseto.

Fai quebra o galho de uma árvore e o usa para rebater grupos de aranhas amarelas que tentavam se aproximar.

Fai (rindo): Você sabe que aranhas não são insetos, não é?

Meiling retira um de seus sapatos e o arremessa contra Fai. O garoto se esquiva no ultimo instante e faz com que o calçado atinja uma aranha que se preparava para disparar ácido.

Meiling (pulando e esbravejando): Faça sua parte e pare de pegar no meu pé.
Fai: Como desejar, minha querida flor. E, aliás... muito obrigado pelo sapato. Foi de grande ajuda.

Meiling retoma a tentativa de afastar as mini-aranhas de Rika quando nota que a aranha vermelha havia voltado a se aproximar. Meiling entra em posição de combate.

Meiling: O que foi? Ainda não está satisfeita?

A aranha vermelha solta um ruído estranho. Seu corpo começa a soltar fumaça e a produzir pústulas fedorentas. Em seguida o corpo começa a liberar uma gosma esverdeada e a se expandir. Quando a transformação termina, a aranha mostra que havia alcançado cerca de 5 metros de altura.

Meiling (dando um passo para trás): Hmmm... eu acho que agora você está um pouquinho além das minhas capacidades...

A aranha vermelha finca uma de suas patas no asfalto, obrigando Meiling a se esquivar com uma cambalhota.

Rika: Socorro! Socorro!

Rika começa a correr para longe, ignorando o fato de que rumava em direção ao grupo de aranhas amarelas que Fai tentava conter.

Meiling: Rika! Espera!

Meiling se esquiva de mais um ataque da aranha vermelha e sai correndo atrás da amiga.

Meiling: Fai! Segure ela!

Fai gira o galho de árvore na mão e o usa como um bastão. Ele executa diversos golpes rápidos, impossíveis de ser acompanhados por olhos destreinados, e afasta bastante as aranhas amarelas. Uma das aranhas amarelas tenta disparar ácido contra Meiling. A chinesa gira seu corpo em plena corrida, se esquivando do ataque. Em seguida ela tenta contra-atacar com um chute, mas falha e acaba caindo no chão. Por algum motivo seu chute havia atravessado a criatura.

Meiling (confusa): O que foi isso?

A aranha vermelha se prepara para disparar algo contra Meiling. Agindo por instinto, a chinesa se levanta rapidamente e salta para trás de um carro. Fai arremessa o galho contra as aranhas e corre em direção a Rika.

Rika: SOCORROOOOOOOOO!

Durante a corrida, Rika perde a consciência. Fai se joga, seus joelhos se arrastando no chão, e consegue pegar a menina antes que ela caia no chão. Meiling se esgueira por trás do carro para ver onde estava a aranha e nota que ela havia sumido. Confusa, a chinesa olha ao redor e percebe que todas as outras aranhas também haviam desaparecido.

Meiling (incrédula): Elas se foram? Elas... elas simplesmente se foram?
Fai: Mei-chan! Sua amiga não parece nada bem...

Ainda um pouco aturdida, Meiling ouve o som de uma derrapada e vê um carro parar na entrada da rua. Um homem de terno azul sai do veículo e tenta acertar um soco em Fai. Exibindo muita agilidade, o garoto deixa a desacordada Rika no chão e se esquiva com uma cambalhota para trás.

Terada: FIQUE LONGE DELA, SEU CRETINO!

Meiling fica boquiaberta ao ver seu professor tentando agredir seu namorado.

Fai: Espere, senhor. Isso é um engano.
Terada: Fique longe dela! Fique longe da Rika!

Terada continua desferindo descoordenados socos e Fai segue apenas se esquivando, não tomando nenhuma ação de contra-ataque.

Fai: Se o senhor me der um segundo de sua atenção, eu posso...
Terada: Calado! Não vou permitir que ninguém machuque a Rika!

Terada desfere mais um soco. Dessa vez, entretanto, Meiling se põe no caminho. A chinesa cruza seus braços, formando um “x”, e bloqueia o ataque.

Meiling: Se acalme, professor!

Reconhecendo sua aluna, Terada põe a mão na cabeça e se afasta alguns passos.

Terada: Meiling?!?
Meiling (apontando para Fai): Ele é meu namorado. Estava apenas tentando ajudar.
Terada: Me perdoe... eu não sabia... quando eu a vi... eu... eu simplesmente pensei que... e...

Terada dá as costas para Meiling e Fai e corre até Rika, tomando-a em seus braços. A menina estava desacordada, um pouco de baba escorrendo de sua boca. Estranhamente, como Meiling logo nota, não havia nenhuma marca de picada de aranha em seu corpo. Meiling e Fai também se aproximam de Rika.

Terada (dando leves tapas no rosto da menina): Rika? Fale comigo. Acorde, Rika...
Sakura: Meiling!

Meiling nota Sakura e Shaoran se aproximando. Estavam acompanhados por Nakuru Akizuki, a identidade falsa de Ruby Moon.

Shaoran: Você está bem, Meiling?
Meiling: Estou sim. Não era nada que eu não desse conta.
Fai (acenando): Eu também estou bem.
Shaoran (num tom frio): Infelizmente...
Fai: O que foi que aconteceu? Aquelas aranhas estranhas atacaram a menina e de repente sumiram... não faz sentido para mim...
Meiling: Dessa vez não faz sentido para mim também...

Enquanto os outros conversam um pouco mais afastados, Sakura vai até Terada e coloca a mão no ombro dele.

Sakura: Professor...
Terada: Sakura... ela não quer acordar... o que houve com ela?
Sakura: Sinto muito. Eu não sei explicar.
Terada (pegando Rika nos braços): Vou levá-la a um hospital!

Algumas quadras distante daquele local, mais precisamente em frente a uma padaria numa rua residencial, Chitanda e Oreki caminhavam juntos, se mostrando um pouco inquietos. Eles olhavam para todos os lados procurando a pessoa que deviam seguir.

Chitanda: Como foi que perdemos a Sakura de vista?
Oreki: Eu não sei. Estávamos de olho nela e quando chegamos à praça, ela e os amigos sumiram.
Chitanda: Será que ela usou seus poderes mágicos?
Oreki (suspirando, irritado): Eu já disse que não existe esse tipo de coisa.
Chitanda: Hmmm... então como ela escapou? Estou curiosa quanto a isso...
Oreki: Ela deve ter entrado em alguma casa por aqui...
Chitanda (a imaginação fluindo solta): Ou talvez ela tenha usado uma passagem secreta! Tipo uma cabine telefônica que leva a uma base subterrânea...
Oreki: Hmmm...

Oreki coloca a mão no queixo e fica com um semblante pensativo. Sabendo que o cérebro de seu parceiro estava trabalhando, Chitanda se segura para não atrapalhar. Mas ela só consegue se conter por cerca de cinco minutos.

Chitanda: Em que você está pensado, Hotaro?
Oreki: Que na verdade não importa como Sakura Kinomoto escapou de nossa vigilância.
Chitanda: Por que não importa? Nós não devíamos ficar de olho nela para descobrir seu segredo?
Oreki: O que realmente importa é o fato de que ela fugiu de nossa vigilância.
Chitanda: Hmmm. Não sei se consegui seguir seu raciocinio...
Oreki: Não importa que métodos Sakura usou para fugir ou se esconder. Ela fugiu. Isso provavelmente significa que ela sabe que está sendo seguida.
Chitanda (colocando a mão na boca): Oh! Então ela nos viu?
Oreki: Ou ela descobriu sozinha, ou algum amigo dela pode ter a alertado. Se for o primeiro caso, a menina é mais perspicaz do que parece.
Chitanda: Então teremos que ter ainda mais cuidado. Se ela conseguir nos identificar, podemos acabar com problemas com a policia.
Oreki: Isso é a última coisa que precisamos agora.
Chitanda: Mas se a Sakura se escondeu, isso significa que ela realmente tem um segredo.
Oreki: Na verdade não, Eru. A menina pode apenas ter percebido que estava sendo seguida e ficou com medo de se tratar de algum molestador.
Chitanda: É verdade... eu também ficaria com medo se estivesse no lugar dela...

Oreki consulta seu relógio e faz algumas anotações em seu caderno.

Chitanda: E o que fazemos agora?
Oreki: Por hoje, nós devem...

O casal nota um carro passando em alta velocidade pela rua. Por um instante, Oreki e Chitanda tem um vislumbre dos passageiros do veículo.

Chitanda (coçando a cabeça): Espera aí... aquela não era a Sakura?

Oreki estava de celular em mãos.

Chitanda: O que você está fazendo?
Oreki (mostrando a tela do celular): Eu tirei uma foto da placa do carro.

Oreki digita alguns números e faz uma ligação.

Oreki: Sou eu. Preciso que você verifique uma placa para mim...

HOSPITAL GERAL DE TOMOEDA – MAIS TARDE

Sakura: ... e então encontramos com o professor Terada na rua e ele nos ajudou a trazê-la para o hospital...

Sakura estava numa das recepções do hospital, usando um telefone público para fazer uma ligação.

Sakura: Isso, isso mesmo, senhora Sasaki. Ele está conversando com os médicos agora mesmo. Eu prometo que vou ficar ao lado dela até a senhora chegar. Venha o mais rápido que puder.

Sakura encerra a ligação e suspira. A menina sobe uma rampa e entra numa porta a direita, indo parar na sala de espera. Shaoran, Meiling, Fai e Nakuru estavam sentados em bancos. Trocavam poucas palavras devido ao momento de apreensão. Sakura se senta ao lado do namorado.

Sakura: O professor ainda não voltou?
Nakuru: Ainda não.
Meiling (deprimida): Coitada da Rika...
Sakura: Eu estou muito preocupada...
Nakuru: Ela vai ficar bem. Vocês só precisam ficar ao lado dela.

Meiling esfrega as mãos na cabeça, dá um pulo do banco e começa a andar de um lado para o outro.

Meiling: Eu não aguento mais esperar!
Sakura: Eu também não. Vou lá saber o que está acontecendo.
Fai: Mas, Sakura...

Já era tarde demais. A herdeira de Clow já havia passado pela porta no fim da sala.

Meiling: Vamos trás dela.

Meiling lidera o resto do grupo e eles logo alcançam Sakura. Sakura estava escondida atrás de uma porta entreaberta e parecia estar ouvindo uma conversa escondida.

Shaoran: O que você está fazendo, Sakura?
Sakura (gesticulando para pedir silêncio): Shhhh. Eles vão nos ouvir.

Shaoran dá uma olhada no interior do quarto e percebe que Rika estava deitada numa cama, alguns aparelhos médicos ligados a seu corpo. Terada estava ao lado da cama conversando com um médico.

Terada: ... e o senhor tem certeza disso?
Médico: Sim, sim. Definitivamente é culpa de um caso de aracnofobia.

Sakura abre a porta do quarto repentinamente.

Sakura: Isso é grave?!? Ela vai sobreviver?!?

Tanto o médico quanto Terada ficam surpresos com a entrada abrupta de Sakura. Meiling e os outros acabam sendo vistos também.

Terada: Eu disse para vocês esperarem lá fora. Isso aqui não é ambiente para crianças.
Sakura: Mas eu preciso saber como a Rika está!
Shaoran: Pedimos desculpas por desobedecer, mas estamos preocupados, professor.

Terada encara o olhar de preocupação de Sakura por alguns segundos e então suspira.

Terada: Tudo bem. Eu entendo. Também estava morrendo de preocupação.
Sakura: O que é essa “araque” alguma coisa? É algo grave?
Médico: Baseado no relato que vocês deram, parece que sua amiga sofre de aracnofobia.
Meiling: Está falando do filme? Não acho que ele era tão ruim assim...
Terada: Na verdade ele está falando de uma fobia. No caso, é um medo de aranhas.
Sakura: Ah. É verdade. A Rika sempre odiou aranhas.
Médico: Não se trata de uma doença grave. Contudo, serviu como catalisador de uma crise de pânico muito forte. A mente dessa menina não suportou a tensão e ela entrou em coma.
Sakura: Coma???
Shaoran: Tem alguma previsão de quando ela vai acordar?
Médico: É dificil dizer com precisão, mas estamos monitorando seus sinais vitais e fazendo alguns exames. Faremos todo o possivel para ajudar essa menina.
Sakura: Entendo...
Médico: Ela não corre risco de vida, então isso já é um alivio.
Terada: Definitivamente sim.

Terada segura a mão de Rika por um instante, mas logo a solta. O médico faz algumas anotações numa prancheta.

Médico: Isso é estranho, sabe...
Terada: O que?
Médico: Estamos recebendo muitos casos parecidos. Pessoas que tem crises de pânico desencadeadas por fobias e acabam em coma. Só hoje, eu soube de cinco crianças e três adultos que foram internados com o mesmo diagnóstico. E esses são apenas os casos que eu soube. Podem haver muitos mais...
Nakuru: Será que é algum tipo de epidemia?
Médico: Não sei... mas se isso fosse um filme de terror, eu diria que estamos sendo atacados por algum monstro que se alimenta de medo...

Sakura, Shaoran e Nakuru se entreolham. Terada puxa o médico pelo braço.

Terada: Será que poderia, por favor, não assustar as crianças? Elas já passaram por muita coisa hoje.
Médico: Desculpa, desculpa. Esqueçam o que eu disse. De qualquer forma, vocês não podem ficar aqui. Vou ter que pedir que retornem para a sala de espera.

Sem opção, o grupo volta para a sala de espera. Todos se sentam nos bancos e ficam encarando o vazio sem dizer qualquer palavra por alguns minutos. Sakura se levanta de seu lugar e quebra o silêncio.

Sakura: Eu vou comprar um suco. Vocês querem alguma coisa?
Terada: Não, obrigado.
Meiling: Eu quero um suco de morango.
Fai: Eu aceito um chá.
Sakura: Certo.
Shaoran: Eu vou com você para ajudar.
Nakuru: Eu também.

E assim Sakura, Shaoran e Nakuru vão para o corredor e se reúnem em frente a máquina de vendas. Antes de falar, Sakura toma cuidado e verifica se não tem ninguém próximo para ouví-los.

Sakura: Vocês estão pensando a mesma coisa que eu?
Nakuru: Definitivamente é magia do caos. Nós presenciamos isso.
Sakura: Verdade. Durante o confronto com aquelas aranhas eu pude sentir uma aura de magia do caos.
Shaoran: Primeiro a Hasegawa em nossa escola, depois a Sasaki na rua...
Nakuru: E pelo que o médico disse muitas outras pessoas estão passando pelo mesmo. Esses casos são muito suspeitos.

Sakura deposita algumas moedas na máquina de vendas e começa a selecionar as bebidas que levaria. Nakuru se oferece gentilmente para segurar as bebidas enquanto eles conversam.

Sakura: Como será que está se espalhando?
Nakuru: Um artefato? Ou talvez algum “monstro do medo”, como o médico disse...
Shaoran (com a mão no queixo): Uma criatura que se alimenta de medo... será que existe algo desse tipo?
Eriol: Eu já tenho uma idéia do que seja.

Sakura, Shaoran e Nakuru se surpreendem ao notar que Eriol Hiiragisawa estava bem atrás deles. O garoto de cabelos azuis se aproximara sem fazer qualquer ruído.

Sakura: Eriol!
Shaoran: Hiiragisawa? Quando foi que você chegou?
Eriol: Não faz muito tempo. Ruby Moon me alertou sobre o acontecido e vim o mais rápido que pude.
Nakuru: Você adora surpreender os outros, não é?
Eriol (sorrindo): É um dos poucos prazeres que eu me recuso a renegar.
Sakura: Você já ficou sabendo das pessoas que entraram em coma?
Eriol: Estou ciente destes fatos. E posso afirmar que a medicina comum não será capaz de ajudar estas pessoas a despertar de seu coma.
Shaoran: Como assim?
Eriol: Elas não estão em coma devido a um estresse emocional como os médicos acreditam. Suas almas foram roubadas.
Sakura: O que?!?
Nakuru (tapando a boca de Sakura): Shhh.

Uma enfermeira passa pelo corredor falando no celular e não dá muita atenção para o grupo. Após aguardarem alguns instantes, eles voltam a conversar.

Shaoran: Você disse que já tinha uma idéia do motivo. Em que está pensando, Hiiragisawa?
Eriol: Phobos.
Shaoran (dando um tapa na própria cabeça): Phobos... Mas é claro. Como foi que não pensei nisso antes?
Sakura: Phobos? O que é isso?
Eriol (ajeitando seu óculos): Phobos, também conhecido como a besta do desespero, é uma das quatro grandes bestas sanguessugas.
Sakura: Bestas sanguessugas? Onde foi que já ouvi isso antes?
Shaoran: Eu comentei sobre isso durante o jantar. Se me recordo bem do que li nos livros, Phobos é o irmão mais novo de Belial, certo?
Eriol: Exatamente. Enquanto Belial se alimenta da raiva e do ódio, Phobos se alimenta do medo de suas vítimas.
Shaoran (com a mão no queixo): Então ele está usando as fobias das pessoas para deixá-las extremamente amedrontadas e usá-las para se fortalecer.
Eriol: Contudo, quando as pessoas atingem um certo nível de medo, Phobos suga suas almas para uma dimensão paralela que ele e seus irmãos criaram há muito tempo chamada Chronoire.
Sakura: E por que ele faz isso?
Eriol: Para que elas possam continuam servindo de alimento. Em Chronoire, as almas capturadas são torturadas, sendo obrigadas a enfrentar seus medos constantemente.
Sakura: Isso significa que a alma da Rika...
Eriol: Infelizmente ela deve estar sendo torturada neste exato momento. Sinto muito, querida Sakura.

Sakura pega a mão de Eriol.

Sakura: Você não pode fazer nada? Não pode trazer a alma de minha amiga de volta?
Eriol: A única resolução possivel para esta situação é a eliminação da fonte de energia de Chronoire.
Shaoran: Isso quer dizer que temos que banir Phobos se quisermos restaurar as almas perdidas.
Nakuru: E o que estamos esperando? Se esse Phobos é tão perigoso quanto imagino, não deve ser dificil de rastrear sua aura de magia do caos.
Sakura: Não é verdade.

Nakuru olha para Sakura, confusa.

Nakuru: Como assim?
Sakura: Eu me lembro que o Kero me disse uma vez que a presença de Belial era muito poderosa. Se ela entrasse no nosso mundo seria detectada imediatamente por causa de sua magia e por causa de sua forma...
Shaoran: Hmmm. Belial é uma raposa e Phobos é uma espécie de morcego, ambos de tamanho acima do normal. Seria realmente dificil não notá-los, até mesmo para as pessoas comuns.
Eriol: A Sakura está certa, Nakuru. Encontrar Phobos não será uma tarefa fácil. Assim como Belial usou uma pedra mágica para se manifestar nesse mundo, Phobos deve estar se valendo de alguma artimanha similar.
Sakura: E por onde nós começamos a procurar?
Shaoran: Espera um pouco aí.

Shaoran segura o braço de Sakura.

Shaoran: Você não vai a lugar nenhum.
Sakura: O que?

Sakura se livra do braço de Shaoran.

Sakura: Mas é claro que vou! Não vou deixar minha amiga ficar sofrendo desse jeito!
Shaoran: Você tem uma prova importante e precisa estudar muito se quiser passar.
Sakura: Mas isso é muito mais importante que a prova!
Shaoran: Você não pode jogar fora todo o esforço que fizemos. Eu passei horas te explicando a matéria para nada?
Sakura: Não foi para nada. Eu aprendi muita coisa e...
Shaoran: E seu pai? Como você vai explicar para ele sua reprovação em matemática?
Sakura: Eu compensarei depois e...
Shaoran: E as suas amigas? O pessoal do clube de atletismo e do clube de líderes de torcida está contando com você. Vai abandoná-las?
Sakura: O que você espera que eu faça?!?

Sakura baixa a cabeça e fecha os punhos.

Nakuru (gesticulando para que Sakura e Shaoran se acalmem): Ei. Vocês não precisam brigar...

Nakuru olha de Shaoran para Sakura, incerta do que dizer para melhorar o clima.

Sakura: Eu já sei. Tudo o que você está falando, eu já sei. Não quero desapontar ninguém, mas...
Shaoran: Se você realmente pensa assim, então vá para casa e estude com todas as suas forças. Não jogue o apoio das pessoas ao seu redor no lixo.
Sakura: Eu até poderia fazer isso... mas e quanto a você? O que você pretende fazer?
Shaoran: Eu? Como assim?

Sakura levanta a cabeça, algumas poucas lágrimas brotando nas extremidades de seus olhos, e olha seriamente para o chinês.

Sakura: Você vai assumir a responsabilidade? Vai salvar a Rika?

Shaoran, pego de surpresa, fica sem saber o que dizer.

Shaoran: Eu... eu...
Eriol: Eu acho que já é o bastante.

Eriol coloca a mão no ombro de Shaoran.

Eriol: Não vejo necessidade para essa discussão.
Sakura: Mas, Eriol, eu quero...
Eriol: Talvez você tenha compreendido erroneamente, Sakura. O que Shaoran quis dizer é que você não deveria se envolver na questão de Phobos diretamente por agora, mas não disse que deixaríamos de lado a situação de sua amiga e de todos os inocentes afetados. Estou certo, meu caro Shaoran?
Shaoran: É claro que sim. Como eu poderia ignorar isso? A Sasaki é minha amiga também.
Sakura: Mas eu...
Eriol: Eu compreendo seu desejo de lutar por aqueles que ama, mas não é bom sacrificar seu futuro acadêmico.
Sakura: Mas é apenas uma prova... eu não me importo de refazer a matéria.
Eriol: E o que garante que você não vai utilizar essa mesma justificativa nas próximas vezes? Porque com certeza ainda surgirão muitas situações que irão conflitar com sua vida escolar.
Sakura: Mas eu não posso ficar parada com tudo isso acontecendo.
Eriol (ajeitando os óculos): Espero que não tenha se esquecido que você não é a única combatendo os efeitos destrutivos da magia do caos.

Eriol coloca as mãos nos ombros de Sakura e olha diretamente nos olhos da menina.

Eriol: Eu, Ruby Moon e Shaoran vamos procurar pistas do paradeiro de Phobos. Não vamos parar enquanto não o encontrarmos. Nesse meio tempo, eu gostaria que vocêse acalmasse e se dedicasse a seus estudos.
Sakura: Mas e se Phobos aparecer?
Eriol: Se a besta do desespero sair das sombras, nós vamos cuidar dela de maneira apropriada.
Nakuru: Vamos chutar seu traseiro de volta para a dimensão da magia do caos.
Eriol: Somos mais do que capazes de conter Phobos, não concorda, Shaoran?
Shaoran: Eu? É... hmmm...

Shaoran desvia o olhar, não conseguindo encarar Sakura de frente.

Shaoran (as palavras não muito firmes): Claro que sim...

Sakura olha para a máquina de vendas, pensativa.

Eriol: Nós não estamos a excluindo da batalha, Sakura, apenas lhe dando uma pequena e justa folga. Caso as coisas saiam de controle, definitivamente eu lhe chamarei. E você sabe por quê? Porque eu sei que do mesmo jeito que você conta comigo para vir em seu auxilio em momentos de necessidade, eu sei que posso contar com você.
Nakuru: Você pode confiar na gente, Sakura.

Sakura suspira.

Sakura: Está bem. Estou contando com vocês.
Nakuru (fazendo sinal de positivo): Não vamos te decepcionar, Sakura.
Eriol: Fico feliz que tenha compreendido. Amanhã de manhã começaremos as buscas. Conto com o seu apoio, Shaoran. Mandarei uma mensagem marcando um local de encontro, portanto fique alerta.
Shaoran: Claro.
Eriol (sorrindo): Por hora, acho que eu e minha simpática assistente devemos nos retirar. Boa noite.

Nakuru entrega as bebidas para Shaoran. Ela e Eriol fazem uma reverência final e se retiram. Após alguns instantes, eles saem do campo de visão de Sakura e Nakuru resolve comentar algo que a estava incomodando.

Nakuru: Eriol...
Eriol: O que foi, Nakuru? Algum problema?
Nakuru: Porque você não contou tudo a eles? Porque não disse que tem um limite de tempo que uma alma pode ficar fora de um corpo?
Eriol: Você viu o quanto a Sakura estava preocupada. Não seria sábio tornar a situação ainda pior.
Nakuru: Eu me lembro de você dizer que não devíamos proteger a Sakura o tempo todo...
Eriol: Mas isso não significa que devemos sobrecarregá-la com mais responsabilidades e preocupações do que ela suporta, não é? Afinal de contas, apesar de todo o poder que possui, Sakura Kinomoto ainda é apenas uma adolescente.
Nakuru: Entendo... e você vai realmente começar as buscas apenas amanhã?
Eriol: Não. Isso nunca me passou pela cabeça. Estaremos correndo contra o tempo para salvar essas almas. Espero que esteja preparada, pois passaremos a noite em claro trabalhando...

Sakura e Shaoran resolvem voltar para a sala de espera e acabam se deparando com a mãe de Rika Sasaki.

Senhora Sasaki: Sakura!

A senhora Sasaki estava suada e com a respiração acelerada.

Senhora Sasaki: Eu vim o mais rápido que pude! Onde ela está? Onde está minha filha?
Sakura: Por favor, nos siga.

Sakura e Shaoran conduzem a senhora Sasaki até a sala de espera.

Senhora Sasaki: Professor Terada!

A senhora Sasaki abraça Terada e depois segura seu braço com força. Era possível perceber que ela estava tremendo.

Senhora Sasaki: Ela vai ficar bem? O que aconteceu?
Terada: Por aqui. Eu vou levá-la ao médico para ele explicar a situação de Rika Sasaki e depois vamos ao quarto dela.
Senhora Sasaki: Mostre o caminho, por favor.

E então Terada e a senhora Sasaki caminham rumo à sala dos médicos. Sakura e Shaoran se sentam nos bancos, juntando-se a Fai e Meiling. O chinês entrega a bebida da prima, mas coloca a bebida de Fai sobre um banco vazio.

Shaoran (murmurando): Se quiser, levante-se e sirva-se.
Fai (sorrindo): Sua gentileza para com a minha pessoa é tão grande que estou até comovido.

O grupo fica em silêncio, seus pensamentos voltados a situação problemática de Rika. Alguns minutos mais tarde, Terada retorna a sala de espera.

Sakura: E a mãe da Rika?
Terada: Ela ficou um pouco abalada quando viu a Rika em coma, então fiquei um pouco com ela até que se acalmasse.
Fai: Ela vai ficar bem sozinha?
Terada: Acredito que sim. De qualquer forma, o pai de Rika já está a caminho também.

Terada dá uma olhada pela sala.

Terada: Onde está aquela outra menina?
Sakura: Ah. A Nakuru já foi embora.
Terada (olhando o relógio): Vocês deviam fazer o mesmo. Já está muito tarde. Não é bom deixar seus pais preocupados.
Shaoran: Tem razão.
Meiling: Com tudo que aconteceu, perdemos a noção da hora.
Terada: Vou levá-los de carro. É perigoso andarem sozinhos a essa hora.
Sakura: Obrigada, professor.

Terada lidera o caminho enquanto o grupo deixa a sala de espera. Sakura olha para o rosto de seu estimado professor enquanto caminha.

“Ele deve estar mais angustiado do que todos nós aqui. Não poder ficar ao lado da pessoa que se ama e tomar conta dela em um momento de necessidade como esse deve ser muito doloroso.”

Sakura segura a mão de Terada.

Sakura: Ela vai ficar bem, professor. Tenho certeza disso.
Terada: Estou rezando por isso, Sakura.

O grupo passa pela recepção, onde Terada acidentalmente esbarra numa mulher usando um sobretudo negro.

Terada: Perdão.
Mulher: Não tem problema.

Terada e os outros optam por usar a saída lateral, o caminho mais curto para o estacionamento do hospital. A mulher fica parada onde estava, apenas observando o grupo sumir de vista.

Oreki: Você devia observar a distância, Eru, e não esbarrar neles.
Chitanda: D-desculpa. Não fiz de propósito. Estava distraída e quando percebi aquele homem já estava esbarrando em mim.
Oreki: Distraída? Como pode estar distraída numa situação dessas?

Chitanda fecha a cara.

Chitanda: Bem... é difícil se concentrar quando você é obrigada a ver seu namorado flertando com enfermeiras.
Oreki: O que?

Um pouco sem graça, Oreki começa a brincar com uma franja de seu cabelo.

Oreki: V-você sabe que não é nada disso. Estava apenas tentando ser bem persuasivo para conseguir algumas informações...
Chitanda: Sei... e como foi?

Oreki saca do bolso seu caderno de anotações e começa a folheá-lo.

Oreki: Houve mais uma vitima de uma crise de pânico, uma menina chamada Rika Sasaki. Ela pertence a mesma classe que Sakura Kinomoto. Sakura e um grupo de amigos trouxeram a menina para o hospital com a ajuda daquele homem.
Chitanda: Então esse é o segundo caso, não é?
Oreki: Só se você considerar apenas a escola Tomoeda.
Chitanda: Como assim?
Oreki: As enfermeiras relataram diversos casos similares aos de Sena Hasegawa e Rika Sasaki.
Chitanda: Será que é algum tipo de doença?
Oreki: Ninguém sabe dizer, mas não deve levar muito tempo até que isso seja tratado como uma epidemia.

Oreki e Chitanda observam o carro de Terada acelerar e deixar o estacionamento do hospital.

Oreki: Por um instante eu fiquei preocupado. Pensei que aquele homem fosse algum sequestrador levando aquelas crianças.
Chitanda: Ainda bem que ele era apenas o professor deles, não é? Se seu amigo não tivesse investigado a placa do carro, estaríamos preocupados até agora.
Oreki: Ele não apenas investigou a placa, ele também rastreou o carro, o que nos trouxe até aqui. Isso me lembra que devo uma rodada de cerveja ao Kojou da próxima vez que o encontrar...

Oreki guarda seu caderno de anotações no bolso.

Chitanda: Essas crises de pânico são muito estranhas...
Oreki: Definitivamente. A causa é um mistério e o modo como a situação se desenvolve é absurdo. Animais não surgem e desaparecem do nada.
Chitanda: E mais uma vez tudo aconteceu quando Sakura Kinomoto estava por perto... e logo depois dela ter desaparecido misteriosamente...

Chitanda e Oreki começam a caminhar rumo à saída.

Chitanda: E então, Hotaro... você ainda não está nem um pouco curioso quanto a essa menina?
Oreki: Hmmm... talvez um pouco...

DIA SEGUINTE – MANHÃ

O calor do sol já mostrava sua força naquela manhã de sábado. Sakura caminhava sozinha pelas ruas da cidade de Tomoeda enquanto conversava no celular. Carregava consigo uma mochila amarela e uma sacola com um pequeno vaso de flores. Estava nas redondezas do hospital geral e pretendia fazer uma breve visita a sua amiga Rika.

Sakura: Tem certeza que vai ficar tudo bem, Shao-kun?
Shaoran: Não se preocupe. O Hiiragisawa já criou um plano de busca. Eu e Yue estamos dando uma olhada no parque nesse momento.
Sakura: Tome cuidado, ok?
Shaoran: Pode deixar. Eu te ligo mais tarde.

Sakura desliga o celular.

“Eu queria estar lá para ajudar...”

Sakura suspira.

“Bem... eu prometi que ia me dedicar aos estudos, então vou fazer minha parte.”

Quando alcança a entrada do hospital, Sakura vê uma menina de óculos acenando para ela.

Sakura: Naoko!

Sakura vai até a amiga e a cumprimenta com um abraço.

Naoko: Sabia que era você, Sakura. A reconheci de longe.
Sakura: O que está fazendo aqui? Veio visitar a Rika?
Naoko: Eu fiquei sabendo do que houve e vim fazer uma visita.
Sakura: Então vamos entrar. Nossa amiga precisa de nossa força.

As duas meninas entram no hospital, passam pela recepção e se dirigem diretamente para a área dos quartos.

Naoko: Eu liguei para a casa dos Sasaki e o pai da Rika atendeu. Ele me explicou por alto o que aconteceu. É verdade que você estava com a Rika?
Sakura: Sim. Eu, o Shaoran, a Meiling e o namorado dela. Pretendíamos nos encontrar numa praça para ajudar a Rika a se preparar para seu encontro quando tudo aconteceu.
Naoko: E o que exatamente aconteceu? Foi igual ao que aconteceu com aquela menina da nossa escola?

“Mesmo que eu contasse a verdade, você não acreditaria em mim, amiga. Sinto muito, mas quanto menos você souber, mais segura estará.”

Sakura: Ela... ela começou a falar coisas sem sentido e também... e também disse que haviam aranhas atacando ela. Quando tentamos ajudá-la, ela desmaiou e não acordou mais.
Naoko: Você não viu nada estranho, Sakura? No caso da Hasegawa, testemunhas disseram ter visto cupins aparecerem e sumirem do nada. Será que vocês não viram algo parecido só que com aranhas?
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): Aranhas surgindo e desaparecendo do nada? Isso é coisa de desenho animado. Claro que não vimos nada assim.
Naoko: Sei...
Sakura: Eu acho que a Rika estava tendo algum tipo de alucinação...
Naoko: É possivel...

Sakura olha para o teto tentando pensar em algo para mudar o rumo da conversa. Ela tinha a impressão de que sua amiga parecia desconfiada de algo.

Sakura: Ah. E quanto a sua suspensão, Naoko? Você conversou com seus pais? Com tudo que aconteceu, eu acabei não te ligando para saber como foi. Desculpa.
Naoko: Tudo bem. Não tem problema. Eu expliquei tudinho para os meus pais.
Sakura: E?
Naoko: Eles acreditaram em mim e estão do meu lado. Me disseram que vão ter uma conversa séria com o diretor. Não acho que eles vão conseguir reverter minha suspensão, mas fico mais aliviada em saber que minha família também está do meu lado.
Sakura: Que bom.

As duas meninas chegam ao quarto e batem na porta duas vezes antes de entrar. Rika estava deitada na cama, ainda desacordada, e sua mãe sentada numa cadeira ao seu lado, seu semblante sendo uma mistura de preocupação e cansaço.

Sakura: Com licença, senhora Sasaki.
Naoko: Viemos fazer uma visita.

A senhora Sasaki se levanta e vai até a porta receber as meninas.

Senhora Sasaki: Obrigada por virem, meninas. Tenho certeza que a Rika ficaria muito feliz com sua visita.
Naoko: Como a Rika está?
Senhora Sasaki: Não houve nenhuma mudança. Ela ainda não deu nenhum sinal de que vai despertar, mas os médicos me disseram para não perder as esperanças.
Sakura: A senhora deveria descansar um pouco. Parece exausta.
Senhora Sasaki: Eu não consegui dormir ainda. Meu marido foi buscar algumas coisas em casa. Quando ele voltar, tentarei dormir um pouco. Mas não vai ser fácil no meu estado de nervos atual...

Sakura e Naoko abraçam a senhora Sasaki.

Sakura: Vai ficar tudo bem.
Naoko: A Rika é uma menina forte e vai sair dessa.
Senhora Sasaki: Deus te ouça, minha filha.
Naoko: Eu espero que a senhora não se importe, mas eu contei o que aconteceu para algumas de nossas amigas. Elas devem fazer uma visita mais tarde.
Senhora Sasaki: É claro que não me importo, querida. Nessas horas o apoio da família e dos amigos é muito importante.

A senhora Sasaki acaricia a cabeça de Sakura, pegando a menina de surpresa.

Sakura: Senhora Sasaki?
Senhora Sasaki: Eu fiquei sabendo que você foi uma das primeiras pessoas a aparecer e ajudar minha menina. Muito obrigada mesmo, Sakura.

A senhora Sasaki começa a chorar.

Senhora Sasaki: Eu não sei o que faria se perdesse a minha menininha...
Sakura: Por favor, se acalme. Não precisa chorar.
Naoko: Por que a senhora não vai até a lanchonete do hospital e toma um café? Tenho certeza que vai fazê-la se sentir bem melhor.
Senhora (enxugando um pouco as lágrimas): Mas eu não quero deixa a Rika sozinha...
Sakura: Ela não vai estar sozinha. Vamos estar bem ao lado dela.
Naoko: Pode ir sem preocupação.

A senhora Sasaki olha para as duas meninas por um instante.

Senhora Sasaki: Está bem. Voltarei o mais breve possível.

E com isso a mãe de Rika, mesmo que um pouco receosa, deixa o quarto. Sakura vai até a cama e acaricia os cabelos de Rika. A herdeira de Clow se agacha para murmurar algo no ouvido da amiga.

Sakura: Não se preocupe. Nós vamos te salvar. Com certeza vamos te salvar.

Naoko retira uma caixa de bombons de sua bolsa e os coloca na mesinha ao lado da cama.

Naoko: Estes são os preferidos da Rika. Tenho certeza que ela vai estar com fome quando acordar.

Sakura aproveita a deixa e retira o vaso de flores que trouxera da sacola, também o colocando na mesinha.

Sakura (enquanto ajeita as flores): A Rika adora margaridas. Acho que elas vão melhorar um pouco o astral do ambiente.
Naoko: Tem outros presentes na mesa. Pelo visto a Rika já recebeu visitas mais cedo.

Entre os presentes, Sakura nota um caderno de capa negra com um cartão preso a ele por fita adesiva.

Naoko: Essa letra é familiar... acho que é a letra da Meiling, não é?
Sakura: Parece que sim.
Naoko: Está escrito ‘O roteiro detalhado de seu encontro já está pronto. Melhore logo para podermos praticar. Muitos beijos para minha amiga e discipula sensacional. Meiling.’
Sakura (gota caindo): Não esperava que ela realmente fosse escrever um roteiro...
Naoko: A Meiling é uma figura, não é?
Sakura: Com certeza. É impossível não gostar dela.
Naoko (um leve sorriso): Não repita isso perto da Meiling. O ego dela já está muito alto.
Sakura: Hoe? Como assim?
Naoko: Nada não. Deixa para lá.

A porta se abre e a senhora Sasaki retorna ao quarto, trazendo um copo de café consigo. Estava acompanhada de seu marido.

Senhora Sasaki: Obrigada por esperarem, meninas.
Naoko: Não tem problema.
Sakura: Ohayo, senhor Sasaki.
Naoko: Ohayo, senhor Sasaki.
Senhor Sasaki: Ohayo, meninas.
Sakura: Bem... eu tenho que ir agora porque tenho um compromisso. Prometo que volto mais tarde.
Naoko: Eu tenho que ir também.
Sakura: Se a Rika acordar, por favor, nos avise. Nós queremos recebê-la de volta de braços abertos.
Senhora Sasaki (sorrindo): Claro.
Senhor Sasaki: Agradeço a visita, meninas. Por favor, rezem por minha filha.
Sakura (e Naoko): Com licença.

Sakura e Naoko fazem uma reverência e deixam o quarto.

Senhora Sasaki: Nossa filha tem muita sorte de ter amigas tão boazinhas quanto elas...
Senhor Sasaki: É verdade...

Sakura e Naoko caminham juntas até o portão do hospital geral, onde se separam. Sakura sobe uma ladeira e vira a direita. Ela caminha por algumas ruas residenciais por alguns minutos até cruzar uma pequena ponte, indo parar na rua que passa em frente a sua escola. Em frente a escola Tomoeda havia uma grupo de meninas reunidas, conversando animadamente.

Sakura: O que será que está acontecendo ali?

Quando se aproxima do grupo, Sakura reconhece uma menina entre elas. Era Meiling Li.

Meiling: Sakura!
Sakura: Ohayo, Meiling. Veio fazer algo na escola hoje?
Meiling: Sim, sim.

Sakura nota que todas as garotas ao redor de Meiling estavam com os olhos brilhando de admiração. A chinesa estava de braço entrelaçado com Fai.

Meiling (esfregando a cabeça no braço de Fai): Essas meninas são amigas do clube de vôlei. Eu estava apresentando meu maravilhoso namorado para elas.
Fai: Ohayo, Sakura-chan.
Sakura: Ohayo, Fai. Pelo visto estão se divertindo.
Fai: Definitivamente. Cada momento com minha namorada tsundere sempre reserva uma surpresa diferente.

Meiling dá um golpe com sua bolsa na nuca de Fai, derrubando o garoto.

Meiling (uma veia saltando na testa): Quem você está chamando de tsundere, idiota?
Fai (rindo): Viu do que eu estava falando?
Meiling (estalando os punhos): Francamente... você tem sorte de ser meu namorado, senão ia sofrer na minha mão...
Menina 1: Seu namorado é tão bonito, Meiling...
Menina 2: E vocês se dão tão bem.
Menina 1: São como almas gêmeas.
Menina 2: Qual o seu segredo?
Menina 3: Ensina para a gente, vai...
Meiling: Ah. Todo o conhecimento que tenho veio de minhas experiências amorosas passadas e meu talento nato. A cada relação fui aprendendo diversas coisas sobre paquera e sobre o amor.
Menina 2: Ohhhhhh. E você teve muitos namorados?
Meiling (estufando o peito): Claro que sim. Tantos que já perdi a conta.
Meninas: Ohhhhhhh.
Meiling: Eu sou uma expert no campo do amor com um talento natural cedido por Deus. Mas manter esse conhecimento sagrado apenas para mim seria egoísmo.
Meninas: Ohhhhhhh.
Meiling: É por isso que...

Meiling saca alguns cartões de sua bolsa e entrega para as meninas. Todos os cartões eram iguais, tendo um fundo preto com o desenho de um coração rosa no centro.

Meiling: ... eu, Meiling Li, a conselheira amorosa, a Afrodite nipônica, decidi humildemente compartilhar tudo com vocês.
Sakura (gota caindo): Afrodite nipônica?
Meninas: Sério?
Meiling (fazendo uma cara séria): Claro que sim. Mas devo alertá-las que o treinamento é arduo. Para que tudo dê certo, vocês deverão seguir minhas ordens sem questionar. Estão dispostas a isso?
Menina 1 (com a mão no queixo): Seguir ordens sem questionar...
Menina 2: Se fizermos isso, conseguiremos namorados tão bonitos quanto o seu?
Meling: Dependendo do seu esforço, vocês podem conseguir até melhores.
meninas: Ohhhhhhh.

As meninas do clube de vôlei se juntam num pequeno circulo e começam a cochichar. Durante a discussão, elas olham de relance algumas vezes para Fai, algumas delas chegando a babar um pouco. Após tomarem sua decisão, todas as meninas se ajoelham diante de Meiling e começam a reverenciá-la.

Menina 3: Ó, poderosa deusa do amor, por favor, ajude essas pobres mortais em seu momento de necessidade...
Menina 1: Essas servas suplicam por seu apoio...

Meiling estende a mão para uma das meninas, que a pega e a beija.

Meiling (fazendo pose de santa): Não temam, queridas discipulas. A partir de agora estarei olhando por vocês.
Menina 1: Obrigada, muito obrigada.
Menina 3: Vejam. Essa deusa é tão generosa que está brilhando.
Menina 2 (tapando os olhos): Cubram seu olhos. Ainda não somos dignas de testemunhar tamanho poder.
Meninas: Ohhhhhhhh.
Sakura (gota caindo): Agora eu entendi o que a Naoko quis dizer sobre o ego da Meiling...
Fai (rindo): Ela está se divertindo, não é?

Sakura olha para Fai, que agora estava parado ao lado dela.

Sakura: Sim. Parece que sim.
Fai: Eu fico aliviado, sabe. Por ela agora estar sorrindo. Quando conheci a Meiling, ela estava chorando de tristeza, mas agora ela parece estar completamente recuperada...
Sakura: A Meiling é a menina mais forte que eu conheço. Ela não se deixa abater por nada, sempre dando um jeito de dar a volta por cima. Me sinto muito feliz por ser amiga dela.

Sakura fica observando a amiga.

Sakura (sorrindo): Os dias com a Meiling são sempre divertidos e cheios de surpresas.

Fai olha para Meiling com uma certa admiração e sorri.

Fai (murmurando): Ela tem um coração muito bondoso... talvez fosse melhor se ela encontrasse o amor de verdade...
Sakura: Você disse alguma coisa?
Fai (ajeitando o cabelo): Não foi nada. Apenas pensei alto.
Sakura: Hmmm.

Meiling e suas novas discipulas se aproximam.

Meiling: Nós estamos indo para um karaokê. Quer vir conosco, Sakura?
Sakura: Ah. Desculpa. Vai ter que ficar para outra hora.
Meiling: Ah. É verdade. Você devia estar estudando para a prova agora, não é?
Sakura: Estou indo encontrar algumas amigas para um grupo de estudo.
Meiling: Então a gente se vê depois. Eu te ligo mais tarde para combinar uma visita em grupo para a Rika, ok?
Sakura: Certo. Estarei esperando.
Fai: Boa sorte nos estudos, Sakura-chan.
Sakura (sorrindo): Obrigada.

Sakura se despede do grupo acenando enquanto eles vão se afastando.

Sakura: Será que dá tempo de passar numa papelaria?

Sakura olha para seu relógio e arregala os olhos.

Sakura: Hoeee! Já é tão tarde? Estou atrasada para o encontro!

Sakura sai correndo, desesperada. Ela consegue, por sorte, alcançar um ônibus que estava saindo do ponto. Minutos mais tarde, ela finalmente chega a frente da estação, local combinado para o encontro e confirmado na troca de e-mails por celular no dia anterior.

A estação de trem estava bastante movimentada, diversas pessoas se deslocando para cumprir suas rotinas diárias. Sakura dá uma rápida olhada no local e consegue encontrar suas companheiras de clube. Ayu, Jun e Rei estavam sentadas num banco em frente a uma máquina de vendas, não muito distante do portão sul da estação. Conversavam tranquilamente enquanto se serviam de algumas bebidas. Sakura corre até elas enquanto acena.

Sakura: Pessoal!
Ayu: Ora, ora. Ela resolveu aparecer.
Sakura (fazendo uma reverência): Desculpa pelo atraso. Desculpa mesmo. Eu me distraí no caminho e perdi a hora.
Ayu (balançando a cabeça): Francamente... eu ainda marquei mais tarde com as outras meninas já contando com seu atraso, e você consegue se atrasar ainda mais?
Sakura: Você fez isso, Sakagami-senpai?
Ayu: Claro. Seu problema em chegar a compromissos na hora já é bem famoso. Não conheço ninguém que seja pior com o relógio do que você, Kinomoto.
Sakura (sentindo como se uma flecha tivesse atravessado seu peito): É... acho que mereço essa...

Rei dá alguns tapinhas de encorajamento nas costas de Sakura.

Rei: Não precisa pegar pesado com a Sakura, Sakagami-senpai. Afinal, ela não é a única atrasada.
Sakura (olhando surpresa para a amiga): Não?
Jun: O quinteto fantástico não estará completo enquanto a Sanehara não aparecer.
Rei (interrogações na cabeça): Quinteto fantástico?
Sakura: Ela ainda não chegou? Onde ela está?

As meninas percebem um certo alvoroço. As pessoas que passavam pela estação pareciam estar olhando para algo ou alguém.

Homem 1: Você viu aquela menina?
Mulher 1: Sim. Tão fofinha, não é?
Mulher 3: Será que é alguma modelo?
Garoto 1: Será que ela tem namorado?
Ayu (apontando para um dos portões): Acho que aí está sua resposta, Kinomoto.

Rina vinha correndo saindo pelo portão sul da estação, enquanto olhava ao redor à procura das companheiras. Estava usando um vestido azul claro muito belo que parecia refletir a luz do sol. O vestido era preso por duas finas alças que formavam um X logo acima do peito, onde havia um discreto laço. A parte da saia ia até a altura dos joelhos e era recoberta por uma segunda saia de menor tamanho na cor branca que possuía bordados de flores em suas extremidades. Além disso, Rina estava usando um chapéu de palha com as extremidades da aba desfiadas, além de um laço azul amarrado a sua base. No ombro, a menina carregava uma simples bolsa na cor pastel onde trazia seu material para estudos. Ayu se levanta do banco e cruza os braços.

Ayu: Sanehara! Você está atrasada!

O grito chama a atenção de Rina, que finalmente consegue localizar sua amigas. A menina pára por um instante e finalmente nota os olhares de admiração das pessoas ao redor. Um pouco receosa, Rina volta a correr, mas acaba tropeçando no próprio pé e caindo de cara no chão.

Ayu (soltando um suspiro de irritação): Essa menina é um caso sério.
Rei: A coitadinha realmente fica toda atrapalhada se as pessoas estiverem olhando para ela...

Sakura corre até Rina e estende sua mão para ela.

Sakura: Você está bem, Rina?

Rina abraça Sakura com força, escondendo seu rosto no peito dela.

Sakura (agitando os braços no ar): Afrouxa um pouco! Afrouxa um pouco! Estou ficando sem ar!

Rina atende o pedido, mas não se afasta de Sakura. A herdeira de Clow levanta a cabeça de Rina para olhá-la diretamente nos olhos.

Rina: E-estão todos... o-olhando para mim...
Sakura: Não precisa ter medo. Ninguém vai lhe fazer mal.
Rina: M-mas... v-vão rir... de mim...
Sakura: Suas amigas estão aqui com você. Nada vai acontecer.

Sakura coloca Rina de pé e ajuda a menina a limpar o vestido. Em seguida, a herdeira de Clow pega o chapéu que havia caído no chão e o coloca de volta na cabeça de Rina.

Sakura: Vamos nos juntar as outras, tá?
Ayu: Sanehara.

Ayu, Jun e Rei haviam se aproximado. Rina fica toda rígida e começa a fazer reverências.

Rina: Desculpa, desculpa, desculpa. E-estou atrasada... não... não fiz p-por mal... P-por favor... n-não me m-machuque...
Ayu: Se acalme, Sanehara. Não precisa tanto. Francamente, que tipo de monstro você acha que eu sou?
Rei (rindo): Eu acho que isso é influência da Misaka, não é?

Rei olha para o lado e nota que Jun estava boquiaberta.

Rei: Misaka?

Jun se joga num abraço a Rina, quase derrubando a menina.

Jun: Tão fofinha! Eu nunca tinha te visto em roupas comuns antes...
Ayu: Misaka...
Jun (esfregando seu rosto no rosto da constrangida Rina): Tão fofinha! Tão bonitinha! Olha essa pele tão macia...
Ayu: Misaka...
Jun (cheirando o pescoço e os cabelos de Rina): Também é tão cheirosa! Toda perfumadinha. Até o cabelo cheira tão bem...
Ayu (uma veia saltando na testa): Misaka...
Jun: Ahhhh! Parece até uma boneca! Eu quero te levar para casa. Vamos experimentar várias roupas em você, tomar banho juntas, tomar café-da-manhã juntas, dormir juntas... tenho certeza que você daria um ótimo travesseiro...
Ayu: MISAKA!

Ayu acerta um soco na nuca de Jun, que desaba no chão.

Ayu: A Sanehara não é um brinquedo para você levar para casa, sua tonta.
Jun (sentando no chão e passando a mão na cabeça): Invejosa.
Rei: Não precisa se preocupar tanto, Sanehara. A Sakura também acabou de chegar.
Ayu (ajudando Jun a se levantar): Você tem que ter um pouco mais de respeito com a Sanehara.
Jun: Mas eu respeito muito ela. A Sanehara é uma kouhai muito querida para mim.
Ayu: Do que você está falando? A Sanehara é sua senpai. Ela é um ano mais velha que você, a Kinomoto e a Tachibana.

Rei, Jun e Sakura olham, incrédulas, para Rina.

Jun, Sakura e Rei: QUEEEEE?
Rei: É verdade, Rina?
Rina: S-sim... eu tenho 14 anos... e estou no oitavo ano...
Rei: Nossa. Como você é tão quieta, a gente nunca ia imaginar.
Jun: Para falar a verdade, nós nunca soubemos muita coisa sobre a Sanehara mesmo...
Sakura: Se esse é o caso, então temos que tratar a Rina como uma senpai, não é?
Rina (balançando a cabeça negativamente): Não, não. E-eu prefiro do... do jeito que está... d-desse jeito sinto como... como se fôssemos grandes a-amigas...
Sakura: Não é como se fôssemos grandes amigas, nós somos grandes amigas.
Rina: O-obrigada.
Ayu: Bem... já que todas estão aqui...

Ayu ergue seu braço esquerdo no ar.

Ayu: É hora de iniciar a Operação Sakura Nota Cem! Sigam-me!

Ayu começa a marchar e atravessa a rua, aproveitando que o semáforo estava aberto para pedestres.

Jun (cruzando os braços): Por que a operação só tem o nome da Sakura? Isso é tão injusto...

As meninas do clube de atletismo andam por algumas quadras até encontrar uma lanchonete com uma estátua de uma ovelha na porta. A estátua servia de suporte para uma placa que anunciava a promoção do dia.

Rei (olhando para o letreiro da lanchonete): Ouvi falar que esse restaurante é muito bom.
Ayu: É sim. Eu venho aqui com frequência porque é um lugar bem tranquilo. Vai ser perfeito para o nosso grupo de estudos.

Recebidas por uma simpática garçonete, as meninas são conduzidas até uma mesa quase nos fundos da lanchonete e colada na janela. O lugar não estava muito movimentado e estava consideravelmente silencioso. Após pedirem algumas bebidas, Sakura e suas companheiras colocam seus livros sobre a mesa e iniciam seus estudos.

As meninas se esforçam nos estudos, trocando informações e anotações, e mal vêem as horas passarem. Ayu, Rei e Rina alternam o tempo como professoras, cada uma delas focando nos pontos em que são fortes. Em determinado momento, Ayu entrega algumas folhas de exercícios para Jun e Sakura.

Encalhada em um exercício, Sakura começa a bater o lápis na própria cabeça.

Ayu: Problemas, Kinomoto?
Sakura (sem tirar os olhos da folha de exercícios): Sim. Tenho uma folha cheia deles para resolver.
Ayu (gota caindo): Na verdade eu perguntei se você está com dificuldade em algum exercício...
Sakura (sorrindo sem graça): Ah, desculpa. Acho que eu estava muito concentrada.

Sakura aponta para um dos problemas na folha.

Sakura: Não estou conseguindo pensar numa maneira de avançar nesse problema...
Jun (olhando por cima do ombro de Sakura): Oh. Também não consegui resolver essa e acabei pulando para a questão seguinte.

Ayu dá um tapa na cabeça de Jun.

Ayu: Idiota. Se você não sabe como resolver, esse é o momento para tirar dúvidas.
Jun (passando a mão na cabeça): Tá bom, tá bom...
Rei: Deixe-me ver, Sakura.

Rei se aproxima de Sakura e dá uma olhada na folha de exercícios.

Rei: Ah. Você estava indo bem. Só cometeu um pequeno errinho aqui.

Rei apaga uma linha dos cálculos com uma borracha.

Rei (escrevendo na folha): Você inverteu a ordem dos cálculos aqui. E antes de avançar para a próxima etapa, primeiro você precisa encontrar o X...
Jun (com a mão no queixo e fazendo uma cara séria) Hmmm. Esse X é um cara misterioso. Está sempre se escondendo das pessoas...
Ayu: O maior mistério é saber como você passou nas provas até agora...

Ayu estava analisando a folha de exercícios de Jun.

Ayu (balançando a cabeça negativamente): Você só conseguiu acertar três questões nesse folha de exercícios até agora, Misaka.
Jun: Já é um sinal de progresso. Na prova eu não consegui acertar uma sequer.
Sakura: Oh. Acho que entendi. Obrigada, Rei.
Rei: Que bom. Quer que eu te explique também, Misaka?
Jun: Claro, mas primeiro eu vou dar um pulo no banheiro...

Jun se levanta e tenta sair correndo, mas Ayu a segura pela blusa.

Ayu: Onde você pensa que vai? Você já foi ao banheiro umas 20 vezes desde que chegamos.
Jun (sorrindo sem graça): É que meu corpo reage dessa maneira estranha quando eu fico sobre pressão.
Sakura: Não se preocupe, Misaka. Nós vamos conseguir com certeza vencer a matemática.
Rina: O... o que... o que acha de um... um suco para relaxar...?
Jun: Ótima ideia, Sanehara. Vou comprar um agora mesmo.

Jun se levanta e tenta sair correndo, mas Ayu a segura pela blusa novamente.

Ayu (suspirando, irritada): Isso já está ficando repetitivo.
Jun (sorrindo): Se você não me segurar, vamos ter um final diferente...
Ayu: Para que você precisa levantar para pegar um suco se pode apenas chamar uma garçonete?
Sakura: Aliás, para que mais um suco se você nem terminou de tomar esse que está na mesa?
Jun: Ah. Mas esse que está aqui tem um gosto ruim. Parece até que eu estou bebendo xixi.
Ayu (com um sorriso sarcástico): E como você sabe qual o gosto do xixi?
Jun (ficando depressiva repentinamente): Meus primos foram realmente muito ruins comigo quando eu era mais nova...

Ayu, Sakura e Rei se entreolham, surpresas. Em seguida lançam olhares de pena para Jun.

Rei: Isso quer dizer que você bebeu... ?
Sakura: Eles faziam esse tipo de coisa com você? Que horror.
Ayu (totalmente sem graça): Desculpa, Misaka. Eu não sabia... eu não tive a intenção...

Jun começa a gargalhar, o que surpreende suas colegas. Ela ri com tanto entusiasmo que chega a cair da cadeira.

Jun (se levantando): Vocês... hahaha... vocês... hahahaha... vocês realmente caíram nessa?
Sakura: Era mentira?
Rei: Isso não se faz. Nós estávamos realmente preocupadas...
Jun: Desculpa, mas a cara de vocês foi hilária... hahahahaha...
Ayu (uma veia saltando na testa): Misakaaaaaa...

No instante seguinte, Jun estava com a cara enfiada num livro e um galo do tamanho do monte Fuji na cabeça.

Ayu (suspirando): E ela ainda pergunta porque a operação só tem o nome da Kinomoto...
Rina: E-eu acho... que você devia... devia se esforçar mais, Misaka...
Jun: Eu estou tentando, mas meus dois neurônios funcionam por tempo limitado se estiverem trabalhando em coisas que consideram chatas...
Ayu: Em outras palavras... você não consegue levar nada a sério. Eu juro que se você for reprovada e nosso clube for fechado por falta de pessoas, eu vou...

Ayu acaba quebrando o lápis que estava em sua mão enquanto imagina as torturas que gostaria de fazer. Ao ver isso, Jun sente um calafrio percorrer todo o seu corpo.

Rei (dando leves tapas nas costas de Ayu): Que tal todos mantermos a calma?
Sakura: Eu acho que a Misaka só precisa de um pouco mais de motivação.
Rina: C-Como assim?
Sakura: O que acha de uma aposta, Misaka?
Jun (subitamente interessada): Oh. Que tipo de aposta?
Sakura: Vamos ver qual de nós duas tira a maior nota nessa prova de recuperação. Quem perder terá que fazer as lições de casa de todos os membros do clube de atletismo por um mês.

Sakura se levanta e estende a mão para Jun.

Sakura: Fechado?
Jun: Como se eu pudesse resistir a emoção de uma disputa. Fechadissimo.

Jun aperta a mão de Sakura.

Jun (com um sorriso confiante): Espero que esteja preparada para fazer nossas lições, Sakura Kinomoto, porque a vitória com certeza será minha.
Sakura: Veremos, Jun Misaka.

Jun se senta, pega alguns livros de consulta e se foca totalmente em resolver as questões da folha de exercicios. Rina e Rei se entreolham, surpresas com a mudança repentina de comportamento de Jun. Vez ou outra, Jun pede algumas explicações a Rei e Rina. Ayu dá uma cutucada no ombro de Sakura.

Ayu (cochichando): Bom trabalho.

Sakura apenas responde com um sorriso. As meninas continuam os estudos por mais uma hora, quando um evento acaba tirando a atenção de Jun. Um grupo de garotos entra na lanchonete e pedem uma mesa para uma garçonete. Um deles, um menino esguio de 14 anos com cabelos pretos com algumas mechas ocultando seu olho esquerdo, acaba se desgarrando de seu grupo e vai até a mesa de Sakura e suas amigas.

Garoto: Ora, ora. Jun Misaka estudando de verdade? Aí está uma coisa que não se vê todo dia.

Jun olha para trás e sorri ao reconhecer o garoto.

Jun: Yu!

Ela se levanta e cumprimenta o garoto com um toque de mãos no ar. Rina olha para o garoto por um instante, mas logo desvia o olhar, seu rosto ficando muito vermelho.

Garoto (um sorriso malicioso): É raro ver você se esforçando desse jeito. Se você fizesse isso nos games, talvez chegasse perto de abandonar o titulo de Miss Segundo Lugar.
Jun (cruzando os braços): Parece que eu não sou a única com problemas com matemática. Até onde eu me lembro, o nosso placar está empatado, Mr. Eu Não Consigo Ganhar Honestamente.
Garoto: Não me venha com esse choro de perdedora. Se quiser que eu acredite nisso, então me vença numa disputa.
Jun: Ah, é? Então eu...
Ayu (interrompendo a conversa): Você está nos atrapalhando, Yoshimita.

Yoshimita nota Ayu sentada na mesa, bem como Sakura e Rei. Ele faz uma cara de horror e aponta para a capitã do clube de atletismo.

Yoshimita: Por que você está andando com a Sakagami no fim-de-semana? Está pagando alguma promessa?
Jun: Preciso tirar uma nota boa numa prova ou estarei ferrada. Eu vim até aqui para tentar estudar, mas estou sendo submetida a todo tipo de torturas...

Jun se levanta e finge que vai desmaiar. Yoshimita a segura em seus braços.

Yoshimita: Eu tenho pena de você. Trabalhar junto com a monstruosa Dama-de-Ferro deve ser horrível. Ela deve estar acabando com você...
Jun (tossindo algumas vezes): Eu não sei se vou sobreviver, Yu.
Yoshimita: Não diga isso, J. Você precisa ser forte.
Jun: Estou sentindo toda a minha energia sendo consumida... não sei se tenho muito tempo...
Yoshimita (abraçando Jun com força): Você não pode me abandonar aqui...
Jun (fingindo estar chorando): Acredito que meu fim está próximo, então quero que você me prometa três coisas...
Yoshimita: Eu farei qualquer coisa por você... basta dizer...
Jun: Primeiro... prometa que vai cuidar muito bem das minhas cartas de Yu-gi-oh. O deck que eu montei é realmente vencedor...
Yoshimita: Ganharei todos os torneios possiveis com seu deck em sua memória.
Jun: Segundo... alimente e proteja meu tamagochi. Ele ainda é muito novo e vai sofrer com a ausência da mãe...
Yoshimita: Cuidarei daquele monstrinho como se fosse meu filho.
Jun (tapando o nariz): Terceiro... pelo amor de Deus, mude a marca desse perfume. Você está com um cheiro horrível.
Yoshimita (cheirando embaixo do braço): Mas eu nem estou usando perfume...
Jun (tossindo de maneira bem forçada): Oh... eu posso ver... eu posso ver... eu posso ver a luz...
Yoshimita: E como ela é?
Jun: Muito brilhante... parece até a lâmpada do teto de uma lanchonete...

Ayu bate a mão na mesa.

Ayu (irritada): Já acabaram?
Jun (e Yoshimita): Sim!

Jun e Yoshimita desfazem o abraço e dão as mãos. Eles fazem algumas referências como se tivessem acabado de fazer uma apresentação.

Sakura (rindo): Vocês se dariam muito bem no clube de teatro.
Jun: Obrigada, obrigada. Fico feliz com o reconhecimento de meus fãs.
Ayu: Se você não tem nada de construtivo para dizer, desapareça da minha frente, Yoshimita.
Yoshimita: Carinhosa como sempre, não é, Sakagami?
Jun: Não liga não, Yu. Bem lá no fundo, ela nos ama.

O grupo de garotos pega uma mesa não muito distante da mesa das meninas do clube de atletismo. Um deles acena, chamando Yoshimita para se sentar.

Yoshimita: A gente se fala mais depois, J.
Jun: Claro. Passa lá em casa mais tarde para eu te mostrar aquele jogo novo.
Yoshimita: Ok. Bom estudo, meninas.

Yoshimita se despede com um aceno e vai até seus amigos. Jun se senta novamente em seu lugar.

Ayu (cruzando os braços): Vocês dois juntos são insuportáveis.
Sakura: Quem era aquele menino?
Ayu: Yuzuru Yoshimita. É amigo de infância da Misaka.
Jun: Ele é seu amigo também, querida capitã. Quando você vai parar de fingir o contrário?
Rei: Eu acho que já o vi em algum lugar. Por acaso ele frequenta a nossa escola?
Jun: Sim. Ele é do oitavo ano. Ah. Talvez ele seja da mesma turma que a Sanehara.

As meninas olham ao redor, mas não encontram Rina.

Rei: Aliás... cadê a Rina?
Ayu: Ela estava aqui agora há pouco.
Jun: Será que ela foi ao banheiro?
Sakura: Hmmm.

Sakura olha embaixo da mesa, onde encontra Rina se escondendo.

Sakura: O que você está fazendo aí, Rina?

Sakura ajuda a amiga a sair debaixo da mesa e voltar ao seu lugar.

Rei: Você está bem, Rina?
Jun: Seu rosto está todo vermelho.
Rina: N-não está n-não...

Rina tenta esconder o rosto com as mãos.

Jun: Você conhece o Yu? Aquele menino que estava aqui agora há pouco, sabe...

Rina dá uma olhada discreta para a mesa onde estava Yoshimita e seu rosto fica ainda mais vermelho.

Rina: Ele... Ele... Ele é da minha t-turma...
Jun: Bem que eu suspeitei.
Rina: V-vocês parecem... próximos... bem p-próximos... será... s-será que você está saindo... saindo com ele?
Jun: Saindo tipo namorando?
Rina: S-sim... vocês estão na-na-namorando?

De sua mesa, Yoshimita foca sua audição, parecendo ansioso pela resposta.

Jun: Não. Eu e Yu somos grandes amigos, nada mais. E também eu não tenho interesse nessas coisas de namoro. Acho que ainda não estou pronta para isso, sabe?

Yoshimita suspira, decepcionado. Em contrapartida, Rina suspira, aliviada.

Rin: Que bom.
Jun: Hã? Como assim?
Rina: É... quer d-dizer...

Sem saber o que dizer, Rina tenta mais uma vez esconder o rosto com as mãos. Seu rosto, aliás, estava ainda mais vermelho e sua cabeça começava a soltar fumaça.

Sakura: Ela ficou ainda mais vermelha. Será que é febre?
Rei: Pode ser um resfriado.
Jun: Espera um pouquinho... será que...

Jun encara os olhos de Rina por alguns segundos.

Jun (um sorriso malicioso): Ah. Então você tem uma queda pelo Y...
Rina: Não!

Rina se joga sobre Jun para impedir que ela fale e duas acabam caindo da cadeira. Sakura rapidamente ajuda suas amigas a se levantarem.

Rina: D-desculpa.
Ayu: Será que vocês podem explicar o que há de errado?

Jun acena com as mãos e todas as meninas se aproximam para poderem cochichar.

Jun: A Sanehara gosta do Yu.
Sakura: Do Yoshimita? Sério?
Rina (a voz quase não saindo): Eu... eu... gosto sim...
Ayu: Você tem um péssimo gosto, Sanehara.
Rei: Que legal. E você já se declarou para ele?
Rina (balançando a cabeça desesperadamente): Eu nunca... nunca faria algo assim...
Jun: E como você pretende começar a namorar com ele. Por mágica?
Rina: Eu não sei... se seria uma boa... na-na-na-na-namorada para ele... nós mal nos falamos na classe...
Rei: É verdade. A Rina é muito tímida. Desse jeito fica difícil se declarar.
Jun: Eu posso aproximar vocês dois, Sanehara. Depois disso, basta você dar o bote.
Rei: Mas como ela vai se declarar se ela não consegue nem conversar sobre isso com as amigas?

Sakura, Rei, Ayu e Jun ficam pensativas por alguns instantes.

Rei: Já sei.

Rei coloca um cartão na mesa, um cartão que Sakura logo reconhece.

Rei: Ouvi dizer que tem uma menina dando conselhos amorosos e ajudando meninas a conseguirem o namorado de seus sonhos na nossa escola. Estão distribuindo esses cartões durante os intervalos.
Jun: Oh. E ela é boa?
Rei: Dizem que ela já uniu pelo menos vinte casais nessas ultimas semanas.
Ayu: E vocês vão mesmo acreditar nesses boatos?
Jun (ignorando Ayu): Mas ela deve ser muito procurada... será que vamos conseguir uma consulta para a Sanehara?
Sakura (erguendo a mão): Bem... eu conheço a “conselheira amorosa”. Ela é uma amiga da minha classe e é prima do meu namorado.
Jun: E ela ajudou você a fisgar seu namorado?
Sakura: Não exatamente... quer dizer... talvez um pouquinho...
Rei: Então ela é mesmo boa...
Sakura: Se você quiser, Rina, eu posso marcar um encontro entre vocês duas.
Rina: E-eu... e-eu...

Jun pega a cabeça de Rina e a força a acenar positivamente com a cabeça.

Jun: Como assim se ela quiser? É claro que ela quer! E eu vou participar das consultas para ter certeza que a Sanehara não vai fugir.
Rina: Q-Que?
Jun (sorrindo): Já estou ficando empolgada. Vai ser a primeira vez que banco a cupido.
Sakura (murmurando): Acho que a Meiling vai ficar feliz em saber que eu arrumei uma nova cliente para ela...
Ayu: Bom, já chega de conversas paralelas. Hora de voltar para os estudos.
Sakura (e Jun): Sim, senhora... quer dizer... capitã!
Ayu (colocando a mão na testa): Vocês não precisam responder em sincronia, sabe...

Sakura abre um livro para consultar algumas fórmulas enquanto Jun volta a se concentrar em sua folha de exercícios.

EM UMA PRAÇA DE TOMOEDA

Tomoyo estava caminhando enquanto carregava algumas sacolas. Tinha ido ao centro comercial comprar tecidos que usaria em suas novas criações. Haviam muitas ideias de uniformes para Sakura que ainda não tinham saído do papel. Todavia, não eram esses uniformes que estavam na mente da menina neste momento.

Quando Tomoyo se deu conta, ela já estava na praça, num ponto onde podia ver o lago. A menina observa a outra margem do lago.

Kaho: Algo errado, Tomoyo?

Tomoyo se surpreende ao perceber que Kaho Mizuki estava sentada numa pedra atrás dela.

Tomoyo: Kaho? Desculpe, eu não a vi sentada aí.
Kaho: Não tem problema. Venho aqui de vez em quando. Essa praça é um lugar agradável, embora hoje esteja um pouco vazia.
Tomoyo: O templo não tem lugares melhores que esse?

Kaho sorri. Ela se levanta, parando ao lado de Tomoyo, e aponta para o outro lado do lago.

Kaho: A partir da outra margem desse lago começa o terreno do templo Tsukimine. Você sabia disso?
Tomoyo: Não tinha ideia.
Kaho: Pouca gente sabe. No meu entender, essa praça é algo similar a uma extensão do templo. Talvez a proteção dos deuses se estenda até aqui. Pode ser por isso que essa praça é tão agradável...
Tomoyo: Deve ser...

Kaho e Tomoyo ficam quietas por alguns instantes.

Tomoyo: Eu vi vocês naquele dia. Você e o Touya.
Kaho: Eu já suspeitava pela maneira que você estava olhando para aquele local...
Tomoyo: Podemos conversar sobre isso?

Kaho e Tomoyo caminham juntas e vão até a área próxima a saída da praça, onde se sentam num banco. Tomoyo coloca suas compras ao seu lado.

Tomoyo: Eu não fui a única que vi. Minha meia-irmã estava comigo naquele dia. Mas ela não vai contar a ninguém.
Kaho: Eu não estou preocupada com isso, Tomoyo.
Tomoyo: Eu também não contei a ninguém. Uma amiga me aconselhou a procurar entender o que está acontecendo antes de julgar se é certo ou errado. Eu estava planejando procurar você e o Touya.
Kaho: Tudo bem. Acredito que você tenha algumas perguntas que precisam de respostas.
Tomoyo: Você e o Touya... vocês estão namorando?
Kaho: Namorando? Não sei se podemos rotular dessa maneira. Nossa relação é complicada. Aliás, todas as minhas relações são complicadas.
Tomoyo: Mas vocês estavam se beijando naquele dia, correto?
Kaho: Estamos nos encontrando há algumas semanas. Estamos nos apoiando um no outro para curar feridas em nossos corações. Talvez seja normal procurar pessoas que você ama quando está machucada e perdida. No meu caso, eu voltei a um antigo amor.
Tomoyo: Antigo amor?
Kaho: Eu e Touya já nos relacionamos antes, quando eu era professora dele. Será que podemos rotular isso de namoro? Eu honestamente não sei. Só o que sei é que eu tive uma visão uma vez. Eu vi que estávamos destindos a nos separar, então procurei fazer isso da maneira menos dolorosa possível.
Tomoyo: Foi quando você viajou para a Inglaterra por causa dos estudos, não é?

Kaho confirma com um aceno de cabeça.

Kaho: Touya eventualmente encontrou sua nova pessoa especial ou pelo menos acreditou nisso. Quanto a mim, eu encontrei conforto nas doces palavras de um homem que conheci em Londres.
Tomoyo: Eriol Hiiragisawa.
Kaho: Então você já sabia?
Tomoyo: Eu suspeitava. Você e Eriol pareciam muito próximos... eu podia ver algo diferente nos olhares que trocavam... e você esteve ao lado dele todo esse tempo o ajudando...
Kaho (sorrindo): Sua mente é sempre muito afiada, Tomoyo. Porém quando conheci Eriol, ele ainda não atendia por esse nome.
Tomoyo: Não?
Kaho: Ele é um homem já na casa dos quarenta anos. Um mago muito poderoso que fez inimigos igualmente poderosos. Eriol enfrentou uma terrível batalha uma vez e perdeu tudo o que tinha como custo da vitória. Ele assumiu uma nova forma e passou a viver como Eriol Hiiragisawa. Você sabe por que ele fez isso, não é?
Tomoyo: Para se aproximar de Sakura.
Kaho: Exatamente. Ele já havia previsto que sua amiga precisaria ser guiada para assumir com sucesso as cartas Clow. A perda de sua antiga identidade tinha vindo num momento oportuno, ou talvez tudo fizesse parte dos planos de Eriol. Aquele homem sempre tem um plano...
Tomoyo: E vocês dois? Vocês ainda estão juntos?

Kaho fica quieta por alguns instantes e olha para as nuvens escuras que se amontoavam aos poucos no céu.

Kaho: Eu fui rejeitada. Não vou deixar de ajudá-lo por causa disso, mas estaria mentindo se dissesse que meu coração não está ferido.
Tomoyo: Mas por que ele faria isso? É por causa da diferença de idade que existe entre vocês agora?
Kaho: Eriol pode retomar sua verdadeira forma quando quiser e eu não vejo problema na diferença de idades se existir amor de verdade. Aquele tolo tem medo de uma maldição que nem sabe se existe...

Kaho fecha os punhos de uma das mãos. Parecia estar tentando conter sua frustração. Tomoyo coloca sua mão sobre a mão de sua ex-professora e aguarda que ela se acalme.

Kaho: Touya passou pela mesma coisa. Ele também foi rejeitado.
Tomoyo: Pelo Yukito?
Kaho: Yue é um ser mágico complexo. Vive duas vidas, cada vida com seus próprios sentimentos e pensamentos. Yukito pode ter sentimentos por Touya, mas Yue nunca esqueceu seu primeiro amor.
Tomoyo: Clow Reed.
Kaho: Acredito que eles tenham entrado num acordo e decidido que esses sentimentos devem ser deixados de lado. Yue vai se concentrar em servir sua nova mestra sem se importar com nada mais.
Tomoyo: Não acho que a Sakura vai gostar disso...
Kaho: Penso da mesma forma. Eu já disse a Eriol que ele devia ter uma conversa séria com Yue. Se ele não conseguir resolver, talvez a Sakura possa. Por agora, é melhor aguardar.
Tomoyo: Certo...

Tomoyo e Kaho ficam quietas por alguns instantes.

Tomoyo: Vocês vão assumir sua relação?
Kaho: Eu não sei por quanto tempo continuaremos nos vendo. Não sei se temos um futuro de verdade juntos. Não sei se existe algo para assumir ou se é algo passageiro. Não entendo meus próprios sentimentos e acho que Touya também não.

Uma ventania levanta algumas folhas, que dançam pelo ar.

Kaho: Eu costumava ter muitos sonhos e visões. O futuro era quase um livro aberto para mim. Agora, por culpa da magia do caos, eu não sei o que pode acontecer. Isso me deixa um pouco aflita.
Tomoyo: Você tem medo do que está por vir?

Kaho coloca a mão na barriga.

Kaho: As coisas entre mim e Touya podem acabar mais complicadas. Eu não sei como ele vai reagir. Eu suspeito que estou g...
Segurança 1: Senhorita Tomoyo!

Uma limusine branca havia estacionado na entrada da praça. Diante do veículo estavam sete mulheres usando ternos pretos e óculos escuros.

Tomoyo: O que foi?
Segurança 2: Sua mãe ordenou que a escoltássemos de volta para casa.
Tomoyo: Aconteceu alguma coisa?
Segurança 3: Parece que está havendo uma onda de violência no centro da cidade.
Segurança 1: Não é seguro ficar nas ruas.

Tomoyo se volta para Kaho.

Kaho: Pode ir. Conversaremos mais depois. Acho que devo voltar ao templo também.
Tomoyo: Tome cuidado.

Tomoyo pega suas compras e entra na limusine. O veículo acelera rumo à residência dos Daidouji.

DE VOLTA A LANCHONETE

As meninas continuavam seus estudos. Repentinamente Jun bate a cabeça na mesa e quase derruba um dos copos de suco que estava ali, incidente que é evitado por um ágil movimento de Sakura.

Ayu: O que você está fazendo, Misaka?
Jun: Eu não tenho mais forças... um dos meu neurônios acabou de entrar em greve...
Sakura: Eu também estou cansada e com fome, senpai...
Ayu (suspirando): Ok, ok. Vamos fazer uma pausa e comermos alguma coisa. Garçonete, por favor!

As meninas fazem seus pedidos e começam a devorar de maneira voraz seu lanche para aplacar sua fome. Rei, Ayu e Jun tinham conversas triviais enquanto comiam. Sakura não conseguia se envolver muito agora. Embora tentasse esconder, estava preocupada com sua amiga no hospital. Estava preocupada com Shaoran. A herdeira de Clow pega seu celular e procura por registros de ligações, mas nada encontra.

“Será que estão muito ocupados? Será que encontraram alguma coisa? Será que houveram mais vítimas? Eu estou me esforçando como prometi, mas queria estar ao lado do Shaoran agora. Não queria me sentir uma inútil. Acho que vou fazer mais uma visita a Rika e depois vou atrás deles...”

Sakura olha pela janela enquanto sua mente se perde em pensamentos. Ela vê os primeiros pingos de uma chuva atingirem a calçada. As pessoas que estavam na rua começam a correr e a procurar abrigo. Muita gente seria pega de surpresa por conta dessa chuva repentina.

“Mas o que é aquilo?”

Algo tinha chamado a atenção de Sakura. Sobre uma caixa de correio do outro lado da rua havia um animal. Era um pequeno coelho branco, de aparência bem comum. Seus olhos, contudo, eram vermelhos e um pouco assustadores. O coelho inclina levemente a cabeça. Não estava olhando diretamente para Sakura. Parecia estar olhando para algo atrás dela.

Ayu: A Sanehara está demorando no banheiro...
Rei: Ei, Sakura. Está tudo bem?
Sakura: O que?

Sakura olha novamente para o outro lado da rua, mas não havia mais nada lá.

Sakura: Não é nada.

Jun percebe o celular na mão de Sakura.

Jun: Ah. Já sei. Está esperando uma ligação do namorado, não é?
Sakura (levemente corada): Sim... eu acho que vou ligar para ele rapidinho...
Ayu: Aproveita e veja se está tudo bem com a Sanehara no banheiro.
Sakura: Pode deixar, senpai.

Assim que Sakura se levanta de seu lugar, alguém se joga contra ela e a abraça de surpresa.

Sakura: Rina?
Rina: Sakura... Sakura... Sakura...

Rina abraça Sakura com mais força.

Sakura (agitando os braços no ar): De novo não! Afrouxa um pouco! Afrouxa um pouco! Eu preciso de ar!
Rina: D-desculpa... é que... é que...

Assim que Rina afrouxa o abraço, Sakura percebe que sua colega estava tremendo.

Sakura: O que houve, Rina? Por que você está tremendo desse jeito?

Ayu, Rei e Jun se levantam e se aproximam de Sakura e Rina.

Ayu: Alguém estava incomodando você? O Yoshimita fez algo que não devia?
Jun: Por que você está culpando o Yu? Ele e seus amigos já foram embora há um tempinho já...
Ayu: Eu apenas segui a conclusão mais lógica.
Sakura: O que te deixou com medo, Rina?
Rina: F-formigas... m-muitas delas... e elas me o-odeiam...
Jun: Formigas? Só isso? Mas não é só pis...
Sakura: Cuidado!

Sakura puxa Jun e Rina para o chão, enquanto Ayu faz o mesmo com Rei. Uma porta passa voando sobre suas cabeças e quebra uma das janelas da lanchonete. Assustados, os clientes se levantam para ver o que acontecera.

Ayu: Essa foi por pouco. Bons reflexos, Kinomoto.
Sakura: Obrigada, Sakagami-senpai.
Rei: Mas o que foi aquilo? Como a porta foi jogada para longe desse jeito?
Jun: Aquela era a porta do banheiro feminino, não é? Talvez algo tenha explodido lá dentro...
Rina: Formigas...

Centenas de formigas começam a andar pelo chão. Alguns homens começam a pisar nelas, enquanto algumas mulheres preferem se proteger ficando sobre as mesas. Ao sentir as formigas se aproximando de seus pés, Rina larga Sakura e sobe numa cadeira.

Ayu: Não precisa ser medrosa, Sanehara. São apenas formigas. O que elas podem fazer contra você?

Nesse momento uma formiga gigante, do tamanho de um automóvel, abre um rombo na parede do banheiro e começa a encarar suas potenciais vítimas enquanto exibe as perigosas presas em sua boca, de onde escorria um líquido gorduroso.

Jun (olhando para Ayu): Você e sua boca grande...

As pessoas começam a sair correndo, desesperadas e trobando umas com as outras enquanto brigavam para sair primeiro. Os olhos da formiga gigante passam rapidamente sobre a clientela da lanchonete e repousam sobre as meninas do clube de atletismo da escola Tomoeda.

Sakura: Pessoal... vamos embora daqui...
Jun: Deixa eu só terminar de recolher minhas coisas...

A formiga gigante começa a andar e vai destruindo as mesas em seu caminho no processo.

Ayu (pegando o braço de Jun): Agora!

Ayu puxa Rei e Jun pelo braço enquanto Sakura se responsabiliza por Rina. Elas saltam para fora através da janela quebrada, se ralando um pouco no processo. Elas não teriam tempo de se recuperar, já que o perigo ainda as rondava. Sakura nota que as formigas haviam aumentado em número e estavam se espalhando para fora da lanchonete. Como ela já suspeitava, apesar de seu tamanho e forma naturais, aquelas também não eram formigas comuns. Aqueles pequenos insetos estavam devorando cada objeto que viam como se fossem nada, inclusive aqueles feitos de metal. Sakura puxa Rina pelo braço, forçando a trêmula menina a ficar de pé.

Sakura: Vamos lá, Rina! Não podemos ficar aqui! Temos que fugir!
Ayu (enquanto empurra Jun para frente): Todas correndo! Já!

As meninas do clube de atletismo seguem as ordens de sua capitã e começam a correr. Sakura fica de mãos dadas com Rina, forçando a colega a seguir seu ritmo na corrida. A formiga gigante arrebenta a parede frontal da lanchonete, jogando escombros e mesas para todo o lado. A criatura bizarra derrapa na pista molhada e erra Sakura e suas amigas por pouco, indo trombar contra o estabelecimento do outro lado da rua.

Ayu: Agora é a hora de deixar sua capitã orgulhosa! Corram! Corram como nunca correram antes em suas vidas!

Havia dezenas de pessoas correndo pelas ruas, tomadas pelo terror. Algumas são atacadas pelas formigas menores, ganhando alguns sérios ferimentos. A formiga gigante, entretanto, se ergue e começa a correr atrás de Sakura e suas amigas, ignorando todas as outras pessoas.

Ayu: Mas por que essa coisa está vindo está atrás da gente?
Rei: Estou com medo, capitã. O que vamos fazer?
Ayu: Apenas continuem correndo. A policia com certeza vai aparecer para nos salvar.
Jun: Nós precisamos de um plano. Algo para matar essa formiga bizarra. Pode ser um inseticida gigante ou algo do gênero...

A formiga gigante joga um carro para o ar utilizando suas presas. O veículo cai próximo ao grupo de meninas, errando Jun por pouco.

Jun: Ahhhh! Essa coisa quer nos matar!
Ayu: Eu vou pensar em algo. Apenas continem correndo. Não parem por nada.

As meninas, guiadas por sua capitã, apertam o passo e vão dobrando esquina após esquina, tentando se livrar da monstruosidade que as ameaçava. Elas param nos fundos de um depósito para recuperar o fôlego. Rina estava agachada no chão, tremendo cada vez mais. Sua pele estava extremamente pálida e sua respiração estava irregular. Jun e Sakura tentavam acalmar a colega.

Rina: Eu sempre tive p-pavor de f-formigas... p-por favor... m-mantenham elas longe... l-longe de mim...
Sakura: Não se preocupe. Fique calma.
Rei (apontando para uma padaria que havia acabado de ser destruída): Ela continua atrás da gente, capitã.
Ayu: Droga! Ela deve estar nos farejando ou algo assim. Está muito difícil despistá-la.

Sakura olha da formiga gigante para a amedrontada Rina.

“Está acontecendo do mesmo jeito que aconteceu com a Rika antes... Esse monstro está atrás da Rina! Essa formiga deve ser uma manifestação do poder de Phobos... tenho que levar minhas amigas para um lugar seguro e fazer algo a respeito...”

A criatura segue se aproximando, destruindo tudo em seu caminho. Sakura olha ao redor, procurando por uma rota de fuga, e encontra uma pequena ladeira que leva a entrada de um estacionamento.

Sakura: Por aqui!

Sakura lidera o caminho e todas as meninas entram no estacionamento, que logo percebem pertencer a um supermercado. O lugar não tinha muito movimento e existiam poucos carros estacionados.

Rei (aflita): Para onde agora?
Sakura: Ali!

Sakura aponta para algumas bicicletas que estavam guardadas próximo a outra saída do estacionamento.

Sakura: Podemos usar as bicicletas para fugir mais rápido!
Jun: Mas e se estiverem presas por correntes?
Ayu: Se pudermos usar pelo menos uma já vai ser alguma coisa. Temos que tirar a Sanehara daqui. Ela não vai aguentar muito mais nesse estado.
Jun (preocupada): A coitada está em choque...
Rei: Espera a gente, Sakura!

Sem pestanejar, Sakura corre até as bicicletas que, para azar das meninas, realmente estavam presas por correntes e cadeados. Antes que suas amigas a alcancem, a herdeira de Clow age rápido e puxa a chave mágica do cordão em seu pescoço. Ela encosta o objeto encantado na fechadura de um dos cadeados.

“Por favor, abra esse cadeado.”

A ponta da chave se altera, assumindo uma forma que permite a Sakura destrancar o cadeado.

Ayu: Kinomoto!

Sakura rapidamente esconde a chave mágica e puxa a bicicleta para junto de si. Ao longe já era possível ouvir a aproximação da formiga gigante.

Sakura: Eu consegui uma bicicleta!
Ayu: Bom trabalho, Kinomoto!

O asfalto começa a rachar repentinamente e dezenas de formigas surgem, se espalhando a uma velocidade impressionante. Elas acabam bloqueando o caminho, impedindo Ayu e as outras meninas de alcançarem Sakura.

Sakura (gritando): Corram! Corram para o mercado!

Ayu e Jun colocam Rina Sanehara nos ombros e, junto com Rei, recuam em direção ao mercado. Parte das formigas vai em direção as meninas e outra parte resolve atacar Sakura. A herdeira de Clow larga a bicicleta e começa a correr, procurando contornar as formigas e ir em direção as amigas. As formigas destroem a bicicleta e os carros que estavam no caminho, não deixando quase nenhum vestígio.

Rei: Cuidado!

A formiga gigante avança a todo vapor e atinge por engano a entrada do supermercado, causando muita destruição. Uma explosão acontece e o estabelecimento começa a pegar fogo. Felizmente as pessoas que estavam lá dentro conseguem se salvar fugindo pelos fundos. A criatura logo se recupera do impacto e se volta para as meninas do clube de atletismo, seus olhos se fixando em Rina.

Jun: Agora estamos ferradas...

Sakura pega a chave mágica nas mãos e se prepara para invocar seu báculo mágico. A formiga gigante repentinamente recua dois passos e olha para um prédio vizinho ao mercado. Sakura olha na mesma direção, tentando entender o que a criatura mágica estava temendo, e sente uma poderosa aura mágica.

“Que magia poderosa! Mas a quem pertence?”

– CINERIUS!

A origem da voz não estava visível. Ela era forte e parecia ser uma mistura de vozes similares pronunciando a mesma palavra. Parte das chamas que assolavam o mercado se elevam aos céus, onde se multiplicam e começam a ganhar forma. Quando a transformação termina, Sakura fica surpresa ao ver uma estranha criatura flutuando nos céus. Tratava-se de um imponente dragão de pele escamosa na cor vermelha e espinhos afiados brotando de boa parte de suas costas, além de olhos amarelos sem pupilas. A cada respiração, o dragão soltava labaredas de fogo pelas narinas. Acuadas entre uma formiga gigante e um dragão ígneo, Ayu e suas companheiras ficam sem saber para onde correr.

Sakura: E agora? O que eu faço?

(CONTINUA)


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Notas finais do capítulo

Olá, amigos. Estou passando para deixar mais uma parte deste capitulo 'aterrorizante'.

Além de ter problemas com aranhas, agora Sakura tem que salvar suas companheiras de clube de formigas famintas. E tudo fica pior quando um misterioso dragão mágico surge no céu. E agora? É amigo ou inimigo?

Nesta parte também tivemos um pouquinho de desenvolvimento para as sub-tramas... ainda tem muita coisa interessante para acontecer...

Na próxima parte teremos o embate entre Sakura e Phobos... e também uma revelação importante referente a identidade do hospedeiro. Fiquem ligados!

Espero que apreciem a leitura.

Até a próxima ^^

Curiosidades:

— Yuzuru Yoshimita teve sua primeira aparição no capitulo 11 (Sakura vs Kazuko PT1). Ele era o garoto que estava fazendo a pesquisa da garota mais bonita da escola e que pegou os votos de Shaoran e Yamazaki.
— Mirmecofobia é o medo exagerado de formigas.
— Kouhai significa “novato” ou “calouro”.
— Tsundere é um termo japonês usado para representar pessoas cuja personalidade é inicialmente agressiva, mas que alterna para momentos mais amáveis.
— Aracnofobia é o medo exagerado de aranhas. Este também é o nome de um filme de terror / suspense de 1990 que foi dirigido por Frank Marshall.



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