Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 19
Capítulo 13 - A estranha perfeita (PT1)


Notas iniciais do capítulo

Uma nova aluna transferida e ela é perfeita em tudo o que faz? Muito suspeito...



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[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

O som estava vindo do segundo andar da casa dos Kinomoto. O despertador com design de urso começou a apitar no horário programado de costume. Sakura Kinomoto simplesmente ignora o aparelho e segue concentrada em seu sono. Cerca de cinco minutos depois, um segundo despertador, esse com o design de um sapo, começa a apitar também, mas o barulho parecia não incomodar Sakura. Kero sai voando de sua gaveta, parecendo um pouco contrariado. Ele voa até a cabeceira da cama e desliga os despertadores com dois socos. Em seguida, o guardião se dirige até sua mestra e retira o lençol de cima dela.

Kero: Sakura! Acorda, Sakura!

Sakura suspira e abraça seu travesseiro. Kero começa a balançar o braço da menina para tentar acordá-la.

Kero: Deixa de ser dorminhoca, Sakura.

Uma voz vêm do andar debaixo.

Fujitaka: Sakura! O café-da-manhã já está na mesa! Cuidado para não se atrasar!

A voz do pai consegue fazer Sakura despertar. A menina se senta na cama e boceja demoradamente.

Sakura: Ohayo, Kero.
Kero: Ohayo, Sakura. Você tem que se mexer. Vai chegar atrasada na escola nesse ritmo.

Sakura olha para os despertadores e apenas suspira.

Sakura: É... acho que você tem razão...
Kero: Hã?

Sakura se levanta e troca de roupa, vestindo seu uniforme escolar tradicional. A menina escova os dentes, pentea os cabelos e prende um laço verde na região da nuca. Em seguida, ela seleciona alguns livros numa pilha de material escolar e os guarda em sua mochila. Sakura olha momentaneamente para um calendário colorido pendurado em uma parede. Algumas datas estavam marcadas com desenhos de corações e representavam os dias em que Sakura havia saído com Shaoran. Os últimos dias não haviam ganhado nenhum coração sequer, para a tristeza da menina. Kero observa sua mestra com um olhar preocupado e isso acaba chamando a atenção dela.

Sakura: O que foi?
Kero: O que aconteceu com você?
Sakura: Como assim?
Kero: Você geralmente acorda toda agitada quando descobre que está atrasada... mas hoje parece tão quieta...

Sakura olha para sua mesa. Havia uma pulseira sobre ela. Era uma pulseira rosa com três estrelas prateadas e dentro de cada uma delas havia uma rosa entalhada. O item fora um presente de seu namorado. Kero começa a voar ao redor de sua mestra.

Kero: O que você tem, Sakura? Se você me disser eu posso te ajudar...

Sakura pega e coloca a pulseira. Em seguida ela sorri para Kero, um sorriso um pouco forçado.

Sakura: Não é nada demais. Estou apenas um pouco cansada por causa dos treinos do clube de atletismo e os treinos de magia.
Kero: Têm certeza que é só isso?
Sakura (dando um beijo na testa do guardião): Tenho sim. Não precisa se preocupar tanto comigo.
Kero: Tá bom...

Sakura pega sua mochila pela alça e deixa seu quarto, ainda bocejando um pouco de sono. A menina larga sua mochila no sofá da sala e se dirige a cozinha.

Sakura: Ohayo, mamãe.

Sakura faz um tímido aceno para um porta-retrato com uma foto da falecida Nadeshiko Kinomoto. A foto era trocada todos os dias, sendo isso uma espécie de ritual da familia. Sakura puxa uma cadeira e se senta. A mesa tinha um café-da-manhã saboroso e nutritivo.

Sakura: Ohayo Gozaimasu.
Amane: Ohayo!
Fujitaka: Ohayo, minha pequena Sakura.

Sakura não estava com muito apetite, mas não queria desperdiçar toda a comida que seu pai prepara com tanto carinho. Ela começa a comer sua omelete e seu arroz, a cabeça baixa e ostentando um olhar pensativo.

“A magia do caos continua causando muitos problemas. O Yue e o Kero têm saído para ajudar o Eriol quase todos os dias. Ainda não conseguimos nenhuma pista de como Zhen e o Mestre planejam destruir o lacre da magia do caos... Eu queria poder ajudar mais, mas não sei o que fazer além de treinar para ficar forte...”

Amane (a boca parcialmente cheia): Hmmmm. O peixe grelhado está delicioso, senhor Kinomoto.
Fujitaka: Fico feliz que tenha gostado. Tenta não demorar muito para não se atrasar, Sakura.
Sakura: Certo...

“Ainda têm o problema do hospedeiro. Eu preciso descobrir quem está sendo usado pelo Mestre para evitar que a pessoa sofra... me dói o coração saber que essa pessoa está em perigo por minha culpa...”

Amane: Pode me passar o molho?
Fujitaka (entregando um pequeno frasco): Claro. Aqui. Quer um pouco mais de arroz?
Amane: Sim! Essa salada de frutas também está ótima. Será que o senhor podia me passar umas dicas de culinária depois?
Fujitaka: Com prazer.

“Para piorar tudo ainda teve aquele problema com as realidades se misturando... tudo aquilo foi tão estranho, tão surreal...ver versões alternativas de pessoas que conheço... conhecer minha futura filha... e também...”

Repentinamente, Sakura se lembra de quando fora agarrada pelo Shaoran mais velho e ganhara um beijo. A menina cora e balança freneticamente a cabeça.

“Ahhhh. Por que eu não consigo parar de pensar nisso?”

Sakura bebe seu copo de suco.

Sakura: O Touya não vai tomar café-da-manhã?
Fujitaka: Seu irmão levantou cedo hoje. Ele foi se encontrar com alguns colegas de faculdade para terminar um trabalho.
Amane: Acho que vou pegar mais um pouco dessa salada...

Sakura se serve de mais um pouco de arroz. Subitamente Sakura se levanta e olha diretamente nos olhos de Amane Okiura, que estava sentada na outra extremidade da mesa terminando de tomar seu suco.

Sakura (dando um salto e apontando para Amane): Hoeeeeee! O que você está fazendo aqui?
Amane: Tomando café-da-manhã.
Sakura: Não! Eu quero dizer por que você está aqui?
Amane (sorrindo): Porque eu estou tomando o café-da-manhã.
Sakura: Não é isso! Eu quero dizer por que você está tomando café-da-manhã aqui na minha casa? Você devia estar comendo na sua casa!
Amane (forçando uma cara de ofendida): Você é tão má... estou me sentindo rejeitada...
Sakura (com as mãos na cabeça): Ahhhhh...
Amane: Hehehehehe.

O sol já iluminava com seu brilho a escola Tomoeda. Os portões já haviam sido abertos e os primeiros alunos já começavam a chegar e se amontoar no pátio e na entrada. Alguns deles já iam direto para o prédio da escola, pois tinham atividades dos seus clubes para iniciar.

Seguindo pela rua que passa em frente à escola, você eventualmente chega a uma ladeira onde existe um ponto de ônibus coberto com telhas de amianto. Próximo ao ponto de ônibus havia uma barraca de lanches onde um grupo de estudantes conversava animado. Um ônibus estaciona momentâneamente naquele ponto e deixa uma passageira antes de partir. Tratava-se de uma menina de cerca de 13 anos com olhos castanhos e longos cabelos loiros presos parcialmente com um laço branco. Ela tinha em suas orelhas um par de brincos de tamanho médio. Os brincos tinham uma safira negra com três raios desenhados nela e estavam ocultos pelos cabelos loiros. A menina ajeita a abarrotada mochila vermelha em suas costas e observa a escola Tomoeda de longe.

Menina (com um sorriso misterioso): É hora da diversão...



Sakura: Ittekimasu!

Sakura fecha a porta da casa e caminha até o portão acompanhada por Amane, que está ajeitando a boina em sua cabeça.

Amane (rindo): Então esse é o famoso modo monstrenga-zumbi que o seu irmão falou...
Sakura (uma veia saltando na testa): Eu não sou monstrenga!
Amane: Você demorou bastante para notar a minha presença, hein?
Sakura: Foi porque eu estava meio que no modo automático...
Amane: Foi um excelente café-da-manhã. Seu pai cozinha muito bem.
Sakura: É verdade. Ele sempre foi muito bom nas tarefas de casa e ainda é um excelente professor. Eu sou uma menina muito sortuda por ter o melhor pai do mundo.
Amane: Agora eu fiquei com um pouquinho de inveja...

Sakura e Amane riem juntas.

Sakura: Ah! Por que veio até minha casa tão cedo?

Amane retira uma câmera da sua bolsa.

Amane: É que eu estou com saudades do Shao-Shao e vim perguntar se você tem noticias dele. Vim até equipada para fazer uns vídeos dele...
Sakura: O Shaoran passou os ultimos dias viajando com a irmã e a Meiling.
Amane: Com a irmã?
Sakura: Sim. A Feimei. Você a conheceu quando visitou a casa dos Li...

Amane se lembra de ser agarrada, beijada e abraçada como se fosse um boneco de pelúcia enquanto Shaoran se esgueirava para fora do quarto. A menina têm um súbito arrepio e logo afasta essa lembrança.

Amane (fazendo uma careta): É... acho que tive o desprazer de conhecê-la...

As duas meninas vão caminhando pelas ruas rumo a escola Tomoeda.

Sakura: A Feimei vai se casar em breve e foi conhecer a familia do noivo no interior do Japão. Ela convenceu Shaoran e Meiling a irem com ela.
Amane: É uma pena... vou ter que me contentar em filmar todos os outros garotos bonitos da cidade...
Sakura: Amane?
Amane: Sim?
Sakura: Você não devia estar na sua escola?
Amane: Uma aluna sofreu um estranho acidente durante uma aula de educação física e isso gerou uma certa confusão. A escola foi fechada por uma semana para a policia investigar o que aconteceu. Aproveitei o tempo livre para passear um pouco.
Sakura: Entendo... e você avisou sua irmã que vinha até minha casa?
Tomoyo: Na verdade não.

Sakura e Amane se surpreendem ao notar Tomoyo Daidouji sair de dentro de uma limusine estacionada na esquina.

Tomoyo: Você não pode sair sem dizer para onde vai e deixar os outros preocupados, Amane.
Amane (fazendo pose de indignada): Mas do que você está falando? Eu deixei um bilhete antes de sair.
Tomoyo: O bilhete dizia: “As estrelas me indicaram que este é o momento propício para ter uma prosa com minha rival e conseguir informações cruciais sobre o paradeiro da minha pessoa especial”. Isso não é exatamente um bilhete avisando para onde você vai, não é?
Sakura: Não entendi nada...
Amane (sorrindo): Mas a nee-chan entendeu, senão ela não estaria aqui.

Tomoyo coloca a mão no ombro de Amane.

Tomoyo: Por favor, não faça mais isso. Eu sou responsável por você enquanto estiver hospedada na minha casa e o Hideki...
Amane (fazendo cara feia): Papai...
Tomoyo: ... ele ficaria chateado comigo se algo acontecesse a você.

Amane fica sem graça com o olhar preocupado da irmã. Por fim, ela suspira e abraça Tomoyo.

Amane: Está bem. Prometo ser mais clara nos próximos bilhetes.
Tomoyo (sorrindo gentilmente): Não exatamente a promessa que eu esperava, mas acho que vou ter que contentar com isso, não é?

Tomoyo faz um sinal com as mãos e duas de suas seguranças saem da limusine e se aproximam.

Tomoyo: Por favor, levem a Amane de volta para casa.
Amane: Ahhhh. Eu quero assistir aula junto com vocês...
Tomoyo: Você sabe que não pode, Amane.

Amane faz uma cara de quem está prestes a chorar. Sakura resolve intervir.

Sakura: Mas você pode aparecer lá na escola mais tarde e levar um lanche para a gente. O que acha?
Amane: Excelente idéia! Vou preparar um bolo gosto de chocolate para minha nee-chan e para o Shao-Shao.

Amane caminha junto com as seguranças e pára diante da limusine.

Amane (piscando): Não espere um pedaço para você, Sakura, afinal ainda somos rivais.

Amane entra na limusine, que acelera rumo a residência dos Daidouji.

Sakura (gota caindo): Então eu sou a rival do bilhete?
Tomoyo (rindo): Sim. E Shaoran é a pessoa especial.
Sakura (murmurando): Pessoa especial...

Tomoyo nota o olhar preocupado da melhor amiga e resolve pegar sua mão.

Tomoyo: Como vão as coisas com o Shaoran, Sakura?
Sakura: Ele ainda está chateado comigo por ter quebrado o presente do pai dele.
Tomoyo: Tenho certeza que tudo vai voltar ao normal. A viagem que ele fez com a irmã deve ter ajudado ele a esquecer disso.
Sakura: Eu vou pensar num jeito de compensar meu erro.
Tomoyo: Se quiser eu posso te ajudar.
Sakura (balançando a cabeça): Eu agradeço, mas isso é algo que tenho que fazer sozinha.

Sakura olha para seu relógio.

Sakura: Ahhh. Eu tenho que ir. Já estou atrasada para o treino do clube de atletismo.
Tomoyo: Pode ir na frente. Depois eu dou uma passada na quadra para ver você treinar.
Sakura: Obrigada, Tomoyo. Até mais!

Após se despedir da melhor amiga, Sakura começa a correr pelas ruas em alta velocidade. Em menos de cinco minutos, a menina cruza os portões da escola e rumo para o vestiário feminino. Sakura larga sua mochila num banco e começa a se trocar, vestindo seu uniforme de educação fisica. Ela já podia ouvir ao longe os apitos da líder do clube de atletismo. Sakura coloca sua mochila de volta nas costas e se dirige a saída, mas se surpreende ao notar que a porta estava trancada.

Sakura: Trancada? Mas por que trancariam a porta do vestiário durante o dia?

Sakura tenta abrir a porta mais algumas vezes, mas não obtém sucesso. Então ela ouve algumas risadinhas tímidas vindo do outro lado da porta.

Sakura: Ei! Tem alguém ai? Abre a porta, por favor.

As risadinhas se transformam em grandes gargalhadas.

Sakura (batendo na porta): Isso não tem graça! Abram a porta!

Yuriko Yanagisawa, Mika Inoue e Kaya Miori estavam diante da entrada do vestiário feminino, rindo como loucas. Ignorando os protestos de Sakura, as três começam a se afastar, rumando para o portão principal da escola.

Yuriko: A senhorita perfeitinha vai tomar outra bronca por se atrasar. Vai demorar até alguém perceber que ela está presa no vestiário.
Mika: Ela vai acabar sendo expulsa do clube de atletismo...
Yuriko: Todos vão ver que uma garota que vive se atrasando não pode ser confiável.
Kaya: Vão perceber que só existe uma única menina perfeita nessa escola. Destemida líder, você é um gênio.
Yuriko (rindo cheia de si): O que eu posso fazer? Deus me abençoou com um intelecto sem igual. Agora vamos saborear nossa vitória assistindo o treino do clube de atletismo... que funciona melhor SEM Sakura Kinomoto.

As três amigas seguem seu caminho sem notar que estavam sendo observadas. Havia uma menina pichando uma parede que acidentalmente ouvira a conversa. A menina tinha 14 anos de idade e era um pouco alta para sua idade. Seus olhos, um pouco intimidadores, eram na cor caramelo e seus longos cabelos prateados, mesmo presos num rabo-de-cavalo, iam até a altura da cintura. Estava vestindo o uniforme da escola Tomoeda, mas havia o personalizado, colocando uma saia com a borda desfiada, um cinto com um crucifixo preso e luvas negras que deixavam as pontas de seus dedos a mostra, além de uma gargantilha negra no pescoço.

Menina: Por acaso elas disseram... Sakura Kinomoto?

Curiosa, a menina resolve ir até o vestiário feminino.

Sakura: Socorro! Alguém abra a porta, por favor!

Sakura vinha tentando forçar a abertura da porta, mas nada conseguira. Seus gritos também não haviam chamado a atenção de ninguém ainda. A maioria dos alunos estava na entrada da escola ou já dentro das salas de aula e o vestiário ficava nos fundos. Sakura nota uma janela aberta.

Sakura: Talvez eu consiga sair por ali...

Sakura arrasta um banco e o encosta na parede. Ela o usa para conseguir alcançar a janela, onde se pendura. Sakura joga sua mochila para fora primeiro e depois salta, mas acaba caindo em cima de uma garota de cabelos prateados que estava passando.

Sakura: Ai, ai, ai... você está bem?
Menina (empurrando Sakura para o lado): Você é maluca? Por que está saltando em cima dos outros assim?
Sakura: Desculpa, desculpa. Eu fiquei presa no vestiário e tive que sair pela janela.

A menina se levanta e bate em suas roupas para limpá-las. Ela fica encarando Sakura enquanto faz isso.

Menina: Então é você...
Sakura: Hã... você disse alguma coisa?

A menina fica analisando o rosto de Sakura. Ela solta um leve suspiro de irritação quando nota o olhar confuso de Sakura.

Menina (falando rispidamente): Não. Você deve ter batido a cabeça e está ouvindo coisas.
Sakura (sorrindo sem graça): Eu não acho que tenha batido a cabeça já que minha queda foi amortecida... você se machucou?
Menina: Estou bem, mas não graças a você.
Sakura: Mais uma vez, me desculpe. Com licença.

Sakura faz uma reverência, recolhe sua mochila e sai correndo rumo a quadra esportiva. A menina observa Sakura se afastar e fica com um semblante fechado. Para extravasar sua raiva, ela chuta uma das latas de lixo da escola, espalhando todo o seu conteúdo.

Menina: Não acredito que isso está acontecendo!

Sakura coloca sua mochila junto com algumas outras num dos bancos que cercam as quadras esportivas da escola e corre até a pista de atletismo. Duas meninas estavam dando voltas pela pista e cantarolando canções para se animarem e espantarem o sono. A capitã do time, uma menina do nono ano chamada Ayu Sakagami, estava ajustando o crônometro em suas mãos. Jun Misaka, uma estudante da classe 7-1, estava ao lado da capitã. Ela estava saltitando para se manter aquecida e parecia estar aguardando alguém. Sakura pára diante da capitã e logo faz uma reverência.

Sakura: Sakagami-senpai, desculpa pelo atraso. Mil desculpas mesmo.
Ayu: Atrasada de novo, Kinomoto? Por acaso está se achando a estrela do time só porque possui excelentes tempos?
Sakura (balançando a cabeça): Não, não. Eu jamais pensaria isso. Só tive alguns imprevistos...
Ayu: Não me interessam seus imprevistos! Todos têm que se esforçar de maneira igual! A nossa equipe de revezamento está levando a Décima Segunda Maratona Juvenil de Tóquio a sério. Se quiser continuar na equipe, vai ter que mostrar um pouco mais de comprometimento. Entendido?
Sakura: Certo! Prometo que não vai acontecer de novo!
Ayu: Não fique aí parada igual uma tonta. Vá se aquecer!
Sakura: Certo!

Sakura começa a fazer alguns movimentos para se aquecer antes de iniciar seus treinos.

Sakura: Ohayo, Misaka.
Jun: Ohayo, Kinomoto. A dama-de-ferro pegou no seu pé de novo, não é?
Ayu: MISAKA!
Jun: Ops. Acho que ela ouviu... essa é minha deixa para dar o fora...

Jun recebe um bastão de uma outra garota que estava correndo na pista e sai correndo em disparada antes que Ayu a alcance. A capitã lança um olhar de repreensão para Sakura.

Ayu: Nem pense em me chamar por esse apelido também.
Sakura (batendo continência): Sim, senhora.
Rei: Ohayo, Sakura.

Sakura nota que a garota que entregara o bastão para Jun era sua amiga Rei Tachibana.

Sakura (sorrindo): Ohayo, Rei. Conseguiu melhorar seu tempo?
Rei: Quem me dera. Ainda estou alguns milésimos abaixo da minha melhor marca. Tenho que treinar muito ainda se quiser estar a pleno vapor para o evento.
Sakura: Você vai conseguir. Tenho certeza disso.

Ayu corre para o meio da pista e começa a gritar com a outra garota que estava correndo.

Ayu: Sanehara! Mexa esse traseiro gordo! Você está muito lenta! Daqui a pouco uma tartaruga vai acabar te ultrapassando!

Muito sem graça, a menina começa a correr mais rápido e acaba tropeçando nas próprias pernas. Ayu suspira, irritada.

Ayu: Eu mereço...

Ayu corre até a menina para ajudá-la a se levantar e passar um pesado sermão.

Sakura: Quem é aquela menina?
Rei: É uma novata que se inscreveu ontem. O nome dela é Rina Sanehara. Ela é um pouco atrapalhada e a Sakagami fica pegando no pé dela por causa disso.
Sakura: E ela é boa em correr?
Rei: Apenas quando não está envergonhada. Se tiver alguém olhando, com certeza a Sanehara vai se atrapalhar toda. A Sakagami viu a Sanehara correndo no parque um dia desses e ficou impressionada.
Sakura: Então a capitã a convenceu a se inscrever?
Rei: Sim. Mas superar a barreira da timidez dela vai ser complicado.
Sakura: Se fizermos ela se sentir a vontade, com certeza ela vai conseguir se concentrar nos treinamentos.
Rei: Mas e no dia da corrida? Vai haver muitas pessoas torcendo...
Sakura: Teremos que fazer ela se sentir confiante diante das outras pessoas. Vamos mostrar que não tem motivos para ter medo. Ela é nossa companheira agora e vou fazer o que puder para ajudá-la.
Rei: Você têm razão. Se nos ajudarmos, vamos conseguir vencer.
Sakura (sorrindo): Isso!
Ayu: Kinomoto! Tachibana! Parem de fofocar e comecem a correr! Vamos focar um pouco no treino de longas distâncias.

Sakura e Rei acenam positivamente e começam a correr. Jun logo as alcança e adapta seu ritmo ao delas.

Sakura: A capitã já decidiu como vai ficar a equipe para a competição?
Jun: Bom... nós vamos participar de duas competições, não é?
Rei: Isso. O evento pricipal vai ser a maratona. Todas nós estaremos inscritas.
Sakura: Isso aumenta a chance de alguém da nossa escola ganhar, né?
Rei: Isso. Também teremos eventos secundários. Vai haver uma corrida de revezamento feminino durante a manhã no dia do evento. A capitã disse que ainda está na dúvida de quem vai formar a equipe.
Jun (suspirando): Ela pode não ter afirmado, mas para mim é certo que a capitã já decidiu que ela e vocês duas estarão na equipe de revezamento. O que deixa a disputa da ultima vaga entre mim e a Sanehara...

Jun olha para trás e percebe que Rina vinha correndo lado a lado de Ayu. Rina percebe que está sendo observada, cora e acaba tropeçando na própria perna de novo. Dessa vez ela acaba derrubando Ayu também.

Ayu: SANEHARA!
Rina (fazendo várias reverências): Desculpa, desculpa, desculpa...

Rina ajuda a capitã do time a se levantar enquanto ouve outra bronca.

Jun: Mas ver a Sanehara treinar sempre me tranquiliza. Afinal, não tem como alguém como ela ser melhor que alguém como eu, não é?
Rei: Acho que um pouquinho de modéstia lhe cairia bem, Misaka.
Jun (sorrindo e mostrando a língua para a amiga): Sem graça.

Yuriko e suas aliadas estavam assistindo ao treino sentadas num banco. Elas ficam ali por alguns minutos. Como o calor do sol estava começando a ficar elevado, Yuriko resolve mudar de local. Ela se senta embaixo de uma árvore, de onde podia continuar assistindo ao treino e se proteger do sol. Kaya e Mika sentam ao lado de Yuriko, abanando ela com seus cadernos.

Yuriko: Aquela infeliz conseguiu sair rápido do vestiário e ainda se safou apenas com um leve bronca.
Kaya: Ela é muito sortuda.
Yuriko: Uma hora a sorte dela vai acabar eu vou mostrar para todos quem é a garota número um dessa escola.
Menina: Suponho que essa seria você, não é?

Yuriko, Kaya e Mika se assustam ao olhar para cima e notar que havia uma garota de cabelos prateados deitada num galho.

Menina: Seu delirio de grandeza é bem forte, hein?
Yuriko (uma veia saltando na testa): Delirio de grandeza? Quem você pensa que é para falar assim comigo?

Yuriko estala os dedos.

Yuriko: Meninas, levantar informações.

Mika e Kaya abrem suas mochilas e começam a revirar alguns livros com fotos, nomes e informações dos estudantes da escola.

Mika: Achei! O nome dela é Sekai Natsume. Ela é uma estudante do oitavo ano que se transferiu para nossa escola esse ano.
Kaya: Ela é uma rebelde que vive arrumando confusão, pichando paredes, quebrando cadeiras, matando aula, brigando com outros estudantes, entre outras coisas. Os alunos da escola lhe deram o apelido de Raposa de Prata.
Mika: Os boatos sobre ela são muitos. O mais interessante é o que diz que ela provocou a demissão de uma professora há um mês.
Sekai (dando de ombros): Aquela gorda estava pegando no meu pé desde que eu cheguei à cidade. Mereceu o destino que teve.
Yuriko: Ora, ora. Então é só uma garotinha que têm raiva do mundo?

Sekai salta de cima do galho e pousa a poucos centimetros das pernas de Yuriko. Mika e Kaya fazem menção de se levantarem, mas Sekai as repreende apenas com um olhar. Sekai agarra Yuriko pela camisa.

Sekai (aproximando o rosto ameaçadoramente): Que tal mostrar um pouco mais de respeito para com sua senpai?
Yuriko: S-sim...
Sekai: Não ouvi direito...
Yuriko: S-sim... senpai...
Sekai: Muito bem...

Sekai larga Yuriko e se senta diante dela.

Sekai: Agora me diga... você está realmente disposta a tornar a vida de Sakura Kinomoto um inferno?
Yuriko: Mas é claro que sim!
Sekai: Então que tal parar de fazer pegadinhas bobas com ela e causar algum estrago de verdade?
Mika: Mas prender a Sakura no banheiro não foi uma pegadinha. Nós estamos tentando fazer ela ser expulsa do clube de atletismo.

Yuriko dá um tapa na cabeça de Mika.

Yuriko: Idiota. Não fale isso alto. Alguém pode nos ouvir.
Mika (passando a mão na cabeça): Desculpe...
Sekai: Com ajudantes como essa não me surpreende que você não tenha conseguido ir muito longe...
Kaya: Você está tão cheia de si. Por acaso têm algum plano?
Sekai: Eu tenho muitos planos. Estou sempre pensando em algo novo.
Yuriko: E por que você quer nos ajudar?
Sekai: Temos um objetivo em comum, por que não fazer uma aliança?

Sekai estende sua mão para Yuriko.

Sekai (com um sorriso malicioso): O que me diz? Parceiras?

Yuriko fita os olhos de Sekai com desconfiança. Ela ouve Sakura, Rei e Jun se divertindo durante o treinamento e isso a ajuda a tomar sua decisão.

Yuriko (apertando a mão de Sekai): Conto com sua ajuda, Natsume-senpai.
Kaya: Hã? Têm certeza que é uma boa idéia, destemida líder?
Yuriko (com um olhar mortal): Você por acaso está questionando minha decisão?

Kaya treme só de olhar para Yuriko. Ela tinha uma aura intimidadora que só estava abaixo da aura de Sekai.

Kaya: N-não... só estava confirmando para... para ver se não havia entendido errado...
Mika: Então a Natsume-senpai é a nova líder do grupo?
Yuriko: NÃO!

Sekai, Kaya e Mika se surpreendem com o grito repentino.

Yuriko: Nós estamos fazendo uma parceria, mas eu ainda sou a líder do grupo. Entendido?

Yuriko olha para Sekai, que apenas dá de ombros.

Sekai: Faça como quiser. Não tenho interesse em ser líder de nada.

Yuriko volta seu olhar para Kaya e Mika.

Kaya: Eu entendi direitinho.
Mika: Eu também.
Sekai: Agora que tudo ficou claro... que tal se apresentarem para sua senpai?
Yuriko: Eu sou Yuriko Yanagisawa. Essas duas são minhas fiéis aliadas, Mika Inoue e Kaya Miori.
Kaya (e Mika): É um prazer conhecê-la, Natsume-senpai.
Sekai: Bem... pelo que pude ver, vocês são boas em reunir informações sobre as pessoas.
Kaya: Sim!

Kaya e Mika estufam o peito, orgulhosas.

Sekai: Então fiquem de olho na Sakura e em todas as pessoas que a cercam. Prestem atenção nos mínimos detalhes. Com as informações que conseguirmos, poderemos traçar um bom plano.
Yuriko: E o que você vai fazer?
Sekai: Vou coletar algumas informações com minhas fontes.
Yuriko: Certo. Vamos nos reunir todos os dias durante os intervalos para trocar informações.
Sekai: Ótimo! E assim começa a “Operação Sakura na Fogueira”.
Yuriko (gota caindo): Que raio de nome é esse?
Sekai (sorrindo): Estou muita animada agora. Vai ser divertido fazer aqueles olhos verdes derramarem algumas lágrimas....

Sekai se levanta.

Sekai: Vejo vocês por aí.

Sekai acena e se afasta caminhando e assobiando. Kaya e Mika se aproximam de Yuriko para cochichar em seu ouvido.

Kaya: Você realmente confia nela, líder?
Yuriko: Claro que não. Entretanto, ela possui um histórico de causar problemas para os outros.
Mika: É verdade. Ela até fez uma professora ser demitida...
Yuriko: Nós veremos do que ela é capaz. Vamos usá-la e, se ela causar problemas, a descartamos rapidamente. Ninguém mexe com Yuriko Yanagisawa e sai ilesa.
Mika: Nossa bela líder está sempre um passo a frente.
Kaya: Contamos com você, Yuriko.

As meninas seguem conversando e inflando o ego de Yuriko. Minutos depois, o primeiro sinal da escola soa, alertando os alunos que eles devem se dirigir para suas salas de aulas. Sakura toma um banho rápido no vestiário feminino, veste seu uniforme e corre para sua sala de aula. O segundo sinal soa no momento que Sakura abre a porta da sala. A menina caminha até sua cadeira e se joga nela, visivelmente cansada. Tomoyo e Rika estavam conversando logo ao lado.

Rika: Ohayo, Sakura.
Sakura: Ohayo, Rika.
Tomoyo: Me desculpe, Sakura. Tive que resolver um problema na biblioteca e não pude ver seu treino.
Sakura: Não tem problema, Tomoyo. Me ver treinar não deve ser a coisa mais divertida do mundo.

Tomoyo pegas as mãos de Sakura.

Tomoyo (os olhos brilhando de maneira sonhadora): Mas é claro que é! Seu rosto fica ainda mais belo quando você fica determinada e se esforça no que está fazendo. Eu gostaria de poder filmar cada treino seu... registrar cada momento da minha maravilhosa amiga...
Sakura: Tomoyo, você está me deixando sem graça de novo...
Tomoyo: Será que eu poderia criar uniformes especiais para o clube de atletismo? Eu poderia criar algo com alguns babados, bastante flores, talvez uma saia por cima de shorts... teria que ser algo que ressalte sua beleza, Sakura...
Sakura (gota caindo): Eu não acho que a Sakagami vai deixar você desenhar uniformes, Tomoyo. Ela é uma capitã meio rígida e uma garota muito ligada a tradições. Provavelmente vamos usar o uniforme da escola mesmo...

Tomoyo não estava mais prestando atenção. Ela tinha pego um caderno em sua bolsa e agora estava desenhando alguns esboços.

Sakura (gota caindo): Eu acho que ela nem me ouviu...
Rika: E os treinos estão indo bem, Sakura?
Sakura: Estão sim. É um pouco cansativo fazer parte de dois clubes, mas até agora estou dando conta do recado.

Meiling entra na sala saltitando de alegria e acena para suas amigas.

Meiling: Ohayo, Sakura! Ohayo, Tomoyo!
Tomoyo: Ohayo, Meiling. É bom ter você de volta.
Sakura: Ohayo, Meiling. Você está bem animada hoje, né?
Meiling: É que os últimos dias foram muito bons.
Rika (acenando com a mão): Ohayo, Meiling.

Meiling ignora o cumprimento de Rika e segue para sua cadeira. Lá ela cumprimenta outros colegas de classe. Rika fica um pouco triste.

Rika: Ela me ignorou.
Tomoyo: Ela ainda deve estar um pouco chateada com o que aconteceu.
Rika: Mas eu já pedi desculpas. Eu nem sei por que disse aquilo. Me sinto horrível desde aquele dia...

Rika dá meia volta e segue para sua cadeira.

Tomoyo: Coitada da Rika...
Sakura: Eu vou ter que conversar com a Meiling sobre isso. É chato ficar com esse clima ruim na sala de aula.
Tomoyo: A Rika deve estar sofrendo muito com isso. Ela está brigada com a Meiling e ainda está tendo problemas com o namorado.
Sakura: Problemas com o namorado?
Tomoyo: Ela me disse que pegou ele com outra mulher na casa dele.
Sakura: Ela está sendo traída?
Tomoyo: Pelo que deu a entender, sim. Desde então a Rika têm se mantido afastada do namorado, sem saber qual atitude tomar.
Sakura: Mas eles pareciam se gostar tanto. Deve ser algum mal-entendido...
Shaoran: Ohayo, meninas.

Sakura e Tomoyo notam que Shaoran havia entrado na sala de aula. O garoto chinês se senta em seu lugar habitual, a cadeira logo atrás de Sakura.

Tomoyo: Ohayo, Shaoran.
Sakura: Ohayo, Shao-kun. Como foi a viagem?
Shaoran: Até que foi relaxante. Eu só não sei o que a Feimei viu no noivo dela... ele têm uma cara de sapo...
Tomoyo (sorrindo): Oh. Por acaso isso é ciúme de irmão?
Shaoran (um pouco sem graça): Não é nada disso.
Sakura (sorrindo): Tenho certeza que você vai continuar sendo o favorito da Feimei. Afinal, você é o onii-chan dela.
Shaoran: Nem me lembre disso... é estranho ela me chamar de onii-chan sendo que eu sou o irmão mais novo.
Sakura: Eu acho que isso só mostra o quanto a Feimei gosta de você.
Shaoran: Só gostaria que ela fosse menos pegajosa. Ela adora ficar me abraçando e me dando beijos. Isso é meio constrangedor.

“O Shaoran está conversando normalmente comigo. Talvez as coisas estejam voltando ao normal entre nós afinal.”

Uma das portas da sala de aula se abre e o professor Terada adentra o ambiente.

Professor Terada: Bom dia, alunos. Desculpe pelo pequeno atraso. Todos aos seus lugares, por favor.

Os alunos prontamente obedecem e assumem seus lugares. O professor Terada coloca sua pasta e alguns livros em sua mesa.

Professor Terada: Antes de iniciar a aula eu tenho alguns anúncios a fazer...

Enquanto o professor fala, Sakura observa os colegas na sala de aula. Rika estava folheando páginas em seu caderno, tentando não encontrar o olhar do seu professor e namorado secreto. Naoko Yanagisawa observava atentamente seu professor, prestando atenção em tudo que ele dizia como a boa aluna que era. Yuriko, Kaya e Mika estavam trocando mensagens com seus celulares secretamente. Meiling estava desenhando algo na ultima folha de seu caderno. Takashi Yamazaki estava olhando preocupado para uma cadeira vazia próximo a ele. Era o lugar de Chiharu Mihara, que não aparecera na escola. Sakura olha para o lado e nota que a cadeira atrás de Tomoyo se encontrava vazia. Kazuko Nishimura também não estava presente na classe.

“A Kazuko têm faltado as aulas desde o problema com as realidades. Se ela continuar faltando sem justificar vai acabar ficando reprovada. Eu tenho que procurá-la e ajudá-la de algum jeito.”

Professor Terada: ... e para terminar, quero apresentar a vocês a sua nova colega de classe.
Tomoyo (sussurrando): Uma aluna transferida?
Shaoran (sussurrando): Muito suspeito...
Sakura (sussurrando): Por que?
Shaoran (sussurrando): A ultima vez que tivemos um aluno transferido acabamos descobrindo que se tratava da reencarnação de Clow.
Sakura (sussurrando): Acho que você está exagerando. Tivemos outros alunos transferidos depois e não aconteceu nada. É melhor não tirarmos conclusões precipitadas.
Professor Terada: ... ela acabou de se transferir. Por favor, pode entrar.

Uma bela menina loira entra na sala de aula e fica parada ao lado de seu professor. Alguns meninos começam a murmurar, impressionados com a beleza da menina.

Professor Terada: O nome dela é Chiho Nanasaki. Desejem as boas-vindas a sua nova colega.
Todos: Seja bem-vinda!

Chiho faz uma reverência e sorri para seus colegas.

Chiho: É um prazer estar aqui com todos vocês. Espero que possamos ser bons amigos.
Professor Terada: Cuidem bem de sua nova colega.
Todos: Sim!
Professor Terada: Têm um lugar disponível atrás do Myazawa. Vou registrar ele em seu nome na chamada.
Chiho: Certo, professor.

Chiho começa a caminhar em direção a seu lugar, mas o professor a segura pelo braço.

Professor Terada: Espere um pouco.
Chiho: O que foi?
Professor Terada: Esta mochila não está muito pesada para você? Deixe-me ajudar a carregá-la.
Chiho (sorrindo): Obrigada.

O professor Terada pega a mochila nas costas e acompanha Chiho até seu lugar. Rika acompanha toda a cena olhando de esgueira. Parecia incomodada com a atenção que Terada estava dando a nova aluna.

Professor Terada: Essa mochila está muito cheia. Você deve trazer menos material nas próximas aulas. Não quero que você machuque suas costas.
Chiho: Certo. Obrigada pela preocupação.

Chiho se senta em seu lugar e nota os olhares de alguns garotos sobre ela. Myazawa estava praticamente babando com sua boca aberta. Kaya acerta seu caderno na cabeça do garoto para despertá-lo de seu transe.

Kaya: Pare de babar, seu bobo.

Terada abre um de seus livros e começa a escrever algumas palavras no quadro negro.

Professor Terada: Como o período de provas está se aproximando, vamos aproveitar essa aula para fazer uma revisão de inglês.
Meiling: Provas? O dia estava ótimo até eu ouvir isso...
Professor Terada: Se todos têm estudado com dedicação, com certeza que conseguirão boas notas.

O professor termina de escrever no quadro e se volta para sua turma.

Professor Terada: Escrevi algumas frases no quadro. Quero que vocês prencham as lacunas com palavras que façam sentido no contexto da frase. Vou chamar os alunos um a um para fazer a tarefa.

Alguns murmúrios são ouvidos, mas o professor os ignora.

Professor Terada (olhando a lista de nomes da chamada): Vamos ver... para começar...
Meiling (com os dedos cruzados e murmurando): Por favor, não me escolha. Por favor, não me escolha. Por favor, não me escolha.
Professor Terada: Meiling!
Meiling: Ahhh. Que azar.
Professor Terada: Venha até o quadro e preencha a primeira frase.
Meiling: Ok...

Meiling se levanta de sua cadeira e se arrasta até o quadro negro. O professor Terada entrega um pedaço de giz para ela. A menina podia ver o seguinte texto no quadro negro:

“The war is destroying my country. I hope that my people someday find ________ .”

Meiling cruza os braços e fica olhando para as palavras. Não tinha muita certeza do que estava escrito ali. Os olhares dos colegas e do professor estavam impondo uma certa pressão a ela. Por fim, Meiling escreve uma palavra e coloca o pedaço de giz sobre a mesa. Yuriko começa a gargalhar assim que lê o que está escrito.

“The war is destroying my country. I hope that my people someday find PIECE.”

Yuriko: Coitada dela, tão burrinha.
Meiling (indignada): Ei!
Professor Terada: Faça silêncio, Yuriko, ou vai ganhar uma advertência por atrapalhar minha aula.
Yuriko (escondendo o riso com as mãos): Perdão.
Professor Terada: Você entendeu o contexto das frases, Meiling?
Meiling: Bom... acho que está falando algo sobre guerra, então pensei em completar com uma palavra de sentido contrário, no caso paz.
Professor Terada: Bom... você entendeu algo da frase corretamente, mas infelizmente escreveu a palavra errada. PIECE significa pedaço. A palavra paz, que você queria usar, na verdade seria PEACE.
Meiling (coçando a cabeça, sem graça): Me dá um desconto, professor. As palavras são parecidas...
Professor Terada: Exatamente por isso você tem que tomar mais cuidado. Essas palavras parecidas podem acabar sendo armadilhas durante a prova.
Meiling: Eu sempre me atrapalho com inglês... afinal por que temos que estudar este idioma?

Meiling põe a mão no peito e começa a andar de um lado para o outro, discursando para seus colegas.

Meiling (estufando o peito): Deveríamos dar valor as nossas raízes, ao nosso idioma. Mostrar que as cores de nossa pátria estão presentes em nossos corações. Mostrar que temos orgulho de ser japoneses.
Yamazaki: Eu pensei que você fosse chinesa...
Meiling (despencando): Você tinha que abrir a boca...
Professor Terada: Boa tentativa, Meiling, mas no mundo globalizado de hoje é essencial ter conhecimento de outros idiomas, principalmente do inglês. É melhor estudar mais para não ficar de recuperação na prova.
Meiling (cabisbaixa): Certo...

Meiling, cabisbaixa, volta para seu lugar.

Professor Terada: Sua vez, Rika. Venha até o quadro.

Rika se levanta e pega o pedaço de giz sobre a mesa. Ela observa atentamente a frase que tinha que completar.

“Someone is walking ________.”

Rika pensa por alguns instantes e escreve sua resposta no quadro negro. Ela se volta para seu professor, aguardando sua avaliação.

“Someone is walking UPSTAIRS.”

O professor sorri para Rika.

Professor Terada: Muito bem, Rika. Sua frase está correta. Continue o bom trabalho.
Rika (fazendo uma reverência): Obrigada, professor.

Rika volta para seu lugar.

Professor Terada: Vamos ver... quem eu chamo a seguir...
Chiho: Professor!

Chiho havia se levantado de sua cadeira.

Professor Terada: O que foi, Chiho?
Chiho: Será que eu poderia tentar?
Professor Terada: Você acabou de se transferir. Não acha melhor só assistir enquanto você se adapta ao ritmo e ao conteúdo programático desta escola?
Chiho: Por favor, professorzinho. Eu quero dar o meu melhor.

O professor Terada fica sem reação diante do incrível olhar fofo que Chiho estava fazendo. Alguns dos garotos da classe começam a batucar em suas mesas, tentando mostrar seu apoio a sua nova colega de classe.

Garotos: Chiho! Chiho! Chiho!
Professor Terada: Comportem-se! Isso é uma sala de aula!

O professor caminha por entre as fileiras de cadeiras e pára ao lado de Chiho, etendendo sua mão para ela.

Professor Terada: Mostre-nos o seu melhor. Eu te acompanho até o quadro.

Chiho se levanta e segura a mão do professor Terada. Rika aperta um lápis em sua mão e acaba quebrando-o. A menina baixa a cabeça, tentando evitar que seus colegas notassem que seus olhos estavam começando a se encher de lágrimas.

Chiho: Obrigada, professor.

Assim que chega ao quadro negro, Chiho pega um pedaço de giz e analisa a frase que teria que preencher.

“The girls do _____ well.”

Chiho gira o pedaço de giz por entre os seus dedos com habilidade enquanto pensa em sobre a frase. Assim que se decide, a menina escreve sua resposta no quadro negro.

“The girls do THEIR HOMEWORK well.”

Chiho coloca o pedaço de giz sobre a mesa. A maioria dos garotos se levanta e aplaude a nova colega. O professor Terada acaba se juntando ao grupo e também aplaude Chiho.

Chiho (corando de leve): O-obrigada.
Professor Terada: Você foi sensacional. Uma resposta brilhante. Algo me diz que você já é a melhor aluna da classe.
Chiho: Muito obrigada, querido professor.

Chiho corre e abraça o professor Terada com força. O professor leva um susto com o gesto, mas logo retribui o abraço, além de acariciar os cabelos loiros da menina.

Rika: NÃO!

Rika se levantara abruptamente e derrubara sua cadeira. Ela estava de pé, muito rígida e soluçando muito.

Professor Terada: Rika? Algo errado?

Rika levanta a cabeça e o professor nota que seus olhos estavam derramando lágrimas. A menina sai correndo da sala de aula.

Professor Terada: RIKA!

O professor faz menção de ir atrás de Rika, mas é seguro pela mão por Chiho.

Chiho: O senhor vai abandonar a classe assim?
Professor Terada: Mas... mas...

Mais uma vez, o professor se vê hipnotizado pelo olhar fofo de Chiho. Ele rapidamente muda de idéia.

Professor Terada: Representante de classe!
Yamazaki: A Chiharu não veio hoje, professor.
Professor Terada: É verdade. Ela ligou para a secretaria se justificando...
Yamazaki (murmurando): Ela ligou...?
Professor Terada: Vice-representante de classe!

Naoko rapidamente se põe de pé.

Naoko: Sim, senhor.
Professor Terada: Vá atrás de Rika Sasaki e verifique se ela está bem. Leve-a para a enfermaria, se necessário. Volte o mais rápido que puder com noticias.
Naoko: Sim, senhor.

Naoko deixa a sala de aula a passadas rápidas e some no corredor. O professor Terada acompanha Chiho de volta a seu lugar.

Professor Terada: Vamos ver... Myazawa, agora é sua vez.

E então a aula prossegue normalmente. Naoko volta ao final da aula e avisa que Rika não estava se sentindo bem e havia decidido descansar um pouco na enfermaria. As aulas seguintes são de matemática e geografia e, em ambas, Chiho novamente se destaca. Ela segue atraindo olhares apaixonados dos garotos e murmúrios enciumados das garotas.

Kaya: Eu não sei o que viram nessa loira de farmácia. Nossa querida Yuriko é muito melhor que ela.
Yuriko: Não se preocupe. É apenas o efeito da novidade. Com o tempo os defeitos dela vão aparecer e todos verão que ela não chega nem aos meus pés.
Mika: Nossa destemida líder é sempre confiante em suas inúmeras qualidades...

A professora Akazawa bate com uma apostila na cabeça de Mika.

Professora Akazawa: Você quer compartilhar alguma coisa com seus companheiros, senhorita Inoue?
Mika: C-compartilhar?
Professora Akazawa: Você está conversando animada com suas amigas, então suponho que esteja explicando a elas tudo que entendeu da matéria, não é?
Mika: E-explicando?
Professora Akazawa: Exatamente. Afinal, não há nenhum outro assunto que você levantaria durante uma aula, não é?

A professora sorri para Mika, deixando a garota completamente desconfortável.

Mika (sorrindo sem graça): C-claro... claro que não. É óbvio que eu estava falando sobre geografia...
Professora Akazawa: Eu fico tão orgulhosa quando um de meus prodígios mostra seus talentos.
Mika: O-obrigada, p-professora.
Professora Akazawa: Para recompensá-la, vou ler sua sorte após a aula. Então fique na sala quando terminarmos aqui.
Mika (suspirando de tristeza): Sim...
Professora Akazawa: Agora, continuando...

O sinal da escola soa anunciando o fim da aula e o inicio do intervalo.

Professora Akazawa: Muito bem. Continuaremos depois, prodígios do amanhã. Alimentem-se adequedamente, pois teremos educação física no próximo tempo.

Os alunos começam a deixar a sala de aula, animados para aproveitar seu intervalo. Alguns garotos cercam Chiho e a acompanham rumo ao refeitório. Sakura segura Tomoyo para trás para conversar com ela.

Sakura: Tomoyo, o que acha de irmos ver como a Rika está?
Tomoyo: Parece uma boa idéia. Vamos lá.

As duas meninas caminham até a enfermaria da escola, onde são recebidas pela senhora Haruno, a enfermeira de plantão.

Sakura: Olá, senhora Haruno. Viemos ver como nossa amiga está.
Senhora Haruno: Tudo bem. Ela está deitada no leito perto da janela. Podem entrar.
Tomoyo: Com licença.
Sakura: Com licença.
Senhora Haruno: Eu volto em cinco minutos. Vou tomar um cafézinho.
Sakura: Certo.

A enfermeira deixa a sala e fecha a porta atrás de si. Rika estava deitada num leito, os olhos abertos fitando um anel em seus dedos. Sakura e Tomoyo puxam cadeiras e se sentam próximas a amiga.

Sakura: Rika... você está bem?
Rika: Eu... acho que sim. Todos devem ter achado graça do ataque que eu dei, não é? Saí da sala de aula igual uma boba...
Sakura: Não, não. Ficamos preocupados com você.
Tomoyo: Você parecia muito abalada.

Rika lentamente se senta na cama. Tomoyo olha para a porta por um instante antes de se voltar para sua amiga Rika.

Tomoyo (falando baixo de maneira que só as amigas possam ouvir): Aquilo foi um ataque de ciúmes por causa do professor Terada, não é?

Rika arregala os olhos, surpresa com a pergunta de Tomoyo.

Rika: V-você sabe...? Quer d-dizer... n-não sei d-do que v-você está falando...
Sakura: Da onde você tirou essa idéia?

Sakura e Rika trocam olhares, como se estivessem mentalmente pensando em desculpas para dar.

Tomoyo: Não se preocupe. Eu não vou contar para ninguém, mas vocês precisam disfarçar melhor o romance de vocês.

Rika olha para Tomoyo e suspira.

Rika: É dificil esconder qualquer coisa de você, não é, Tomoyo? Você sempre foi muito perceptiva.
Tomoyo: “Tem coisas que você aprende prestando atenção, outras só fazendo, por isso aguce sua percepção e nunca desista de tentar”. Eu li essa citação num livro uma vez e sempre procurei aplicá-la em minha vida.
Sakura: Desculpa por não te contar nada, Tomoyo.
Tomoyo (balançando a cabeça): Não precisa se desculpar. Eu não esperaria nada diferente de uma grande amiga como você, Sakura. Você é uma amiga a quem se pode confiar um segredo sem se preocupar.
Rika: Eu concordo. Sakura é uma amiga extremamente confiável.
Sakura (corando levemente): Vocês estão me deixando sem graça...

Tomoyo e Rika sorriem.

Sakura: Então... você está realmente com ciúmes de você-sabe-quem?
Rika: Vocês viram como ele estava se derretendo todo por causa daquela menina nova...
Sakura: Ele pode apenas estar tentando ser atencioso com a novata.
Rika (a voz falhando em algumas palavras): Ele nunca teve esse tipo de atenção com ninguém antes e vocês sabem disso. E ainda por cima ele tem recebido a professora Akazawa na casa dele... e eles ficam até tarde sozinhos naquele apartamento... eu não consigo parar de imaginar o que eles podem estar fazendo lá...

Rika coloca as mãos no rosto tentando conter as lágrimas que teimavam em surgir.

Rika (soluçando): Eu não quero que as coisas terminem assim entre nós... não sei o que fazer...
Tomoyo: É uma situação complicada realmente. Mas pode ser tudo um mal-entendido...
Sakura: Não fique assim, Rika. Eu odeio te ver chorar.
Rika: O que vocês fariam se estivessem no meu lugar?

Sakura e Tomoyo se entreolham.

Sakura: Eu tentaria conversar com meu namorado e resolver as coisas.
Tomoyo: Você não pode ficar com dúvidas.
Sakura: Converse com você-sabe-quem e esclareça tudo.
Tomoyo: Só assim você vai conseguir estar em paz consigo mesma.
Rika: Eu... eu vou tentar fazer isso...

Sakura e Tomoyo abraçam Rika afetuosamente.

Sakura: Não importa o que aconteça, nós estamos com você para te apoiar.
Tomoyo: Conte conosco para o que precisar.
Rika (enxugando as lágrimas): Obrigada, meninas. Eu não sei o que faria sem vocês.
Sakura: Agora levanta esse ânimo e vamos lanchar. Quero provar aqueles doces deliciosos que você sempre traz!
Rika (um pouco sem graça): Hoje eu fiz bolinhos-de-chuva...
Tomoyo: Até eu fiquei com água na boca agora. Tudo que a Rika faz na cozinha sempre fica delicioso.
Sakura (estendendo a mão): Vamos indo?
Rika: Podem indo na frente. Eu vou me recompor e já alcanço vocês.
Tomoyo: Rika...

Rika sorri para as amigas e segura as mãos delas.

Rika: Fiquem tranquilas. Eu só vou lavar o rosto. Prometo que estarei logo atrás de vocês.
Sakura: Certo. Estaremos te esperando.

Sakura e Tomoyo deixam a enfermaria e caminham pelos corredores. Elas viram à esquerda, descem uma escadaria, e se vêem diante de um grupo de alunos amontoados em frente a sala dos professores.

Tomoyo: O que será que está acontecendo ali?

Sakura e Tomoyo se aproximam do grupo para ver o que está acontecendo. Chiho estava ajudando uma professora a carregar alguns trabalhos escolares. Havia um grande número de alunos cercando e admirando Chiho. Todos eles ficavam constantemente oferecendo sua ajuda, mas a menina educadamente rejeitava.

Chiho: Eu não quero abusar da generosidade de ninguém.

A professora abre a porta da sala e coloca uma pilha de trabalhos sobre uma mesa. Em seguida, ela pega a pilha que estava nos braços de Chiho e também a coloca sobre a mesa.

Professora: Muito obrigada, querida. Você é uma menina muito boazinha.
Chiho: Foi um prazer poder ser útil.
Professora: Seria tão bom se todos os alunos fossem tão educados e prestativos como você...
Chiho: Obrigada pelo elogio, professora. Agora eu vou para o refeitório. Com licença.

Chiho faz uma reverência e começa a se afastar. Seus admiradores a seguem com determinação.

Sakura: Parece que a Nanasaki não vai ter dificuldades em se adaptar a escola. Ela já fez um monte de amigos.
Tomoyo (com a mão no queixo): Hmmm...
Sakura: O que foi, Tomoyo?
Tomoyo: Olhando com mais calma para ela... tive a impressão de já a conhecê-la...
Sakura: Sério? De onde?
Tomoyo: Eu não sei... o rosto me é familiar...

Tomoyo balança a cabeça.

Tomoyo: Depois eu penso nisso com mais calma. Vamos indo?
Sakura: Sim.

As meninas seguem pelo corredor e, ao dobrar a direita, dão de cara com Shaoran.

Sakura: Shao-kun?
Shaoran: Onde vocês estavam? Se demorarem muito a comida no refeitório vai acabar...
Sakura: Nós fomos até a enfermaria ver a Rika.
Shaoran: Ela não vem ao refeitório?
Tomoyo: Ela já deve estar a caminho.

Os três amigos seguem em seu caminho. Eles saem do prédio e passam por um corredor externo coberto por telhas e cercado por um bonito jardim. Ao fim do corredor, eles entram num outro prédio e viram a direita no corredor, chegando a entrada do refeitório. Shaoran pára repentinamente diante da porta. Olhava para os lados com um certo receio.

Sakura: O que foi, Shaoran?
Tomoyo: Têm algo errado?
Shaoran: Eu não sei... estou com uma sensação estranha de perigo...
Amane: SHAO-SHAO!

Amane surge de uma janela parcialmente aberta e se joga nas costas de Shaoran, derrubando-o. A menina abraça Shaoran e começa a bagunçar seus cabelos. O chinês, após uma breve luta, consegue se levantar. Entretanto, Amane permanece pendurada em seu pescoço.

Sakura: Amane? O que está fazendo aqui?
Amane: Eu vim visitar o amor de minha vida.
Shaoran: Ele não estuda nessa escola.
Amane: Você trocou de escola então, Shao-Shao?
Shaoran (gota caindo): Você sabe que ficar se jogando nos outros é falta de educação, não é?
Amane: Sei. Mas nós somos um caso especial. Nosso amor abre todas as fronteiras, nossa paixão supera qualquer regra da sociedade...
Shaoran: Amane?
Amane: Sim?
Shaoran: Será que dá para largar o meu pescoço?
Amane: Não precisa se preocupar. Eu estou bem confortável aqui.
Tomoyo: Amane...

Amane larga Shaoran, ficando de frente para ele e sorrindo.

Amane: Entendi. Você fica embarassado quando os outros nos vêem juntos, não é?
Shaoran: Nem um pouco.
Amane: Isso é uma das coisas que acho mais fofas em você... adoro quando seu rosto fica vermelhinho...
Shaoran: Meu rosto nunca fica vermelho.
Tomoyo: Não? E todas aquelas vezes que você queria dizer seus sentimentos para a Sakura e acabava ficando sem graça?
Shaoran: Aquilo era diferente. O rosto ficava vermelho por causa do calor.
Tomoyo: Até no inverno?
Shaoran: É... bem... é que...
Sakura: Agora que você falou... realmente é verdade. Frequentemente eu via o rosto do Shaoran ficar todo vermelho, mas não sabia o motivo...
Tomoyo: Sempre foi por causa do que ele sente por você.
Sakura: É tão bom saber que alguém tem sentimentos por você, não é?

O chinês fica sem graça e cora levemente. Ele olha para todos os lados, procurando um assunto para mudar o rumo da conversa. Tomoyo dá uma risadinha abafada.

Shaoran (pigarreando antes de falar): Nós estamos indo para o refeitório, então é melhor você ir para casa, Amane. Os professores vão te pegar se você for lá.
Amane: Ah. Isso me lembra uma coisa.

Amane abre sua bolsa e retira três marmitas. Ela as entrega a Shaoran, Sakura e Tomoyo.

Amane: Eu fiz esse almoço especial para vocês.
Shaoran: Hmmm. Obrigado.
Amane: Como a idéia foi da Sakura, tive que fazer um para ela também como forma de agradecimento. Mas não se engane. Eu ainda vou roubar meu querido Shao-Shao de você.
Sakura: Obrigada. Eu acho.

Tomoyo dá um beijo na testa da irmã.

Tomoyo: Obrigada por se preocupar conosco.
Amane (com um largo sorriso): Espero que você goste, nee-chan. Estou praticando muito na cozinha.
Tomoyo: Tenho certeza que estará delicioso...

Apitos. O grupo nota um dos professores da escola se aproximando a passos largos.

Professor (apontando para Amane): Ei, você! Pode ficar parada onde está, mocinha!
Amene: Ops...
Professor: É a ultima vez que você invade essa escola sem permissão.
Sakura: Você entrou sem permissão de novo, Amane?
Tomoyo: Por que faz isso? Se você pedir educadamente, eles te deixarão entrar.
Amane: Ah, mas assim não teria a emoção da perseguição. Vejo vocês depois. Beijinhos!

Amane salta pela mesma janela por onde entrara.

Professor: De novo não! Espere!

O professor salta pela janela, se esforçando em sua perseguição a invasora.

Tomoyo: Será que ela vai ficar bem?
Sakura: Sua irmã é muito esperta. Duvido que alguém seja capaz de segurá-la...

Tomoyo suspira e acaba por concordar. Ela, Sakura e Shaoran, então, entram no refeitório. O lugar era amplo e estava muito movimentado. Shaoran conduz as meninas até uma perto de uma janela. Ali estavam reunidos Naoko, Yamazaki e Meiling, conversando distraidamente enquanto comiam o almoço em suas bandejas.

Meiling: ... fiquei interessada nessa história agora. Depois você me empresta o livro?
Naoko: Claro.
Meiling (percebendo a aproximação dos outros): Olha só. Finalmente vocês chegaram.
Yamazaki: É melhor se apressarem ou vão pegar só as sobras.

Sakura, Tomoyo e Shaoran se sentam a mesa. Sakura mostra a marmita que carregava.

Sakura: Não precisa. A irmã da Tomoyo preparou um almoço pra gente. Mas obrigada pela preocupação.
Shaoran: Eu vou comprar um suco. Vocês duas querem alguma coisa?
Tomoyo: Um chá para mim, por favor.
Sakura: Eu quero um suco de frutas. Deixa eu ver quanto dinheiro eu tenho aqui...
Shaoran: Não precisa. Eu pago para vocês.
Sakura: O que? Mas...
Shaoran: Já volto.

Shaoran se afasta e entra numa fila formada diante das máquinas de compra.

Naoko: O Li mudou bastante, não é?
Sakura: Mudou? Como assim?
Naoko: Quando ele se transferiu para nossa escola, nunca imaginaria que ele fosse capaz de fazer gentilezas como essa. Ele era muito sério e fechado. Agora, eu o vejo tratando as pessoas bem e se mostrando um bom amigo e uma boa pessoa.
Tomoyo: É a influência do amor.

Todos olham para Sakura, que cora.

Meiling: Esse jeito fechado do Shaoran nunca foi culpa dele. Meu primo foi criado para ser independente e autossuficiente desde cedo, uma criação muito rígida. Isso fez com que ele tivesse dificuldades em se socializar. As únicas pessoas próximas que ele tinha eram eu e suas irmãs...
Naoko: Ainda bem que ele mudou então. Assim podemos conhecer o verdadeiro Shaoran.
Yamazaki: Ele se tornou um amigo importante.

Sakura e Tomoyo abrem suas marmitas e começam a comer. Rika logo entra no refeitório e se aproxima dos amigos.

Rika: Desculpem a demora.
Yamazaki: Seu lugar está guardado. É melhor ir pegar seu almoço logo.

Rika olha para Meiling, que desvia o olhar e se levanta.

Meiling: Acho que perdi a fome...

Rika suspira, entristecida. Meiling se prepara para se retirar, mas Rika coloca a mão no ombro dela.

Rika: Não precisa sair. Eu almoço em outra mesa.
Sakura: O que? Você não precisa fazer isso, Rika.
Naoko: Somos todos amigos aqui.
Rika: Não quero causar problemas.
Sakura: Mas...
Rika: Não se preocupe. Vou almoçar com o pessoal do clube de torcida. A gente se vê na sala de aula.

E então Rika se afasta, indo se sentar com outras duas garotas numa mesa do outro lado do refeitório. Sakura e seus amigos se entreolham, um clima pesado no ar. Shaoran retorna a mesa trazendo as bebidas e fica meio confuso, sem entender a situação.

Naoko: Até quando vocês duas vão ficar brigadas?
Meiling: Até quando eu achar necessário. Ela merece o gelo que está levando.
Sakura: Ela cometeu um erro, mas se arrependeu.
Tomoyo: Você está sendo cruel demais com ela.
Meiling: Eu estou sendo cruel? E as palavras dela não foram? Me senti humilhada. Ela disse que eu fui rejeitada por todos os meninos!
Sakura: Ela não quis dizer aquilo! Ela...

Sakura pára por um instante. Ela sabia que tudo que acontecera era influência da magia do caos, mas não podia explicar isso na frente de todos.

“Shaoran e Meiling viajaram logo depois daquele incidente e não pude falar para eles sobre o efeito da magia da discórdia de Belial. Preciso conversar com os dois a sós e explicar tudo. Talvez isso diminua essa tensão que está no ar.”

Sakura: ... ela está passando por algumas coisas ruins e acabou descontando na pessoa errada...
Meiling: Você está do lado dela?
Sakura: Estou do lado de todos. Não quero que fique esse clima chato entre a gente. Quero que possamos conversar e nos divertir juntos como sempre fizemos. Quero que todos sejam felizes.
Meiling: Não sei se vou conseguir perdoá-la. Como ela pôde duvidar da minha capacidade para arrumar um namorado? Logo eu, que sou uma expert no campo do amor.
Shaoran (tomando um gole de seu refrigerante): Você está fazendo tempestade num copo d’água. A forma dela de falar pode ter sido grosseira, mas você realmente não possui um namorado.
Meiling (cruzando os braços): É óbvio que eu tenho um namorado, só não fico tirando vantagem disso em público.

Todos cospem suas bebidas e olham, perplexos, para Meiling.

Todos: Queeee?
Meiling (gota caindo): Essa reação foi meio exagerada, não?
Sakura: Você tem um namorado?
Meiling (feliz com a atenção que estava recebendo): Sim. É um menino mais velho. Ele se mudou para nossa cidade recentemente e ainda não conhece muita coisa por aqui.
Tomoyo: Então vocês não estão namorando há muito tempo, não é?
Meiling: Não muito. Estamos juntos há algumas semanas.
Sakura: Que legal. E como ele é?
Meiling: Ele tem cabelos loiros e é muito bonito. Claro que para ser meu namorado tem que ter o mesmo nível de beleza que eu possuo. Eu tenho bom gosto.
Yamazaki: Ele estuda na nossa escola?
Naoko: Qual o nome dele?
Meiling: Devagar, devagar. Um de cada v...
Shaoran: Eu quero conhecê-lo.

Meiling olha, surpresa, para o primo.

Meiling: Que?
Shaoran: Eu quero conhecê-lo.
Meiling: Mas por que?
Shaoran: Eu sou responsável por você aqui no Japão. Prometi isso a sua mãe, lembra?
Meiling: E daí?
Shaoran: Você só vai namorar se tiver a minha aprovação.
Meiling: O que? Você não manda em mim! Eu namoro quem eu quiser!

Meiling fica tão exaltada que quase sobe na mesa, mas Sakura e Yamazaki a seguram.

Shaoran: É para seu bem, Meiling. Eu não quero nenhum idiota se aproveitando de você.
Tomoyo: Olha só... o Shaoran está bancando o irmão mais velho super-protetor. Que fofinho.
Shaoran (corando): Não estou não!
Tomoyo: Já é a segunda vez hoje.
Shaoran (gesticulando, sem graça): Você entendeu errado...

Tomoyo não consegue conter a risada.

Meiling: Eu tenho o direito de namorar. A vida é minha.
Shaoran: Se eu não aprová-lo, nada feito. Sem aprovação, sem namoro. Ponto final.
Meiling: E se eu resolver namorar, o que você vai fazer a respeito?

Meiling aproxima seu rosto do de Shaoran, ostentando uma expressão desafiadora.

Shaoran: Eu ligo para sua mãe e peço para ela vir te buscar. Ela me deu carta branca para eu cuidar de você da maneira que achar melhor. Uma ligação e você volta para a China, entendeu?
Meiling: Você não se atreveria...
Shaoran: Têm certeza disso?

Os dois primos ficam se encarando por alguns minutos, ostentando olhares de desafio.

Meiling: Ahhh. Você consegue ser realmente irritante quando quer.
Sakura: Aonde você vai?
Meiling: Vou comprar um refrigerante para esfriar a cabeça.

E então Meiling se afasta da mesa.

Sakura: Você precisa realmente fazer isso, Shaoran?
Shaoran: Preciso sim. Eu prometi para minha tia que cuidaria da Meiling se ela ganhasse permissão para voltar ao Japão comigo. Eu não gosto de quebrar promessas.
Sakura: Hmmm. Coitada da Meiling.
Naoko: É mesmo.
Shaoran: Não é como se eu tivesse reprovado o garoto. Eu só falei que quero conhecê-lo. Vocês estão tirando conclusões precipitadas.
Tomoyo: E você vai conseguir ser imparcial na avaliação?
Shaoran: Claro que sim. Por que não seria?
Yamazaki: Por causa de seu complexo de irmão mais velho?
Shaoran (um pouco indignado): Eu não tenho esse tipo de complexo!
Sakura: Eu sei que você se preocupa muito com a Meiling e só quer o bem dela. Só peço que tome cuidado para não ferir os sentimentos dela.
Shaoran: É justamente por isso que tenho que conhecer esse cara... para evitar que ela se magoe...

Sekai havia acabado de entrar no refeitório. Ela se dirige as máquinas de venda, onde pretendia comprar alguma bebida gelada para se refrescar daquele dia ensolarado. A menina estava falando no celular enquanto andava.

Sekai: ... já disse que não precisa se preocupar com minhas notas, mãe. Eu já tenho gente trabalhand... quer dizer, eu já estou trabalhando nisso. Você vai se surpreender com meu próximo boletim.

Sekai passa por uma mesa e rouba um sanduíche de uma garota que estava distraída lendo uma revista de moda. Ela começa a desembrulhar o sanduiche.

Sekai: Não, não. Não me meti em nenhum problema. Você sabe que eu sou um anjo. As pessoas invejosas que ficam arrumando intrigas com meu nome... que tal mudar um pouco de assunto?

Meiling vinha andando na direção oposta, também rumo as máquinas de venda. Estava bufando de raiva e mal prestava atenção no que estava pela frente.

Meiling (murmurando, irritada): Como ele pode ser tão chato? O namorado é meu. Quem tem que aprovar ou não sou eu. Afinal, quem é que vai casar com ele, não é?
Sekai: Eu estou com saudades de você e do papai. Sinto como se não os visse há anos. Quando vão voltar de viagem e passar um pouco de tempo comigo?

Meiling e Sekai, distraídas, acabam se trombando e ambas caem no chão. As duas meninas haviam chocado as cabeças, o que deixara uma forte dor. Sekai acaba deixando seu sanduiche e seu celular caírem no chão.

Sekai: Essa não!

Sekai rapidamente pega seu celular, mas já era tarde. A ligação caíra. Ela se levanta, muito irritada, e agarra Meiling pela camisa.

Sekai: Por que você não olha por onde anda, sua tapada?
Meiling: Quem você está chamando de tapada, sua tonta?
Sekai: Você me fez perder a ligação dos meus pais! Têm idéia do quão dificil é falar com eles no exterior?!
Meiling: A culpa é sua por não prestar atenção por onde anda!

Meiling dá um tapa no braço de Sekai e se afasta dois passos dela. Alguns alunos começam a se amontoar ao redor, curiosos com o que estava havendo. Sekai guarda seu celular no bolso e observa o sanduiche parcialmente mordido caído no chão.

Sekai: Ainda por cima me fez perder o meu lanche...
Garota (se aproximando e falando, receosa): Hã... na verdade eu acho que aquele sanduíche era meu...
Sekai: Você quer? Então toma!

Sekai enfia o sanduiche na boca da garota e a empurra para longe.

Meiling: Você é muito grossa mesmo. Seus pais não te educaram direito não?
Sekai: Cuidado com essa língua. Com quem você acha que está falando?
Meiling: Com uma garota irritante.

Uma menina que estava no grupo de curiosos puxa Meiling pela mão.

Garota: Tome cuidado, Meiling. Essa é Sekai Natsume. Ela é do oitavo ano e é a maior encrenqueira da escola. Até os meninos têm medo dela.
Sekai: Que tal mostrar mais respeito com sua senpai?
Meiling: Eu dou respeito àqueles que merecem respeito. Você é só uma garotinha rebelde que merece uma boa surra.
Sekai: Ora, sua ...

Sekai acerta um chute no peito de Meiling, jogando-a sobre uma mesa. A chinesa se levanta, o peito latejando de dor.

Meiling: Obrigada. Você acaba de me dar uma boa oportunidade de extravasar minha raiva.

Meiling fica de pé sobre a mesa e assume posição de batalha. O grupo de curiosos aumenta, agora tendo em sua maioria meninos.

Meninos: Briga! Briga! Briga!

(CONTINUA...)


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Notas finais do capítulo

(Fiquem tranquilos. Eu não desapareci hehehe. Estava apenas sem tempo para postar.)

O capitulo foi dividido em partes por causa do tamanho.

Curiosidades:

— Senpai significa "veterano". É usado para se referir a alunos de séries mais avançadas na escola. Serve, também, para denotar hierarquia em outros ambientes.
— Onee-chan / Nee-chan significa irmã mais velha.

OBS IMPORTANTE: O pessoal do site disse que não pode mais ter duas imagens por capítulo. Não acho que tenha problema em ter duas imagens, mas o site não é meu, então vou respeitar as regras.

Vou deixar apenas as imagens de titulo e as imagens ilustrativas (aquelas que vinham no começo) vão passar a ser apenas links para serem abertas externamente.



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