Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 18
Capítulo 12 - As muitas vidas de Sakura (PT3)


Notas iniciais do capítulo

Batalha contra a noiva de Shaoran! E a investida final de Reiko e Kazuko para corrigir o tempo!



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[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

Quando Reiko consegue abrir os olhos novamente, ela vê um balanço.

Reiko: O-onde estou?

Reiko se senta e esfrega seus olhos até sua visão ganhar foco novamente. Estava num pequeno parque. Não haviam muitos brinquedos ali, mas com certeza o espaço servia muito bem para a diversão das crianças das redondezas. Reiko estava caída atrás de um escorregador. Ela se levanta e dá a volta no brinquedo.

Reiko (colocando a mão na cabeça): Minha cabeça... dói...

Havia um bebê sentado no chão próximo a um dos brinquedos. Era uma bonita menina usando uma roupa rosa. Estava brincando com um urso de pelúcia e sorrindo despreocupada. Ao lado dela havia outra menina, essa usando uma roupa verde e brincando com um robô de brinquedo. Seus cabelos tinham um laço rosa como enfeite.

Reiko: Tão... bonitas...

Diante das meninas havia uma senhora de curtos cabelos azuis e óculos com armação verde. Devia ter acabado de sair do trabalho, pois ainda estava usando um terno. Junto com ela havia um senhor usando roupas esportivas. A senhora aponta uma câmera para as meninas.

Mãe (batendo uma foto): Olhem para a mamãe e para o papai, meninas. Sorriam!
Pai: Aposto que eu consigo fazer uma delas andar primeiro.
Mãe: Ah é? Desafio aceito.

A mãe se ajoelha diante da menina de roupa rosa e abre seus braços. Estava há cinco passos de distância da filha.

Mãe (gesticulando): Vêm para a mamãe, Hikari. Vêm.

Hikari sorri para a mãe, mas prefere continuar abraçando seu urso de pelúcia.

Mãe (um pouco desapontada): Ah, filha...
Pai (piscando): Aprenda como se faz...

O pai também se ajoelha e abre os braços.

Pai (gesticulando para a menina de roupa verde): Ei! Karin! Que tal um abraço voador com o papai?

Karin abre um sorriso, larga seu robô e se apóia em seus braços. Lentamente a menina se põe de pé.

Mãe (com as mãos na boca): Ah, meu Deus. Ela vai conseguir!
Pai (batendo palmas): Isso, filha. Você consegue. Venha até o papai...

A mãe pega uma filmadora em sua bolsa e começa a registrar tudo. Karin consegue dar um passo com sucesso, mas, ao dar o passo seguinte, acaba caindo sentada no chão. O pai fica preocupado e vai até a menina, apenas para constatar que estava tudo bem. Karin começa a rir e a bater palmas.

Mãe: Qualquer outra criança teria chorado...
Pai: Mas nossas filhas são especiais...

O casal se entreolha e sorri. O pai pega Karin no colo.

Pai: Agora é hora do abraço voador!

O pai começa a girar seu corpo, fazendo Karin ter a impressão que está voando. A menina abre os braços e cai na gargalhada. Ainda sentada no chão, Hikari bate palmas e também começa a rir, se divertindo com tudo que estava acontecendo. Então a mãe nota que estão sendo observados por Reiko.

Mãe: Querido, olhe. Têm uma garota ali...
Pai: Você está bem, menina?
Mãe: Ela está muito pálida...

Reiko estava se sentindo muito enjoada e sua cabeça gritava de dor. Ela sentia seu corpo perdendo suas forças e mal podia se manter de pé.

Mãe: Jesus! Ela está sangrando pelo nariz e pelas orelhas...
Pai (entregando Karin para a mãe): Chame uma ambulância, querida.

O pai se aproxima de Reiko, ainda incerto quanto ao que fazer.

Pai: Menina? Você consegue me ouvir? Fique calma. Estamos chamando ajuda. Venha se sentar e...
Reiko: So... socorro...

Reiko vê seu mundo girar e tudo fica escuro.

– Nós não devíamos fazer isso, Tou-kun...

Reiko vai abrindo seus olhos lentamente. Conforme sua visão ganha foco, ela percebe que está num quarto branco sem muita mobilia. Estava deitada numa cama e ao seu lado haviam alguns aparelhos para verificar seus sinais vitais. Uma cortina branca estava cercando a cama e fornecendo privacidade. Reiko não tinha uma boa visão de todo o quarto, mas suspeitava que havia outros leitos ali.

“Um quarto de hospital?”

Mulher: Não é que eu não queira, é que... se alguém entrar...

Homem: ... vão ver apenas marido e mulher trocando um beijo. Algo completamente normal.

A porta do quarto se abre repentinamente.

Mulher 2: Tomoyo! Ficou maluca? Se a supervisora te pega dando uns amassos durante o expediente, você ganha uma suspensão!

Um pouco alheia aos eventos no quarto, Reiko consegue forças para se sentar. Sua primeira ação é pegar um tapa-olho branco que estava sobre uma cadeira junto com suas roupas e colocá-lo sobre seu olho direito. Reiko força sua mente, tentando se lembrar o que acontecera. Por algum motivo tinha muita dificuldade em organizar os pensamentos.

“Eu estava no parque... passei mal... magia do caos... senti dores... realidades alternativas... vim parar num hospital...Tomoyo está aqui... Tomoyo é importante...Tomoyo pode me ajudar a achar a...”

Tomoyo: Era exatamente isso que eu estava dizendo para o seu irmão, Sakura.

“Sakura!”

Reiko abre um pedaço da cortina da cortina. Touya estava encostado numa cadeira e haviam duas enfermeiras diante dele, ambas com uniformes brancos impecáveis. Tomoyo usava um corte de cabelo diferente, bem curto, muito similar ao de sua mãe, mas era impossivel não reconhecer sua voz. Sakura tinha os cabelos indo até a altura dos ombros, sendo que estavam parcialmente presos na parte da nuca com um duplo laço branco. Tanto Sakura quanto Tomoyo pareciam ter cerca de 20 anos, talvez até menos.


Sakura (olhando indignada para Touya): Onii-chan, você sabe que é contra o regulamento do hospital.
Touya: É crime estar com saudades da esposa? Ela tem passado tanto tempo aqui e nosso tempo juntos tem sido tão pouco...
Tomoyo: Nós passamos todas as manhãs e noites juntos, além dos finais de semana. Durante o dia tenho que trabalhar e estudar...
Touya: Bem... eu sou um cara carente e não consigo ficar longe da minha linda esposa.

Touya abraça Tomoyo e lhe dá um beijo.

Sakura (virando o rosto): Ei! Será que vocês podem fazer isso em outro lugar? Ainda não me acostumei com a idéia do meu irmão ter se casado com minha melhor amiga.
Mulher 3: Melhor amiga? Alguém me chamou?

Outra mulher havia entrado no quarto. Tratava-se de outra enfermeira, mas esta possuía cabelos curtos na cor vinho. Trazia em seus braços uma prancheta com prontuários de alguns pacientes.

Touya: Pronto. Com a Yoko aqui é que não vamos ter paz mesmo.

Yoko passa os braços nos ombros de Sakura e Tomoyo.

Yoko: Por acaso esse vagabundo está pertubando vocês, colegas? Devo chamar a segurança?
Touya: Vagabundo? Eu tenho um emprego.
Sakura: Na verdade você têm vários, onii-chan. Você vive de bicos.
Yoko (um sorriso maldoso no rosto): Abre o olho ou você vai ter que sustentar a casa sozinha, Tomoyo.
Touya: Ora, sua...
Tomoyo: Calma, calma...

Touya ameaça partir para cima de Yoko, mas Tomoyo o abraça e o detém.

Tomoyo: Não deixe as provocações te afetarem. Vá para casa e prepare um bom jantar para mim. Assim que meu expediente terminar, vou correndo te fazer companhia.
Touya: Virei dona-de-casa agora, é?
Tomoyo: Se você fizer tudo direitinho, vai ganhar um prêmio especial mais tarde...

Tomoyo cochicha algo no ouvido de Touya.

Touya: Até mais, meninas.

Touya sai do quarto em disparada. As três enfermeiras começam a rir.

Yoko: Homens... tão fáceis de manipular...
Sakura: Bom... vamos continuar nossas rondas.
Yoko: Eu acho que não.

Sakura e Tomoyo olham para Yoko, confusas. A amiga tinha um enorme sorriso estampado no rosto.

Sakura: O que você está aprontando, Yoko?
Yoko: Hoje vamos ter uma noite das garotas.
Tomoyo: Noite das garotas?
Yoko: Isso. Eu consegui, através de um amigo, colocar nossos nomes na lista de convidados da festa mais badalada da noite.
Tomoyo: Que seria?
Yoko: O que mais poderia ser? É claro que estou falando do casamento de Shaoran Li, o principe queridinho de Tomoeda.
Sakura: Você conseguiu convites para essa festa? Dizem que só gente muito importante vai estar por lá...
Tomoyo (os olhos brilhando): Ouvi falar que vai ser o casamento do século... as mulheres devem usar vestidos tão lindos...
Yoko: Pode falar, Sakura... sua melhor amiga é demais, não é?
Sakura: Na verdade, a Tomoyo é minha melhor amiga.
Yoko (piscando): Ah, desculpa. Você têm razão. Não podemos ferir os sentimentos da pobre Tomoyo. Vamos continuar fingindo que ela é sua melhor amiga.
Sakura (gota caindo): Eu não estava fingindo...
Tomoyo: Mas nosso turno ainda não acabou...
Yoko: Eu conversei com nossa supervisora e consegui que fossemos liberadas mais cedo. Cobrei uns favores e as gêmeas Mihara vão nos cobrir.
Tomoyo: Mas eu acabei de prometer que iria jantar com o Touya...
Yoko: Nós não vamos ficar lá até muito tarde. Só vamos curtir um pouco, como fazíamos nos velhos tempos... depois eu te deixo em casa.
Tomoyo: Eu não sei...
Yoko: O que é essa indecisão toda, Tomoyo? Aquela festa pode ser a oportunidade perfeita para encontrarmos nossos principes encantados...
Tomoyo: Eu sou casada, Yoko...
Yoko: Então você pode ajudar suas grandes amigas a fisgar um cara rico para se casar.
Tomoyo: Hmmmm... se a Sakura for, eu topo.
Yoko (se voltando para Sakura): O que me diz, menina dos olhos verdes?
Sakura: Bem... acho que um pouco de diversão não vai fazer mal...
Yoko: Isso!

Yoko começa a dançar em comemoração, fazendo Sakura e Tomoyo rirem.

Reiko: Sakura... Sakura...

As enfermeiras notam que Reiko estava tentando se manter de pé, apoiando-se no suporte da cortina. Ela tenta caminhar, mas perde o equilibrio, sendo segura por Yoko. A menina ainda sentia um pouco dos efeitos dos remédios que lhe haviam dado.

Yoko: Opa. Calma. Você está bem. Está se recuperando num hospital.
Tomoyo: Você foi encontrada tendo convulsões num parque. Nossa equipe já está tentando localizar sua familia. Não se preocupe.
Reiko: Não... não... eu preciso sair... não tenho tempo...
Tomoyo: Se acalme...
Reiko: Sakura... eu preciso... preciso das cartas... por favor, me entregue as cartas..
Sakura: Cartas? Do que está falando? E como sabe meu nome?
Yoko (colocando a mão na testa de Reiko): Acho que ela esta delirando de novo...
Tomoyo (se preparando para remover o tapa-olho): Por que ela está usando um tapa-olho?
Reiko: NÃO!

Reiko começa a se debater nos braços de Yoko. Sakura e Tomoyo ajudam a amiga a colocar Reiko de volta na cama. No processo, a mão de Reiko acaba se enroscando num cordão que Yoko tinha em seu pescoço, um colar bem peculiar e familiar.

Reiko: A chave mágica!
Yoko: Você quer isso?

Yoko arranca o cordão do pescoço e o coloca na mão de Reiko.

Yoko: Eu não me importo com esse cordão. É só um presente de um ex-namorado. Pode ficar com ele, mas, por favor, se acalme. Se você tiver um ataque agora, a nossa supervisora vai querer nos segurar aqui...

Reiko olha para a chave mágica em suas mãos. Ela podia sentir sua mente ficando mais clara aos poucos.

"Preciso me acalmar. Tenho que pensar bem qual vai ser meu próximo passo. Não posso me desesperar. Tenho que organizar meus pensamentos."

Reiko: T-tudo bem...
Sakura: Não é melhor checar os remédios dela?
Yoko: Nós temos que ir senão quisermos perder o melhor da festa. Vou pedir para uma das gêmeas vir ficar com ela um pouco.

Sakura segura a mão da menina.

Sakura: Vai ficar tudo bem. Nós temos que sair agora, mas a equipe dos hospital vai cuidar muito bem de você.
Reiko: E-entendi... desculpa... pelo escandalo...
Sakura (passando a mão carinhosamente nos cabelos de Reiko): Não precisa se desculpar. Eu também ficaria assustada se acordasse num lugar que não conheço. Tente descansar, tá bom?
Reiko: C-certo...

As três enfermeiras, então, caminham para fora do quarto.

Yoko: Antes de irmos, preciso pegar umas caixas de roupas que trouxe para doação... elas estão no porta-malas do carro...
Sakura: Já devia imaginar que ia sobrar algum trabalho pra gente...
Tomoyo: Ok, ok. Vamos logo com isso então...

Assim que a porta é fechada, o silêncio toma o quarto. Reiko volta a se sentar.

Reiko: A Sakura não sabia das cartas... talvez o Shaoran saiba...

Reiko pega um copo de água e bebe, refrescando um pouco sua garganta. Ela fica olhando para suas pernas.

Reiko: Elas estavam dizendo que Shaoran vai se casar... vou precisar ir até a cerimônia...

Reiko coloca suas pernas no chão e fica de pé apoiada na cama. Ela abre a cortina e confirma que estava sozinha no quarto. Todos os outros leitos estavam vazios. Reiko tenta um passo, mas acaba caindo de joelhos no chão.

Reiko: Meu corpo está fraco... eu acho que as mudanças da realidade estão acabando comigo...

Reiko se apoia numa cadeira e consegue se pôr de pé novamente.

Reiko: Eu tenho que conseguir andar... já tenho a chave mágica, agora preciso das cartas. Preciso levar tudo para a Kazuko. Ela possui magia... ela pode consertar o mundo...

Reiko respira fundo.

Reiko: Preciso fazer um esforço...

Reiko se afasta da cadeira e consegue dar três passos sem cair. Assim como acontecera com sua mente, ela sentia que seu corpo estava começando a recobrar as forças.

Reiko: Se eu for devagar, consigo sair andando do hospital...

Reiko veste suas roupas normais e sai do quarto discretamente, procurando não chamar a atenção de nenhum médico ou enfermeiro.

Tomoyo e Sakura estavam paradas diante de um Siena amarelo com o porta-malas e as duas portas traseiras abertas. As duas haviam se trocado e estavam usando vestidos luxuosos que sua amiga havia providenciado. Yoko, agora usando um belo vestido roxo com um decote generoso nas costas, se aproxima de suas amigas.

Sakura: Você demorou, hein?
Yoko: Eu estava me produzindo, querida. Não posso aparecer de qualquer jeito numa festa da alta sociedade.
Tomoyo: Vamos logo. Já perdemos muito tempo tirando as caixas do carro... que aliás você devia ter dito que eram muitas...
Sakura: E esses vestidos? Parecem muito caros. Onde os arrumou?
Yoko: Esqueceu que minha prima trabalha como estilista? Estes são alguns dos badalados designs dela.
Sakura: E ela concordou em nos emprestar esses vestidos?

Yoko fecha o porta-malas do carro.

Yoko (sorrindo para Sakura): Mais ou menos isso.
Sakura: Yoko... sua prima ao menos sabe que você pegou esses vestidos? Yoko! Não me dê as costas. Yoko!

As três meninas entram no carro. Sakura se senta no banco traseiro e se assusta com a quantidade de lixo e roupas sujas que havia ali. Havia até caixas com lanches de um restaurante fast-food ainda com comida dentro. Sakura procura se sentar bem junto a porta direita, deixando a sujeira toda no lado contrário.

Sakura: Você devia experimentar limpar o carro de vez em quando, Yoko. É terapêutico para você e vai fazer um bem enorme para seus passageiros.
Yoko: Mas ele está limpo. Você tem que ver quando ele realmente está sujo...
Sakura (fazendo cara de nojo): Eu acho melhor não...

Yoko gira a chave e dá a partida no veículo. O Siena começa a se movimentar e deixa o estacionamento do hospital central da cidade de Tomoeda em alta velocidade. Reiko estava escondida embaixo do banco traseiro, oculta pelas roupas jogadas ali. Ninguém suspeitava de sua presença.

"Só espero que Kazuko esteja bem... depois que pegar as cartas, ainda vou ter que dar um jeito de encontrá-la..."

A cerimônia havia sido marcada para acontecer numa das mansões dos Li na região. A mansão em questão ficava no alto de uma das colinas na divisa da cidade de Tomoeda, um lugar que anteriormente fez parte da Reserva Natural Saijou. Próximo a mansão, havia um parque de diversões, também propriedade da familia Li, onde haveria uma grande festa após o casamento. Tanto a mansão quanto o parque se destacavam conforme você se aproximava da colina.

Yoko: Chegamos.

Havia alguns guardas orientando os motoristas dos veículos que se aproximavam. Todos deveriam guardar seus veiculos no estacionamento do parque, aproveitando a grande extensão do mesmo. Yoko estaciona o Siena numa vaga abaixo de uma árvore. Tomoyo, Sakura e Yoko saem do carro um pouco surpresas com a quantidade de convidados que transitava por ali.

Sakura: Todo esse pessoal veio ver o casamento? Não acho que vão caber todos dentro da mansão...
Yoko: Muita gente aqui veio só para a festa após o casamento.
Tomoyo: Eu ouvi dizer que após a cerimônia vai haver uma grande festa nesse parque.
Yoko (apontando para um ponto ao longe no parque): Olhem lá. Tem até um palco montado. Talvez alguma banda legal tenha sido convidada.
Sakura: Essa festa vai ser realmente coisa grande, não é?

A conversa das meninas é interrompida quando elas vêem uma luxuosa e extensa limusine preta estacionar diante da mansão. Dela surge um rapaz de cabelos castanhos e olhos na cor âmbar usando um elegante terno cinza e uma gravata preta.

Tomoyo: Olha! É o noivo!
Yoko: Shaoran Li acabou de chegar!

Dezenas de curiosos e reporteres logo se aproximam da limusine. Shaoran é cercado por dez seguranças e conduzido para dentro da mansão pela entrada principal.

Yoko: Ao vivo ele é ainda mais gatinho, não é, Sakura?

Sakura olhava fixamente para Shaoran. Parecia estar hipnotizada. Yoko balança os braços na frente da amiga para atrair sua atenção.

Sakura: Hoe? Você disse alguma coisa?
Yoko: Sakura, ouça o conselho de sua querida melhor amiga...
Sakura: A Tomoyo é minha melhor amiga...
Yoko: ... aquele principe ali não está ao nosso alcance. Ele vive num mundo muito diferente do nosso. Então, nem pense em se apaixonar, ok?
Sakura (corando): A-apaixonar? Eu... eu... eu não me apaixono tão fácil assim...
Tomoyo (dando uma risada abafada): Não é o que seu rosto vermelho está dizendo...
Sakura: O que? Rosto vermelho? Onde?

Sakura observa seu reflexo no espelho do carro.

Sakura: É impressão de vocês. Vamos entrar logo.

As meninas fecham e trancam o carro e se juntam aos outros convidados que caminhavam rumo a mansão, onde havia um longo tapete vermelho estendido.

Reiko havia aproveitado a distração da chegada de Shaoran e saído do carro discretamente. Estava agora sentada ao lado do Siena. Ainda estava muito cansada, mas já se sentia bem melhor do que quando acordara. Reiko observava toda aquela agitação na mansão com estranheza.

Reiko: Isso está errado... A Sakura deveria estar esperando o Shaoran no altar... se ela é uma mera convidada, com quem ele vai se casar?

Reiko balança a cabeça freneticamente.

Reiko: Não! Não posso perder tempo pensando sobre isso. Assim que a realidade for consertada, nada disso terá acontecido. Preciso achar as cartas mágicas... será que elas estão na mansão?

Reiko leva um susto quando o alarme de um carro próximo dispara. Por um instante ela havia pensado que era o som que anunciava a mudança de realidades.

Reiko: Não sei quanto tempo tenho... se as cartas não estiverem aqui, terei que procurar em outros lugares...

Reiko coloca a mão em seu olho direito, ainda protegido por seu tapa-olho.

Reiko: Eu tenho uma possibilidade... mas será que consigo?

Reiko se levanta e respira fundo. Com a mão tremendo um pouco, ela retira lentamente seu tapa-olho. Seu olho direito estava brilhando numa coloração verde, pulsando como se fosse um coração. A menina passa seu olhar sobre a extensão da mansão e vê diversas auras. Sua atenção é atraída por uma luz rosa que podia ver num quarto do terceiro andar da mansão.

“As cartas Sakura! Elas estão aqui!”

O olho de Reiko começa a pulsar com mais velocidade. A menina nota algumas pessoas andando ao redor dos muros da mansão. Todas elas tinham uma pele muito clara e se moviam como se estivessem se arrastando. Algumas delas tinham ferimentos expostos pelo corpo.

“Espiritos errantes!”

Reiko ouve um barulho vindo da árvore ao lado do Siena. Ela olha para cima e vê algo repousando nos galhos, parecendo um pouco indiferente e entediado com a movimentação ali. Era uma criatura bizarra e assustadora. Tinha corpo humanóide num tom de vermelho similar a sangue, coberto em algumas partes por uma carapaça cinza. De seus joelhos, ombros e mãos emergiam espinhos dos mais variados tamanhos. Seus pés eram na verdade cascos, cobertos com algo que parecia ser lama e pingava no chão. De suas costas brotavam gigantescas asas de morcego. Seu rosto era quase todo coberto por espinhos e seus olhos pareciam ser feitos de chamas. Quando a criatura nota que Reiko estava olhando diretamente para ela, solta um rosnado de fúria.

Reiko: Ahhhhhh!

Reiko, assustada, sai correndo pelo estacionamento. Ela acaba trombando com um homem que carregava algumas caixas rumo ao palco no parque, onde alguns músicos haviam começado a fazer testes com o equipamento de som.

Homem: Ei! Preste atenção por onde anda!
Reiko (fazendo várias reverências): Desculpa, desculpa, desculpa...
Homem (notando a expressão de medo no rosto de Reiko): Você está bem? Parece que viu um fantasma...

Reiko coloca seu tapa-olho de volta e olha em direção a árvore. Não havia mais nada lá.

Reiko: N-não acho que aquilo fosse um f-fantasma...
Homem: O que?
Reiko: N-nada não... Sinto muito. Com licença.

Reiko sai correndo, deixando o confuso homem para trás.

Homem (suspirando): Crianças...

Reiko se mistura a multidão de reporteres que estavam posicionados ao lado da entrada do salão de festas da mansão. Como havia alguns curiosos sem convites se agrupando por ali também, a presença de Reiko não causou estranheza.

A entrada principal da mansão estava bloqueada por seguranças. Como o local do evento já estava definido, não havia necessidade de permitir que as pessoas transitassem livremente pelo resto da mansão. Todas as câmeras estavam apontadas para a entrada do salão, que ficava num bloco lateral da mansão. A porta dupla era feita de madeira de carvalho e estava ornamentada com flores e, como estava parcialmente aberta, permitia que as pessoas que estavam do lado de fora contemplassem um pouco da caprichosa decoração que fora providenciada para o casamento. Duas filas de acesso haviam sido organizadas com o auxilio de fitas vermelhas e um longo tapete, que demarcavam o caminho. Cada uma das filas levava a um dos recepcionistas do evento, que tinham em mãos a lista de convidados oficial. Reiko pôde reconhecer Sakura, Yoko e Tomoyo chegando a sua vez de serem admitidas.

Recepcionista: Nomes, por favor.
Yoko (apontando para as amigas): Yoko Tamura. Elas são minhas acompanhantes.

O recepcionista confere a lista.

Recepcionista: Esse nome não consta na lista.
Yoko: O que? Como assim?
Recepcionista: Seu nome não consta na lista. Por favor, retire-se para não atrapalhar o andamento a fila.
Yoko: Você verificou direito? Deve haver algum engano...
Recepcionista: Nós não permitiremos a entrada de fãs e curiosos na cerimônia. Vocês serão bem-vindos na festa que haverá no parque.
Yoko (agarrando o recepcionista pelo colarinho): Nem pensar! Eu não vim até aqui para ser deixada de fora. Quero ver tudo! Têm um monte de solteiros ricaços me esperando lá dentro!
Recepcionista: Penetras não são bem-vindos. Agradeceria se a senhorita se acalmasse.
Yoko: Quem você está chamando de penetra?
Recepcionista: Seguranças!

Com um certo escandalo, Yoko é arrastada para fora dos terrenos da mansão e jogada no chão de maneira grosseira. Sakura e Tomoyo acabam expulsas também, mas se retiram sem oferecer nenhuma resistência. Reiko havia acompanhado toda a situação, observando tudo de uma distância segura onde não chamasse atenção. Yoko se levanta e limpa o seu vestido.

Yoko (pulando como se fosse uma criança rabujenta): Esse vestido foi muito caro, sabiam? Eu vou ligar para o chefe de vocês e garantir que estejam demitidos pela manhã!
Sakura: Você conhece essa mulher, Tomoyo?
Tomoyo: Nunca vi mais gorda. Vamos para casa?

Sakura e Tomoyo começam a se distanciar, mas Yoko as segura.

Yoko: Muito engraçado. Parem de fingir que não me conhecem.
Sakura: Só se você parar de nos fazer passar vergonha.
Tomoyo: De qualquer maneira... você não disse que tinha convites?
Yoko: Eu conheço alguém que trabalhou na empresa que gerenciou o casamento. Essa pessoa me garantiu que tinha colocado meu nome na lista de convidados. Eu até paguei por isso.
Tomoyo: Quem é essa pessoa?
Yoko: Nosso amigo de faculdade... o Yamazaki...
Sakura (gota caindo): Não acredito que você caiu em outra das mentiras do Yamazaki...
Yoko: O que? Era mentira? Aquele traste roubou meu dinheiro!

Yoko ergue seu punho no ar, seus olhos brilhando de ódio.

Yoko (uma veia saltando na testa): Eu vou matar aquele cara quando o encontrar de novo... vou torcer aquele pescocinho até...
Tomoyo: Bem... vamos para casa.
Yoko: Nem pensar.
Sakura: Podemos participar da festa depois do casamento.
Tomoyo: Eu já perdi a vontade depois da vergonha que a Yoko nos fez passar... e não me sinto bem em deixar o Touya me esperando...
Yoko: Para compensar essa vergonha que o Yamazaki as fez passar...
Tomoyo: Na verdade passamos vergonha por causa do seu escândalo...
Yoko: ... vou colocar vocês dentro do salão. Vamos todas ver o casamento e depois nos esbaldarmos na festa.
Sakura: Como você vai fazer isso? Com magia?
Tomoyo: Talvez ela tenha aprendido a ficar invisivel...
Yoko: Eles nos ofenderam e nos chamaram de penetras, então vamos ser penetras.
Sakura: Como é?
Yoko: Já levamos a fama... o que temos a perder?
Tomoyo: Você sabe que podemos ser presas, não é?
Yoko: Vocês se preocupam demais. Vamos nos dividir e dar a volta na mansão. Deve haver algum furo na segurança, uma brecha por onde possamos entrar. Uma vez dentro da mansão, é só ir direto para o salão sem chamar a atenção...
Sakura: Isso não vai acabar bem...
Yoko: Confiem em mim. Tudo vai dar certo. Quando foi que eu deixei vocês na mão?
Sakura (contando nos dedos): Bem, teve aquela vez no baile de formatura da sua irmã, e também teve aquela vez na festa do clube de futebol do ginásio, e também...
Yoko (fazendo sinal para Sakura ficar quieta): Shhh. Foi uma pergunta retórica. Você não precisa responder.
Tomoyo: Vamos chamar um táxi, Sakura.

Yoko corre e se põe de joelhos diante das amigas.

Yoko: Nós temos nos esforçado tanto... estamos sempre trabalhando ou estudando na faculdade... nós merecemos um pouco de diversão e aventura. Vamos lá. Uma última aventura. Em nome dos velhos tempos...

Yoko lança um olhar de súplica para as amigas. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, prontas para serem derramadas. Sakura e Tomoyo se entreolham, como se estivessem discutindo mentalmente que decisão tomar.

Tomoyo (relaxando os ombros): Está bem... mas essa será a ultima vez.
Yoko: Que bom!

Yoko, radiante de felicidade, dá um beijo no rosto de Sakura e outro no rosto de Tomoyo.

Yoko: Muito bem. Espalhem-se. Quem encontrar uma entrada, avisa as outras por celular.

Então as três amigas se dividem. Reiko resolve acompanhar Yoko, que caminha beirando um dos muros da mansão por alguns minutos até alcançar os fundos. Havia uma entrada de serviço coberta por telhas ali, onde dezenas de funcionários transitavam sem parar, concentrados em suas tarefas. Não era possível ver nenhum segurança por perto. Havia um caminhão estacionado, de onde estavam sendo descarregadas caixas e mais caixas de bebidas e alimentos.

Yoko (falando no celular): Acho que a entrada de serviço dos fundos tem uma brecha... vou tentar entrar para confirmar.

Yoko espera até um dos entregadores ir em direção a porta com um carrinho abarrotado de caixas e o acompanha. Para sua surpresa, ela é segura pelo braço assim que passa pela porta.

Segurança: Quem é você? Identifique-se!
Yoko: Eu sou uma das convidadas. Estava só fumando um cigarro aqui fora...
Segurança: Não sinto nenhum cheiro de cigarro. Qual o seu nome? Vou confirmar na lista.
Yoko (sorrindo sem graça): Bem... houve um problema de digitação e talvez meu nome não esteja escrito certo na lista...
Segurança: Penetras não são bem-vindos.

O segurança conduz Yoko para fora e resolve ficar parado diante da porta para ficar de olho em Yoko. Logo outro segurança, que havia saído de seu posto para ir brevemente aos sanitários, surge e também fica parado diante da porta. Minutos depois, mais cinco seguranças são chamados para patrulhar os fundos da mansão.

Yoko (murmurando): Bem que eu achei estranho não ter nenhum reporter tentando entrar por aqui... estava fácil demais...

Yoko pega seu celular.

Yoko (falando no celular): Continuem procurando. A brecha que encontrei não deu certo...

Mas na verdade a brecha havia dado certo. Aproveitando-se da distração criada por Yoko, Reiko havia se agachado ao lado do carrinho que levava as caixas e entrado na mansão sem chamar a atenção de ninguém. Assim que sente que está em segurança, Reiko se afasta do entregador, que rumava para uma sala que havia sido improvisada como depósito, e entra na primeira porta que vê.

Reiko havia ido parar na cozinha. Mas não era uma simples cozinha. Era uma cozinha gigantesca, maior do que a casa da própria Reiko, onde dezenas de cozinheiros andavam de um lado para o outro preparando tudo que seria servido no casamento e na festa no parque.

“Nossa! Nunca vi tanta comida num lugar só. A onee-chan iria adorar estar aqui.”

Reiko não precisou disfarçar sua presença. Todos os cozinheiros estavam a ignorando. Afinal eles já tinham muito trabalho pela frente e não tinham tempo para ficar tomando conta de possiveis penetras. Havia um batalhão de seguranças contratados para isso. Reiko caminha rapidamente pela cozinha, procurando não atrapalhar o caminho de nenhum cozinheiro e abre a porta dupla de plástico na outra extremidade do ambiente.

Os corredores e salas da mansão eram muito bem decorados e passavam uma aura de elegância única. Reiko pôde reconhecer algumas obras de arte famosas as quais estudara durante as lições em sua escola. A menina logo chega a uma grande sala oval com duas escadarias em extremidades opostas, todo o ambiente sendo iluminado por um enorme lustre. Ouvindo vozes se aproximando e temendo ser descoberta, Reiko escolhe subir pela escadaria da direita. Segundos depois, alguns seguranças e funcionários contratados passam pela sala oval. Os seguranças estavam arrastando um repórter intrometido para fora da mansão. Reiko observava tudo do topo da escadaria no segundo andar, tomando cuidado para não ser vista.

“Esse casamento realmente está chamando muita atenção...”

Reiko entra no quarto imediatamente a frente da escadaria. Estava bem mobiliado, mas parecia não pertencer a ninguém. Não havia itens pessoais onde quer que se olhasse. Talvez fosse um quarto de hóspedes. Reiko vai até a uma das janelas abertas e dá uma boa olhada para fora.

Reiko (murmurando): Hmmmm... lá está o carro onde eu estava... acho que a janela onde vi as cartas era no andar de cima, só que mais para frente...

Reiko nota uma movimentação numa árvore que ficava colada no muro lateral da mansão. Um de seus galhos passava por cima do muro e chegava perto de uma das janelas.

Reiko: É impressão minha ou tem alguém ali em cima?

Havia uma pessoa sim. Sakura estava agarrada ao galho, movendo-se lentamente e morrendo de medo de cair.

Sakura: A Yoko me coloca em cada situação... Wow!

Sakura perde o equilíbrio e cai do galho. Ela se surpreende quando sente que havia caído em algo razoavelmente macio.

Shaoran: Você está bem?

Sakura percebe que sua queda fora amortecida porque caíra em cima de Shaoran Li, que coincidentemente estava passando por ali. Ela se levanta rapidamente e fica muito vermelha de vergonha. Ainda assim, Sakura estende a mão e ajuda Shaoran a se levantar. O rapaz aceita a ajuda de bom grado e limpa um pouco de pó de seu terno com algumas batidas. Sakura faz o mesmo com seu vestido.

Shaoran: Você não me respondeu... está tudo bem?
Sakura (fazendo uma reverência): S-sim. E-está tudo bem. Me desculpe por tê-lo feito passar por isso, senhor Li.
Shaoran: Não foi nada demais.

Shaoran sorri para Sakura.

Shaoran: Sabe... por um momento pensei que um anjo tivesse caído do céu...
Sakura (ficando ainda mais corada): Hoe?

Shaoran e Sakura ficam trocando olhares por alguns instantes.

Shaoran: Será que você me daria a honra de sua companhia num passeio pelo parque?
Sakura: Q-que? Eu? M-mas por que eu? Você não têm que se preparar para o casamento?
Shaoran: Eu gostaria de afastar minha mente um pouco de toda essa confusão e relaxar um pouco. Você me parece ser uma boa pessoa, senhorita...?
Sakura: M-meu nome? K-kinomoto. Sakura Kinomoto.
Shaoran: Você me parece ser uma companhia agradável para um passeio, senhorita Kinomoto. Você me acompanharia?
Sakura: Hmmm...
Shaoran: Eu vou entender se esse pedido for demais para você.
Sakura: Não, não. Eu... eu... eu adoraria.
Shaoran: Que bom.

Shaoran aponta o caminho e começa a andar em direção a saída, com Sakura caminhando ao seu lado.

“Agora as coisas estão se acertando...”

Reiko sorri, satisfeita, e fecha a janela. Ela sai do quarto e sobe mais um lance de escadas. Ao chegar ao topo, a garota ouve passos. Duas mulheres surgem correndo, carregando dúzias de vestidos em seus braços. Subiam a escadaria a passos largos e logo passariam por Reiko. Sem muito tempo para pensar, Reiko entra no primeiro quarto que vê e fecha a porta, segurando firme a maçaneta para evitar que qualquer um tentasse entrar. A menina gruda seus ouvidos na porta. O som dos passos indica que as mulheres haviam passado direto, seguindo seu caminho pelo corredor. Reiko suspira aliviada. Ela olha para seu pé direito e percebe que havia pisado em algo acidentalmente.

Reiko: Mas o que é isso...?

Reiko se agacha e pega o objeto, notando que se tratava de um sapo de pelúcia verde com detalhes em amarelo. A menina sente algo atingir sua nuca e coloca a mão na cabeça, sentindo um pouco de dor.

Reiko: Ai, ai, ai... isso dói...

Reiko se vira para ver quem a atacara. Era uma garotinha que devia ter entre 4 e 5 anos. Possuía olhos verde-esmeralda e longos e sedosos cabelos negros que iam até a altura de sua cintura. Estava usando um belo vestido verde, recheado de laços e enfeites, e segurava em suas mãos um grosso livro de capa lilás, a arma que usara em seu ataque. Reiko fica boquiaberta ao reconhecer a garotinha.

Reiko: O-onee-chan?

Outra pancada. Dessa vez a garotinha atinge o rosto de Reiko com o livro.

Jade: Você não é minha irmã. Você é pessoa estranha má. Jade não gosta de pessoas estranhas.
Reiko: Onee-chan!

Sentindo uma grande felicidade tomar conta de seu peito, Reiko envolve Jade num abraço bem apertado. Era extremamente reconfortante ver o rosto de sua irmã mais velha de novo. O problema era que nessa realidade, Jade não era sua irmã mais velha. Ela também havia sido pega pelas mudanças nas realidades. Jade morde o braço esquerdo de Reiko, deixando uma marca profunda de dentes.

Reiko (assoprando o braço para aliviar a dor): Ai, ai, ai...

Jade dá um chute na canela de Reiko, que acaba caindo no chão sentindo muita dor.

Reiko: Ai... Você está tão forte quanto eu me lembro... mas por que me bateu?
Jade: Jade não quer abraço de pessoa estranha. Pessoa estranha machucou o Sardinha.
Reiko: Sardinha?

Jade toma o sapo de pelúcia das mãos de Reiko.

Jade (abraçando o bicho de pelúcia): Pessoa estranha maltratou Sardinha.
Reiko: O bicho de pelúcia se chama Sardinha? Mas ele é um sapo...

Jade arremessa o livro contra Reiko, errando a cabeça dela por centímetros e deixando uma rachadura no chão.

Reiko (gesticulando com os braços): Tá bom, tá bom. Sardinha é um ótimo nome! Sardinha é um ótimo nome!

Algumas risadas são ouvidas. Reiko nota que havia cinco meninas sentadas numa cama, todas usando vestidos similares aos de Jade. Em uma mesa ao lado da cama haviam algumas cestas com flores.

“Elas devem ser as damas de honra. Posso acabar me metendo em confusão se ficar por aqui...”

Reiko: Escuta, onee-chan, eu tenho que... onee-chan?

Jade estava olhando fixamente para o sapo de pelúcia, cujo olho esquerdo estava quase se soltando. A garotinha tinha seus olhos se enchendo de lágrimas. Reiko pega o bicho de pelúcia e pressiona o olho de volta para o lugar, aparentemente resolvendo o problema.

Reiko: Não precisa chorar, onee-chan. O Sardinha está bem, viu?

Reiko estende o sapo de pelúcia para Jade, mas o olho do bicho acaba caindo no chão.

Reiko (ficando pálida): Essa não...
Jade (lágrimas jorrando de seus olhos): MAMÃEEEEEEEE! MAMÃEEEEEEEE!
Reiko (tentando inutilmente consertar o olho do bicho de pelúcia): Por favor, não grite. Eu posso consertar... eu vou dar um jeitinho...
Jade: MAMÃEEEEE! MAMÃEEE! UMA PESSOA ESTRANHA MACHUCOU O SARDINHA!
Reiko: Hoeeeeee!

Reiko abre a porta e sai correndo. Ao virar num corredor, ela vê de relance duas mulheres chegando ao quarto e ouvindo os lamentos de Jade. Uma delas acabara notando Reiko.

Mulher 1: Alguém foi correndo por ali!

Reiko segue correndo com todas as suas forças, passando por um corredor com diversas pinturas de pessoas. Pareciam ser antepassados de destaque da família Li. As duas mulheres estavam se aproximando. Reiko vira em outro corredor e acaba sendo puxada para dentro de um dos quartos. A pessoa que havia a puxado também tapara sua boca com a mão.

Pessoa: Shhhh. Fica quieta.

As duas mulheres passam direto, ainda correndo muito. Assim que sente estar segura, Reiko se vira para ver quem a salvara.

Reiko: Kazuko!

Reiko abraça Kazuko. Sua amiga estava usando um bonito vestido roxo e tinha um laço no cabelo.

Reiko: Nossa! Você está muito linda.
Kazuko (corando levemente): O-obrigada. Você está bem? Os seguranças te machucaram?

Kazuko aponta para a marca de mordida no braço de Reiko.

“Acho que seria um pouco vergonhoso admitir que eu apanhei de uma garota de cinco anos...”

Reiko: P-pode se dizer q-que sim... mas eu estou bem. Estava preocupada com você. Quando despertei nesse mundo, passei tão mal que fui parar no hospital. Mas não precisa se preocupar, pois já estou me sentindo bem melhor.
Kazuko: Também estava preocupada com você. Eu também passei muito mal, mas não chegou ao ponto de eu ter que ir para um hospital.
Reiko: Talvez você consiga resistir mais por possuir magia.

Kazuko quase morde a língua ao ouvir isso. Odiava admitir que agora fazia parte deste misterioso mundo mágico.

Kazuko: Ah! Eu tenho uma boa noticia!

Kazuko retira uma pequena caixa debaixo de seu vestido.

Kazuko: Eu consegui as cartas Sakura!
Reiko: Sério?

Reiko pega a caixa e a abre para conferir seu conteúdo. As 52 cartas Sakura estavam lá, intactas.

Reiko: Como você conseguiu?
Kazuko: Nesse mundo eu faço parte da família Li... então não foi difícil andar pela casa e procurar as cartas sem levantar suspeitas.
Reiko: É verdade... apesar de mantermos nossas lembranças, nós também ganhamos novas vidas quando a realidade muda...
Kazuko: Agora precisamo encontrar o báculo...

Reiko tira um cordão de seu pescoço e o mostra para Kazuko.

Reiko: Eu consegui a chave mágica.
Kazuko (dando um abraço em Reiko): Ótimo. Agora precisamos fazer esses brinquedos mágicos funcionarem...

As duas meninas ouvem passos no corredor. Kazuko abre um pouco a porta e percebe que havia dois seguranças andando por aquele corredor.

Kazuko: É melhor procurarmos um lugar menos agitado para trabalharmos sem chamar a atenção de ninguém...
Reiko: Que tal o parque? Ele é bem grande... deve ter um lugar onde possamos nos esconder...

Kazuko conduz Reiko para fora da mansão por uma rota segura. Elas caminham pelo parque e decidem se esconder atrás de uma barraca de tiro ao alvo.

Kazuko: Muito bem... estamos sozinhas. E agora?
Reiko: Agora você teria que usar sua magia para despertar o báculo e ativar a carta Tempo.

Reiko entrega as cartas e a chave mágica para Kazuko. A menina segura os objetos, incerta do que fazer.

Kazuko: E como eu faço isso? Tenho que recitar algo, não é? Ou então fazer alguma dança diferente?
Reiko: Tem algo errado...
Kazuko: O que foi?
Reiko: A chave mágica deveria ter reagido a sua aura mágica quando você a segurou...

Kazuko olha para a chave em suas mãos.

Kazuko: Eu acho que ela não deve funcionar com uma falsa feiticeira...
Reiko: E agora? Sem as cartas não sei o que fazer...

Reiko cai de joelhos, um semblante de desespero estampado no rosto. Kazuko guarda os itens mágicos em sua bolsa e põe a mão no ombro da amiga. Ela entrega a bolsa para Reiko. Os itens mágicos certamente estariam em mais segurança com ela, que também saberia o que fazer com eles.

Kazuko: Não podemos nos desesperar. Precisamos de um plano B. Você é a cabeça pensante da dupla, a única que entende de magia, então se acalme e pense.
Reiko: V-você tem razão. Precisamos pensar numa alternativa...
Kazuko (desviando o olhar repentinamente): Você ouviu isso?
Reiko: O que foi?

Era possível ouvir as vozes de pessoas conversando. Vozes familiares. Kazuko e Reiko dão a volta na barraca de tiro ao alvo e se deparam com uma roda gigante. Diante dela haviam algumas grades geralmente usadas para delimitar filas e alguns bancos de cimento onde as pessoas podiam se sentar para conversar e aguardar sua oportunidade para se divertir no brinquedo. Havia um casal sentado num dos bancos.

Kazuko: Mas aqueles são...
Reiko: Sakura e Shaoran. Eu meio que presenciei o primeiro encontro deles nesse mundo...
Kazuko: Mas o Shaoran vai se casar hoje... ele não devia estar com outra mulher... não deviam estar juntos...
Reiko: Eu... eu acho que isso não nos diz respeito... devemos continuar pensando o que fazer...
Kazuko: Eu quero ouvir o que eles estão conversando.
Reiko: Não acho que isso seja uma boa ideia... não sabemos quanto tempo temos antes do mundo mudar de novo e...

Reiko havia desviado o olhar por um mísero instante, mas fora o bastante para Kazuko sair de perto dela.

Reiko: Kazuko? Kazuko, espera.

Kazuko dá a volta cuidadosamente por trás da roda gigante. Ela se esconde atrás de uma lixeira de onde tinha um boa visão do casal e podia ouvir o que estavam conversando. Reiko também se aproxima discretamente.

Shaoran: Uma enfermeira?
Sakura: Sim. Estou trabalhando duro para um dia ser uma boa médica. Sempre foi meu sonho trabalhar com algo em que eu pudesse ajudar pessoas.
Shaoran: Tenho certeza que você se sairá muito bem.
Sakura (sorrindo): Obrigada.

Shaoran fica admirando os brinquedos do parque por um instante.

Sakura: Hã... eu posso perguntar uma coisa?
Shaoran: Claro.
Sakura: Pode parecer meio intrusivo... mas você está feliz?
Shaoran: O que?

Sakura se levanta, um pouco agitada.

Sakura: Eu fui longe demais, não é?
Shaoran: Não, não. Está tudo bem.

Sakura se senta novamente.

Shaoran: Por que me perguntou isso?
Sakura: Hoje deveria ser o dia mais feliz da sua vida... mas você está forçando sorrisos, está tentando se manter longe de tudo. Parece até que está querendo fugir...
Shaoran: Está tão na cara assim?
Sakura: S-sim...

Shaoran suspira.

Shaoran: Eu nunca sonhei em me casar cedo, sabe?
Sakura: Não?
Shaoran: Eu tenho muitos outros sonhos que considero mais importantes.
Sakura: Mais importantes que o amor?
Shaoran: Eu não amo minha noiva.
Sakura (surpresa): O que?
Shaoran: Isso é algo estranho para se dizer, mas é a verdade.
Sakura: Mas eu vi as fotos nas revistas... vocês pareciam tão felizes.
Shaoran: Nenhuma foto pode captar o que realmente está no coração das pessoas.

Shaoran olha brevemente para a aliança em um de seus dedos.

Shaoran: Fui envolvido num casamento de fachada para unir o poder de duas familias influentes. Eu nunca quis e não quero esse casamento. Eu nem ao menos suporto olhar o rosto de minha noiva.

Sakura olhava para Shaoran, incrédula. Kazuko e Reiko também se entreolham, confusas.

Sakura: Mas... mas... mas por que você está contando isso para mim?
Shaoran: Eu não sei... talvez eu queira apenas desabafar, colocar para fora tudo que estava preso no meu peito.
Sakura: Então não vai haver um casamento hoje?
Shaoran: Não. Já deixei uma carta explicando tudo com o padrinho.
Sakura: Mas se você fizer isso vai deixar muita gente irritada... a sua familia, a familia da sua noiva...
Shaoran: Se eu não fizer isso, se não terminar essa farsa agora, não poderei viver comigo mesmo. Não poderei me olhar no espelho. Não poderei correr atrás de minha felicidade. Se você estivesse no meu lugar, o que você faria?

Sakura baixa a cabeça por um momento.

Sakura: Eu fugiria para longe. Fugiria para onde pudesse ser feliz.
Shaoran: Você fugiria comigo?
Sakura: O que?

Shaoran se aproxima mais de Sakura, deixando ela corada.

Kazuko: Não pode ser... de novo não...
Reiko (sussurrando): Shhhhh. Eles vão nos ouvir.

Shaoran pega a mão de Sakura.

Shaoran: Você viria comigo?
Sakura: Mas... mas eu nem te conheço...
Shaoran: É verdade. Mas quando você caiu daquela árvore sobre mim, quando eu olhei diretamente em seus olhos, nesses belos olhos verdes, senti algo diferente. Senti como se você fosse um alguém muito especial, como... como...
Sakura: Como se fosse parte de mim.
Shaoran: Você também sentiu?
Sakura (procurando desviar o olhar): S-sim.... quando eu o vi descer da limusine. Pode parecer besteira, mas senti como se houvesse algo que nos ligasse. Isso seria impossivel, já que essa é a primeira vez que nos encontramos.

Kazuko faz menção de se levantar e acabar com a cena romântica, mas Reiko a segura com todas as suas forças e fecha a boca da amiga.

Shaoran: Talvez seja isso que eles chamem de almas gêmeas.
Sakura: Almas gêmeas?
Shaoran: Sim. Duas almas que se atraem e se completam. Duas almas unidas por um elo mais forte que qualquer coisa já vista pelo homem...
Sakura (colocando a mão no peito): Um elo...
Shaoran: Como eu disse, nunca pretendi me casar cedo... ainda sou novo... tenho um mundo todo para visitar e conhecer...

Shaoran aproxima seu rosto do rosto de Sakura. Kazuko começa a se debater violentamente. Reiko não conseguiria segurá-la por muito mais tempo.

Shaoran: Mas eu adoraria viajar o mundo ao seu lado... então eu preciso de uma resposta. Você viria comigo?
Sakura (fechando os olhos): Eu... eu...

Shaoran se aproxima ainda mais e Sakura não tem qualquer reação, apenas quer deixar tudo acontecer, deixar seus sentimentos fluirem. Kazuko empurra Reiko e se levanta, derrubando a lixeira onde estava escondida no processo.

Kazuko (gritando com todas as suas forças): Vocês não podem fazer isso!
Sakura: Hoe?
Shaoran: Hã?

Sakura e Shaoran se afastam e olham da indignada Kazuko para a pobre Reiko, que estava se levantando do chão.

Shaoran: Quem são vocês?
Sakura (apontando para Reiko): Ei! Você é a menina dos hospital!
Reiko: Eu... hã... bem... tenho certeza que consigo uma boa explicação para isso...
Noiva: SHAORAN LI!

Os quatro olham para trás, perplexos. Havia mulher se aproximando. Ela usava um vestido de noiva todo rasgado e sua maquiagem estava toda borrada, aparentmente por culpa de lágrimas.

Reiko: Essa é a noiva?
Kazuko: Isso não é nada bom...
Reiko: Você a conhece?
Kazuko: Ela é da minha escola no mundo normal... seu nome é Yuriko Yanagisawa.

Yuriko se aproxima e começa a dar leves socos no peito de Shaoran.

Yuriko: O que você pensa que está fazendo? Você não pode me abandonar assim!

Yuriko joga uma carta amassada no chão.

Yuriko: Nossas familias tem um acordo. Se você partir agora, vai provocar uma guerra.
Shaoran: Se nossas familias querem tanto entrar numa guerra, então não há nada que eu possa fazer quanto a isso.
Yuriko: Por que? Por que está fazendo isso? Eu posso te amar como você deseja! Posso me tornar a mulher que você deseja!
Shaoran: Não. Você não pode. Você é egoísta, é uma pessoa falsa e têm o coração mais frio que já vi. Você não me ama de verdade. Só não suporta a idéia de não conseguir algo que quer... afinal, a poderosa empresária e atriz Yuriko Yanagisawa sempre consegue aquilo que quer...
Sakura (um pouco sem graça): Hã... eu acho melhor deixar vocês a sós...

Sakura começa a se afastar, mas Yuriko a segura pelo braço.

Yuriko: É por ela que você vai pôr tudo a perder? Por uma garota que ninguém nunca ouviu falar? Por alguém sem nenhum poder?

Shaoran puxa o braço de Yuriko e a empurra para longe de Sakura.

Shaoran: Poder não é o mais importante. Você já devia saber disso.
Yuriko: Você não pode fazer isso comigo... não pode me deixar ser humilhada na frente de todos aqueles reporteres... não pode me largar à beira do altar...
Shaoran: Por que não paga os reporteres para escrever alguma boa história sobre seu precioso casamento? Subornar as pessoas é o que você faz de melhor.

Shaoran começa a se afastar, puxando Sakura pelo braço. Yuriko começa a gargalhar debilmente, seus olhos mostrando certa loucura. Reiko e Kazuko resolvem apenas seguir o casal para longe. Ficar perto da noiva não parecia uma boa idéia no momento.

Sakura: Você tem certeza que essa é a melhor forma de resolver as coisas? Vocês não poderiam tentar terminar o relacionamento de vocês de maneira amigável?
Shaoran: Isso é o mais amigável que Yuriko consegue entender.

Sakura pára de andar.

Sakura: Eu não quero ser a razão da sua fuga. É muita responsabilidade para mim...
Shaoran: Não precisa se sentir pressionada. Eu iria fugir de qualquer jeito. O destino foi generoso conosco e fez nossos caminhos se cruzarem antes de eu partir.
Reiko: Cuidado!

Reiko se joga sobre Shaoran, ambos caindo para o lado. Kazuko acaba fazendo o mesmo com Sakura, protegendo-a. O lugar onde estavam é atingido por uma bola de fogo. Yuriko estava com seu braço direito estendido, a mão produzindo chamas.

Yuriko: Se eu não posso ter você para mim, se não posso ter você como meu brinquedinho particular... então ninguém o terá! Nem mesmo essa idiota de olhos verdes!

A mão de Yuriko produz uma rajada de fogo que é lançada contra Sakura.

Shaoran: Sakura!

Kazuko se posiciona a frente dela e ergue seus braços. Um escudo mágico é criado e protege ambas das chamas. O fogo acaba se espalhando e incendiando a barraca de tiro ao alvo.

Sakura (tremendo de medo): C-como ela...? C-como você? Fogo? Escudo? E-eu n-não entendo...
Kazuko: Agora você sabe como eu me senti...
Shaoran: Pare com essa loucura, Yuriko! Têm muitas pessoas inocentes no parque!
Yuriko: Os que sobreviverem serão testemunhas do que acontecerá aqui. Todos saberão que uma fã desmiolada apareceu do nada e tentou matar a mim e ao meu noivo... infelizmente ela e meu noivo morreram no processo...
Shaoran: Ninguém vai acreditar em tamanha mentira!
Yuriko: Vão acreditar depois que pagar as pessoas certas para fazer a historia parecer real. Todos ficarão com pena da pobre viúva Yuriko...

Yuriko dispara outra rajada de fogo e mais uma vez o escudo de Kazuko protege Sakura.

Yuriko: Saia do meu caminho, feiticeira mirim.
Kazuko: Sinto muito. Não vai rolar.
Sakura: F-feiticeira?

Shaoran faz menção de partir para cima de Yuriko, mas Reiko o segura.

Reiko: Ela é perigosa. Você vai se ferir.
Shaoran: Você não devia estar aqui, menina. Não percebe que é perigoso? Yuriko é uma feiticeira poderosa.
Reiko: O que?

Reiko nota que havia algo na mão esquerda de Yuriko. A revoltada noiva estava segurando um pingente familiar. Tratava-se de uma esfera de vidro rodeada por dois pequeninos dragões. Dentro da esfera haviam chamas crepitando. Yuriko ergue o pingente no ar.

Yuriko: Chave que guarda o poder do sol...

Um círculo mágico feito de chamas se forma aos pés de Yuriko.

Yuriko: ... acenda a brasa dentro de minha alma e ofereça seus poderes a destemida Yuriko que aceitou esta missão...

O pingente começa a flutuar no ar e Yuriko estende seus braços para ele.

Yuriko: LIBERTE-SE!

O pingente é envolto em chamas e sua forma é alterada. Ele se transforma numa longa espada, cujo cabo possuía o desenho de diversos dragões se entrelaçando, e cuja lâmina estava sempre em chamas.

Reiko: Essa não! Ela possui a Brasa Solar... a espada mágica da onee-chan...

Yuriko aponta a espada para Sakura e Kazuko.

Reiko: Fuja, Kazuko! Você não vai conseguir se defender dos ataques dessa espada! As chamas dela são muito poderosas!

Yuriko faz a espada disparar uma rajada de fogo, uma mais potente que as anteriores. Kazuko empurra Sakura para o lado e ambas se salvam no ultimo instante.

Kazuko: Corra, Sakura! Corra!

Sakura prontamente obedece e começa a correr para longe, com Kazuko logo atrás dela. Yuriko, então, se volta para Shaoran e Reiko e dispara uma rajada de fogo contra eles. Shaoran pega um amuleto e o converte numa espada mágica.

Shaoran: Dragão do vento, obedeça o meu comando!

Shaoran abraça Reiko pela cintura. Ambos são envolvidos por um redemoinho de vento e alçam vôo, esquivando-se da rajada de fogo. As chamas vão se espalhando ainda mais pelo parque, atingindo mais brinquedos e barracas e queimando algumas cordas onde haviam sido pendurados alguns enfeites. As pessoas que estavam trabalhando na vindoura festa começam a correr, assustadas. Reiko e Shaoran pousam no topo da pista da montanha-russa. Yuriko dá uma gargalhada maléfica. Ela morde a ponta de um de seus dedos e deixa uma gota de sangue cair sobre a lâmina da Brasa Solar.

Yuriko: Aceite esta humilde oferenda e venha em meu auxilio. Erga-se, Purificador, e empreste-me suas chamas para expurgar o mal dessa terra!

A espada Brasa Solar emite uma forte luz dourada. Um leve tremor toma conta do parque e uma bola de fogo se forma no céu. A bola de fogo vai se modificando rapidamente até tomar a forma de um gigantesco dragão. Reiko fica observando toda a invocação, atônita.

Reiko: E-ela c-consegue controlar... a besta de fogo?

Yuriko acaricia a cabeça do dragão, que havia se aproximado de sua mestra no aguardo de ordens. A noiva parecia ser imune as chamas e não tinha nenhum medo de se ferir.

Yuriko: Faça um favor para mim, querido. Queime aquelas duas idiotas que acham que podem fugir do meu poder.

O Purificador prontamente obedece e começa a voar pelo parque, espalhando chamas por onde passa. O palco é completamente destruído quando a criatura passa por ele. Alguns seguranças atiram com suas armas, tentando ferir a criatura, mas tudo que conseguem é irritá-la. O Purificador solta um rosnado de fúria e ataca os seguranças com uma rajada de fogo. Os seguranças conseguem se salvar, mas as chamas acabam incendiando a mansão, provocando ainda mais pânico. O drgão ígneo segue seu caminho pelo parque, procurando por Kazuko e Sakura e queimando tudo em seu caminho.

Shaoran coloca as mãos nos ombros de Reiko.

Shaoran: Procure um lugar seguro! Eu vou deter essa maluca!
Reiko: N-não. Espere...
Shaoran: Dragão do gelo, obedeça ao meu comando!

Shaoran cria uma rampa de gelo e desliza até Yuriko, tentando golpeá-la com sua espada. A noiva contra-ataca com uma rajada de fogo da Brasa Solar. Shaoran se esquiva e tenta uma rasteira em sua adversária. Yuriko salta, dá uma cambalhota no ar e tenta um golpe nas costas de Shaoran, mas o rapaz consegue defender o ataque com sua espada. Shaoran coloca sua mão no chão.

Shaoran: Dragão da terra, obedeça ao meu comando!

Um pilar de pedra se forma e arremessa Yuriko no ar. Ao cair, Yuriko bate sua espada com força no chão, provocando um rastro de fogo que se move em direção a Shaoran. O rapaz gira seu corpo para o lado, esquivando-se das chamas, se levanta e parte para cima de sua adversária. Yuriko segura a lâmina da espada de Shaoran, ignorando o sangue e a dor que se formava em sua mão.

Yuriko: Te peguei!

Yuriko dispara uma rajada de fogo a queima roupa. Atingido, Shaoran é lançado no ar e vai parar sobre uma das cabines da roda gigante. Mesmo ferido, Shaoran consegue se reerguer. Sua espada havia caído sobre outra cabine da roda gigante.

Yuriko (sorrindo maleficamente): Acho que vou ficar viúva antes mesmo de casar...

Yuriko dá um golpe com sua espada no ar. Uma forte onda de chamas atravessa a roda gigante, provocando sua explosão em pedaços.

Reiko: Shaoran!

Reiko fica aliviada ao perceber que o chinês havia sobrevivido. Enquanto os escombros da roda gigante vão caindo, Shaoran vai saltando sobre eles e consegue pegar sua espada de volta. E consegue bem a tempo. Yuriko também estava pulando pelos destroços da roda gigante e tenta um golpe com sua espada, mas Shaoran consegue se defender. Os dois seguem batalhando ferrenhamente, saltando de destroço em destroço e mostrando extrema pericia com a espada.

Reiko: Tenho que fazer alguma coisa... tenho que fazer alguma coisa...

Reiko começa a correr pela pista da montanha russa. Quando chegam ao solo, Shaoran consegue afastar Yuriko com uma rajada de vento, mas a noiva o atinge com uma rajada de fogo.

Reiko: Eu não tenho magia... o que posso fazer?

Reiko percebe uma movimentação do outro lado da montanha russa. Kazuko e Sakura estavam correndo rumo a uma ladeira na lateral do parque onde os visitantes costumam fazer piqueniques. Em seu encalço estava o Purificador, espalhando seu calor infernal por onde passava. Reiko pega uma das cartas Sakura na bolsa e começa a analisá-la.

“O símbolo no fundo da carta... o símbolo ainda é o mesmo!”

A menina dá um tapa na própria cabeça.

Reiko: Como sou burra! Apesar de todas as mudanças na realidade, as cartas continuaram as mesmas. Por isso a Kazuko não pôde usá-las... os itens mágicos por algum motivo ainda pertencem a Sakura!

O Purificador alcança seus alvos e prepara uma rajada de fogo. A proximidade era muito grande, o que impedia uma esquiva. Kazuko se põe diante de Sakura e estende seus braços, criando novamente um escudo mágico.

Reiko: Ai, ai, ai... o que a onee-chan faria se estivesse aqui?

O Purificador abre sua boca. Reiko percebe uma corda caída numa parte da pista da montanha russsa. Era uma das cordas que eram usadas para pendurar os enfeites da festa pós-casamento.

Reiko (sentindo os joelhos tremerem): É verdade... ela faria algo estúpido...

Reiko respira fundo, agarra a corda e a usa para se balançar no ar.

Reiko: Ahhhhhhhhh!

Reiko consegue atingir Sakura e tirá-la da rota de perigo. Kazuko não tem a mesma sorte. O Purificador dispara sua rajada de fogo. As chamas atravessam o escudo e atingem Kazuko.

Reiko: KAZUKO!

Sakura e Reiko vão parar na ladeira e rolam um longo caminho até sua base, ganhando algumas escoriações no processo. Reiko logo se levanta e olha para o topo da ladeira, mas tudo o que consegue ver são chamas.

Reiko: Quente, quente, quente!

Reiko percebe que seu tapa-olho havia pegado fogo. Ela o retira e o joga no chão, pisando sobre ele para apagar o fogo. Infelizmente o tapa-olho já não poderia ser mais usado. Reiko se concentra para ignorar o poder de seu olho direito.

Sakura: Por que isso está acontecendo? Eu não entendo... como eles podem fazer isso? Como pode existir uma criatura feita de fogo?

Sakura estava caída no chão, tremendo de medo. Lágrimas desciam de seus olhos. Reiko ajuda Sakura a se levantar.

Reiko: Por favor, eu preciso de sua ajuda. Não temos muito tempo.

O Purificador havia começado a descer a ladeira. Reiko retira as cartas mágicas e a chave mágica e as coloca nas mãos de Sakura.

Sakura (olhando, confusa, para os objetos em suas mãos): Mas o que é isso?
Reiko: Estes são seus itens mágicos. Eu preciso que você os ative.
Sakura: O que?! Do que você está falando?! Eu não posso fazer isso! Sou só uma garota normal!

O Purificador seguia se aproximando. Suas chamas já haviam provocado um incêndio nas árvores próximas.

Reiko: Eu conheço você! Eu admiro você! Sei tudo sobre suas façanhas! Eu sei que Sakura Kinomoto é capaz de fazer coisas que ninguém mais pode!
Sakura: Eu... eu...
Reiko: Uma vez você me pediu que eu confiasse em você... você foi fabulosa... salvou todas aquelas pessoas...
Sakura: D-do que você está falando...?
Reiko (com lágrimas nos olhos): ... agora, eu te imploro. Confie em mim. Confie em mim e poderemos salvar a todos esta noite. Confie em mim e poderemos salvar este mundo!
Sakura: Eu... eu...

Sakura olha de Reiko para o dragão ígneo que se aproximava. Ela suspira fundo, tentando ganhar coragem.

Sakura: O que devo fazer?

Reiko sorri.

Reiko: Apenas erga a chave mágica e repita o que eu disser. Não tenho medo. Vai dar tudo certo.

Sakura ergue a chave mágica com sua mão direita.

Reiko: Chave que guarda o poder da minha estrela...
Sakura: Chave que guarda o poder da minha estrela...

Um reluzente círculo mágico se forma aos pés de Sakura.

Reiko: ... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós...
Sakura: ... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós...

A chave mágica começa a flutuar no ar. Os olhos de Sakura começam a brilhar, emitindo uma forte luz rosa. Ela sai do chão, levitando alguns centímetros. Reiko fica confusa. Não esperava esta estranha reação.

Reiko: Sakura? Sakura, você está bem?
Sakura: ... e ofereça-os a valente Sakura que aceitou esta missão...

Sakura fecha seus olhos e estende seus braços.

Sakura: LIBERTE-SE!

A chave mágica se converte no poderoso báculo de estrela. Sakura o agarra e pousa no chão.

Reiko: Você conseguiu! Invocou o poder da estrela!

Reiko abraça Sakura, que abre seus olhos e aparenta estar confusa.

Sakura (olhando para os lados): Hoe? Onde eu estou?

O Purificador dispara uma rajada de fogo. Sakura, instintivamente, saca uma de suas cartas mágicas.

Sakura: SALTO!

Sakura agarra Reiko e salta para o topo da ladeira. Ela fica surpresa ao ver o parque em chamas.

Sakura: O que está acontecendo? Quem é você?
Reiko: Incrivel... parece que o espírito da verdadeira Sakura desta realidade voltou...
Sakura: Espírito? Do que você está falando?

Sakura vê o reflexo de si mesma num espelho partido de uma das barracas em chamas.

Sakura: HOEEEEEEEEEEEE!

Sakura começa a apalpar seu próprio corpo, extremamente confusa.

Sakura: O que houve com meu corpo?
Reiko: Este é seu corpo quando você tiver cerca de 20 anos...
Sakura: O que?! Mas eu ainda sou uma adolescente de 13 anos!

Reiko começa a andar e Sakura a segue.

Sakura: Espera! Você tem que me explicar o que está acontecendo! Onde estou e de onde saiu aquele dragão de fogo?
Reiko: Temos que encontrar uma pessoa! Rápido!

Reiko olha para todos os lados procurando uma pista. Então ela ouve um gemido vindo debaixo de alguns escombros.

Reiko: Me ajude aqui, por favor.
Sakura: MOVIMENTO!

Sakura faz um gesto com seu báculo e os escombros voam para longe, revelando que a pessoa que estava soterrada era Kazuko. A menina tinha escoriações por todo o corpo, que também estava soltando muita fumaça.

Sakura: K-kazuko?

Reiko abraça Kazuko e a ajuda a se levantar.

Reiko: Eu pensei que tivesse te perdido!
Kazuko: Aparentemente sou mais resistente do que pareço...
Sakura: Você está bem, Kazuko?

Kazuko nota o báculo nas mãos de Sakura.

Kazuko: Você... você é a verdadeira Sakura?
Sakura: Como assim a verdadeira Sakura? Você conhece outra Sakura além de mim?
Kazuko (com lágrimas nos olhos): SAKURA!

Kazuko se joga nos braços de Sakura e acaba derrubando-a.

Sakura: Ei! Devagar, Kazuko...
Kazuko: É muito bom ter você de volta!

Kazuko dá um tapa no rosto de Sakura.

Sakura (passando a mão no rosto): Ai!
Kazuko: Agora, pelo amor de Deus, conserte essa bagunça!

Reiko ajuda Sakura e Kazuko a se levantarem.

Yuriko: Lá estão elas!

Yuriko estava sentada na cabeça do Purificador. O dragão ígneo dispara uma rajada de fogo.

Sakura: VENTO!

Sakura cria uma gigantesca barreira de vento que bloqueia as chamas.

Yuriko: Não pode ser! Como foi que essa ladra de maridos ganhou poderes mágicos?!
Sakura: ÁGUA!

Sakura conjura um jato d’água que atinge e afasta momentaneamente o dragão ígneo.

Sakura: É impressão minha ou aquela mulher no vestido de noiva é a Yuriko?
Shaoran: Sakura!

Sakura fica surpresa ao ver uma versão mais velha de Shaoran vir ao seu encontro e abraçá-la.

Shaoran: Que bom que você está bem!
Sakura: Eu estou muito confusa agora... a ultima coisa que me lembro era de estar numa lanchonete e...

Reiko pega a mão de Sakura.

Reiko: Eu me chamo Reiko e vim do futuro. Provavelmente do seu futuro.
Sakura: Do futuro?
Shaoran: De que insanidade está menina está falando?
Reiko: A magia do caos que você está combatendo... ela provocou toda essa confusão.
Sakura: A magia do caos?
Reiko: Sim. Ela provocou uma fenda no tempo e espaço que tornou as realidades instáveis. Por causa disso, eventos de outras realidades estão se misturando com a sua realidade...
Sakura: Então é por isso que eu e o Shaoran estamos em corpos mais velhos... agora faz sentido...
Shaoran: Que conversa é essa? Não estou entendendo.
Sakura: Mas por que vocês não foram afetadas?
Kazuko: Não sabemos. Talvez por sorte. O importante é que conseguimos reter nossas memórias e estamos tentando colocar tudo no lugar.
Reiko: Você precisa fechar a fenda no espaço/tempo com a carta Tempo! É o único jeito!
Kazuko: Ainda temos um problema para resolver...

Todos olham para Kazuko.

Kazuko: Não sabemos onde a fenda está. Aquela feiticeira nos disse que precisaríamos chegar a fenda para poder fechá-la.
Reiko: Eu posso achá-la.
Sakura: O que?

Reiko aponta para seu olho direito.

Reiko: Meu olho amaldiçoado pode ver coisas que ninguém pode. Tenho certeza que consigo encontrar a aura da fenda.
Shaoran: Olho amaldiçoado?
Kazuko: Mas você tem medo de usar esse poder...

Reiko dá uma breve olhada ao seu redor. Ela podia ver algumas criaturas, similares a sapos, se divertindo nas chamas. Ela não tinha certeza, mas apostaria que eram demônios.

Reiko: Eu consigo. Se vocês estiverem comigo, eu consigo.
Sakura (colocando a mão no ombro de Reiko): Pode contar comigo.
Kazuko: E comigo também.

O Purificador volta a se aproximar, guiado por Yuriko. Shaoran se aproxima de Sakura.

Shaoran: Você acredita na história delas?
Sakura: Acredito. O que elas disseram é a verdade. Eu tenho que ajudá-las.
Shaoran: Então vocês devem partir. Eu vou segurar Yuriko o máximo que puder.
Sakura: Mas, Shaoran...
Shaoran: Não se preocupe. Eu sou um guerreiro nato. Ficarei bem. Se vocês conseguirem fazer o que tem de fazer, tenho certeza de que nos encontraremos de novo.
Sakura: Certo. Tenha cuidado.

Sakura e as meninas se preparam para partir. Entretanto, Shaoran segura Sakura pelo braço.

Shaoran: Só mais uma coisa...

Shaoran puxa Sakura para perto dele e a beija. Uma veia salta na testa de Kazuko, que só não faz nada porque Reiko a segura. Assim que termina o beijo, Shaoran sorri para Sakura.

Shaoran: Um beijo de boa sorte.

Reiko nota que o rosto de Sakura havia corado de uma forma nunca vista antes, atingindo um novo tom de vermelho. Parecia até que havia fumaça saindo da cabeça da herdeira de Clow.

Sakura (a voz trêmula): Be... be... be... be...
Reiko (rindo): Essa vai ser uma boa história para contar... sobre seu primeiro beijo.
Sakura (colocando as mãos no rosto, envergonhada): HOEEEEEEEEEE!
Kazuko (visivelmente irritada): Vamos logo!

Sakura saca uma de suas cartas e sinaliza para que Reiko e Kazuko se aproximem delas.

Sakura: FLUTUAR!

Sakura, Reiko e Kazuko são envoltas por uma esfera mágica, uma espécie de bolha quase transparente e levantam vôo. O Purificador inicia seus ataques e Shaoran o combate com toda a sua magia.

Sakura: Para que direção, Reiko?

Reiko olha para o horizonte. Ela podia ver diferentes tipos de auras, de diferentes intensidades e cores. Ela não tinha certeza de qual escolher, entõ opta pelo que parecia mais estranho.

Reiko (apontando): Têm um clarão diferente vindo dali!
Kazuko: É o centro comercial da cidade!
Sakura: Vamos lá!

A bolha vai se afastando do parque. Yuriko inda tenta um ataque com suas chamas, mas seu alvo já estava além do seu alcance. Após alguns minutos de vôo, as três meninas passam a flutuar sobre o centro comercial da cidade de Tomoeda. Reiko seguia apontando a direção do clarão.

Kazuko: Reiko... como você vai saber que essa aura que estamos seguindo é a fenda? Você nunca a viu com o seu olho direito... não sabe como ela é...
Reiko: Nós temos que arriscar, Kazuko. Não sabemos quanto tempo ainda te... Arghhhhh!

Reiko e Kazuko começam a se contorcer de dor dentro da bolha.

Sakura: Reiko? Kazuko? O que houve?
Reiko: A... A realidade está mudando de novo...

Reiko e Kazuko podiam sentir o som da estranha sirene reverberando em suas mentes. Sakura nota que sangue estava começando a escorrer dos olhos, ouvidos e nariz de Reiko e Kazuko.

Sakura: Meu Deus! Tenho que levar vocês para um hospital!
Kazuko: Não! T-temos que continuar... se a realidade... se mudar de novo... podemos não aguentar...
Reiko: Arghhh!
Sakura: Eu não posso deixar vocês assim!

Sakura pousa a bolha numa calçada e desfaz sua magia. Por sorte, aquela área sempre ficava um pouco deserta a essa hora da noite. Sakura coloca Reiko e Kazuko encostadas numa caixa de correio.

Sakura: Eu não consigo sentir... vocês têm que me dizer onde está!
Reiko: O clarão... posso ver... se expandindo...

Reiko tenta erguer seu braço para apontar o caminho, mas acaba desmaiando de tanta dor.

Sakura: Reiko! Acorda!

Sakura começa a balançar Reiko, tentando acordá-la. Kazuko começa a olhar para os lados, tentando imaginar para onde Reiko iria apontar.

Kazuko (murmurando): Tanta dor... difícil pensar...

Aquela rua tinha uma loja de livros, uma lanchonete, uma mercearia, uma confeitaria, entre muitas outras lojas, todas fechadas no momento. Nada que chamasse a atenção de Kazuko. A menina podia ver o clarão se expandindo, mas não sabia dizer seu ponto de origem ao certo.

Sakura: Kazuko, fique aqui! Eu vou tentar encontrar a fenda!

Kazuko não tem nem forças para protestar. Sakura começa a correr pelas lojas, se esforçando para tentar sentir a aura ou pelo menos conseguir ver o clarão que afetava suas amigas. Kazuko podia ver o clarão se expandindo e quase engolindo Sakura.

Kazuko: Sakura... arghhh... o clarão vai te pegar...
Sakura: TEMPO!

A magia ativada por Sakura impede o avanço do clarão. Na verdade, ele começa a retroceder.

Sakura: Funcionou? Kazuko, por favor, me diga se funcionou!
Kazuko: Está... está retrocedendo...

Sakura estava começando a suar.

Sakura: Isso... isso exige demais de minha magia...

Conforme o clarão vai retrocedendo, torna-se possível ver novamente as lojas que já haviam sido engolidas. Ela podia ver as mesas da lanchonete Piffle. Se lembrava de estar passando a tarde com Sakura e as amigas antes de tudo aquilo começar. Quase em frente a lanchonete ficava a confeitaria Tirol, que era gerenciada por dois amigos seus.

Kazuko: Espera um pouco...

Kazuko se lembra da conversa que havia tido com a feiticeira Sonomi. Fora dito que ela podia ter passado pela anomalia, sentido uma sensação estranha, mas não ter dado atenção a isso.

Reiko havia despertado. Os efeitos da mudança de realidade estavam mais fracos, permitindo que ela se recuperasse um pouco.

Reiko: O que... o que está acontecendo...?
Kazuko (murmurando): E se... e se outra pessoa passou pela anomalia, mas não deu atenção?
Reiko: Kazuko?

Kazuko se levanta com dificuldade, se apoiando num poste.

Kazuko: SAKURA!

Sem parar de apontar o báculo para frente, Sakura se volta para Kazuko.

Kazuko: A fenda está no beco ao lado da confeitaria Tirol!
Sakura: Como você sabe?
Kazuko: Shaoran olhou de maneira estranha para aquele beco quando compramos o bolo para o nosso piquenique de amigo oculto! Ele também pode sentir essas coisas de magia, não é?
Sakura (acenando com a cabeça): Certo! Agora é minha vez!

Sakura foca sua magia. Ela vai caminhando rumo a confeitaria Tirol, e o clarão vai retrocedendo a cada passo seu. Kazuko e Reiko vão seguindo a herdeira de Clow, caminhando com dificuldade, ainda fracas por causa dos efeitos da fenda. Sakura chega ao beco e encontra um foco de luz no fundo do beco. Era uma situação estranha. Parecia que algo havia feito um corte no ar e deixado uma fenda, de onde emergiam ocasionalmente alguns raios. Era uma fenda do tamanho de uma pessoa adulta e era possível ver imagens dentro dela. A sensação era de estar olhando para algum lugar por um buraco na parede.

Reiko: Você tem que fechá-la! Sele a fenda!

O báculo de estrela emite uma forte luz rosa, que é disparada contra a fenda dimensional. O clarão desaparece por completo e a fenda começa a se fechar. Os efeitos agressivos da mudança de realidade desaparecem por completo. O céu fica completamente branco e uma leve ventania se inicia.

Reiko: A fenda está se fechando! A realidade vai começar a regredir ao seu estado original...
Kazuko (suspirando aliviada): Ela conseguiu... a Sakura conseguiu...
Sakura: Não. Todas nós conseguimos.

Reiko abraça Kazuko.

Kazuko: R-reiko?
Reiko: Estamos indo para casa... acho que isso é um adeus...

Kazuko acaricia o rosto de Reiko.

Kazuko (sorrindo gentilmente): Vou sentir falta desse olho verde bizarro...
Reiko: Fico muito feliz de ter te conhecido, Kazuko.
Kazuko: Eu também. Foi um prazer viajar ao seu lado.
Reiko: Eu posso te fazer um ultimo pedido?
Kazuko: Claro.
Reiko: Por favor... tome conta de Sakura e Shaoran... eles vão precisar de toda a ajuda possível...

Kazuko fica surpresa com o pedido.

Kazuko (sem muita firmeza na voz): Vou... vou fazer o melhor que puder.
Reiko: O-obrigada.

Reiko caminha até Sakura. A herdeira de Clow ainda estava apontando se báculo para a fenda, garantindo que sua magia a fecharia por completo. Reiko fica parada ao lado de Sakura.

“Ficar assim, ao lado dela... isso traz tantas lembranças...”

Reiko abraça Sakura com força.

Sakura (confusa): Reiko?

Sakura nota que os olhos de Reiko estavam cheios de lágrimas, lágrimas que ela não consegue conter e que começam a ser derramadas.

“Eu queria poder ficar assim para sempre...”

Reiko fecha seus olhos. Em sua mente começam a surgir imagens de seu passado, imagens de dias felizes.

FLASHBACK 1

O parque não estava muito movimentado naquele inicio de noite. Ele não era muito grande nem possuía muitos brinquedos, mas com certeza o espaço servia muito bem para a diversão das crianças das redondezas.

Reiko estava sentada perto de uma dos escorregadores. Ainda era apenas um bebê. Estava usando uma roupa rosa e brincava, despreocupada, com um urso de pelúcia. Jade, sua irmã mais velha, estava sentada ao seu lado, brincando com um robô de brinquedo. Seus já grandes cabelos negros estavam presos com um laço verde. Ambos os bebês estavam sendo observados pela mãe, que havia saído há pouco do trabalho, e pelo pai, que tivera um merecido dia de folga. A mãe aponta uma câmera para as duas meninas, o que deixa Reiko muito feliz.


Mãe (batendo uma foto): Olhem para a mamãe e para o papai, meninas. Sorriam!

Reiko ergue as mãos no ar, gesticulando como se quisesse pegar a câmera para si.

Pai: Aposto que eu consigo fazer uma delas andar primeiro.
Mãe (erguendo uma sobrancelha): Ah é? Desafio aceito.

A mãe se ajoelha diante de Reiko. Estava há cinco passos de distância da filha.

Mãe (gesticulando): Vêm para a mamãe, Rei-chan. Vêm.

Reiko sorri para a mãe, mas prefere continuar abraçando seu urso de pelúcia.

Mãe (um pouco desapontada): Ah, filha...
Pai (piscando): Aprenda como se faz...

O pai também se ajoelha e abre os braços. Ele encara os belos olhos verde-esmeralda de Jade.

Pai (gesticulando para a filha mais velha): Ei! Jade! Que tal um abraço voador com o papai?

Jade abre um sorriso, larga seu robô e se apóia em seus braços. Lentamente a menina se põe de pé.


Mãe (com as mãos na boca): Ah, meu Deus. Ela vai conseguir!
Pai (batendo palmas): Isso, filha. Você consegue. Venha até o papai...

A mãe pega uma filmadora em sua bolsa e começa a registrar tudo. Jade consegue dar um passo com sucesso, mas, ao dar o passo seguinte, acaba caindo sentada no chão. O pai fica preocupado e vai até a menina, apenas para constatar que estava tudo bem. Jade começa a rir e a bater palmas.

Mãe: Qualquer outra criança teria chorado...
Pai: Mas nossas filhas são especiais...

O casal se entreolha e sorri. O pai pega Jade no colo.

Pai: Agora é hora do abraço voador!

O pai começa a girar seu corpo, fazendo Jade ter a impressão que está voando. A menina abre os braços e cai na gargalhada. Ainda sentada no chão, Reiko bate palmas e também começa a rir, se divertindo com tudo que estava acontecendo. A mãe a pega no colo e a enche de beijos.

FIM DO FLASHBACK

FLASHBACK 2

Reiko tinha apenas 5 anos. Havia sido levada para a escola pela mãe, que aguardava no portão a filha entrar no prédio da escola. Reiko dá alguns passos mas, muito insegura, acaba dando meia volta e se jogando no braços da mãe.

Mãe: O que foi, Reiko?
Reiko: Eu não quero ficar longe da mamãe. Vou me sentir muito sozinha...
Mãe: Como assim, minha filha? Você vai estar cercada de muitas crianças da sua idade. Vai poder fazer muitos amigos. E além do mais, sua irmã também está estudando aqui. Ela já está na sala de aula te esperando...
Reiko: Eu não consigo fazer amigos... ninguém gosta de brincar comigo... nem a onee-chan gosta... só a mamãe gosta da Reiko...

Algumas lágrimas começam a escorrer pelo rosto da jovem Reiko.

Reiko: Eu não quero ficar sozinha aqui, mamãe.

A mãe fica comovida e acaricia carinhosamente a cabeça da filha. Em seguida ela abre uma sacola que estava carregando consigo.

Mãe: Eu estava pensando em guardar isso para depois, mas...

A mãe se agacha diante de Reiko e entrega um presente para ela. Era um bicho de pelúcia, uma ovelha de pelúcia amarela e branca. Reiko fica olhando para o bicho de pelúcia em suas mãos com um olhar confuso.

Reiko: Presente...?
Mãe: Sim. Um presente para você. Essa é uma ovelha mágica, sabia? Sempre que você se sentir para baixo ou se sentir sozinha, basta abraçá-la com toda a força... se você fizer isso, a ovelha vai te passar uma energia tão forte que você vai ser capaz de fazer qualquer coisa que desejar do fundo do coração.
Reiko (os olhos brilhando de entusiasmo): Incrível...
Mãe (sorrindo): É mesmo, não é? Se você tiver problemas para fazer amigos, peça a ajuda da ovelha e tente novamente. Tenho certeza que, se você se esforçar, vai conseguir fazer tudo o que deseja.

A mãe beija a testa de Reiko.

Mãe: Agora... que tal ir para a sala de aula, minha filha?

Reiko olha para algumas crianças que entravam no prédio da escola. Ela ainda se sentia insegura para enfrentá-las sozinha. Reiko, então, respira fundo e abraça a ovelha de pelúcia com muita força.

Reiko (se voltando para a mãe): Até mais tarde, mamãe.
Mãe: Boa aula, filha.

E então Reiko sai correndo em direção ao prédio.

FIM DO FLASHBACK

FLASHBACK 3

O pai estava sentado no dojo da família conversando com alguns garotos de 12 anos. Todos eles estavam levemente machucados e olhavam amedrontados para a jovem Jade, que balançava uma shinai no ar.

Pai: E o que vocês aprenderam hoje?
Garoto 1: Que a sua filha é um monstro assassino?
Jade (uma veia saltando na testa): O que?

Jade acerta a shinai na cabeça do garoto com um movimento, fazendo surgir mais um galo. O pai ouve passos e por um momento pensa ver uma sombra embaixo da porta de correr do dojo. Ele ignora o fato e afasta Jade dos garotos, desarmando-a.

Pai: Quantas vezes eu já disse para controlar esse seu gênio, Jade?
Jade: Mas, papai... eles estão me provocando...
Pai: Violência não é a resposta para tudo. Você não pode machucar os alunos do dojo da sua tia. Entendido?
Jade (fazendo cara feia): Sim...

O pai novamente nota o movimento de uma sombra, dessa vez na porta do outro lado do dojo. Mais uma vez ele ignora o fato e segue sua conversa.

Pai: Hoje vocês puderam aprender que não devem subestimar seus adversários. Quando eu permiti que Jade os desafiasse, vocês a rotularam como um alvo fácil por ser uma garota de seis anos. Estou certo?
Garoto 2: S-sim... deveria ser fácil, se ela fosse uma garota normal...
Pai: Mas vocês não tinham como saber, não é? Vocês não terão um profundo conhecimento de todos os adversários que vão enfrentar, então têm que estar preparados para surpresas. E mais importante, nunca subestimem seu adversário.
Garoto 3: Depois dessa surra vergonhosa, acho que aprendemos a lição...

A sombra surge novamente atrás da porta do dojo.

Pai: Reiko! Pare de se esconder!

Silêncio. A porta se abre lentamente e Reiko dá um passo para o interior do dojo. Ela estava no auge dos seus 6 anos, usava um pijama rosa e estava abraçada a um ursinho de pelúcia. Olhava timidamente para todas as pessoas presentes na sala. O pai abre seus braços.

Pai: Venha aqui, Rei-chan.

Reiko sai correndo e se joga nos braços do pai.

Pai: Seja educada e cumprimente os visitantes do dojo.

Reiko esconde parcialmente seu rosto usando a manga da camisa de seu pai.

Reiko: B-bom dia...
Garotos: Bom dia!

Todos os garotos fazem uma reverência.

Pai: Viu só, Rei-chan? Não precisa ter medo deles. São todos boas pessoas. Me dêem só um minuto, garotos.
Garotos: Sim, senhor!

O pai pega Reiko no colo e a leva até a porta do dojo.

Pai: Você queria falar alguma coisa com o papai?
Reiko: Hmmm... zoológico.
Pai (dando um tapa na própria cabeça): Ah. É verdade. Eu tinha combinado de te levar no zoológico para tirar fotos, não é?
Reiko: S-sim. Papai prometeu.
Pai: Promessa é dívida. Vamos fazer o seguinte... você vai lá para a casa se trocar e buscar aquela câmera bonita que sua prima Sora te deu. Enquanto isso eu finalizo a aula e...
Garoto 1: Arghhhhh!

O pai olha para dentro do dojo e nota que Jade estava aplicando uma chave de perna num dos garotos.

Pai: JADE!

O pai coloca Reiko no chão e sai correndo para salvar o garoto de sua filha.

Pai: O que foi que eu disse sobre machucar os alunos da sua tia, hein?

Reiko fica apenas observando a situação e sorri.

FIM DO FLASHBACK

Sakura: Reiko? Reiko? Você está bem?
Reiko (tentando inutilmente enxugar as lágrimas): E-eu estou... é que... é que... eu sempre fui uma chorona... minha onee-chan sempre me critica por isso...
Sakura: Só espero que sejam lágrimas de felicidade, afinal, vamos todas para casa...
Reiko: São sim... acho... acho que nunca fui muito boa com despedidas...

“Eu não devia falar nada relacionado ao futuro... mas eu não posso me segurar... não posso partir sem me despedir apropriadamente... não dessa vez...”

Sakura (acariciando a cabeça de Reiko carinhosamente): Apesar do pouco tempo que ficamos juntas, foi um prazer te conhecer. Muito obrigada pela ajuda. Espero que você seja muito feliz. Adeus, Reiko.

Reiko desfaz o abraço e se afasta de Sakura alguns passos, acenando em despedida. Kazuko se aproxima de Sakura, ainda incerta do que aconteceria a seguir. A fenda se fecha por completo e uma forte luz branca começa a envolver a tudo e a todos.

Reiko (colocando a mão no peito): Quero que saiba que eu te amo muito... sempre te amei... sempre vou te amar...
Sakura (muito confusa): Como assim? Acabamos de nos conhecer...
Reiko: Eu não creio que isso seja um adeus... apenas um até logo... mamãe...
Sakura: Hoe?

Então uma última vez, tudo fica branco.

Rika: Sakura? Kazuko?

Sakura Kinomoto pisca por um instante, sua visão voltando a foco. Estava sentada numa das mesas em frente a lanchonete Piffle. Uma das garçonetes havia acabado de servir alguns sanduíches e sucos. Junto com Sakura na mesa estavam Rika Sasaki e Chiharu Mihara, além de Kazuko Nishimura.

Chiharu: Vocês estão bem? Ficaram pálidas de repente. Parece até que viram um fantasma...

Sakura olha para Kazuko, procurando saber se ela ainda se lembrava do que acontecera. Kazuko olha para Sakura e seu semblante muda completamente.

Kazuko: Com licença!

Kazuko se levanta abruptamente e sai correndo.

Chiharu: Kazuko!
Rika: O que será que deu nela?
Sakura: Eu vou atrás dela.

Sakura sai correndo e alcança Kazuko quando essa passava diante da entrada da reserva Saijou.

Sakura: Kazuko! Espera!

Sakura segura a amiga pela mão e nota que ela estava chorando.

Sakura (um pouco receosa): Kazuko? Você está bem? Você... você se lembra?
Kazuko: Se eu me lembro? Eu nunca vou esquecer! Foi provavelmente a situação mais bizarra pela qual já passei! Mas estando perto de você, eu já devo esperar esse tipo de desgraça a todo momento, não é?

Sakura se sente muito triste com as palavras de Kazuko. Apesar de não ser diretamente culpada do problema, era sua obrigação lidar com os efeitos da magia do caos. Ela pega um lenço e o oferece a Kazuko, que prontamente rejeita o gesto.

Sakura: Eu... eu realmente sinto muito. Eu nunca quis que você fosse envolvida em nada disso...
Kazuko: Mas eu fui envolvida, não é? E parece que não vou conseguir me livrar disso...

Kazuko olha para sua própria mão, se lembrando do momento em que perdera o controle sobre seus poderes. Ela cerra o punho com força e dá as costas a Sakura.

Kazuko: Eu passei por coisa horriveis, mas foi divertido conhecer a Reiko... ela é uma boa pessoa... sabe o que realmente me deixa irritada?
Sakura: N-não...
Kazuko: Eu visitei diversos mundos com versões alternativas das pessoas que conheço... mas em todos eles haviam uma única constante...
Sakura: Uma constante?

Kazuko se volta para Sakura.

Kazuko: Você e Shaoran! Em todos os mundos vocês sempre acabavam juntos! Como se luta contra o destino? Como se evita o inevitável? Me diga como fazer isso?
Sakura: K-kazuko...

Kazuko sai correndo, deixando uma aturdida Sakura para trás. Involuntariamente, a herdeira de Clow se lembra da batalha no parque e do momento em que a versão mais velha de Shaoran a beijara. Sakura coloca a mão nos lábios, como se quisesse lembrar a sensação.

Sakura: Inevitável?

FIM DO CAPITULO

No Próximo Capítulo: "Uma nova menina se transferiu para a escola Tomoeda e parece que o Shaoran caiu de amores por ela. Ai, ai, ai. Será que o nosso namoro realmente terminou e ele já me esqueceu? O que eu devo fazer agora? Ah. Eu espero que vocês estejam comigo no próximo capitulo de Card Master Sakura para dizermos juntos... LIBERTE-SE!"


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Notas finais do capítulo

Mais um capitulo entregue.

Espero que tenham se divertido com as diferentes versões dos personagens de CCS. Acabamos ganhando mais uma dúvida durante esse capitulo: o que Reiko viu em Kazuko? Como foi escrito nos comentários... será que ela é humana? Será que é algo mais?

Espero, também, que tenham gostado de conhecer a Reiko-chan, a futura filha de Sakura (isso se a magia do caos permitir que haja um futuro, não é?). E ai? O que vocês acharam da Rei-chan? Se gostaram dela, talvez fiquem felizes em saber que existe uma fanfic rascunhada envolvendo as irmãs Jade e Reiko. Quem sabe a fanfic não vai pra frente e eu também posto ela por aqui...

Tomara que vocês estejam se divertindo tanto quanto eu nessa historia. Até o próximo capitulo. ^^

Curiosidades:

— Shinai é uma espada de bambu feita para praticar artes marciais sem causar grandes lesões ao adversário.
— Shaoran e Kazuko compraram um bolo juntos para o amigo oculto na confeitaria Tirol, conforme visto no capítulo 9 (Um Presente para Tomoyo).



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