[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

(CONTINUANDO...)

Sakura e Kazuko são as primeiras a se levantar para ajudar o garoto chinês. A professora Akazawa corre até o menino para ver se ele está bem.

Professora Akazawa: O que aconteceu?
Kazuko: Não sabemos... o Li desmaiou do nada...
Sakura: Ele está passando mal...
Professora Akazawa: Hmmm...

A professora aponta sua mão direita para o peito de Shaoran e fecha seus olhos.

Tomoyo: O que a senhora está fazendo?
Professora Akazawa: Verificando se existe alguma energia ruim o envolvendo... aparentemente está tudo bem. Deve ser um problema físico e não espiritual.
Tomoyo (gota caindo): Entendo...
Sakura (muito aflita): Temos que levá-lo a enfermaria!
Professora Akazawa: Têm razão. Nishimura! Kinomoto! Me ajudem a levá-lo. O resto de vocês fica na sala aguardando o meu retorno ou o retorno do professor Terada. Comportem-se!

Dessa forma, Shaoran é levado à enfermaria. Ele é colocado numa cama e começa a ser tratado pela enfermeira de plantão, que no dia era a senhora Haruno. Sakura e Kazuko se sentam em cadeiras ao lado de Shaoran e ficam apenas observando. Todos os leitos da enfermaria estavam ocupados por pessoas machucadas e a senhora Haruno parecia um pouco sobrecarregada de trabalho. Ela estava indo de leito em leito, aplicando remédios e fazendo curativos.

Professora Akazawa: O que ele têm?
Senhora Haruno: É apenas uma indisposição alimentar. Ele provavelmente comeu demais...

Sakura e Kazuko se entreolham e ficam pálidas.

Senhora Haruno: Já o mediquei adequadamente. Ele só precisa de um pouco de repouso e logo vai estar se sentindo melhor.
Professora Akazawa: Acho melhor liberá-lo do resto das aulas de hoje. Vou pedir a alguém da secretaria para chamar os responsáveis dele.
Senhora Haruno: Faça como quiser.

A enfermeira segue seus afazeres e a professora segue seu caminho rumo a secretaria. Kazuko segura gentilmente a mão do desacordado Shaoran, mas Sakura a interrompe puxando sua mão para longe. As duas meninas começam a se encarar.

Sakura: Isso é culpa sua.
Kazuko: Por que isso seria culpa minha?
Sakura (se levantando e apontando para Kazuko): Você encheu o Shaoran de comida até ele não aguentar mais!
Kazuko (se levantando e apontando para Sakura): Foi você quem obrigou ele a comer uma segunda marmita inteira!
Sakura: Eu estava apenas cuidando do meu namorado! Você que está se intrometendo!
Kazuko: Eu cheguei primeiro, então quem se intrometeu foi você!
Senhora Haruno: Ei!

A senhora Haruno arrasta Sakura e Kazuko para fora da enfermaria puxando-as pela orelha.

Senhora Haruno: Caso vocês duas não tenham percebido, eu já tenho muito trabalho para fazer...

A senhora haruno aponta para dentro da sala onde muitas pessoas machucadas aguardavam por atendimento.

Senhora Haruno: Há alunos brigando por todo o lugar! Parece que todos tiraram o dia para se matarem! Não tenho tempo para ficar separando a briguinha boba de vocês.
Sakura (sem graça): Desculpa... nós prometemos que...
Senhora Haruno: Vocês vão voltar para sua sala de aula agora.
Kazuko: Mas o Li...
Senhora Haruno (batendo pé no chão): É a sala de aula ou a diretoria. Vocês escolhem.
Sakura: Tudo bem...

A senhora Haruno bate a porta da enfermaria e continua suas tarefas. Kazuko lança um ultimo olhar de hostilidade e segue sozinha rumo a sua sala de aula.

Kazuko (falando enquanto anda): A culpa é sua.

Sakura fica olhando para a porta da enfermaria, pensativa.

Sakura (murmurando): Tem alguma coisa errada... porque todos estão brigando tão de repente?

Sakura resolve voltar a sua sala para assistir o restante das aulas.

Professor Terada: ... e não se esqueçam de responder ao questionário da página 56.

Após horas de aula, o sinal havia finalmente soado. Para a alegria dos alunos, o dia de aula estava oficialmente encerrado. O professor Terada recolhe suas coisas e sai rapidamente da sala, não dando oportunidade de uma conversa para Rika. Sakura se aproxima da amiga.

Sakura: Rika? Você está bem?

Rika não responde. Ela apenas se levanta e sai correndo. Chiharu se levanta e faz menção de ir até Yamazaki, mas o garoto sai da sala a passos largos. Chiharu começa a chorar e também sai da sala corrrendo.

Sakura: Chiharu!
Tomoyo: Não se preocupe. Eu vou atrás dela.

Sakura apenas observa Tomoyo sair atrás de Chiharu e torce para que a amiga fique bem. Ela ainda tinha que ver como estava seu namorado.

“Como tanta coisa ruim aconteceu em um só dia?”

Sakura volta a enfermaria, mas Shaoran já havia ido embora. Wei havia aparecido durante a tarde e levado o garoto chinês para casa. A menina de olhos verdes fica sentada no corredor, pensativa, até que é abordada por duas garotas.

Garota 1: Ei, Sakura! Você está bem?
Sakura: Estou sim. Estava só pensando um pouco.
Garota 1: Não vai treinar com o clube de líderes de torcida hoje?
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): É verdade... esqueci completamente que hoje tinha treino...
Garota 2: As garotas já estão começando. Estamos te esperando lá.

Após procurar e se despedir de Tomoyo e Chiharu, e trocar de uniforme, Sakura vai até a quadra esportiva da escola, onde algumas integrantes do clube estavam reunidas. Ela não estava no clima de treinar hoje, mas tinha que ser responsável e não abandonar suas colegas de clube. Como esperado, Rika não aparecera e Tomoyo estava ocupada acalmando Chiharu e garantindo que ela chegaria bem em casa. Elas seriam desfalques no treino do dia. Sakura se aproxima das colegas de clube, que estavam reunidas num círculo e conversando.

Sakura: Hoe? O que está havendo?
Líder: Estamos dando as boas-vindas a nova integrante em treinamento do nosso clube: Kazuko Nishimura.

Sakura lança um olhar mortal para Kazuko.

Sakura: O que você está fazendo aqui?
Kazuko: Estou só experimentando para ver como é fazer parte desse clube.
Sakura: Ela não pode fazer parte do clube.
Garota 2: Por que não?
Sakura (coçando a cabeça): Porque... porque... porque ela já faz parte do clube de música.
Kazuko: Eu consigo conciliar os dois.
Garota 1: Que bom. Então vamos continuar o treino.

Kazuko discretamente mostra sua língua para Sakura. Sakura se aproxima da líder do clube para conversar com ela.

Sakura: A Rika e a Tomoyo tiveram problemas e não vão participar do treino hoje. E eu também queria me desculpar pelo atraso...
Líder (sorrindo amistosamente): Obrigado por trazer o recado. E não se preocupe com o atraso, eu entendo. O dia na escola hoje foi meio agitado, não é?
Sakura: É verdade...
Líder: Vamos começar?
Sakura: Sim!

As meninas formam duas filas e começam a treinar. Elas ficam girando os bastões e os atirando no ar. Sakura e Kazuko ficam lado a lado, se encarando.

Sakura: Eu não sei o que você quer, mas é melhor parar por aqui.
Kazuko: Eu só quero provar que sou boa em alguma coisa além de cantar.
Sakura (virando a cara): Você só está fazendo isso para me irritar.
Kazuko (também virando a cara): O mundo não gira ao seu redor, tá?

Yuriko estava logo atrás das garotas, apenas rindo e se divertindo com a situação.

Líder (pigarreando): Caprichem, meninas. Temos visitas.

As meninas notam que havia um rapaz de óculos havia se aproximado para assistir o treino. Um largo sorriso surge no rosto de Sakura quando ela reconhece o rapaz.

Sakura: Yukito!

Yukito Tsukishiro acena para as meninas do clube de torcida e as cumprimenta com seu costumeiro, gentil e encantador sorriso. As meninas soltam murmúrios de alegria.

Sakura (olhando admirada para o amigo): Ai, ai, ai, o Yukito veio nos ver...

Distraída, Sakura acaba deixando seu bastão cair na cabeça de Yuriko.

Yuriko (passando a mão na cabeça, irritada): Pelo amor de Deus! Será que uma vez na vida você pode não derrubar nada na minha cabeça?
Sakura: Perdão... juro que não foi por querer...

As meninas páram sua coreografia e fazem uma reverência para Yukito.

Yukito: Olá, meninas. Vocês estão fazendo um bom trabalho.
Todas: Obrigada!
Yukito: Nosso time de futebol da faculdade está contando com vocês na torcida do nosso próximo jogo.

As meninas ficam muito alegres e motivadas com o elogio.

Yukito: Se incomodam se eu assistir um pouco? Vim buscar uns documentos no colégio Seijou e ainda tenho um certo tempo antes da hora do meu trabalho...
Líder (levemente corada): Claro que não. Você é muito bem-vindo.

A líder se vira para suas colegas.

Líder: Meninas... que tal mostrar a nossa formação de pirâmide?
Todas: Certo!

As garotas começam a se posicionar de maneira organizada enquanto Sakura fica a frente delas, aguardando. A líder abraça Kazuko e a coloca ao lado de Yukito.

Líder: Você ainda não treinou essa formação, então é melhor só assistir dessa vez, tá?
Kazuko: Certo...

Yuriko esbarra de propósito em Kazuko.

Yuriko: Parece que alguém vai ter que ficar assistindo a Sakura bancar a estrela do time...
Kazuko (olhando feio para Sakura): Hmmm...

Yuriko caminha sorridente para seu lugar. As meninas começam a correr e a saltar, subindo uma em cima da outra até formar uma pirâmide. A líder se ajoelha diante da pirâmide e une suas mãos.

Líder: Sua vez, Sakura!

Sakura corre e sobe nas mãos da líder, sendo jogada no ar. Ela dá duas cambalhotas e pousa com perfeição nos ombros das duas garotas que estavam no topo da pirâmide. Yukito, maravilhado, aplaude a apresentação.

Yukito: Parabéns, meninas, um trabalho muito bem feito. E Sakura... seu salto foi sensacional.
Sakura (corando de vergonha enquanto desce da pirâmide): O-obrigada, Yukito...

"Com o Yukito assistindo eu não podia nem pensar em fazer feio."

Kazuko vai até a líder.

Kazuko: Eu também quero subir na pirâmide.
Líder: Tem certeza? Você ainda não está acostumada...
Kazuko: Eu sei que consigo.

O olhar suplicante de Kazuko acaba convencendo a líder do clube.

Líder: Está bem, mas você não vai fazer o salto. Só vai sentir a sensação de ficar em cima da pirâmide. Fechado?
Kazuko: Sim!

Kazuko pega a mão de Yukito, o que deixa Sakura bufando de raiva.

Kazuko: Será que você podia me ajudar a subir?
Yukito (sorrindo gentilmente): Claro.

Yukito pega Kazuko pela cintura e a ajuda a escalar a pirâmide. A menina chega ao topo, mas não consegue manter muito bem o equilibrio, sendo obrigada a se segurar nas companheiras.

Líder: Tudo bem aí em cima, Kazuko?
Kazuko (tremendo levemente): S-sim. I-isso aqui é m-moleza.

Assim que as meninas colocam Kazuko no chão, a menina sai correndo e vomita no gramado. Yuriko fica rindo escandalosamente.

Yuriko: Tadinha... parece que a intrometida é frágil demais para essas coisas...

Sakura vai até Kazuko e coloca a mão no ombro dela.

Sakura: O que houve?
Kazuko: Eu tenho problemas com alturas... às vezes fico enjoada quando estou num lugar alto...
Sakura: Se você sabia disso, então por que entrou para o clube? Você já devia fazer que usamos acrobacias em nossas coreografias...
Kazuko (murmurando): Porque você faz parte do clube e ele gosta de tudo em você...
Sakura: Como é?

Kazuko tira a mão de Sakura de seu ombro.

Kazuko (cabisbaixa): Não é nada. Não estou preparada para isso ainda. Vou embora.
Sakura: Hã?

Sakura fica surpresa com a desistência. Kazuko vai até as meninas do clube e pede desculpa por atrapalhá-las. Então com uma reverência, ela se despede e vai para o vestiário trocar de roupa.

Garota 2: Vamos, Sakura. Vamos continuar.
Sakura: Certo!

Sakura corre até suas amigas para fazer sua parte no ensaio.

RESIDÊNCIA DOS KINOMOTO – FIM DA TARDE.

Sakura havia acabado de tomar um demorado e refrescante banho. Ela entra em seu quarto e senta em sua cama para terminar de secar os cabelos. Kero a acompanhava voando, ouvindo atentamente todos os relatos de sua mestra.

Sakura: ... e no fim do ensaio duas meninas começaram a discutir por causa de um diadema.
Kero: São muitas brigas para um só dia...
Sakura: E eu só contei as que fiquei sabendo... podem ter havido muitas mais.
Kero: E você? Se envolveu em alguma briga?

Sakura morde o lábio.

Sakura: Não...

Kero se senta na mesinha do quarto e passa a ostentar um olhar pensativo.

Kero: Eu já vi algo parecido assim antes...
Sakura: Sério? Onde?
Kero: O mago Clow certa vez enfrentou uma criatura perigosa conhecida como Belial, a besta da discórdia. Ela usava magia do caos para buscar pensamentos e sentimentos negativos, por menores que fossem, e os fortalecia de forma a gerar conflitos e desentendimentos em todo lugar. Quanto mais brigas haviam, mais forte Belial ficava.

Sakura pega Kero e o coloca em seu colo.

Sakura: Então tudo que está acontecendo deve ser culpa dessa Belial! Ela deve ter fugido pela porta mágica...
Kero: Não pode ser. Belial é muito poderosa. Nós teríamos sentido sua presença imediatamente. Além disso, ela possui a forma de uma raposa gigante com pêlo âmbar. Seria dificil conseguir se esconder.
Sakura (levemente desanimada): Entendo...
Kero: Deve ser outra coisa... talvez...
Sakura: Talvez?
Kero: ... talvez...
Sakura: Talvez?
Kero: Talvez se minha barriga não estiver roncando de fome, eu consiga pensar em algo.

Sakura despenca.

Sakura: Kero! Isso não é hora para ser guloso!
Kero (rindo): O que eu posso fazer, Sakura? Meu cérebro genial consome muita energia para funcionar...
Sakura: Ok, ok. Espera aqui. Eu já volto.

Sakura traz alguns doces, pacotes de biscoitos e um prato de pudim. O guardião cujos poderes são ligados ao sol começa a devorar tudo sem pestanejar.

Sakura: E então?
Kero: Está tudo muito gostoso. Ficaria melhor se tivesse um suco de frutas para acompanhar, mas vou deixar essa passar.
Sakura (gota caindo): Estou falando da Belial, Kero.
Kero (sorrindo sem graça): Ah, tá. Bem... você está sentindo a aura?
Sakura: Hoe? Que aura?
Kero: Estou sentindo uma leve presença de magia do caos por todo o lugar. Uma aura bem particular.
Sakura: E é isso que está gerando as brigas?
Kero: A aura é muito fraca para causar problemas... mas eu senti oscilações.
Sakura: Oscilações?
Kero: Sim. Em alguns lugares parece que a aura fica mais forte. Isso significa que a fonte dessa aura, seja criatura ou artefato, está se movendo constantemente.
Sakura (abraçando um travesseiro): Isso vai me atrapalhar a encontrar a fonte dos problemas...
Kero: Seja o que for, chegou a essa cidade recentemente. Eu comecei a sentir essa presença ontem.
Sakura: Tenho que resolver esse problema antes que a cidade inteira entre em guerra...

Sakura se levanta repentinamente.

Sakura (erguendo o punho no ar): Vamos voar pela cidade e procurar a fonte dessa aura!
Kero: A aura está muito fraca... a chance de conseguirmos encontrar algo é muito pequena...
Sakura (piscando): Mas existe uma chance. E enquanto ela existir, vou me agarrar nela com todas as forças até conseguir fazer o que é preciso.

Kero voa pelo quarto, dando algumas piruetas.

Kero: Esse é o espirito! Falou como uma verdadeira cardmaster!
Sakura: Ai, ai, ai, Kero. Você sabe que eu fico envergonhada quando me chamam assim...

Sakura fecha seus olhos por um instante.

Sakura: Eu consigo sentir... é como se fosse uma chama quase se apagando, mas ela está lá. A aura feita de magia do caos.
Kero: Se você mantiver sua concentração, vai conseguir sentir ela a todo o momento.

Sakura abre seus olhos e recolhe suas cartas mágicas, que estavam guardadas em sua mochila. Ela abre a janela do quarto para poder sair.

Sakura: Vamos indo, Kero. Vou ligar para a Tomoyo para que ela possa nos encontrar no caminho para ajudar.

RESIDÊNCIA DOS LI – NOITE.

Kazuko estava diante de um grande portão de madeira. Ela aperta a campainha e aguarda ansiosamente. A menina olha para a câmera presa no muro, que estava apontada para a entrada.

Interfone: Residência dos Li. Pois não?
Kazuko: O-oi. Eu sou Kazuko Nishimura. Estudo com o Li e vim visitá-lo.
Interfone: Só um minuto, por favor.

Kazuko nota que havia uma placa pendurada na parede com um texto que ela não compreendia. Provavelmente estava escrito em chinês. A porta de madeira se abre repentinamente e um mordomo surge, um sorriso amigável no rosto.

Wei: Pode entrar, senhorita Nishimura. O patrão Shaoran vai recebê-la.

Kazuko acompanha o mordomo Wang Wei por um caminho de pedras até chegar à entrada da casa. A residência era toda feita de madeira e todas suas portas eram de correr. A varanda que ficava na frente da casa era pequena, mas aconchegante. Ali havia uma mesa, algumas cadeiras, alguns vasos de plantas e algumas luminárias típicamente orientais. Havia um poço no lado esquerdo da casa. No lado direto, havia um caminho que levava a um jardim e a um coreto. Não era a primeira vez que ela visitava a casa, mas ela sempre ficava admirada com o lugar. Parecia uma boa casa para se viver.

Wei: Por aqui, por favor.

Wei abre uma porta para Kazuko e a conduz até uma sala de estar. Havia um vaso de porcelana com desenhos talhados de várias pessoas em poses de combate repousando sobre uma pequena mesinha próxima ao sofá. O vaso se destacava naquele ambiente.

Wei: A senhorita pode se sentar. O patrão Shaoran já vai descer.
Kazuko: Certo.
Wei: Posso lhe servir um chá?
Kazuko: Não precisa. Muito obrigada.
Wei: Se precisar de algo, não hesite em me chamar. Com licença.

Kazuko fica sentada no sofá, aguardando silenciosamente. Ela abre sua bolsa e retira um pequeno embrulho, colocando-o em seu colo. Instantes depois ela muda de idéia e guarda o embrulho. Mais alguns instantes se passam, e Kazuko coloca novamente o embrulho em seu colo. Instantes depois, ela muda novamente de idéia e guarda o embrulho em sua bolsa.

Kazuko (murmurando): O que eu devo fazer?

Kazuko leva um susto quando uma mulher surge correndo e salta em cima dela. A mulher começa a puxar a bochecha de Kazuko, além de abraçar ávidamente a menina.

Mulher: Mais que menina linda! Seu rosto é tão fofinho! Seu cabelo é tão lindo!
Kazuko (tentando se desvencilhar): Q-quem é você?
Mulher: E ainda têm uma voz tãooooo linda. Que fofa... Opa. Que indelicadeza a minha...

A mulher se levanta abruptamente. Kazuko consegue observá-la melhor e fica admirada com sua beleza. A mulher era alta, tinha cabelos castanho-claro que passavam poucos centimetros da altura dos ombros e belos olhos na cor âmbar. Usava uma calça branca bem justa e uma blusa verde com detalhes em branco cujo comprimento passava de sua cintura. Havia um broche no formato de uma estrela preso na blusa. Por cima da roupa, a mulher estava usando um avental rosa com desenhos de legumes.

Feimei: Meu nome é Feimei Li. Sou irmã mais velha do dono da casa.
Kazuko: Então você é uma das irmãs do Li...
Feimei: E você seria...?
Kazuko (fazendo uma reverência): Eu sou Kazuko Nishimura. É um prazer conhecê-la.
Feimei: Ainda por cima é muito educada. Que bonitinha. Você está tendo alguma coisa com o meu irmãozinho?
Kazuko (sentindo o rosto corar): O-o que?
Feimei (contando nos dedos): Primeiro a Daidouji, depois a Kinomoto, agora você... o Shaoran deve estar montando um harém...
Shaoran: FEIMEI!

Shaoran havia acabado de entrar na sala de estar. O garoto chinês se coloca entre sua irmã e Kazuko.

Shaoran: Perdoe a minha irmã, Nishimura. Ela fala demais. Aliás, isso parece ser um problema de todas as mulheres da minha familia.
Kazuko: N-não têm problema.
Shaoran: O que posso fazer por você, Nishimura?
Kazuko: E-eu fiquei preocupada... v-você p-passou mal...
Shaoran: Eu já estou me sentindo melhor. Nada que um pouco de repouso não resolva.

Shaoran coloca suas mãos nos ombros de Kazuko.

Shaoran: Eu soube que você ajudou a Sakura a me levar para a enfermaria. Muito obrigado por isso.
Kazuko (a voz falhando): N-não foi nada.
Shaoran: Já que você está aqui... o que acha de discutirmos os detalhes do nosso trabalho?
Kazuko: Por mim tudo bem.
Feimei: Seja mais hospitaleiro, onii-chan. Você gostaria de também ficar para jantar conosco, Kazuko?
Kazuko (sorrindo): Adoraria.
Feimei (vibrando): Que bom!
Shaoran: Eu vou tomar um banho e já desço. Por favor, sinta-se a vontade.

Shaoran deixa a sala, rumando para seu quarto no segundo andar. Feimei começa a puxar o braço de Kazuko.

Feimei: O que acha de me ajudar a terminar o jantar?
Kazuko: Eu?
Feimei: Têm mais alguma garota bonita por aqui? Claro que é você.
Kazuko: T-tudo bem.

Feimei entrega um avental amarelo para Kazuko e a conduz rumo à cozinha.

Shaoran entra em seu quarto e abre o guarda-roupa. Ele nota que a cortina estava balançando guiada pelo vento, mas ele tinha certeza de que havia deixado a janela fechada. O garoto chinês fecha seus olhos por um instante.

Shaoran: Saia debaixo da cama, quem quer que seja.

Para surpresa de Shaoran, Amane sai debaixo da cama e se joga sobre ele. Os dois caem e rolam no chão, batendo numa estante e derrubando alguns livros.

Amane: Shao -Shao!
Shaoran: O que você pensa que está fazendo, Amane?
Amane: Eu soube que meu principe encantado ficou doentinho e vim cuidar dele.
Shaoran: Não me chame assim!
Amane: Você prefere que eu chame de principe? Ou de meu amor?
Shaoran: Você já está começando a me irritar...

Shaoran consegue se levantar, mas a meia-irmã de Tomoyo continua pendurada em seu pescoço.

Shaoran: Será que dava para me soltar?
Amane: Eu não consigo... a paixão que existe entre nós é muito forte para ser rompid...

Shaoran arranca Amane de seu pescoço e a joga sobre a cama.

Amane (levemente corada): Eu não acho que seja apropriado deitar na cama do meu futuro esposo ainda...

Amane faz menção de se levantar e voltar a agarrar o garoto chinês.

Shaoran (apontando ameaçadoramente para Amane): Não se atreva a se mexer!

Amane fica sentada de maneira rígida na cama e ainda bate continência.

Amane: Sim, senhor.
Shaoran: Sua irmã sabe que você está aqui?
Amane: Não exatamente, senhor.
Shaoran: Pare de me chamar de senhor.
Amane: Você prefere que eu te chame de Shao-Shao, não é? Eu sabia!
Shaoran (uma veia saltando na testa): Amane...
Feimei: Shaoran? Que barulho foi es... ? Meu Deus!

Feimei corre e abraça Amane com força. Ela começa a beliscar, fazer cócegas e apertar as bochechas de Amane.

Feimei: Que menina bonitinha! Tão fofinha! Dá vontade de apertar!
Amane (tentando se desvencilhar): Quem é você? Por que está me agarrando desse jeito?
Shaoran: Te apresento a minha irmã. O nome dela é Feimei.

Shaoran caminha em direção a porta do quarto. Amane estica os braços em direção a ele.

Amane: Shao-Shao? Você vai me abandonar aqui com ela?
Shaoran (com um sorriso no rosto): Vocês estão se dando muito bem. Não quero interromper. Divirtam-se!
Amane: Shao-Shaoooooooooooooo!!!

Na cozinha da casa, Kazuko cortava alguns legumes na pia enquanto cantarolava.

Kazuko: “Havia uma coelhinha que andava muito triste porque o coelho que ela gostava não lhe dava bola. Um dia sem querer ela ouviu uma conversa dos coelhos.”

Kazuko enche uma panela de água.

Kazuko: “Tamanha foi sua surpresa quando ouviu seu amado coelho comentando sobre ela... ”

Kazuko pega um pacote de macarrão.

Kazuko: “Ela é tão linda que mal consigo respirar. Não importa como, no quesito beleza, ela sempre acabaria em primeiro lugar..”

Kazuko gira uma colher de madeira e a aponta para o céu.

Kazuko: “Surpresa, a coelhinha sai alegremente saltitando e gritando: A fofura reina suprema!”
Shaoran: O que você está fazendo, Nishimura?

Kazuko fica rígida de repente e sorri sem graça. Shaoran havia entrado na cozinha segurando seu celular.

Kazuko: E-eu... eu... eu... você... você...
Shaoran: Minha irmã te obrigou a ajudar na cozinha, não é?
Kazuko: N-não... e-eu... bem...

Shaoran tira a colher da mão de Kazuko, e também o avental.

Shaoran: Você não tem que fazer isso. É visita.
Kazuko: M-mas... eu...
Shaoran: Vamos para a sala.

Shaoran arrasta Kazuko até a sala de estar. A menina se senta no sofá sem dizer uma palavra. Ela estava tremendamente envergonhada e se perguntava se o seu amigo havia prestado atenção no que ela dissera. O garoto chinês entrega algumas folhas para ela.

Shaoran: Essas são as anotações que fiz. Eu acho que podíamos dividir a apresentação em...
Wei: Com licença, patrão Shaoran...

Wei abre a porta da sala, abrindo passagem para Tomoyo e Sakura. Kazuko suspira, irritada. Sakura estava usando um sobretudo vermelho, uma saia rendada branca e botas vermelhas, além de um chapéu vermelho e preto. Certamente era mais um dos trajes desenhados por Tomoyo. Sakura corre até Shaoran e o abraça.

Sakura: Shao-kun!
Shaoran: Olá, Sakura. Que bom te ver.
Sakura: Como você está? Está se sentindo melhor?
Shaoran: Eu disse na sua ligação mais cedo para não se preocupar. Eu estou bem. Foi só um mal-estar.
Tomoyo: Mil desculpas, Shaoran. A Amane passou dos limites vindo aqui te importunar tão tarde.
Shaoran: Não tem problema, Tomoyo. Só a leve embora antes que ela resolva grudar no meu pescoço de novo.
Tomoyo: Ainda bem que estávamos por perto quando você ligou...
Shaoran: Ela deve estar lá em cima ainda. Wei, será que você poderia...?
Wei: Eu vou buscá-la. Com licença.

Wei se retira. Sakura nota que Kazuko estava sentada no sofá da sala e lança um olhar frio para ela.

Sakura: O que você está fazendo aqui?
Kazuko: Eu vim visitar o Li e continuar nosso trabalho. Estávamos indo bem até você chegar...
Sakura: Agora já chega!

Sakura empurra Shaoran para o lado e parte para cima de Kazuko. As duas começam a trocar tapas e a puxar o cabelo uma da outra. Shaoran observa a cena, incrédulo.

Shaoran: Mas o que vocês estão fazendo? Tomoyo! Me ajude a separá-las!

Shaoran nota que Tomoyo estava filmando a cena com sua câmera.

Shaoran (gota caindo): O que você está fazendo?
Tomoyo (com um olhar sonhador): Eu não posso perder a chance de filmar a primeira crise de ciúmes da Sakura. Ela fica maravilhosa até quando está irritada...
Shaoran: Ciúmes? Mas ela não têm motivo...

Durante a luta, as meninas acabam rolando pelo chão e acertando uma mesinha, derrubando o vaso de porcelana. O vaso cai no chão e se parte em vários pedaços. Shaoran cai de joelhos e começa a recolher os cacos.

Shaoran (murmurando): Não...

Sakura e Kazuko se entreolham e resolvem párar de brigar.

Kazuko: Li... eu sinto muito...
Sakura: Eu não tive a intenção... me perdoa, Shao-kun... nós podemos consertar...
Kazuko: ... ou comprar outro...

Shaoran lança um olhar de ódio para Kazuko.

Kazuko: D-desculpa...
Shaoran: Por que fizeram?! Por que essa briga idiota?!
Sakura: Ela têm andado muito com você e isso estava me deixando louca!
Shaoran (a voz um pouco alterada): E qual o problema? A Tomoyo também anda frequentemente comigo e você nunca teve essa reação!
Sakura: A Tomoyo é diferente. A Kazuko é um problema!
Shaoran: Não vejo nenhum problema! Você não confia em mim?
Sakura: É claro que confio!
Shaoran: Confia mesmo? Então por que está escondendo coisas de mim?!

Sakura leva um susto com a acusação.

Shaoran: Eu não aguento mais isso... por que não podem simplesmente confiar em mim?!

Visivelmente abalado, Shaoran recolhe alguns cacos e sai correndo rumo ao seu quarto. Sakura e Kazuko tentam ir atrás dele, mas são paradas por Feimei Li. Ela não estava com cara de muitos amigos.

Sakura: Por favor, me deixe passar.
Kazuko: Eu tenho que me desculpar direito...
Feimei: Vocês já fizeram demais por hoje, não acham?

Sakura e Kazuko abaixam a cabeça, cabisbaixas.

Feimei: Aquele vaso era um presente. Foi deixado para o meu irmãozinho antes de nosso pai morrer... então é meio óbvio o quão importante ele era para o Shaoran.
Sakura: Nós não sabíamos...

Feimei suspira.

Feimei: Eu realmente gosto de vocês, então vou dar um conselho: deixem meu irmão em paz por hoje. Deixem ele acalmar sua raiva e frustração. Amanhã vocês poderão consertar tudo.
Sakura (e Kazuko): Certo...

Abaladas, Sakura e Kazuko se reúnem com Tomoyo, que estava conversando com Wei.

Tomoyo: Fugiu?
Wei: Sim. Parece que ela não gostou de brincar com a patroa Feimei no lugar do patrão Shaoran. É raro crianças gostarem mais do patrão Shaoran...
Tomoyo: A Amane está dando mais trabalho do que eu esperava... e como está a Meiling? Ela estava muito triste da ultima vez que a vi e não atende nossas ligações.
Wei: A patroa Meiling parece chateada com alguma coisa. Ela está trancada em seu quarto e pediu para não ser incomodada.
Tomoyo: Espero que amanhã ela já esteja melhor.
Sakura (fazendo uma reverência): Nós já vamos indo, Wei. Obrigada pela hospitalidade e desculpa pela bagunça.
Wei: É sempre um prazer recebê-las, meninas.

As meninas são conduzidas até a saída. Sakura e Kazuko não trocam muitos olhares entre si.

Tomoyo (com um ar preocupado): Será que ela foi para casa?
Kazuko: Sua irmã não deve ter ido longe. Vamos procurá-la, Tomoyo!
Sakura (indignada): Você só vai causar mais problemas!
Tomoyo (preocupada): Meninas, por favor. Não briguem.

Kazuko pega a mão de Tomoyo.

Kazuko: Não se preocupe. Eu vou encontrar sua irmã e levá-la para casa! Eu prometo!

Kazuko sai correndo pelas ruas.

Sakura: Você não vai ganhar de mim!
Tomoyo: Sakura?

Sakura sai correndo na direção contrária, deixando sua amiga Tomoyo para trás. Ela vai olhando para todos os lados em busca de Amane. De repente, o guardião Kero sai voando do bolso de Sakura.

Kero: Espera, Sakura!
Sakura: Eu não tenho tempo agora, Kero. Tenho que encontrar a Amane antes da Kazuko.
Kero: Você está sendo afetada pela aura da magia do caos!

Sakura pára de correr repentinamente.

Sakura: O que?
Kero: Você estava tão ocupada brigando com aquela menina que não sentiu a aura. A fonte da aura passou por aquela casa.
Sakura: Mas o Shaoran teria a sentido...
Kero: Não se ele também tiver sido afetado pela aura.
Sakura (tendo uma lembrança triste): Ele estava ocupado brigando comigo e com a Kazuko...

Tomoyo consegue alcançar Sakura e Kero. Ela pára ao lado deles, bufando de cansaço.

Tomoyo: Ainda bem que alcancei vocês...
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): Desculpe por ter te deixado para trás...
Tomoyo: Não tem problema. Você deve ter sido afetada pela magia que o Kero falou.
Kero: Eu senti a aura agora a pouco na casa do moleque. Seja o que for, passou por lá.
Sakura (com a mão no queixo, pensativa): Espera um pouco...
Tomoyo: O que foi, Sakura?
Sakura: As brigas aconteceram na casa do Shaoran e na escola... e eu me lembro de ver um casal brigando na estação de trem ontem...
Kero: Então esses são os lugares onde a fonte da aura passou.
Sakura: Mas esses também são lugares onde a...

Sakura e Tomoyo se entreolham.

Sakura (e Tomoyo): AMANE!
Kero: Hã? Não entendi.
Tomoyo: Esses são os lugares onde minha irmã esteve.
Sakura: A Amane chegou a cidade ontem... e você disse que começou a sentir a presença ontem.
Kero (pensativo): Ela pode ter pego algum artefato sem saber que era mágico... e estaria espalhando a aura também sem saber...
Sakura: Pode ser apenas coincidência, mas acho que vale a pena checar. Mesmo se estivermos errados, pelo menos levaremos a Amane em segurança para casa.

Kero é envolto por suas próprias asas e inicia sua transformação. Ele se torna um tigre de pêlo dourado com grandes asas nas costas.

Kero: Vamos lá!

Sakura e Tomoyo montam em Kero e o guardião alça vôo. Eles procuram Amane pelas praças e lanchonetes da região, mas não a encontram. Tomoyo tenta ligar para o celular que dera a irmã, mas não obtém resposta. Os minutos vão passando e Tomoyo vai ficando mais preocupada. Sakura nota várias pessoas brigando e discutindo pelas ruas por onde passam.

Kero: A aura da magia do caos está mais forte. Está se expandindo e afetando mais pessoas.
Sakura: Conseguiu falar com a Amane, Tomoyo?
Tomoyo: Ela não atende o celular. Liguei para minha empregada, mas a Amane também não foi para casa...
Kero: Olhem! Parece que tem na quadra da escola de voc...

Kero tenta se esquivar, mas acaba atingido por um raio.

Sakura: Kero! Tomoyo!

Embora tenha ficado um pouco ferida, Sakura havia resistido ao ataque. Kero e Tomoyo, entretanto, haviam desmaiado. Os três estavam agora em queda livre. Rapidamente Sakura pega a chave mágica no colar em seu pescoço.

Sakura: Chave que guarda o poder da minha estrela...

Um reluzente círculo mágico se forma às costas de Sakura. A chave mágica começa a flutuar diante de Sakura.

Sakura: ... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os a valente Sakura que aceitou esta missão...

Sakura estende seus braços.

Sakura: LIBERTE-SE!

A chave mágica se transforma no báculo de estrela. Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: GELO!

A magia de Sakura cria um tobogã feito de gelo, que conduz Sakura, Tomoyo e Kero até o chão em segurança.

Sakura: Kero! Tomoyo!

Sakura verifica os amigos. Não pareciam ter se ferido gravemente, o que a deixa aliviada. Kero voltara a sua identidade falsa, o que significava que precisava de tempo para se recuperar.

Kazuko: A Tomoyo está bem?

Sakura nota que Kazuko havia se aproximado.

Sakura: Eles desmaiaram, mas vão ficar bem. O que você está fazendo aqui?
Kazuko: Eu encontrei a Amane, mas parece que uma amiga sua chegou primeiro...
Sakura: Amiga minha...?

Sakura olha ao redor. Amane estava presa numa das traves da quadra, fortemente amarrada com galhos. Diante dela havia uma garota de cabelos azuis usando um uniforme escolar vermelho e preto. Ela sorria, demonstrando muita confiança.

Sakura: Hikari!

Hikari Kamiya gira sua lança dourada no ar. Sakura já havia a encontrado antes, durante uma excursão escolar a uma fazenda.

Hikari: Nos encontramos de novo, Sakura Kinomoto. Onde está o filhote dos Li?
Sakura: Eu não sei o que você acha que está fazendo... mas deixe a Amane em paz!

Tentando se aproveitar da distração, Kazuko corre em direção a trave para tentar libertar Amane. Hikari nota o movimento e aponta sua lança mágica.

Hikari: Dragão do fogo, obedeça ao meu comando!

Uma rajada de fogo atinge e envolve Kazuko.

Sakura: KAZUKO!

Quando o fogo se dissipa, Sakura nota que Kazuko estava com os braços estendidos. Um escudo mágico havia sido erguido momentaneamente e salvado a garota. Kazuko olha, surpresa, para suas mãos.

Kazuko: E-eu fiz... isso?
Hikari: Ora, ora. Parece que você têm muitos amigos com magia, Sakura.

Sakura corre até Kazuko, preocupada.

Sakura: Você está bem?
Kazuko (agarrando os braços de Sakura): Isso é culpa sua! Você fez isso! Você jogou sua bruxaria em cima de mim naquela noite e mexeu com as minhas memórias!
Sakura: Você sabe que isso não é verdade... você já possuía seus poderes antes de me conhecer, só não sabia disso ainda...
Kazuko (lágrimas começando a escorrer): Leve-os embora. Eu não quero esses poderes! Quero ser uma garota normal!
Sakura: Kazuko... eu prometo tentar te ajudar, mas não posso fazer isso agora.

Sakura se afasta de Kazuko e caminha em direção a Hikari, preparando-se para atacá-la.

Hikari: Nada disso. Se der mais um passo, frito essa pirralha irritante.

Hikari aponta sua lança para Amane. Sakura pára de se mexer, receosa pela segurança da menina.

Hikari: Muito bem... agora posso prosseguir...

Hikari arranca o cordão do pescoço de Amane. Nele havia uma pedra de cor âmbar que brilhava cada vez mais forte. Hikari ergue a pedra no ar e seu corpo começa a emitir uma luz azulada.

Hikari: Eu, Hikari Kamiya, abro caminho para sua passagem. Belial, besta da discórdia, alimente-se do ódio gerado por sua influência e venha a este mundo, oferecendo seus serviços a sua nova mestra por direito. LIBERTE-SE!

O céu fica negro e um raio surge repentinamente, atingindo Hikari em cheio. A garota é atirada longe. Sakura nota que o raio acabara colocando fogo nos galhos que prendiam Amane. O fogo logo se espalharia e a garota seria queimada viva.

Sakura: AMANE!

Sakura tenta correr, mas a pedra âmbar começa a flutuar em seu caminho. Uma luz laranja começa a emergir da pedra e acaba envolvendo por completo. A luz vai se moldando até tomar a forma de uma raposa gigante, cujo corpo era luminoso e transparente. Dentro da raposa, era possível ver a pedra âmbar flutuando. A raposa uiva, um som assustador que ecoa por toda a escola. Hikari se levanta com dificuldade e observa a imponência de Belial.

Hikari: Por que eu fui atacada? Eu abri caminho para sua vinda! Você deveria me servir!
Belial: Garota tola! Belial não serve a ninguém além de si mesma. Recolha-se a sua insignificância enquanto me alimento dos mortais deste plano.

Belial dá um coice em Hikari. A menina é lançada com violência contra uma das traves e desaba, desacordada. Belial se prepara para ir embora, mas Sakura se coloca em seu caminho.

Sakura: Você não pode ficar aqui, Belial! Não pertence a este mundo!
Belial: O que é isso? Mais crianças tolas se colocando em meu caminho? Desapareça!

Belial abre sua boca e dispara uma rajada de luz de cor amarela. Sakura saca uma de suas cartas mágicas.

Sakura: SALTO!

Sakura salta e se esquiva do ataque. O local atingido pela rajada instantaneamente começa a pegar fogo. Ainda no ar, Sakura saca outra carta mágica.

Sakura: VENTO!

Uma forte ventania apaga o fogo que ameaçava a vida de Amane. Belial inicia um novo ataque, dessa vez disparando diversas rajadas. Uma das rajadas acaba indo na direção dos desacordados Tomoyo e Kero.

Sakura: ESCUDO!

Um escudo mágico envolve Tomoyo e Kero e a rajada não os atinge. Por um instante o escudo começa a pegar fogo, mas o poder da carta logo dissipa as chamas.

Kazuko: SAKURA!

Distraída enquanto salvava os amigos, Sakura não nota uma nova rajada ser disparada em sua direção. Kazuko se joga sobre Sakura, arrastando-a para longe e a salvando do perigo.

Sakura (surpresa): Kazuko?
Kazuko: Você não pode morrer!
Sakura: Hoe?
Kazuko (virando a cara, parecendo um pouco envergonhada): Preciso de você para cumprir a promessa que fiz a Tomoyo...
Sakura: Você vai me ajudar?
Kazuko: Vamos fazer uma trégua... por enquanto...
Sakura (sorrindo): Obrigada!
Kero: S-sakura...

Sakura e Kazuko notam que Kero havia despertado dentro da proteção do escudo, embora ainda não estivesse recuperado.

Sakura: Kero!
Kazuko (murmurando): Então isso é o Kero...
Kero: Escute com atenção... essa não é Belial... ela não está aqui por completo... é apenas uma projeção... a fonte precisa ser destruída...

Belial dispara uma nova série de rajadas. Sakura agarra Kazuko pela cintura.

Sakura: SALTO!

As meninas vão saltando e se esquivando até se livrarem de todas as rajadas. Elas vão conduzindo a batalha para longe de Kero, Tomoyo e Amane, visando protegê-los do perigo.

Sakura: Uma projeção? O que isso quer dizer?
Kazuko: Ela é tipo um fantasma?
Sakura: Ou seria tipo um holograma que nem nos filmes?

Sakura e Kazuko saltam mais uma vez e se esquivam de outra rajada. Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: TROVÃO!

Um poderoso raio atinge Belial, mas a raposa mágica nada sente. Ao invés disso, ela contra-ataca com mais rajadas. As meninas conseguem se esquivar mais uma vez.

Sakura: FOGO!

Um turbilhão de fogo envolve Belial. A raposa mágica, mais uma vez, não é afetada.

Sakura: Eu não consigo machucá-la!

Uma nova rajada é disparada por Belial. Sakura usa sua magia para saltar e, surpreendentemente, Kazuko consegue efetuar um salto igual. A rajada é evitada por pouco por elas.

“Nossa! O salto da Kazuko foi incrível! Mas como foi que ela conseguiu fazê-lo?”

Kazuko: Não temos onde nos escondermos na quadra... a vantagem é toda da tal Belial...
Sakura (sacando uma carta): Então temos que reverter o jogo. NÉVOA!

Uma névoa esverdeada envolve toda a escola Tomoeda, fornecendo cobertura para Sakura e Kazuko.

Kazuko: Boa jogada. Mas e agora? Como você vai derrubar aquela coisa se ela parece ser a prova de tudo?
Sakura: Kero me disse que Belial se fortalece com a raiva das pessoas...
Kazuko: Infelizmente a maioria das pessoas da região parecem estar brigando. Como impedir que a raiva delas alimente Belial?

Sakura saca uma de suas cartas e a ergue no ar.

Sakura: SONO!

Uma pequena fada branca surge da carta. Ela voa pela escola e pelas redondezas, espalhando seu pó mágico. Todas as pessoas atingidas pelo pó logo pegam no sono e dormem profundamente.

Sakura (piscando para Kazuko): Se todos estiverem dormindo, não haverão brigas para fortalecer Belial.
Kazuko: Bom trabalho!
Belial (gritando, irritada): O que vocês fizeram? Eu estou sentindo meus poderes enfraquecerem...

Belial começa a disparar rajadas a esmo pelo lugar. As meninas conseguem se esquivar e se mantêm distantes, se ocultando na névoa. Kazuko observa o corpo da raposa mágica e a pedra âmbar flutuando lhe chama a atenção.

Kazuko (murmurando): A Belial surgiu da pedra... então a pedra é a fonte...

Kazuko respira fundo, como se procurasse se encher de coragem, e puxa a mão de Sakura.

Sakura: O que foi?
Kazuko: Você precisa atacar a Belial novamente.
Sakura: Mas meus ataques não feriram seu corpo... talvez se ela enfraquecer mais...
Kazuko: Não podemos arriscar esperar. A pedra dentro da Belial é o que a mantém aqui. Era disso que o Kero estava falando. Você precisa destruí-la!
Sakura: Mas como?
Kazuko: Quando ela abrir a boca para me atacar, você poderá agir!
Sakura: O que?!

Sakura não têm nem tempo para protestar. Kazuko começa a correr na direção de Belial até ficar visivel para a criatura mágica.

Kazuko: Vêm me pegar, raposa feia!
Belial: É o seu fim, criança!

Belial enche seus pulmões e ataca com a mais potente rajada de magia até agora.

Sakura: KAZUKO!

A rajada era muito forte e fora disparada de forma a dificultar qualquer esquiva. Kazuko desaparece em meio a luz do ataque. Imediatamente Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: VENTO!

Uma ventania varre a quadra, arrastando Belial para a entrada da escola e dissipando a névoa. Sakura corre desesperada. No lugar onde Kazuko estava havia apenas um imenso buraco de onde saía muita fumaça.

Sakura: Não... não... não...

Belial salta no ar e tenta pisotear Sakura, que se esquiva com uma cambalhota.

Belial: Uma já foi... agora falta me livrar de você.

Sakura se levanta, um olhar confiante no rosto, e aponta seu báculo para Belial.

Sakura: Você já perdeu.
Belial (rindo de maneira desdenhosa): Do que está falando, garota tola. Sua magia fraca não conseguiu nem me arranhar.
Sakura: Eu não usei a Vento para ferir você... usei para mover a névoa, para fazer você engolir parte dela.
Belial: O quê?

O corpo de Belial começa a rachar como se fosse vidro e alguns pedaços logo começam a cair.

Belial: O-o que v-você fez?
Sakura: Você não deve saber, mas uma das habilidades da Névoa é corroer qualquer coisa que toca... o que inclui a pedra que te mantém aqui.
Belial: Não! Você vai me pagar, criança!

A pedra âmbar começa a rachar e se parte em dois pedaços. O corpo de Belial vai se desfazendo de maneira acelerada.

Belial: A próxima vez que nos encontrarmos, eu estarei com todo o meu potencial e vou destruí-la!

Então Belial desaparece, restando apenas uma pedra partida e inerte no chão. Sakura caminha até a pedra e a recolhe.

Hikari: Nem pense nisso, Kinomoto.

Sakura olha para trás e percebe que Hikari havia despertado e estava apontando sua lança para a desacordada Amane. A ponta da lança estava em chamas.

Sakura: Hikari!
Hikari: Você não vai banir este artefato também... tive muito trabalho para encontrá-lo.
Sakura (largando seu báculo no chão): Por favor, não faça nada a ela. A Amane não tem nada a ver com isso.
Hikari: Ela sairá ilesa se você me entregar o artefato. Eu vou consertá-lo e vou fazer Belial me obedecer.
Sakura: Você sabe que eu não posso fazer isso. Ninguém pode controlar magia do caos. Você vai acabar se machucando e machucando gente inocente.
Hikari: Eu serei a mais poderosa feiticeira da terra. Serei lembrada para sempre na história. Agora, jogue a pedra para cá ou a pirralha vai sofrer.
Sakura: Tudo bem, tudo bem.

Hikari estende sua mão direita para receber os pedaços da pedra. Antes que Sakura possa lançá-la, entretanto, Hikari é atingida por uma forte ventania e afastada de Amane. A garota de cabelos azuis capota várias vezes no chão enquanto é arrastada e só consegue parar quando finca sua lança no chão com força. Ao se levantar, Hikari nota Kazuko, cujo corpo estava soltando fumaça, ajoelhada próximo a beira do buraco feito pela rajada de Belial. A menina havia criado a ventania e seus braços ainda estavam estendidos para Hikari.

Hikari: Você!
Kazuko (respirando com dificuldade): Deixe... deixe a menina... em paz...
Hikari: Ora, sua...

Antes que Hikari se desse conta, Sakura já havia se colocado diante dela, três cartas mágicas entre os dedos prontas para serem usadas.

Sakura: Você está ferida e já perdeu esta batalha. Vá embora.
Hikari: E porque eu faria isso?
Sakura (apontando o báculo): Eu tive um dia horrível hoje. Você não vai querer que eu desconte minha frustração em você, vai?

Hikari encara o olhar firme de Sakura e se sente um pouco intimidada pela aura mágica que ela estava emitindo.

Hikari: Aproveite sua vitória, Sakura Kinomoto. Eu ainda terei muitas oportunidades para conseguir a minha.

Hikari lança algumas bolinhas de gude no chão e as mesmas emitem um pouco de fumaça. Quando a fumaça se dissipa, a garota de cabelos azuis já havia desaparecido. Sakura suspira, aliviada, por não ter que entrar em outra batalha.

Sakura: Kazuko, você está bem...?

Sakura olha para o buraco, mas não vê a amiga. Olhar ao redor e também não a encontra. Kazuko havia desaparecido. Sakura sorri.

Sakura (murmurando): Obrigada, Kazuko.
Tomoyo: Sakura!

Tomoyo e o guardião Kero haviam corrido até Amane para verificar se ela estava bem. Sakura logo se junta aos amigos.

Sakura: Como ela está?
Kero: Ela está bem. Sofreu só alguns arranhões.
Tomoyo: E você, Sakura? Está ferida?
Sakura: Não. Estou bem.
Kero: Essa é minha cardmaster. Sempre dura na queda.
Sakura (sorrindo, sem graça): Menos Kero, bem menos.
Tomoyo: Eu acho melhor levarmos a Amane para minha casa antes que ela acorde. Podemos inventar uma história qualquer para explicar o que aconteceu depois.
Kero: E também é bom irmos logo para evitar ter que explicar a bagunça que está a quadra da escola...

Sakura dá uma boa olhada para a quadra destruída.

Sakura: Hoeeeee! Que bagunça. O pessoal da escola vai ficar bem irritado.
Tomoyo: Mas acho que é um preço pequeno a se pagar, visto que você salvou todos esta noite.
Kero (fazendo pose): A heroína misteriosa de Tomoeda salva o dia mais uma vez.
Tomoyo: Só é uma pena que não pude registrar essa batalha magistral em vídeo. Mas pelo menos fico feliz que você estava usando a roupa que fiz para você. Olha só. Mesmo com a roupa toda estragada, você continua maravilhosa.
Sakura (gota caindo): Ai, ai, ai. Vocês dois adoram me deixar sem graça. Vamos embora logo. Só preciso fazer uma coisa antes.

Sakura pega a carta Sono em suas mãos e a ergue no ar.

Sakura: DESPERTEM!

E então, como num passe de mágica, as pessoas da região acordam, embora estejam confusas pelo sono repentino.

RESIDÊNCIA DOS DAIDOUJI – BEM TARDE DA NOITE.

O quarto de hóspedes estava agitado naquela noite.

Tomoyo: Você já escovou os dentes, Amane?
Amane: Sim, sim, nee-chan.

Amane estava usando um pijama rosa com desenhos de bichos. Ela se joga em sua cama e começa a pular nela.

Amane: Vêm brincar comigo, nee-chan.
Tomoyo: Já está tarde, Amane. Você têm que descansar. Esqueceu que você passou mal no meio da rua?

Amane se senta em sua cama.

Amane: Eu não me sinto mal. É estranho eu não lembrar de ter passado mal...
Tomoyo (procurando ser conviscente): Você se esforçou demais e desmaiou. Ainda têm que aprender a respeitar seus limites.
Amane: Ah. Mas valeu a pena. Pude dar um abraço de boa noite no Shao-Shao.
Tomoyo: Tenho certeza que ele adorou isso.

As duas meninas riem.

Tomoyo: Vamos fazer uma oração antes de dormir?
Amane: Claro!

Tomoyo e Amane se ajoelham ao lado da cama.

Tomoyo: Que todas as pessoas possam pedir perdão. Perdão pelas ofensas feitas, perdão pelas palavras duras, perdão pelas mentiras contadas, perdão pelos incovenientes, perdão por ações que possam ser mal-interpretadas, perdão por corações que possam ser feridos. Que tudo que aconteceu hoje não afete as relações das pessoas que eu amo.
Amane: Que a Kirino termine com o Kyosuke no final do anime (e tomara que eles lançem uns três OVAS após o final). Que eu ganhe muitos presentes no meu aniversário (que aliás está bem próximo, vê se não esquece hein, Deus). Que o papai deixe de ser pão-duro e aumente a minha mesada. Que os dias continuem ensolarados enquanto eu estiver por aqui (depois pode chover a vontade). Que eu possa crescer mais rápido e ganhar um corpão bonito para poder casar logo com o fofinho do Shao-Shao.
Tomoyo: Também agradecemos pelo dia que tivemos hoje e esperamos um dia melhor amanhã. Amém.
Amane: Amém.

Tomoyo cobre a irmã com um lençol e beija a testa dela.

Tomoyo: Durma bem.
Amane: Você também, nee-chan.

Tomoyo apaga a luz e fecha a porta do quarto. Amane se levanta de repente e se ajoelha mais uma vez.

Amane: Ah. Só mais uma coisa, Deus. Obrigada por atender meu desejo e me dar uma irmã muito legal. É muito bom ter alguém com quem compartilhar as coisas. Agora o senhor também pode ir descansar pois amanhã teremos um longo dia.

Amane deita novamente na cama. A menina não sabia, mas sua irmã mais velha havia observado tudo. Tomoyo encosta a porta do quarto silenciosamente e sorri.

RESIDÊNCIA DOS KINOMOTO – BEM TARDE DA NOITE.

Sakura estava debruçada na janela de seu quarto. Olhava para as estrelas, pensativa.

Kero: Ainda não foi dormir, Sakura?

Kero havia saído de sua gaveta residencial. Ele voa e pousa diante de Sakura.

Sakura: Eu não consegui pegar no sono...
Kero: Está pensando no que aconteceu hoje, não é?

Sakura confirma com um aceno de cabeça.

Sakura: Meus amigos brigaram influenciados pela magia do caos e eu não os ajudei. Fiquei focada em competir com a Kazuko...

Sakura começa a enrolar uma mecha do cabelo no dedo.

Sakura: Esses ciúmes... eu nunca senti algo assim antes... me deixei levar e fiz uma coisa ruim... magoeei o Shaoran. Isso faz de mim uma pessoa horrível, não é?
Kero: Não, não. Isso faz de você humana. Todos nós cometemos erros. Eles nos ajudam a crescer e a sermos pessoas melhores.

Kero pigarreia.

Kero: Quer dizer... isso é uma coisa que o Clow diria se estivesse aqui... o importante é o que você vai fazer agora.

Kero começa a dar socos no ar como se estivesse lutando.

Kero: Amanhã mostre a sua força e encare os problemas de frente como a boa cardmaster que você é. Conserte tudo que precisa ser consertado e depois volte para casa para eu poder te dar outra surra no videogame.

Sakura sorri, agradecida pelo apoio de seu amigo e guardião.

Sakura: Obrigada, Kero...

Sakura dá um beijo na testa do guardião e se senta em sua cama.

Sakura (um sorriso provocador): ... mas nós dois sabemos de quem é o recorde no jogo de corrida.
Kero: O que? Como ousa questionar minha supremacia?
Sakura (dando de ombros): Estou apenas citando fatos... você com certeza viu o nome que está em primeiro lugar na lista de recordes...
Kero: Do que você está falando?

Kero rapidamente liga o videogame para conferir a lista dos recordes de pontuação. Tamanha é sua surpresa quando ele encontra o nickname de Sakura (MahouSakura) no topo da lista.

Kero (boquiaberto): Não pode ser...
Sakura: Boa noite, Kero...

RESIDÊNCIA DOS MIHARA – BEM TARDE DA NOITE.

Chiharu: Tadaima!

Chiharu havia acabado de entrar sua em casa. Ela passa pela cozinha e deixa algumas sacolas sobre a mesa. A casa estava silenciosa e sombria. Só havia um abajur com a luz acesa. Chiharu pega seu celular e confere as ligações recebidas. Para sua tristeza não havia nenhuma. Ela disca um número e a ligação acaba caindo na caixa postal.

Chiharu: Yamazaki! Sou eu, a Chiharu, de novo. Essa deve ser a vigésima mensagem que deixo para você. Por favor, me retorna. Eu preciso muito falar com você. É importante.

Chiharu encerra a ligação e coloca o celular numa mesinha. Ela ouve um gemido vindo de um dos quartos. A menina suspira e caminha lentamente. A porta do quarto faz muito ruído ao ser aberta.

Chiharu: Desculpe a demora... está tudo pronto?

APARTAMENTO DE YOSHIYUKI TERADA– BEM TARDE DA NOITE.

Ela sabia que levaria uma bronca, mas não se importava. Seu coração não a deixaria em paz se não tentasse se desculpar. Rika desce de um táxi e entra num edificio quase na saída de Tomoeda. Ela pega o elevador, sobe até o quarto andar e pára diante de uma porta com o número 407 na frente. A sacola que trazia consigo tinha um presente que acompanharia seu pedido de desculpas.

Rika (murmurando): Vamos lá, Rika. Você consegue.

Rika se prepara para bater na porta, mas se detém por um instante. Ela ouve a voz de Terada conversando com alguém. Estava conversando com uma mulher.

Terada: Vá devagar, Akazawa, senão não consigo acompanhá-la...

Rika deixa a sacola cair. Não acreditava no que acabara de ouvir.

Rika (lágrimas escorrendo no rosto): Professora Akazawa? O que ela está fazendo na casa dele tão tarde?

Rika sai correndo rumo ao elevador e acaba esquecendo a sacola no chão.

PARQUE DO REI PINGUIM – BEM TARDE DA NOITE.

Meiling estava sentada no balanço, movendo-se bem devagar. Havia saído escondida de casa para tentar pensar. Havia uma grande frustração preenchendo seu peito.

Meiling (murmurando): Será que ela está certa? Será que todos me rejeitaram? Têm algo errado comigo? Foi por isso que o Shaoran escolheu a Sakura ao invés de mim?

Lágrimas escorrem dos olhos de Meiling. A menina se surpreende quando uma mão lhe oferece um lenço.

Garoto: Não chore. Um sorriso fica muito melhor numa menina bonita como você.

Meiling se levanta do balanço assustada e se afasta. Diante dela estava um garoto com cerca de 15 anos, cabelos loiros que iam até a altura dos ombros e belos olhos azuis. Estava usando um elegante terno branco.

Garoto (gesticulando, um pouco sem graça): Calma, calma. Eu não vou te machucar, se é o que está pensando. Eu estava apenas passando e vi você chorando... pensei que poderia ajudar...

O garoto tinha um pouco de sotaque. Provavelmente era estrangeiro.

Meiling: Ninguém pode me ajudar. Eu sou um fracasso.

Meiling se senta novamente no balanço. Ela pega o lenço e seca suas lágrimas. O garoto se senta no balanço do lado.

Garoto: Talvez se você desabafar, se contar o que aconteceu e como se sente, isso te ajude a melhorar.
Meiling: Por que você me ajudaria? Você nem me conhece...
Garoto: É verdade, mas isso não me impediria. Minha mãe sempre me disse que devemos ajudar o próximo.
Meiling: Hmmmm... eu conheço alguém que diria a mesma coisa...

Meiling começa a se balançar, olhando para seus próprios pés.

Garoto: E então? Qual é o seu nome?
Meiling: Li. Eu me chamo Meiling Li.

O garoto pega e beija a mão de Meiling, o que deixa a menina violentamente corada.

Garoto: É um prazer conhecê-la, Meiling. Eu sou Fai. Fai D. Flourite.

FIM DO CAPITULO

No Próximo Capítulo: "Sakura Kinomoto delinquente juvenil? Takashi Yamazaki policial corrupto? Chiharu Mihara dona de bar? Touya e Tomoyo, marido e mulher? Rika Sasaki paciente terminal? Shaoran Li prestes a se casar... e não é com uma garota de olhos verdes? Hoeeeee! Têm alguma coisa errada! Não é assim que me lembro dessa história! Ah. Eu espero que vocês estejam comigo no próximo capitulo de Card Master Sakura para dizermos juntos... LIBERTE-SE!"