O Plágio De Uma Bela Melodia escrita por Lilo Lut, Chiharo Sasaki


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328427/chapter/17

Segunda-Feira 15/02 - Alice

Minhas aulas iam começar uma horas mais tarde, mas o horário do café da manhã não, então fui obrigada a levantar meia hora mais cedo do que tinha planejado, isso nem sempre acontecia, mas meu professor de história da literatura iria se atrasar.                                                                                                          Depois que as aulas da manhã tinham terminado, fui ao refeitório me encontrar com Cecília para almoçarmos juntas. Esse era o momento mais agitado do dia, pois o Justino o escolheu justamente para vender o seu jornal.Quando vi a cara de espanto das pessoas que compravam minha mão começou a suar, "o que será dessa vez, espero que meu nome não esteja incluído", pensei.                                                                                                                      Fui me aproximando do refeitório e vi o Guilherme sentado em uma mesa ao lado do Paulinho, irmão de Cecília, e todos que passavam o olhavam cada um com uma expressão diferente no rosto, foi então que ficha caiu, o meu irmão tinha descoberto tudo. Mas para o meu horror ele expressou de uma maneira diferente.                                                                                                     

Quando li aquela manchete quase tive um troço, eles tinham conseguido mais uma vez me meter na história e pra piorar espalharam pra faculdade inteira com aquele título ridículo, fiquei paralisada, sem saber o que fazer, até uma garota passar por mim e comentar algo desagradável.                                                     

- Eu queria entender qual é a graça de beijar uma estátua...quer  saber o que eu acho?! É que estão inventando essa história pra poder manchar a imagem do Guilherme.                                                                                                                           

Idiota. Se o objetivo dela foi me deixar pior do que eu estava, ela conseguiu. Comecei a sentir minha raiva aumentar e sem pensar arranquei o jornal da mão de um garoto que passava no momento e fui em direção ao Guilherme.Meu pés que me levaram, pois se fosse por mim, não iria tirar satisfações, eu iria para o quarto chorar. Cecília ainda tentou me impedir mas eu fui mais rápida e antes que ela pudesse me segurar, me aproximei dele e olhei em seu olhos com tanta certeza do que estava fazendo, sem mesmo ter nenhuma. Tentei fechar a boca, se eu tivesse uma cola daquelas super-potentes teria colado meus lábios, mas a raiva foi mais forte que eu, não pude controlar, quando dei por mim, já estava aos berros:                                                          

- ESTÁ SATISFEITO? ESPERO QUE SIM, POIS VOCÊ CONSEGUIU ESTRAGAR MEU DIA E ME TIROU RESTO DE RESPEITO QUE EU AINDA TINHA NESSE LUGAR.                                                                                                         

- Calma Alice, não se altere, eu não tive culpa, não foi eu quem disse ao seu irmão.                                                                                                                          

- Não teve culpa? Você ainda acha que não teve culpa. O mais culpado de tudo isso é você - eu realmente queria selecionar as palavras pra não magoá-lo, mas conseguir isso era um milagre.                                                                   

- Muito pelo contrário, - disse ele alterando o tom de voz - o principal culpado de tudo isso foi o Luke.                                                                                                   

- Vale salientar que sua namoradinha também tem muita culpa nisso, não adianta colocar a culpa só no Luke, porque ele não te obrigou a me beijar, aliás, você não tinha nem motivos pra fazer aquilo.                                                   

- Eu não vou ficar ouvindo você defender o Luke, e eu não estou tirando a culpa da Yoko.Ela também é culpada, eu só estou pedindo pra você se acalmar.
         

Mas era impossível, todas aquelas pessoas rindo de mim, fazendo piadinhas sem a menor graça, eu não consegui agüentar.                                                        

- Você tem noção do que você fez comigo? - nessa hora passa um garoto e grita: "joga a defunta no formol que ela cala a boca".Ao ouvir isso senti uma lágrima correr em meu rosto - Espero que você esteja satisfeito.
          Minha vontade naquele momento era me jogar do ultimo andar do prédio de astronomia, não queria falar com ninguém. Deixei Cecília ao lado dele e sai do refeitório sem nem mesmo fazer minha refeição. Ao chegar no corredor, esbarrei na Yoko, que me olhou com uma cara astuta:                                                       

- Sua destruidora de namoros, está feliz agora? Ele me deixou por sua causa.-                                                                                                                         Quanta falsidade ainda existia naquela garota? Como ela conseguia ser tão cruel? Ouvindo aquelas palavras me descontrolei mais ainda e acertei um tapa em seu rosto.                                                                                                                        

- Como você se atreve a me bater. - disse ela - projeto de zumbi do século passado.                                                                                                            

- Eu não permito que você fale de mim dessa maneira, sua vagabunda oferecida.
          No momento que ela levantou a mão pra revidar o tapa que levou, Luke chegou e segurou seu braço.                                                                                  

- Não se atreva Yoko. - disse ele, mais uma vez o Luke me salvara de uma situação que poderia me prejudicar.                                                                  

- Como assim não me atrever? Me solta Luke, essa garota está precisando saber quem realmente está no topo.                                                 

- Nada disso, eu não vou deixar você fazer isso.                                           

- Eu vou fazer sua vida virar um inferno, pode ter certeza que você não vai dormir em paz daqui pra frente. - disse ela me fixando com os olhos repletos de ódio.                                                                                                             

No momento em que a Yoko desapareceu do corredor, Luke me deu um abraço,daqueles que só ele sabia dar, eu, que não conseguia parar de chorar.
         - Calma, fica calma.- disse ele, com uma voz macia em meu ouvido.
         - Por que você fez aquilo,Luke? Poderia ter deixado ela me bater até me matar, pelo menos eu não colocaria meus pés aqui de novo, e ainda faria jus ao apelido que me deram.                                                                                                 

Luke me levou ao meu quarto e disse pra não sair, para descansar e procurar pensar em outras coisas, coisas boas. Mas não conseguia fazer isso, quanto mais eu pensava no ocorrido mais eu ficava triste, pois lembrava dos meus sentimento pelo Guilherme e percebia que ele não merecia o que eu sentia. Tentei me concentrar em outra coisa, peguei um livro para ler, mas não tive resultados. Será que ela realmente cumpriria sua promessa? Será que a Yoko me faria sofrer pelo resto dos meus dias?                                                                   

O que mais me deixava intrigada era o fato de ela tentar se fazer de vítima para cima de todos, ela só não enganaria quem já sabia da história, o que não era muita gente. Também comecei a especular quem poderia ter dito aquilo ao meu irmão para ele publicar no jornal; várias pessoas me vieram a cabeça, mas estava um pouco óbvio que tinha sido a Yoko, já que foi a única prejudicada com o beijo entre eu e seu ex-namorado.                                              

Comecei a sentir a cabeça pesar, como no dia da confusão no Rockabilly, o corpo pesou junto e eu não tinha forças pra levantar, quando olhei o relógio vi que estava atrasada meia hora para minha primeira aula no período da tarde. Como não queria sair daquele quarto, nem fiz esforços para me levantar, nem pra inventar uma desculpa para dar ao professor Otavio na próxima aula.                                                                                                                              Uma pena minha companheira de quarto ter tido a mesma idéia que eu naquele dia: ficar sem fazer nada, matando aula deitada na cama. Só podia ser piada, mas não era. Segundos depois de eu ter tomado minha decisão de não levantar daquele cômodo por nada no mundo, Angelina Torres abriu a porta, entrando em direção a mim. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e Deus vai me perdoar por eu não ter ligado a mínima por esse fato, a não ser quando ela deitou no meu colo e ali ficou. Como uma estátua. Por que não ela era a morta viva da escola?! Nunca tinha visto essa garota fazer nada de bom e apesar disso, ela nunca era motivo para piadinhas sem graça de cemitérios.                              

Eu não queria perguntar nada a ela, para não terminar de piorar a situação. Mas quando ela olhou para mim, com os olhos inchados feito dois tomates maduros, se eu falasse alguma coisa, provavelmente pior não poderia ficar.                                                                                                                                                  

- O que houve menina? Por que você está chorando tanto?                                        

- Por ele Alice. Sempre ele, que prefere tantas as outras menos eu.                

- Ele quem Angelina?! – Santo Pai do céu, eu rezei para que ela não estivesse pensando em...                                                                                                            

- Luke, Alice. Estão dizendo que ele está de namorada nova.                           Namorada?! Luke estava namorando e não tinha me contado NADA?                     

- E quem é essa garota Angelina?                                                                               

Tenho que admitir que era melhor não ter começado a fazer um questionário básico com a minha companheira, já que a resposta dela não foi nem de perto a que eu esperava receber. Se a menina mais feia da escola estava sabendo de um tipo de notícias dessa, claro que todos estavam comentando. O que significava que a minha mais nova amiga estava perdida


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Plágio De Uma Bela Melodia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.