- Regina -

- Por quê insistiu tanto nisso mamãe?

- Como assim querida?

- Por que tanto interesse em ajudar a Belle? Você nem a conhece...

- Regina querida, vejo grande potencial nela...

- Potencial para quê?

- Para a magia...ela realmente quer destruir o Gold e todos na cidade...

- Muitas outras pessoas já quiseram isso, e você nem olhou para elas...há algum interesse específico?

- Minha querida Regina, ela não te lembra ninguém do nosso passado?

- Nosso passado? A quem se refere?

- Ela me lembra muito uma velha amiga...Avalon Le Fay. A determinação, a maldade presente e a sede por vingança, mas principalmente os olhos...são muito parecidos...e depois de tomar a *poção do esquecimento, ficou idêntica a Avalon quando jovem.

Avalon Le Fay, também conhecida como “A Phênix Branca”, o ser mais poderoso e indestrutível.

Quando eu era criança, ela era uma grande amiga de minha mãe...e logo após meu casamento, nos tornamos inseparáveis. Ela me ensinou muito sobre a vida, contradizendo meu “professor” Rumpelstiltskin. Ambos viviam em lados opostos, até mesmo chegaram a se odiar. Às vezes penso: seria ela mais poderosa que ele? Com certeza sim, mas quando se apaixonou por um mortal, - George, um príncipe guerreiro - sua magia enfraqueceu.

Infelizmente, nessa época já não nos falávamos, pois tínhamos ideias diferentes a respeito da magia. Logo após a filha completar dois anos, seu castelo foi atacado, e Avalon se sacrificou para salvar a menina e o marido, porém em vão. Os três morreram naquela noite.

Agora que minha mãe falou, começo a perceber semelhanças. Avalon sempre teve opinião formada, era dona do próprio destino e possuía temperamento forte. Sabia ser cruel quando necessário, e tinha um poder inexplicável: seus olhos eram de tamanha beleza que, caso quisesse, poderia hipnotizar e influenciar qualquer pessoa. Até que conheceu George, um príncipe guerreiro muito valente e destemido. Ambos se enfrentaram no campo de batalha, e foi assim que o amor entre eles cresceu. E quando isso aconteceu, Avalon se tornou uma moça doce, de olhar gentil, que se recusava a usar magia para conseguir algo. Mesmo sendo tão poderosa, abicou de tudo para ficar com seu verdadeiro amor. Logo se casaram e tiveram uma filha: Guinevere.

- Agora que você falou...realmente, são bem parecidas... mas a Avalon morreu há anos...

- Exatamente quando Belle completou dois anos.

- Você não está pensando que a Belle seja a filha dela, está?

- Não sei, mas vou descobrir - falou minha mãe, deixando a casa rumo às aulas com Annabelle.

- Não, não é possível. Guinevere morreu na mesma noite que George e Avalon, e isso me consumiu de culpa por anos...ela não pode ter sobrevivido...

- flashback on –

- Minha Rainha, chegou um comunicado urgente...

- Deixe em cima da mesa, agora estou ocupada.

- Como quiser, majestade. – disse meu pai e servo deixando o salão.

Às vezes sinto pena, depois de tudo que aprontei ainda está ao meu lado...mas ele não entende. Eu preciso ter minha vingança, pois só assim serei feliz.

- Muito bem... De quem é a carta agora?

“Minha querida Regina,

Sei que não quer notícias minhas, mas tenho que falar com alguém, estou muito confusa, não sei o que fazer, e preciso de sua ajuda.

Ontem minha filha completou dois anos. Ela é tão linda! George sempre diz que ela tem o melhor de nós dois. Seus olhos são de um tom azul idêntico ao meu, porém mais claros, seus cachos são dourados, e sua pele branca como a neve. É uma criança adorável e gentil, e eu como mãe não posso negar: ela é um anjinho. O meu anjinho. Estávamos tão felizes....mas creio que não durará por muito tempo. Esses dias venho tendo uma sensação estranha... como se algo ruim fosse acontecer. Alguns homens do povoado estão com medo, pois pensam que minha Guinevere pode lhes fazer mal, por Deus, ela é apenas uma criança! Há boatos de uma possível invasão, uma “caça às bruxas”, e pior:  com o apoio do seu “professor”.

Estou tentando conjurar um feitiço de proteção, mas estou fraca, e meus poderes são instáveis. Preciso de você Regina, como amiga, como irmã e como feiticeira. Por favor, venha ao meu palácio, te imploro!

Eu entendo que ainda sinta rancor por mim... Mas eu e amo tanto! É a única em quem eu confiaria o meu bem mais precioso: minha filha. Por favor, venha me ver em até três dias.

Esperando ansiosamente,

Avalon”

Quando terminei de ler, uma lágrima escapou de meus olhos. Por que ainda me importo com ela? Avalon foi a primeira a me julgar por conta de minhas aulas com Rumple. Ela nunca aceitou que eu seguisse para o caminho da vingança, pois isso nunca me daria o poder que eu precisava, mas agora é ela quem precisa dos meus poderes.

- Henry!

- Me chamou filha?

- Sim, quero que mande um espião para o povoado governado pela Avalon. Preciso saber tudo que acontecerá nos próximos três dias.

- Como quiser majestade.

----------- Três dias depois --------

- Regina, aqui está o espião.

- O que faz aqui? Não deveria estar em outro reino?

- Sim, me desculpe majestade, mas tinha condições de eu permanecer. O castelo está em chamas, assim como o povoado.

- O que aconteceu? Me conte tudo.

- Alguns homens do povoado se revoltaram com o fato de terem uma feiticeira no governo, e resolveram agir por conta própria. Procuraram por um feitiço que poderia imobilizá-la por alguns minutos e invadiram o palácio ontem. O rei George tentou salvar a princesa enquanto a rainha Avalon conjurava um feitiço. Mas ela estava muito fraca, e a conjuração sugou tudo que lhe restava. 

Não, não é verdade.....ela está bem, tem que estar!

- E quanto ao George?

- Ele estava lutando para impedir que entrassem no palácio e pegassem a filha, mas nesse momento, presenciou uma espada atravessar o ventre da esposa. Enquanto ela era lançada morro abaixo, ele foi fortemente atingido, perdeu muito sangue e não aguentou.

- E quanto à menina?

- Acharam o corpo de uma criança, mas não confirmaram ainda se era ela. Depois que mataram o rei e a rainha, incendiaram o castelo e tudo que restava dentro dele, mas as chamas foram mais fortes do que o esperado e pegaram parte do povoado, por isso fugi.

- Você pode se retirar.

- Sim majestade – disse meu servo deixando-me sozinha com meu pai.

- Regina querida, eu sinto muito...imagino o que esteja setindo...

- Não! Você não faz ideia do que estou sentindo!! Deixe-me sozinha, agora!

Isso não era justo. Tudo que ela conquistou, lutando século após século, lhe foi tirado em segundos. E a única pessoa capaz de evitar, não fez nada. Por que fui tão egoísta a ponto de recusar ajuda à pessoa que mais me ajudou nesse mundo?

Assim como as lágrimas que desciam por meu rosto, a culpa me consumia, bem como a certeza de que eu nunca me perdoaria...

- flashback off –