- Regina –

- Não posso fazer isso ao Henry Belle, não posso. Me desculpe...

- Você tem que me ajudar! Não consigo sozinha, e você é minha última esperança, por favor Regina!

- Belle, me entende, por favor! Estou me esforçando muito para ser melhor pelo Henry! Está muito difícil...a cada dia ele se distancia mais, e para tê-lo novamente, preciso lutar!! Mas para isso..tenho que ser honesta com ele....

- Eu te entendo Regina, mas você precisa me entender também! Eu fui destroçada!  De todos nessa cidade, não tem uma pessoa que tenha sido verdadeira comigo!

- Belle, eu sinto muito pelo que aconteceu com você, acredite, sei mais do que qualquer um nessa cidade, mas não posso trair a confiança do Henry novamente..

-Regina você me deve!

- Devo?

- Sim! Quando ia voltar para o Dark Castle, você me sequestrou e me prendeu. Quando a maldição foi lançada, me deixou presa por 26 anos e depois me enganou e manipulou por mais 2.  Então sim, você me deve. Por favor, me ajuda!

- Belle...

- Por favor Regina! Só te peço isso!

- Tudo bem...mas precisamos falar com o Henry antes.

Belle me abraçou tão forte que me senti...amada.

- Obrigada Regina, obrigada.

- Rumple -

Deixar Belle foi a coisa mais difícil de fazer. Olhar em seus olhos e dizer que não a quero foi a maior mentira que já disse, mas é para seu bem. Hoje deixarei Storybrooke, levando Emma. Sei que pedi a ela para cuidar de Belle, mas preciso de sua ajuda para encontrar meu filho, minha última chance de ser feliz.

Porém, cuidei para que nada aconteça a minha querida Belle, “Não Rumpelstiltskin, ela não é mais sua”, os Charmings cuidarão dela, pois se não o fizerem, matarei todos.

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- Regina -

Passou-se uma semana desde que fiz um acordo com Belle. Henry aceitou a “novidade”, inclusive se animou por poder vê-la mais vezes, principalmente com a saída de Emma da cidade. Annabelle se mudou para minha casa, tudo parecia se encaminhar, mas algo inesperado aconteceu.

     - Flashback on -

“Há cinco dias, eu não passava de uma mulher solitária. Agora, Belle está morando comigo. Não posso mentir, me sinto muito feliz com isso, pois meu filho vem quase todos os dias vê-la, e consequentemente, passa mais tempo comigo”. Estes eram meus pensamentos quando algo chamou minha atenção: um som no quarto ao lado. Alguém estava... Chorando? Belle. Levantei-me imediatamente, preocupada.

- Belle? – disse eu, adentrando seus aposentos.

- Sim? – disse enxugando as lágrimas

- Por que está chorando? O que houve?

- Nada...

- Ninguém chora por nada.... – disse, me aproximando – me diga o que aconteceu.

- Regina, eu sei que você me deve, mas não precisa pagá-la desse modo....aliás, já pedi muito nesse acordo...

- Minha dívida com você foi paga no momento em que selamos nosso acordo. Não gosto de vê-la desse modo - sentei ao seu lado - por favor, me deixe te ajudar... O que aconteceu?

Suspirou

- Surgiu um problema.

- Problema? Qual?

- Estou.....grávida.

- O quê??

Apesar se estar surpresa, uma felicidade súbita surgiu em meu coração...a alegria era óbvia em meus olhos.

- Esses dias comecei a passar mal e fui ao médico. Dr. Whale fez exames e confirmou, estou grávida de 2 meses.

- Que notícia maravilhosa! Mas como um filho pode ser um problema?

- Regina, olhe para minha situação. Fui enganada pelo pai do meu filho, jurei vingança contra a cidade toda, e estou prestes a mudar minhas lembranças... Não posso ter um filho nesse momento!

- Belle... Não seria esse um sinal?

- Sinal? De quê?

- De que você deveria repensar seus planos...

- Não vou mudar meus planos, e sim adaptá-lo. Só preciso pensar em como o fazer

- Se é o que você quer, tudo bem. Apenas lembre-se que se precisar de qualquer coisa, estarei aqui.

- Obrigada Regina.

- Agora tente dormir que já está tarde.

- Ok.

Então, como uma mãe faria com seu filho, beijei Belle no rosto e a cobri.

     - Flashback off

Mas o contratempo foi logo resolvido, pois minha mãe, Cora, teve uma excelente ideia: encontrar um “pai” para o filho de Belle. A resposta parecia óbvia: Captain Hook.

- Flashback on

- Belle, pense bem: qual o maior inimigo do Gold? – perguntou minha mãe.

- Até onde sei, Hook...

- E como você acha que nosso querido Rumple se sentiria ao perder novamente para o Hook?

- Ele não me perdeu para o Hook, e sim por ele mesmo...

- Mas o orgulho fala alto nesses casos.... Para quem já perdeu a primeira esposa para o pirata, perder uma segunda vez será terrível.... ou seja, um plano perfeito para vingar-se dele.

- E quanto à cidade?

- Isso eu resolvo, não se preocupe. Pense bem Belle, estou te dando a oportunidade perfeita para vingar-se do Gold e a magia necessária para destruir a cidade... Te ofereço um poder ilimitado contra todos, e se souber usá-lo, pode fazer grandes coisas...

Após refletir, Belle chegou a uma conclusão.

- Tudo bem, me convenceu. A partir de hoje, Captain Hook é o pai dessa criança.

O sorriso de satisfação era evidente no rosto de minha mãe. Ela sabia muito bem quando usar sua persuasão.

  - flashback off

Embora o plano parecesse ideal, era perigoso demais para Belle, pois estava adentrando cada vez mais no caminho da escuridão. A vingança pode ser prazerosa, mas seus frutos são severos. Porém, por mais que a avisasse, Annabelle estava convencida: usaria todos os recursos possíveis e impossíveis para destruir as pessoas que a destruíram, começando pelo Dark One.

Após o prazo estabelecido por mim, uma semana, o feitiço estava pronto. E exatamente no amanhecer do sol, Belle se ajeitou em uma espécie de “altar”, com Hook ao seu lado. Cora fez questão de executar a maldição. Porém, antes de realmente começar, pedi um omento a sós, minha última chance de apelar para os sentimentos da moça de cabelos castanhos deitada frente a mim.

- Belle, por favor, pense bem, você realmente quer fazer isso? É sua última chance de revogar nosso acordo, ou pelo menos parte dele.

- Parte?

- sim, a parte que envolve a maldição. Se quiser, pode morar comigo de agora em diante, te ajudarei sempre que precisar, inclusive com a criança...Henry ficaria tão feliz

-Mas eu não Regina. Todos nessa cidade fizeram pouco de mim. Rumple me magoou e enganou profundamente, deixo uma cicatriz que não irá se curar. Cansei de ser a boazinha,  Regina, de sempre fazer o bem. Isso só me levou à tristeza e sofrimento. O único sentimento que me restou, e a vingança. Tudo que mais quero é fazer sofrer as pessoas que me machucaram, e não vou parar até conseguir.

- Eu entendo sua dor Belle, já passei por isso. Quando Daniel morreu por culpa da Snow, meu mundo caiu, e quando minhas últimas esperanças foram desperdiçadas em uma tentativa falha de trazê-lo de volta, meu coração realmente congelou. Meu único sentimento era vingança, e meu único desejo, era matar Snow White. Mas quando a maldição se concretizou, percebi o vazio que me trouxe. Belle, a vingança pode ser prazerosa no inicio, mas seus frutos são cruéis, e o preço é alto demais.

- Aprecio sua preocupação Regina, mas estou decidida a pagar o preço que for.

- E se o preço for seu filho?

Sua expressão era ilegível.

- Belle, um filho é uma dádiva. Quando adotei Henry, ansiava apenas por companhia. Mas com o tempo, ter aquele ser tão pequeno em meus braços começou a aquecer meu coração e revigorar minha alma. Estar perto dele é um presente com o qual nunca fui merecedora. A vingança me afastava cada vez mais de meu filho, e fará o mesmo com o seu. No momento, tenho certeza que você nem imagina o quão prazeroso é ter um filho nos braços, você imagina que será apenas uma criança. Mas não bem assim, quando ele nascer, uma parte de você vira junto. Ele será um pedaço de sua carne, de seu sangue, de sua alma. Vocês estarão conecados para sempre. Quando presencia-lo triste sua alma se entristecerá também, e seu coração irá se despedaçar a cada lágrima que cair de seu pequeno rosto. Mas então será tarde demais, pois quando se começa algo, tem que terminar, e quando finalmente conseguir o que quer, perderá o bem mais precioso que alguém pode ter: um filho.

Após meu discurso, Belle soltou lágrimas, que rolavam com intensa sincronia às minhas. Era o momento perfeito para fazê-la entender.

- Belle querida, você não precisa usar da vingança para ter satisfação pessoal, e sim de ajuda. E estou disposta a ajudá-la. Ainda existe o bem em você, o vejo em seus olhos. Por favor, não mate isso em você. – minha voz falhou, surpreendendo-me por sua intensidade, assim como as lágrimas que rolavam incessantemente por meu rosto - A bondade é uma grande qualidade, mas poucos a possuem. Você foi agraciada com ela, então, por favor Belle, reconsidere.

Belle parecia realmente refletir sobre o que disse. Quase vi a luz em seus olhos, mas então Cora apareceu e a apagou.

- Belle, precisamos iniciar o procedimento agora, é o momento perfeito. Vamos querida, você tem que estar sobre o altar antes que o primeiro raio de sol apareça.

Annabele olhou-me intensamente, e correspondi da mesma maneira. “Acho que finamente consegui”

- Obrigada Regina, por tudo. Você realmente mudou.

Sorri

- Mas eu também mudei. – meu rosto desabou – as pessoas dessa cidade mataram a última fagulha que ainda possuía. Todo meu orgulho fora ferido. Você já passou por isso, portanto sabe o quão forte é o desejo por vingança. Vou continuar com meus planos, e se precisar passar por tudo isso para no futuro me redimir e voltar a possuir meus sentimentos, assim o farei. Como você disse, o caminho que escolhi não tem volta.

- Muito bem darling, vamos, está na hora – disse Cora com um sorriso diabólico no rosto.

Com as lágrimas queimando meu rosto, vi a moça corajosa e bondosa de cabelos castanhos me dar as costas e deitar-se no altar. A heroína, que sacrificou a si mesma pelo bem de seu povo. Quando os raios do sol invadiram o lugar, seus olhos se fecharam, deixando escapar uma última lágrima, seus lábios expressaram um “I’m sorry Regina” e se selaram. Suas mãos pousaram sob seu abdômen, onde seu filho descansava.

Guiada pelas profecias de minha mãe e pelos olhares curiosos de Hook, a antiga Belle que conheci foi se esvoaçando com o vento. Sua pele, antes rosada, tornou-se pálida como a neve. Seus cabelos se transformaram, e ouro de antes voltava às suas raízes.  

Após alguns minutos, finalmente terminou, e Belle levantou-se com os olhos ainda cerrados. Com os pés pousados no chão, abriu os olhos, e então percebi. Toda doçura e delicadeza que um dia existiu foi consumida pela frieza. Todo o brilho que um dia pairou sob seus grandes e perceptivos olhos azuis, se apagou.

- Belle? Você está bem? – perguntei, preocupada.

- Agora é Annabelle. E sim, estou ótima. Aliás, nunca me senti tão revigorada quanto agora.

Um sorriso diabólico estampou seu rosto. Cora expressava satisfação plena, sua experiência foi um sucesso total, e Hook não escondia a malícia em seus olhos.

Quanto a mim... Apenas uma certeza: no instante que Annabelle Mills nasceu, Belle French morreu.