“Do que é feita a felicidade?”

 

Abriu os olhos com dificuldade e logo sentiu a forte pontada na cabeça.

Céus, o que diabos tinha feito noite passada?

Fugiu de casa, confere. Pediu ajuda para Levy, confere. Cana a chamou para uma festa, confere.

Ah, sim. Cana a chamou para uma festa... Em um bar.

De quem era a festa mesmo?, se forçou a lembrar. Em vão.

A última memória que tinha era apenas de inúmeras bebidas, de cores e sabores diferentes, sendo empurrados garganta abaixo.

Sua cabeça latejou mais forte. Em todos os 23 anos de sua vida, Lucy jamais imaginaria que em um dia sua vida mudaria tanto.

E nem que seu destino mudaria tanto.

Encolheu-se um pouco naquela cama macia. Por que estava tão frio?

Puxou o lençol mais para cima e enfim percebeu o motivo do frio.

– Mas... O-O quê? - sussurrou ao revelar seu corpo completamente nu.

Finalmente parou um momento para olhar o quarto em que se encontrava. Aquele definitivamente não era o quarto de Levy. Era muito maior e não tinha nenhuma prateleira inundada de livros.

Então... Se aquele não era o quarto de Levy, onde ela estava? E por que estava nua?

Mesmo não querendo admitir, ela já sabia o motivo.

Amaldiçoou Cana em pensamento e virou-se devagar, dando de cara com alguém que jamais havia visto na vida. Este dormia calmamente. Seu cabelo loiro se encontrava bagunçado no travesseiro e Lucy pôde perceber que ele estava na mesma situação que ela, já que o lençol deste cobria apenas da sua cintura para baixo.

A loira prendeu um grito em sua garganta e caiu da cama por culpa do choque.

Suspirou aliviada ao ver que seu acompanhante, que sequer sabia o nome (ou ainda não se lembrara disso), havia somente resmungado e se revirado.

Agarrada ao lençol, viu suas roupas largadas no chão e as pegou.

Novamente observou o quarto e avistou uma porta de madeira branca que julgou ser um banheiro. Foi até ela e abriu, vendo que estava realmente certa.

Ela tinha mesmo feito aquilo? Com um desconhecido?

Kyaah.

Não podia acreditar. Anos planejando, para a sua primeira vez ser assim?

– Lucy, sua idiota. - se bateu em pensamento antes de sentir o mal-estar da ressaca e tudo que era tipo de bebida (e até mesmo o que não era) ir descarga abaixo.

Ela desejou que a noite passada também fosse descarga abaixo.

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Andava por um pequeno parque no centro da cidade. Já havia se passado quase um mês desde o ocorrido.

Ela se acostumou com a ideia de ter dormido com um cara que não conhecia e que até então não sabia o nome. Já até havia se esquecido disso.

– Hey, Lucy. - ouviu.

Se virou rapidamente, dando de cara com uma bela morena.

– Cana, - sorriu - Está indo pro escritório?

– Sim. Cuidarei da presidência hoje. Aquele pai idiota, foi viajar sem avisar de novo. - a loira pôde ver um brilho assassino naqueles olhos lilás.

Era sempre assim. Desde que as duas se conheceram no colegial, Lucy só ouvia Cana reclamar de seu pai. Mas era claro que a morena tinha o amor dele, coisa que a loira jamais teve.

– Já faz um tempo desde que nos vimos, hein? - Cana começou, sua expressão mudou como se tivesse lembrado de algo - Ah, como foi a noite com Sting Eucliffe?

– Hein? Sting... - ah, então era esse o nome dele. - Cana! Por que não me parou?

– Vocês estavam tendo um clima tão bom lá na festa, que eu não quis atrapalhar.

– Você me deixou ir para a cama com um desconhecido! - a loira choramingou e corou. Se era vergonhoso pensar em falar isso, imagina dizer em voz alta?

– Foi mal, foi mal... Espera, vocês foram mesmo pra cama? Quem diria, hein, Lucy? - zombou, fazendo a amiga corar mais ainda.

– Pare com isso.

– Mas você teve sorte, Lucy. - ignorou o pedido da loira - Foi para a cama logo com um dos herdeiros da Sabertooth. É uma empresa conhecida mundialmente.

– Conhecida por todo mundo, menos por mim.

A morena riu, em seguida olhou para o relógio em seu pulso.

– Desculpe, preciso ir. Bom te ver de novo. - começou a correr. Se virou novamente para a loira, que estava um pouco longe, e gritou. - Vamos marcar de sair novamente qualquer dia.

– Ok! - gritou de volta.

Foi automático. Assim que Cana sumiu de seu campo de visão, a loira sentiu a tontura chegar. Mas que rapidamente passou.

Consequência de não ter comido nada o dia inteiro, com certeza.

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"Mais de 17% das mulheres grávidas não percebem os sintomas no início da gravidez."

A mulher de cabelos azuis lia um livro sobre cuidados na gravidez - depois de devorar uma coletânea de romances, livros sobre gravidez a atraíram - quando ouviu a porta se abrir e uma loira, um tanto pálida, passar por esta.

– Lu-chan, bem-vinda de volta. - fechou o livro e sorriu - Como foi?

Lucy apenas moveu a cabeça negativamente e suspirou.

– O que se pode fazer quando não há curso ou faculdade alguma no currículo? - Levy deu de ombros - Seu pai é realmente estranho, Lu-chan.

– "Você não precisa de faculdade, apenas se casar com alguém bom o suficiente para tomar conta da empresa". - a loira engrossou a voz - E um pouco antiquado também. - riu.

E de novo aquela tontura apareceu, fazendo-a se sentar.

– Tá tudo bem? - a garota mignon perguntou, preocupada.

– Sim. Só passei o dia inteiro sem comer nada. - sorriu nervosa.

– Lu-chan! Você tem que se cuidar. Fica aqui que eu faço algo para você comer. - disse já indo para a cozinha, que ficava naquele mesmo cômodo.

O apartamento de Levy era pequeno, porém confortável. A sala e a cozinha ficavam juntas e eram divididas apenas por uma bancada. O quarto se encontrava no final de um pequeno corredor e o banheiro em uma porta na lateral.

Um apartamento perfeito para alguém sozinho.

– Você adora me deixar preocupada, não é? - Levy disse colocando água numa jarra. - Primeiro, quando você foi para aquela festa com a Cana e só voltou no dia seguinte. - começou a mexer o conteúdo da jarra com uma colher - E agora, você não se alimenta direito. - bufou.

A loira riu. Tinha sorte de ter uma amiga como Levy.

– Desculpe, mamãe. - riu ao ver que Levy ficara emburrada - Por falar em Cana, a vi hoje.

– Hum? Sério? - voltava com uma sacola em uma mão e a jarra, com dois copos, na outra.

– Ela está na presidência da empresa agora. - comentou, ajudando a amiga a colocar as coisas na pequena mesinha de centro.

– Então Gildarts viajou de novo? - riu.

– Uhum.

– Só isso? Ela não deu nem uma pequena informação sobre sua paixão de uma única noite? - zombou.

Levy sempre sabia de tudo que acontecia com Lucy. Eram melhores amigas desde a infância.

– Levy-chan! - corou, fazendo a pequena rir mais ainda. - Ela deu algumas sim. Ele se chama Sting e é um herdeiro de uma empresa chamada... Sabertooth, eu acho.

– Hum... - Levy mexia na sacola, procurando alguma coisa. - Espera! Sting? Sabertooth? Você dormiu com Sting Eucliffe? - quase pulou.

A loira apenas acenou com a cabeça.

Levy se engasgou. Então fora com esse cara que a amiga passou a noite? Rico, famoso e atraente. Era como em um romance que ela lera. Não sabia dizer se Lucy era sortuda ou azarada.

– Muitas iriam querer estar no seu lugar, Lu-chan.

– Eu não iria. Querer fazer sexo com alguém desconhecido... Isso é coisa de vadia. E eu não sou uma. - serviu o suco e pegou um dos copos.

Levy riu e retirou da sacola um hambúrguer, logo o levando para sua boca.

A loira, ao ver a amiga retirar um grande pedaço do lanche, se sentiu enjoada e correu para o banheiro, fazendo Levy se preocupar novamente e ir atrás dela.

– Lu-chan... - disse se encostando na porta e olhando a cena da amiga lavando a boca na pia - Você... está grávida?

Lucy levantou o rosto molhado e se encarou no espelho.

Alguns segundos se passaram até a loira encarar a jovem de cabelos num tom cerúleo.

– Impossível. – disse. - Ficar grávida de um desconhecido... Isso é coisa de filmes e livros.

Levy concordou, ainda estranhando o comportamento da loira.

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Talvez fosse possível uma garota pura perder a virgindade com alguém que não conhecia, mas era absolutamente impossível ficar grávida assim.

Ou então isso era uma chance em um milhão.

Não, definitivamente era impossível. Impossível para Lucy.

Mas ainda assim ela foi à farmácia e comprou o teste.

E aquele teste mostrava para loira que o impossível se tornara possível.

Positivo.

Estava grávida. E de um cara que ela só tinha visto uma vez na vida.

– Você sabe que terá que contar para eles, não é? - Levy disse, sentando ao lado de Lucy e encarando o teste.

– Estou morta. Completamente morta.