Diabolic Lover escrita por Marie Lolita


Capítulo 5
05 - Te apresento seus Anfitriões


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, estou aqui com mais um novo capítulo, para a alegria geral. Devo dizer que estou muito contente com o rumo que as coisas estão tomando e Dai, eu sei que disse que a Marie parece com a gente, mas acho que ela é 10 vezes pior que a gente, a personalidade dela é 15 vezes a nossa. kkk
Quero agradecer a a Prongs que começou a acompanhar essa fic e já deu uma recomendação. MUITO OBRIGADA! Isso significa muito para a autora.
Espero que curtam esse mais novo capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328289/chapter/5

    Ouso o som de chave sendo colocado na fechadura, mas eu sequer ligo. Estou muito transtornada para pensar em qualquer coisa que não seja limpar o chão que sujei de chá gelado.

     – Eu sei. Eu falei isso mais... – alguém abri a porta e para de falar quando me vê sentada no chão enxugando-o com um pano velho. – Marie, o que você está fazendo aí no chão só de roupão e com um pano de chão? – Alicia me pergunta, alarmada.

     Ela olha para a porta e faz sinal para a pessoa esperar no corredor e volta a me encarar.

      – Alicia? – pergunto sem certeza.

      Meus olhos estão meio turvos por causa das lágrimas que estou reprimindo desde que Ian fugiu, então não tenho mais certeza de nada.

      – Sim. Sou eu, meu bebê. O que você está fazendo aí no chão de roupão? – ela se abaixa, sentando ao meu lado.

       – Um vampiro pervertido roubou a minha toalha.

       – Vampiro pervertido? Toalha? – ela franze a testa, não entendo uma vírgula. – Querida, eu não estou te entendendo.

       Está mais que na cara que ela não me entende. Ninguém me entende há muitos anos. Apenas os meus livros me compreendem e não fazem perguntas pé no saco.

       – Venha. Se levante e vá vestir uma roupa, tenho uma notícia ótima para te dar – disse ela, me estendendo a mão e me colocando de pé.

      Agora eu que não a entendia, mas não estou nem um pouco a fim de discutir. Então eu segui de forma automática pelo corredor até meu quarto.

      Não parei para admirar todas as paredes do quarto que consistem em estantes abarrotadas de livros do teto ao chão, sem contar os livros em cima da cama, nos degraus para o segundo andar do quarto e no chão. Apenas ando sem vontade até o segundo andar do quarto e abro uma pequena porta cinza com desenhos dos monumentos mundiais e tiro do pequeno armário – que também tem livros – uma blusa azul-marinho bem larga que vem até metade das minhas coxas, um sutiã preto e uma calcinha da mesma cor, tudo muito simples, sem nenhuma daquelas frescuras que as mulheres gostam de colocar só para a roupa cobrir. Desafivelo o roupão e deixo a vestimenta escorregar pelo meu corpo até alcançar o chão.

      Coloco o sutiã e a blusa de qualquer jeito, nem me importando se tampa ou não alguma coisa. Só quero ficar no meu quarto e não sair mais daqui pelo resto da minha vida, mas eu não posso fazer isso.

      – Marie! – ouso Alicia gritar da sala.

      Com um suspiro, eu coloco o cabelo para frente para cobrir as marcas roxas do pescoço e desço as escadas abarrotadas de livros a cada degrau, tomando muito cuidado para não esbarrar em nenhum dos meus preciosos.

      Volto pelo mesmo caminho que fiz antes e escuto vozes e sei imediatamente que Alicia não está sozinha. Não estou vestida apropriada para receber alguém... Ah, que se dane, eu não estou nem aí para quem possa estar com ela.

      Assim que coloco meus pés descalços no tapete felpudo da sala, vejo a nuca do homem que discutia algo animadamente com a minha madrinha que estava segurando uma gargalhada. Assim que ela me vê entrando na sala, ela trata de engolir a risada e coloca seu melhor sorriso e vem até onde eu estou para me puxar para ficar mais perto deles, ficando ao lado do sofá preto de couro caríssimo dela.

      – Marie, eu quero que você conheça Derek Williams. Derek essa é a Marie de quem tanto te falei – ela nos apresenta como se isso fosse à melhor coisa do mundo ou como se tivesse conhecendo o presidente dos Estados Unidos, o que para mim não significa absolutamente nada.

      Derek se levanta do sofá e me encara com seus intensos olhos acinzentados, assim como os meus. Fazendo em seguida uma reverencia meio formal demais para um garoto que deve ter 19 ou 21 anos no máximo, mas com essa carinha de 17 fica meio difícil de acreditar.

      Se eu fosse uma fã histeria de Justin Biebier ou pelo menos gostasse do estereótipo de garoto com cara de bebê, eu provavelmente me daria o luxo de cair dura no chão de tão lindo que ele é, mas como ele não está dentro de um livro, o máximo que faço então é um comprimento com os olhos. Eu espero que ele entenda, pois só terá isso de mim.

      – Marie, não seja mal educada, o cumprimento com um abraço ou pelo menos com um aperto de mão – repreende Alicia.

      – Não é querendo ser mal educada, mas já sendo, eu não faço a mínima questão de ter contato físico com ele.

      Naquele segundo parecia que um gambá tinha ido parar magicamente no meio da sala e expeliu seu jato fedorento em todo o recinto, pois o rosto angelical de Alicia se contorceu em uma expressão desgostosa e logo depois ficou meio sem graça.

      – Como eu te disse Derek, ela é uma garota muito espirituosa – ela tenta remediar a situação.

     Isso já é quase automático para Alicia. Toda vez que sou “delicada” com as pessoas que ela me apresenta, inclusive em eventos da alta sociedade, ela tenta remediar cada palavra que digo, por isso, há muito tempo deixei de ir nessas festas onde mais passo fome e tenho de usar aquela invenção masculina chamada salto alto que tortura meus pés.

      Se Derek ficou chocado ou não aprovou minha “delicadeza”, ele não demonstrou. Apenas ficou parado me observando com seus olhos intensos e assim que eu levanto uma sobrancelha em indiferença, o canto de sua boca levanta no que pareceu um sorriso de aprovação.

      – Diga de uma vez, qual é a notícia maravilhosa que não posso me trancar no meu quarto e ficar lá até o Apocalipse. – Volto a olha minha madrinha.

      – Sente-se querida – pede Alicia, obviamente tentando me preparar para algo que irei detestar saber.

      – Estou muito bem em pé, madrinha.

     Alicia pigarreia duas vezes e parece pensar em qual a melhor forma de despejar de uma vez.

      – Bem, Marie, eu sei que desde... Ah, nos sabemos que não tem sido fácil para ninguém esses tempos. E você mais que ninguém, parece que está lidando a sua maneira, mas...

      – Você me chamou para fazermos uma roda, darmos as mãos e falar do passado, porque se for eu vou embora agora – digo rabugenta.

      Eu odeio quando alguém toca nesse assunto e fica com essa cara de dó, tipo, “coitadinha da Marie”. Eu não quero a pena de ninguém. Apenas quero ficar sozinha com meus livros.

       – Não, eu não te chamei para falar disso... Eu apenas quero dizer que estou preocupada, pois você não sai com ninguém e parece nem gostar das pessoas, por isso, eu contratei o Derek para te interagir novamente a sociedade.

      Me interagir novamente a sociedade? Ela acha que sou algum tipo de preso que acabou de sair da prisão e precisa se socializar novamente? Poupe-me. Porque ninguém consegue entender que eu apenas gosto muito de ler. Isso é um crime por acaso?

      Reviro meus olhos com toda a situação, que é absurda.

      Olho para o garoto de cabelo preto a minha frente e franzo a testa. Obviamente ele parece uma pessoa extremamente formal, tímida e digamos, anti-social. Acho que Alicia pegou a pessoa errada para esse serviço.

       – Eu agradeço a sua preocupação, mas não acho que você pode sair por aí contratando pessoas para tentar me mudar, sendo que não tem nada de errado comigo. Então, você já pode ir embora.

       Bem, não foi um “chispa seu idiota”, mas acho que serve.

       Dou as costas para os dois, decidida a não me abalar mais nesse dia de merda que estou tento e voltar ao meu quarto para procurar o conforto dos meus livros, mas eu deveria saber que Alicia não iria se dar por vencida tão facilmente. Ela coloca uma mão em meu ombro e me obriga a virar e encará-la. Seus olhos cor de avelã demonstram sua preocupação, mas que eu sei que é desnecessária.

       – Por favor, Marie, eu entendo pelo que você está passando, mas não faça isso com você mesma – me suplica.

      Tenho que desviar o olhar, ao contrário poderia ceder ao olhar de cachorro-que-caiu-da-mudança que ela faz tão bem.

       – Eu não pedi a sua preocupação. Deixe-me lidar com as coisas a minha própria maneira.

       Tiro a mão dela do meu ombro e volto a dar as costas, fazendo um esforço sobrenatural para não ceder um segundo.

        – Isso é tão patético – ouso uma voz masculina dizer um pouco mais atrás de mim.

        Curiosa, eu me viro para encarar Derek, que está com um sorriso frio estampado em seus lábios sedutores.

        – O que é patético? – pergunto estreitando meus olhos.

        – A senhorita é patética – ele declara de forma simplória. – Fica aí se fingindo de durona e com sua posse de “eu não ligo para nada e ninguém”, mas no final das contas só é uma garotinha com medo que não sabe lidar com as pessoas.

        É bem provável que meu queixo tenha ido parar nos pés, pois eu não acredito que essas palavras e esse olhar frio me fitando são do mesmo garoto com cara fofa a quem fui apresentada.

        – Quem você pensa que é para falar comigo dessa forma? – pergunto, dando um passo pesado para mais perto dele.

        Vou arrebentar esse desgraçado, penso em seguida, entrando em meu modo “EXTERMINADORA”.

        – Provavelmente a pessoa que sabe lidar com seres humanos ao invés dos fictícios, como a senhorita – ele levanta uma sobrancelha, quase tocando a sua franja lisa jogada de lado.

        – Eu vou te arrebentar, seu desgraçado arrogante – fecho minhas mãos em punhos e vou para cima dele.

        No exato segundo que vou acertar a pele de porcelana de Derek, Alicia se coloca no meio e me segura, já que o garoto não se move um segundo e nem parece abalado com a minha investida.

        – Marie calma. Respira e inspire fundo para não ter uma crise de asma. Marie você não pode sair por aí batendo nas pessoas – diz ela, olhando para mim. – E Derek, você não pode falar com a minha afilhada dessa forma – volta a olhar o garoto, que parece uma estátua de mármore.

        – Eu te respeito Alicia, por tudo que você já fez por mim, mas só acho que a sua afilhada é facilmente provocada e quando não gosta de ouvir a verdade, tenta partir para a agressão. Isso são péssimas combinações senhorita Campbell – diz ele, balançando a cabeça de forma desdenhosa.

        – Eu vou fazer você provar na sua cara pálida minhas péssimas combinações, que tal? – pergunto, tentando avançar para acertá-lo, ainda com os punhos bem fechados.

        – Tenho uma ideia melhor. A desafio a tentar por um mês e meio se interagir com pessoas de verdade, sob os meus ensinamentos – sugere ele.

        – O que eu ganho com isso?

        – Se depois desse tempo a senhorita não for mais sociável, bem, eu deixo que me bata o quanto sentir vontade ou outra coisa que a senhorita queira. Que tal?

        – Que absurdo! Eu não vou aceitar uma proposta dessas!

        – Eu entendo. É pedir muito para uma garotinha medrosa e tímida como a senhorita. – disse Derek dando as costas e se encaminhando para a porta. – Desculpe Alicia, eu não posso fazer nada com a sua afilhada, ela é muito infantil para os meus padrões.

        Garotinha medrosa e tímida? Infantil demais para os seus padrões? Não. Eu não vou aceitar isso calada!

        Com praticamente sangue nos olhos e a respiração se comprimindo em um ofegar sofrido, eu contorno o corpo de Alicia e corro até o moreno, que se vira no exato momento que eu jogo meu corpo para cima dele e agarro sua garganta, o pressionado contra a parede ao lado da porta de entrada.

        Aproximo meu rosto do dele e com a expressão mais selvagem e malvada que tenho eu digo:

         – Eu sei que você me provocou de propósito até agora, só para poder avaliar o tipo de pessoa que está lidando. E sei também que essa última fala foi uma jogada desesperada para me ganhar, por isso, vou jogar o seu jogo, mas saiba que eu não acato ordens de ninguém, nem mesmo de um ser arrogante como você.

         Derek me olha no fundo dos olhos e esboça um sorriso de canto, ainda de uma forma meio fria, mas eu não fico abalada, pois sei que nesse mês e meio eu o farei pedir clemência e se arrepender de ter contornado o meu caminho, então, retribuo o sorriso da mesma forma.

         – Ah, só mais uma coisa, Marie – Alicia começa a dizer, meio assustada com a situação, e eu olho para ela, ainda com as minhas mãos no pescoço de Derek –, não é só o Derek que contratei, tem mais uma pessoa, mas obviamente ela está muito atrasada – ela olha seu relógio caríssimo de ouro no pulso.

         Nesse instante a porta é aperta e um garoto entra por ela, olhando para todos na sala. Eu reconheceria até no inferno aquele cabelo caramelo, os olhos azul-celeste e o sorriso torto em deboche, mas a pergunta é: o que ele está fazendo aqui? Devolver a minha toalha com certeza que não é.

         – Até que enfim você chegou Ian – falou Alicia o olhando.

         – Ian, amigão, pode me dar uma ajudinha aqui – Derek pede de forma divertida, no mesmo segundo eu aperto mais a sua garganta.

         – Estou vendo que perdi a festa – ele dá um de seus sorrisos cafajestes.

         Obviamente eu perdi alguma coisa muito importante, pois não estou entendendo nada do que se passa aqui. Na verdade, está parecendo uma cena de filme onde se esqueceram de me dar o roteiro e eu sou a alienada da vez.

         – O que esse imbecil está fazendo aqui? – rosno a pergunta, quase saindo fumaça das ventas de tanto ódio e automaticamente com uma das mãos procuro a minha bombinha de ar, mas a minha camiseta não tem bolsos.

         De forma imperceptível, eu tento contar dez unicórnios mentalmente e respirar normalmente, tentando fingir que não estou estrangulando uma pessoa, a minha madrinha não ficou louca de vez e não tem um vampiro pervertido dentro da minha casa para sugar meu sangue  até a última gota, mas é mio difícil.

         – Marie, esse é Ian Christopher, ele irá trabalhar junto com o Derek para torná-la em uma pessoa mais sociável. Pode chamá-los de Anfitriões, se quiser que é como eu os nomeei. – Minha madrinha termina dando um de seus melhores sorrisos brancos do tipo “vamos todos sermos amigos e nos dar muito bem”.

         Mal sabe ela que está muito longe disso acontecer.

         – Eu disse a você que tinha negócios a tratar aqui, não disse?! – diz Ian baixinho.

         Minha vida não podia ser mais cagada.

         Agora, além de aturar o carinha de bebê aqui, ainda tenho que lidar com o vampiro pervertido do Ian 24 horas no meu pé. Bom deus das capas duras dos livros me segure para não cometer dois homicídios e ser presa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Ficou bom? Ruim? Me digam, pliz.
Espero que gostem do próximo capítulo também, estarei esperando todos.
Beijinhos com açúcar



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diabolic Lover" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.