Diabolic Lover escrita por Marie Lolita


Capítulo 2
02 - Me de uma estaca. Agora!


Notas iniciais do capítulo

Aí, fico tão feliz pela Dai ter gostado. Bem, seu que fiz muito suspense e quase te matei do coração por ter acabado o capítulo daquela forma, mas agora aqi esta a continuação. Aproveite!



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   Em forma de bolinha me sento no chão e não aguento mais a situação. Deixo as lágrimas que estava reprimindo caírem soltas. Choro como uma criança sem colo, até soluçar como uma doida. Só não grito de ódio, porque estou ciente de onde estou e não preciso que ninguém venha a meu encontro e sinta pena de mim. Definitivamente eu não preciso disso hoje.

    O bolo na minha garganta aumenta cada vez mais e os soluços são quase insuportáveis de aguentar.

    Me abraço, para tentar passar algum conforto e calor para meu corpo – já que estou sentada no chão frio –, mas todo esse esforço é em vão.

    Estou sozinha, em um beco escuro e quase fui abusada por um pervertido. Meu coração ainda esta acelerado por tudo que aconteceu, mas de alguma forma eu o sinto doer com um sentimento que desconheço, meu rosto ainda está corado e eu estou respirando com dificuldades.

     Coloco a mão no bolso da frente da bolsa e tiro minha bombinha de ar. No mesmo segundo levo o objeto a boca e tento inspirar o jato que ele libera, tentando conter a minha asma, para que eu não tenha um ataque e caia dura aqui.

     Ótimo. Além de ser perseguida e quase ser abusada por um pervertido ainda vou ter um ataque de asma. Maravilha!

     Fico alguns minutos expirando o jato dentro da boca e me concentrando apenas na minha respiração. Aos poucos começo a respirar normalmente e até os soluços e as lágrimas são contidas.

     Me sinto um tantinho melhor, principalmente para quem estava se sentindo um lixo, agora me sinto meio reciclada.

     Inspiro e respiro profundamente, tentando alcançar um estado calmo. Decidida a não passar o dia todo sentada no chão em forma de bolinha, eu tento ganhar alguma confiança em minhas pernas e tentar ficar em pé; isso demora cinco minutos, mesmo me apoiando na parede.

     Dou dois passos vacilantes e quando vejo que não vou direto para o chão se me afastar da parede, passo a mão no rosto e tento parecer o mais apresentável possível.

     Depois de alguns minutos saio do beco, olhando para todos os lados para ver se vejo o imbecil tarado que me atacou que quase tirou a minha inocência de vez, mas o caminho está limpo.

      O celular que está dentro da bolsa começa a tocar e vibrar. Sem vontade alguma e já sabendo quem é eu tiro o aparelho de dentro da bolsa e vejo no visor que tem mais de 15 ligações perdidas, 5 mensagens de voz e 10 mensagens de texto, todas da Cassie.

      – Ela deve estar uma fera comigo, mas é por culpa dela que tudo isso aconteceu. Eu só queria passar o final de semana da biblioteca pública lendo meus preciosos livros, mas não, a Cassie tinha que inventar de planejar um encontro as cegas e dublo ainda por cima, o que fui obrigada a participar.

       Escuto as primeiras mensagens, só para saber qual é o nível de Hulk que terei que aguentar e vejo que na escala Richter, ela já passou do nível 10. Estou muito ferrada.

      Por fim, decido pegar um táxi. Que em menos de quinze minutos me deixa de frente a um café em estilo parisiense chamada Paradise, com a fachada rosa bebê e com algumas mesas e cadeiras na calçada. Esse definitivamente é o tipo de lugar que eu passaria a tarde toda comendo doce, bebendo chá gelado e com a companhia de um bom livro.

      Acho Cassie em uma das mesas do lado de fora, na verdade, não tem como não vê-la. Primeiro: porque ela tem uma presença de espírito que não da para ignorar. Segundo: não da para confundir aquele rostinho oriental fofo e muito menos não ver o seu liso cabelo roxo.

      – Você está quase meia hora atrasa, Marie. Eu e os rapazes já estávamos ficando impacientes – diz ela, se levantando da cadeira assim que me vê indo em sua direção. – Sua sorte que eles foram pegar os pedidos ao invés de esperar a garçonete.

      – Oi para você também Cassie. Tudo bem com você? Comigo está uma merda, mas não se preocupe se um tarado me atacou vindo para cá – digo sem vontade e me jogo na cadeira ao lado da qual ela estava sentada.

      – Um tarado? O que ouve com você? Por que está com essa aparência péssima? E, aí meu Deus, o que é isso no seu pescoço, Marie?

      – Meu pescoço? – curiosa, eu pego a colherinha de sobremesa do sundae de chocolate da Cassie e a direciono para o meu pescoço. – Isso não pode estar acontecendo – murmuro para mim mesma.

      Olho meu reflexo na colher e vejo que estou mil vezes pior do que achei que estaria. Meus olhos estão inchados e vermelhos, assim como todo resto do meu rosto, mas não é aquilo que me faz arregalar os olhos e sim marcas roxas distribuídas por todo meu pescoço.

      – Eu não acredito que você se atrasou porque estava dando uns amassos com um cara. O meu encontro não significa nada para você? Ou pelo menos não poderia ter deixado para depois? – ela pergunta quase choramingando.

      – Não é nada disso que você esta pensando. E fique você sabendo que se a senhorita não tivesse tentado colocar fogo no meu amado livro da Maldição do Tigre, eu não estaria aqui nesse momento e nem teria sido atacada por aquele... vampiro pervertido.

      – Muito bem, eu não estou entendo uma palavra do que você está dizendo e não posso deixar que os garotos te vejam nesse estado deplorável, vamos ao banheiro e você me conta tudo o que aconteceu.

      Ela pega na minha mão, me puxando, sem resistência alguma eu a sigo para dentro do café e depois para o banheiro. Paro de frente para o enorme espelho. Alarmada, eu prendo meus cabelos castanho-acobreado em um coque mal feito e tiro meu sobretudo e o cardigã preto, ficando só com meu vestido azul marinho de alças.

       Não é uma miragem ou pesadelo, aquelas marcas monstruosas são reais. Estão em mim.

       Por via das dúvidas eu abro a torneira e pego um pouco de água com uma mão, passando freneticamente no meu pescoço, como se com isso conseguisse limpar qualquer vestígio delas, mas tudo que consigo fazer é que meu pescoço fique vermelho e fique em contraste com as áreas roxas em diversos pontos e molhar todo o decote quadrado do vestido.

      As lágrimas voltam a queimar os meus olhos e quando vejo que aquilo não vai sair eu sinto nojo. Tanto nojo, que não consigo conter um bolo amargo subindo pela minha garganta.

      Coloco uma mão na boca e saio apresada de encontro ao vaso sanitário. Abro a porta do primeiro reservado que vejo e rapidamente me ajoelho no chão na frente da privada e me inclino, vomitando tudo que tenho em meu estômago; o que não é muita coisa, só o bastante para me sentir mais que um lixo e exausta com o esforço de contrair os músculos. Depois de um minuto vomitando sem parar, apenas eu e a privada tendo uma conversinha, eu já não tenho mais nada para colocar para fora.

      Quando termino, limpo a boca com as costas da mão e dou descarga. Estou ofegante e o suor rola pela minha testa. Estou mais que exausta com todo esse esforço que fiz, mas infelizmente isso não diminuiu uma grama do nojo que estou sentindo de mim mesma.

       Abaixo a tampa do vaso e sento em cima, colocando os cotovelos em cima dos joelhos e descanso minha cabeça entre as mãos.

        – Maldito! Eu vou acabar com a raça daquele cretino se um dia o achar andado na rua – vocifero baixinho, só para mim.

       – Marie, você pode, por favor, me dizer o que aconteceu, eu estou ficando assustada – Cassie me encara com seus lindos olhos castanho-claro; o que na verdade parece só uma fenda, já que olhos orientais não são tão grandes assim, mas posso ver claramente que ela está assustada.

      Fico vermelha no instante que seu olhar desce para meu pescoço, por instinto levo as duas mãos e tento cobrir as horrendas marcas roxas em minha pele. Escondendo as evidências do crime, não pude evitar pensar.

       – É por isso que está vomitando? Está com nojo de ter dado uns amassos em alguém e ele ter deixado as marcas dos chupões? – pergunta a garota, fazendo pouco caso da situação.

    Isso não é tão simples assim. Ele é um vampiro pervertido. Ele tirou a minha inocência!, grito na minha mente, mas não digo a ela.

       – Não é isso! – grito, desesperada. – Nã-não é nada disso... A gente não deu uns... amassos – falo a última palavra com nojo. – Ele me atacou. Ele é um pervertido nojento – declaro constrangida.

       Conto para ela a versão resumida de todos os fatos, enquanto ela passa maquiagem no meu rosto, cobrindo as marcas de choro e as horrendas marcas roxas no meu pescoço. O que para mim aquilo é praticamente mágica.

       – Obrigada – olho para o reflexo da garota pálida ao meu lado depois volto a olhar meu pescoço, fascinada com a mágica dela.

       – Não tem do que agradecer. Só fiz o que uma amiga faria por outra nessa situação. Na verdade, você deve agradecer a mágica dos cosméticos. – Ela guarda todos os estojos de maquiagem em sua bolsa e volta a me encarar no espelho. – Deixa eu ver se entendi bem, você foi assediada no metrô vindo para cá e fugiu desse tarado que a perseguiu, mas acabou caindo nas garras de um... um o que mesmo?

       – Vampiro pervertido – informo.

       – Isso. Um vampiro pervertido, que marcou todo seu pescoço e agora você esta aqui. É isso?

       – Sim. É isso.

       – Difícil de acreditar – diz ela de forma cética.

       – Cassie! – a repreendo, ficando chateada. – Você acha que fiz essas marcas no meu pescoço sozinha ou que parei em uma esquina e agarrei o primeiro que vi?! Claro que não!

       – Verdade. Você sempre preferiu os homens dos seus livros aos de verdade. Bem, eu acredito em você e para provar isso, vou ajudá-la a caçar esse vampiro pervertido. – Não consegui conter um sorriso de satisfação. – Depois que o encontro acabar, claro.

       – Cassie esquece esse encontro às escuras, temos um vampiro para caçar. O que é mais importante para você, o encontro ou vingar a sua prima? – pergunto com olhos pidões.

       – Eu te adoro Marie e temos que defender a sua honra, mas o encontro vem primeiro.

       Cassie termina de arrumar a bolsa de maquiagem, ajeita seu vestido lilás de boneca francesa e começa a caminhar em direção a porta do banheiro.

        – Vamos Marie – ela fala sob os pequenos ombros –, os garotos devem estar pensando que fomos embora e os deixamos sozinhos. Pobrezinhos.

        Pobrezinha de mim que tenho uma prima que prefere me obrigar a participar de um brega encontro as escuras do que defender a minha honra, penso, seguindo ela banheiro afora.

        – Você vai reembolsar todo o dinheiro que eu gastar hoje – declaro mal-humorada e colocando meu cardigã de qualquer jeito.

        – O quê? Por quê?

        – Porque eu não queria estar aqui e sim na biblioteca e com o dinheiro vou poder comprar novos livros.

        A garota de curto cabelo roxo resmunga alguma coisa que não entendo e assim que saímos do café ela enfeita seus lábios roses em forma de coração com um belo sorriso.

        Na mesa em que estávamos antes, agora está ocupada por dois garotos, um deles se levanta para me cumprimentar e outro, um loiro, continua sentado de costas para mim.

        – Marie, eu quero te apresentar Charles Adams – ela indica o lindo moreno de olhos azul gelo que se levantou e estende a mão para um aperto – e Ian Christopher – aponta para o loiro, que se levanta com um tapa na cabeça dado por Charles.

        Um grito fica preso na minha garganta quando o garoto se levanta para me cumprimentar. Cabelo caramelo arrepiado, olhos azul celeste, o rosto quadrado, roupas que parecem ser de marca. Todos os detalhes indicam que ele foi o cara que roubou meu primeiro beijo.

        – SEU VAMPIRO PERVERTIDO, EU VOU TE MATAR COM UMA ESTACA NO CORAÇÃO! – grito para todo café escutar e parto para cima do garoto com as mãos prontas para estrangulá-lo.

       


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Notas finais do capítulo

Acho que agora todos teremos um ataque cárdiaco por o capítulo ter acabado justamente nesse ponto decisivo, mas vamos ter que esperar o proximo, sobrevivam e digam o que acharam



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