Summer Paradise escrita por CrisPossamai


Capítulo 1
Califórnia, here we come!


Notas iniciais do capítulo

História se localiza no verão após o 3x22 e antes do 4x01. O personagem da primeira temporada, Matt Rutherford também será citado.



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Formada com honras no ensino médio. Aceita em Yale e certa de seguir a carreira como atriz. O futuro estava garantido para Quinn Fabray, então, o verão deveria ser o melhor de sua vida. Deveria, mas, estava uma porcaria. As últimas férias antes de abandonar a sua cidade e mergulhar definitivamente no universo adulto. Ela balança a cabeça em negação e tenta soar educada ao pedir sua conta para Kurt. Mais uma tarde perdida na estúpida lanchonete em uma conversa entediante com Blaine, Artie e Sugar, enquanto Kurt tentava espantar o marasmo em seu novo emprego como garçom no Breadstix. Ela se despede, caminha para a casa e ignora outra mensagem de Santana. A latina estava em uma viagem pelo país com a família de Brittany, Rachel ajeitava sua nova rotina em Nova Iorque, Finn se despediu com um abraço e se alistou no Exército. Puck se arriscava com sua “empresa de limpeza de piscinas” em Los Angeles e Mercedes achou conveniente aceitar a carona para antecipar sua mudança. No fim de semana, a loira cruzou com Sam e soube que ele cogitava aproveitas os dias de bobeira para visitar a namorada e conhecer a cidade dos famosos. Todos, todos tinham planos e coisas incríveis para fazer imediatamente e ela estava presa a chatice de Lima. Não, não deveria ser assim. Não depois de todos os problemas nos últimos meses. A depressão, a fase complicada como skank, a tensão pela volta de Shelby, o choque ao rever Beth e o trágico acidente de carro. Os meses na cadeira de roda, a luta na reabilitação e a superação para reaprender a andar com as próprias pernas.

Não, aquele deveria ser o verão de sua vida. o pensamento ocupava tanto a sua mente que o chamado da mão sequer foi ouvido. Como assim? Como Judy Fabray aceitou o convite do novo namorado para um cruzeiro romântico e nem pensou em deixar a filha para trás.

_ Imaginei que poderia ser uma boa oportunidade para você visitar a sua irmã. Frannie sempre fala maravilhas da Califórnia e você parece estar cansada de ficar apenas em casa. Seria ótimo para todo mundo, não acha?

A loira revirou e bateu a porte do quarto da cara da mãe. Inacreditável! Agora, ela nem poderia decidir como passaria as férias e seria despachada para a casa da irmã mais velha. Califórnia? Ela jamais teve uma relação estreita com Frannie e nem se deu ao trabalho de conhecer a nova casa. O computador é ligado e os olhos procuram por uma email enviada há meses com fotografias do local. O engenheiro Walden Newell, o marido dela, recebeu uma proposta irrecusável para trocar Columbus, a capital de Ohio, pela ensolarada Califórnia há pouco mais de um ano. A loira analisa demoradamente as fotografias e esboço um sorriso. O apartamento se mostrava aconchegante, espaçoso e possuia uma vista... Uau! A vista era fantástica! A praia deveria ficar duas ou três quadras do prédio. É, talvez, a Califoria não fosse uma ideia tão ruim. No mínimo, poderia desembarcar em New Haven com um bonito bronzeado. Hora de arrumar as malas. Califórnia, aqui vamos nós!

Aeroporto lotado. Temperatura alta. Confusão com a bagagem. E um péssimo humor. Logo que pode ligar seu celular, Quinn notou que estaria por conta própria no tempo longe de casa. A irmã ficara presa no trabalho e não poderia busca-la. O que mais poderia dar errado? Esperar um táxi livre por uma eternidade e ser barrada na recepção do prédio. A irmã não atendia ao telefone. O cunhado não atendia ao telefone e a loira é obrigada a aguardar a tarde inteira na maldita portaria. Aquilo só poderia ser uma piada de mau gosto! O casal chega e se desculpa pelo transtorno. O porteiro também lamento o contratempo e ela tenta soar educada ao apanhar as malas e rogar por algum descanso. Ao cair na cama no quarto de hospede, ela bufou pelo pensamento irônico. A monotonia de Lima não parecia mais tão ruim.

“Deixamos o café da manhã na mesa. Aproveite a praia, Q. Estaremos em casa no fim da tarde.” É recado colado na porta do quarto de hospedes ao ter coragem de enfrentar o mundo na primeira manhã a Califórnia. Ela nem sabia como chegar na praia! A garota balança a cabeça em negação, respira fundo e se dirige para a cozinha. Não lembrava da última refeição e o buraco no seu estomago praticamente urrava por algo de nutritivo.

A beira-mar é alcançada em exatos seis minutos e a beleza da paisagem entusiasma a visitante, que ao caminhar pela orla acha agradável apenas estar ali. Ao retornar para o prédio, a tarde é gasta em rápidas mensagens com Santana, um bate-papo divertido com Mercedes e Sam pelo skype e na tentativa de fazer algo decente para comer. Frannie retorna antes do previsto e sugere um passeio pela cidade litorânea. Era o ponto de tudo isso, não é? Se aproximar da irmã mais velha.

_ O que acha de experimentar a culinária brasileira? Tem um restaurante no centro da cidade. George adora a comida daquele lugar, vamos quase todas as semanas.

_ É, acho que pode ser legal. – ela tenta soar educada.

_ Então, me conta como foi o seu primeiro dia por aqui? A praia é incrível, não é?

Quinn precisa concordar e sorri pela intenção genuína da irmã em manter uma conversa racional e quase bem-humorada. Há mais de um ano, Frannie e George visitaram Lima com a notícia de gravidez na bagagem e para horror da caçula, Judy praticamente sucumbiu de alegria pela chegada do primeiro neto. O primeiro neto. A mulher agia como se Beth jamais tivesse existido, se a gestação da filha aos 16 anos e suas drásticas conseqüências pudessem ser totalmente apagadas. Não, não poderiam. Por isso, a distância e a mudança radical na atitude da jovem que abandonou o convívio com os amigos do coral durante o verão e passou a andar com um bando de skatistas e arruaceiros mais velhos.

O cabelo rosa, o novo jeito de se vestir e o namoradinho vagabundo de quase 30 anos foram as maneiras que encontrou para exorcizar seus próprios fantasmas. Nada que exigisse a atenção de Judy Fabray. Quinn não exigia ser o centro das atenções, só implorava para que alguém percebesse que nem tudo estava bem. Então, as semanas se sucederam, o transtorno com o retorno de Shelby lhe consumiu plenamente e jamais pode parabenizar a irmã pelo bebê. Não pode porque o imprevisto se abateu novamente sobre sua família. A criança bem-vinda não chegou a conhecer o mundo. Um aborto espontâneo interrompeu a gravidez ainda no quarto mês. Simultaneamente, a mãe adotiva de Beth decidiu abandonar o interior de Ohio logo após a Competição Distrital de Corais. “Pare de se culpar pelos erros que cometeu quando era criança.” O conselho que Shelby lhe deu nunca pareceu mais certo. Dali por diante, Quinn tentou se livrar da sensação de sabotar sempre a si mesma. O seu futuro estava assegurado, o presente dava amostras de que melhoria, bastaria somente se livrar das amarras do passado. E o primeiro passo era genuinamente se divertir com a irmã.

We've been on the run

Driving in the sun

Looking out for number one

California here we come

Right back where we started from

A quinta-feira amanheceu ainda mais ensolarada e a loira precisou espantar a preguiça para poder se levantar da cama. O apartamento inteiramente ao seu dispor, então, a praia poderia esperar pouco mais. Acessar o facebook, vasculhar as férias dos amigos e dar alguma explicação aos companheiros de tédio. Blaine, Sugar, Artie e Kurt lhe fizeram companhia nos dias mais chatos de suas férias e mereciam uma justificativa pelo inesperado sumiço. “Se diverte por todos nós”. É a única menção que o cadeirante lhe faz ao saber de sua viagem para a Califórnia. O calor perto das 14 horas se torna insuportável e é o momento de ganhar as ruas. A loira efetua seu caminho para a praia e arrisca um mergulho na água deliciosamente gelada. Alguns adolescentes se arriscando nas ondas maiores, famílias se refrescando na beira e um aglomerado de sombreiros dominava a orla. Ela se deixa cair na areia e se limita a observar a movimentação alheia. Gritaria e alguém chama a sua atenção para apanhar uma bola que se encaminhava para as águas. Poucos passos e problema resolvido. Cinco jovens acenam em agradecimento e o jogo é retomado em seqüência. A improvisada quadra de vôlei, a rede colocada de maneira irregular e as risadas a cada ponto conquistado. A partida lhe distrai por um tempo até que o time formado exclusivamente por meninas comemora a vitória.

_ Ei, você! É você mesma... – a garota grita na sua direção – Sabe que horas são?

_ Ah...Sim... – ela apanha o celular – É... São quase quatro horas! - o aparelho é guardado e o rapaz mais alto lhe grita algo como “obrigado”.

_ Uau! Eu preciso correr... Meu pai vai chegar daqui a pouco! – a mesma menina que questionou o horário se assusta com a possibilidade de encrenca.

_ Ah, sério? A gente mal começar a jogar, Aylin! – o grandalhão desarruma o cabelo cacheado e balança a cabeça em sinal de descontentamento.

_ Charlie, eu tenho que ir... Você conhece o trato que tenho com a minha mãe. Se eu atrasar denovo, duvido que meu pai me deixe passar o resto das férias por aqui! – garoto desfaz a carranca e aceita o beijo de despedida.

_ Eu sei, querida...Só é chato ter que estar sempre correndo... Mas, eu aproveito para te acompanhar. Daqui a pouco tenho que ir trabalhar mesmo! – a notícia não é bem recebida pelo restante dos adolescentes e o casal logo se afasta de mãos dadas.

_ Charlie conseguiu estragar o nosso jogo! – reclama a garota que lembrava vagamente Lauren Zizes pelo tamanho e o jeito ácido – Ei, você! Quer jogar? – aponta para a loira que dá de ombros – Precisamos de mais uma pessoa para completar as duplas.

A sugestão para jogar acaba salvando a sua tarde. Quinn realmente precisava se exercitar. Acostumada as praticas massacrantes das líderes de torcida ou aos longos ensaios de dança no coral, seu corpo exigia alguma atividade física. Ter certeza de que poderia realizar exercícios normais como partidas de vôlei ou uma corrida pela praia lhe pareciam benções depois do tempo na cadeira de rodas. Na gritaria enlouquecida para não deixar a bola se chocar com a areia ou nas risadas depois de erros grotescos, os nomes do trio foram facilmente memorizados. A jovem mais competitiva e mau-humorada era chamada de Lily, o menino mais franzino e extremamente simpático atendia por Michael e tinha a mania adorável de rir ou correr para abraçar a garota mais quieta e tímida do grupo de amigos. Nellie se mostrava concentrada durante a disputa, entretanto, se fechava e era de poucas palavras fora da quadra. Ela só aparentava estar mais a vontade quando os braços do garoto lhe confortavam. Definitivamente, os dois eram um casal ou estavam no caminho para se tornar algo mais do que bons amigos. Michael consegue receber o saque forte de Lily e levanta para que Quinn corte e encerre a partida. O menino vibra e lhe oferece a mão para um cumprimento da vitória. A dupla derrotada reclama do calor e desiste da revanche.

_ Ta muito quente! Acho que vou dar um mergulho, vocês vêm? – o garoto tenta animar as garotas, mas, ninguém se oferece para acompanhá-lo.

_ Pode ta quente, mas, a água ta congelando! Eu não vou entrar no mar hoje, não! – Nellie recusa o convite prontamente e o amigo revira os olhos. Contudo, Lily compreende os planos dele e solta uma risada quando Michael arranca Nellie do chão e lhe arrasta para o oceano. – Michael, me coloca no chão agora! – ele obedece e lhe deixa cair diretamente na água – Eu vou te matar, garoto!

On the stereo

Listen as we go

Nothing's gonna stop me now

Michael corre pelas ondas para se desviar dela, entretanto, as gargalhadas lhe roubam o fôlego e acabam sendo alcançado em seguida. A garota distribuiu tapas e acaba achando graça na situação patética. Sem outra solução, os dois seguem fazendo idiotices na água para frustração de Lily, que bufa diante da atitude infantil da dupla.

_ Às vezes, ser amiga desses ai me dá tanta vergonha! – Quinn não consegue segurar a risada – E você, é nova por aqui ou só está veraneando?

_ Eu sou de Ohio, estou aproveitando as férias para visitar a minha irmã... Vocês são daqui mesmo?

_ Yeah! Todos somos nativos da praia, a única haule é Aylin. A garota que foi embora cedo... Ela e o gigante, o Charlie, namoram há um tempão... E aqueles dois devem ir pelo mesmo caminho... Não é uma porcaria sobrar no meio dos seus amigos? – ela debocha da situação e colocar os óculos escuros – Realmente, hoje ta um forno!

_ É verdade... Tem algum lugar por perto que sirva algo muito gelado? – a loira se abana para diminuir a sensação avassaladora de calor.

_ Olha, tem uma lanchonete há umas três quadras que serve o melhor milk-shake da Califórnia! Eu até iria junto, mas, vou correr para o mar... É só ir reto, não tem como se perder...Você acha que consegue encontrar o lugar?

_ Sim, com certeza... – a garota nativa concorda com um gesto de cabeça – Então, vocês sempre ficar por aqui? Posso aparecer, digo, para completar o time algumas vezes...

_ Ah, claro...Tem bastante coisa para fazer por aqui para quem tem grana, a gente quase sempre fica na praia ou vai incomodar o Charlie na sorveteria. Não parece grande coisa, mas, é bem divertido. – a loira sorri de volta e se despede dos novos amigos.

Novos amigos. Era legal falar com pessoas da mesma idade para só para variar. George e Frannie tinham se revelado boas companhias, entretanto, existia essa sensação estar sempre sobrando seja em uma simples conversa ou em uma saída qualquer. Ela dá alguns passos e ainda gargalha ao escutar Michael gritar “Tchau Haule”. Era algo tão surreal que se tornava engraçado. A distancia é vencida rapidamente e a sorveteria parece bastante convidativa. As portas automáticas se abrem e ela agradece mentalmente pela invenção do ar-condicionado. A sensação é tão agradável que se demora mais do que o normal para escolher alguma mesa. Um par de olhos lhe estuda com muito interesse e a surpresa é escutar o timbre conhecido de Tina Cohen-Chang.

_ Quinn?? Quinn Fabray??! Aqui, somos nós! – a loira identifica e corre para abraçar o casal mais sólido que freqüentou o Willian Mckinley Hill. Mike e Tina Chang.

_ Uau! Isso é incrível...O que vocês tão fazendo aqui? – ela questiona ao se sentar na mesa ocupado por Tike.

_ O que você ta fazendo aqui, Fabray? – o asiático brinca com a coincidência e toma mais um gole do seu refrigerante.

_ Fugindo de Lima? To passando uns dias na casa da minha irmã. É bem perto daqui. – ela reconhece Charlie servindo outra mesa e acena discretamente.

_ A mesma coisa. Estamos visitando um amigo. Você se lembra do Matt, não é? – o negro surge no balcão de atendimento e é chamado pelo melhor amigo – Corre aqui, cara! Acredito nisso? Quais as chances? – o chinês comenta a coincidência.

_ Há quanto tempo, hein? – ele estende a mão e puxa a loira para um abraço – Então, bem-vinda a Califórnia, Quinn Fabray!

O último verão antes da faculdade deveria ser o melhor de sua vida. Deveria, mas, estava sendo uma porcaria. Nada que alguns dias na ensolarada Califórnia na companhia das pessoas certas não pudessem consertar. Afinal, aquelas seriam as férias mais incríveis da vida de Quinn Fabray. E estavam só começando.

California, California

here we come!  


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Notas finais do capítulo

Sugestões? Críticas? Fiquem a vontade!