You Found Me escrita por moonshiner, Jeane, Luisa Stoll


Capítulo 41
Don't You Worry, Child


Notas iniciais do capítulo

Olás, Magnólia/Seashell eyes aqui!
Fiz esse capítulo sem o consentimento da Lanna e da Luisa, ou seja, não vai ficar muito legal, mas leia porque terão algumas revelações... TAN DAN DAN



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POV Gus... Ou Augustus, você decide.

Tateei meus bolsos. Meus dedos ágeis estavam à procura de minha carteira, escondida bem no fundo dos meus jeans rasgados. Queria dar algum tipo de contribuição para aquelas pessoas que haviam me acolhido, mas tanto eu quanto minha carteira vazia sabíamos que não seria possível. A comida já estava ficando escassa para tantas pessoas e mais cedo ou mais tarde, teríamos que buscar mais. Tanto eu quanto meus colegas abominávamos aquele momento.

Todos com seus motivos e histórias, aprendemos a odiar sair da segurança de um teto – mesmo que de lona laranja – sob nossas cabeças. Eu não era o único perseguido por monstros, se é que posso chamar assim.

Verifiquei a parte externa da carteira. Já quase não tinha mais esperanças...

E então, no meio de dois dedos fechados em tesoura, puxei algum material de textura similar a papéis de notas de dinheiro. Já podia sentir o gosto de waffles dançando em minha língua. Quando finalmente tirei o papel da carteira, aí sim perdi todas as esperanças. Não era dinheiro. Era apenas uma foto velha e rasgada, não daquelas que sua mãe leva pra revelar, mas aquelas tremidas e de má qualidade que você imprimi em folha sulfite por falta de dinheiro mesmo.

Só que não era apenas uma foto. Assim que pousei meus olhos sob o papel amassado e gasto, soube que não podia ser apenas uma mera fotografia.

Eu e ela, ambos sentados na nossa colina, somente nossa porque éramos donos do mundo.

– Gus? – alguém me chamou e eu olhei para cima – Os garotos arranjaram comida, você quer?

– Eu... – meu coração tinha parado. Era ela. Estava atordoado demais para fazer qualquer coisa. Engoli em seco – Eu já vou...

Ela sorriu e assentiu com a cabeça, virando-se para ir embora.

– Ei, espere! – chamei - Ahn... Amy, não é? Posso te fazer uma pergunta?

– Bom, você já fez duas, uma não irá fazer diferença.

Ignorei sua tentativa de fazer piada, nem ao menos tive a decência de dar um meio sorriso, precisava perguntar.

– Eu sei que é uma pergunta meio esquisita, mas... Qual seu nome completo?

Ela ponderou por alguns segundos. Parecia não se lembrar.

De qualquer jeito, eu não precisava de nenhum tipo de confirmação. Já tinha ligado os pontos.

Amy Clair Gilbert, se não me engano. Amy pra todos, Clair pra mim.

Gus pra todos, Augustus pra ela.

**

Acordei com um sobressalto. Alguém batia nos vidros de minha sacada.

Os filmes e seriados policiais que passavam na matinê de domingo contribuíam em escalas assustadoras para minha total paranoia, principalmente no meio da madrugada. Engoli em seco e encaixei os pés no meu chinelo. Agarrei meu taco de baseball com as mãos trêmulas. Era assim que faziam nos filmes? Pouco importava. Se fosse um bandido eu já estava mais do que ferrado. O que um garoto miúdo de dez anos faria contra um adulto mais forte e possivelmente armado?

– Não temos dinheiro – murmurei para a vidraça com o taco quase escorregando das minhas mãos úmidas de suor.

Fechei os olhos bem, puxei as cortinas que me impediam de ver o outro lado e abri a porta com as pernas tão bambas quanto as da vovó Waters.

– E quem disse que eu quero dinheiro? – disse uma voz que não se parecia nem um pouco com a de um adulto. Muito menos a de um bandido armado.

Não. Era apenas Clair, vestida com um pijama cor-de-rosa encharcado por causa da tempestade com seu coelho de pelúcia em mãos.

– O que você está fazendo aqui? Ficou maluca?

– Posso dormir aqui, Augustus? Você sabe que eu não tenho a quem pedir – ela estreitou os olhos de forma pidona e fez um leve beicinho.

Clair realmente não tinha a quem pedir. Ela não tinha muitos amigos além de mim.

– Entre antes que você se resfrie – falei engolindo minha surpresa.

Agarrei a toalha pendurada na maçaneta de meu quarto e a enrolei em volta de Clair que tremia como o diabo.

– Shiu! Faça silêncio antes que meus pais apareçam! – repreendi – Agora desembucha. Por que cê ta aqui?

Ela torceu os cabelos molhados na toalha e mordeu a ponta de sua língua tão forte a ponto de os dentes afundarem nela.

– Anda, diz logo se não você vai ter que ir embora – ameacei.

Ela franziu o cenho e seus lábios se entreabriram em uma expressão atônita que falava por si própria. ”Você não vai me expulsar, vai?”, seus olhinhos de cachorro abandonado pareciam choramingar.

Intensifiquei minha carranca e ela por fim cedeu. Contou tudo o que tinha pra contar e eu não a interrompi por nenhum segundo.

Quando ela finalmente acabou, eu a abracei mesmo sentindo nojo de garotas e abraços em geral porque minha mãe tinha dito que quando alguém fica triste, devemos abraçar. Nunca entendi como isso funcionava, só sei que quando eu passei meus braços em volta de seus ombros ensopados, ela retribuiu o abraço e soluçou bem baixinho.

Ela vira seu pai traindo sua mãe outra vez.


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Notas finais do capítulo

AEEEEE, KBO
Mereço reviews? ~cara pidona da Amy criança~