Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 16
Fraqueza


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Me desculpem que eu demorei para postar esse capítulo, eu não gostei muito dele e estava tendo problemas para escrever, fiquei doente e na hora que fui postar o site não estava entrando. Enfim, a Lei de Murphy conspirou contra mim. Acho que amanhã ou depois eu já consigo postar um novo capítulo, estou muito sem inspiração. :(
Beijo



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  Eram três, cercadas por fios de diferentes espessuras e cores, num bonito caos de misturas. Tinham dois chifres marfim em espirais sob as cabeças e a pele avermelhada acima da cintura estava exposta, abaixo caia um manto de seda, seguro por um cinto dourado com fios de ouro caindo numa cascata, que se mesclava ao corpo, dando a sensação de estarem unidas ao chão de rocha de um vermelho vivo exposta. Eram esqueléticas, as bocas voltadas para dentro da cavidade, revelando apenas uma fina linha de lábios cor de terra. Andróginos, era o que gritava sua aparência, porém seu mover era feminino, a maneira que tomavam a linha bruta entre os dedos finos e transformavam-na. Os olhos abriram simultaneamente, - os cílios muito longos e espessos atingido a testa. – revelando um globo ocular estranho, obscurecido. Ainda assim refletindo sabedoria. Inspiravam temor, uma ao lado da outra com o fio entre as mãos as unindo. Fora a do centro que lhes falara.


- Estávamos esperando-os, Chihiro e Bou. – a voz cristalina ecoou até que desaparecesse.


Os jovens aguardaram mudos e estáticos, sem saber o que fazer.


- Mas, por favor, entrem. – o pedido soou como uma ordem, os dois fizeram o que foi dito. Avançando alguns passos, temerosos de se aproximar mais. – Chegaram até aqui, quem diria! – a ironia se fez presente, riu-se como se fosse uma piada muito engraçada. – Somos as Tecelãs, isso o velho Kamaji já lhes contou, não? – perguntou como se não soubesse.


- Sim.


- Foi o que vi.


- Posso... ? – Boh levantou a voz, vacilando.


- Faça o favor. – a Tecelã assentiu solenemente. Boh notou que as outras duas irmãs sequer haviam tomado a presença dos dois estranhos, movendo-se vagarosamente somente para passar o fio entre os dedos.


- A cidade está vazia. O que aconteceu por aqui?


- Nós mandamos os habitantes embora. – apesar de ela ser a única que dizia algo, ela falava no plural, como se suas irmãs compartilhassem de suas palavras.


Boh e Chihiro se entreolharam, confusos. A Tecelã suspirou, como se estivesse cansada de ter que se explicar coisas para seres que nunca compreenderiam.


- Eles nos escutam... E acharam prudente seguir o caminho. Virão nos destruir e farão o mesmo com qualquer um que se interponha entre nós. – falou com pesar.


- E vão ser bem sucedidos? – perguntou Chihiro estranhando sua própria voz.


- Sim, eles vão.


- Não podem detê-los?


- Podemos, porém não o faremos. Já foi fiado que será assim; aceitamos o destino.


- Mas...


- Não iremos responder mais nada a respeito disso. – encerrou o assunto com severidade. – Agora façam o que vieram fazer.


Boh deu um passo à frente. Chihiro se atrapalhou com o súbito movimento dele e tropeçou em seus próprios pés. Ele amparou-a, escutaram um risinho cristalino.


- Ora, mas como os fios são minuciosos. – comentou baixinho, para ninguém em particular. Mas a boa acústica da gruta permitiu-os escutar claramente. Chihiro enrubesceu violentamente e baixou sua cabeça, Boh ignorou o comentário maldoso.


- O que é o Lago dos Espelhos?


- Você já sabe o que é. – afirmou enigmaticamente, mas não poupou a explicação.


- Existem três mundos: o mundo dos vivos, o mundo dos espíritos e o mundo da morte. – Boh ofegou e prendeu a respiração. – Compreende isto? – virou a cabeça para olhá-lo, como uma coruja. – O mundo dos espíritos e o mundo dos vivos possuem diversas passagens entre si, que perdem força conforme o tempo passa, ou podem ser lacradas. Como seu amiguinho fez. Mas o lago dos espelhos liga os mundos de uma maneira inexorável. Ninguém pode destruí-lo...


- Mas Kamaji nos disse que ele não existe. – interferiu a menina.


- Ele está correto. Contudo, este lago pode ser evocado.


- Como se pode fazer isso? – indagou Boh, que estava tenso demais. As mãos fechadas em punhos estendidas ao lado do corpo, o maxilar retesado.


- Atravesse os dois mundos, ache seus demônios e implante-os; abdique toda e qualquer lembrança. Beije a face da morte. É o que necessita.


Ele respirou fundo e encarou a tecelã com o rosto inescrutável.


- Irei morrer? – Chihiro arfou ao seu lado, os olhos arregalados em terror.


- Sabe que não posso lhe revelar, além de não ter sido decidido ainda, Bou. Os caminhos são por demais entrelaçados. Há tempo para desistir. As teias se queimarão e tudo se misturará. O destino deixará de ser inexorável.


Boh olhou para ela com ódio, mas recebeu de volta uma suavidade inesperada.


- Desejo que tenham sorte, os caminhos são muito árduos. Tomem cuidado. – pediu e dispensou-os com um gesto de mãos. Boh conduziu Chihiro pela mão, levando a garota chocada embora. Ela não notou quando foi sentada junto as árvores brilhantes e as mãos gentis do garoto passaram por seu rosto, os beijos suaves depositados nele, as súplicas. Sentia a dor penetrar-lhe nos lugares que era mais vulnerável, o tapa que atingiu o lado esquerdo de seu rosto não era tão dolorido, mas a fez acordar.


- Desculpe. – focalizou o rosto arrependido de Boh, os olhos em pânico. Não conseguiu impedir que as lágrimas caíssem. – Perdoe-me. Desculpe. – ele repetia.


- Você também? – ela conseguiu falar, a ele soou como uma acusação. – Você também, Boh?


- Você não entende, Chihiro? – perguntou com agonia. – Eu preciso fazer isso, sou o único que pode.


- Mas eu preciso de você! É egoísmo, eu sei. Mas você não pode me deixar da mesma maneira que ele!  


- Chihiro, por favor. Vai ser mais fácil assim...


- Não! Estou cansada de todo mundo se arriscar por mim! Deve haver outra maneira de derrotá-lo. Para que alguém gostaria de ir nesse mundo dos mortos?


- Para trazer Haku de volta. – Boh não conseguiu refrear a tristeza em sua voz. A garota oscilou.


- Do que está falando, Boh? – tremendo, tentou instintivamente se afastar dele para que pudesse raciocinar direito, sem notar quanto isso o magoava.


- Ele é o único capaz de lutar contra isso, eu não sou forte o suficiente.


- Já sabia disso há quanto tempo?


- Eu iria tentar fazer isso de qualquer forma, mas não tinha certeza se poderia, Chihiro. Entenda o meu lado, por favor.


- Como pode fazer isso comigo? Eu confiei em você! – gritou, sentindo-se exposta demais. – Prometeu para mim que nunca iria me magoar! Devia ter me dito antes...


- Chihiro, Kohaku não é a mesma pessoa que você conhecia. Ele viveu uma vida inteira, quem sabe como vai ser quando voltar. Queria tornar as coisas mais fáceis para você. – tentou argumentar. – Queria te deixar feliz, mesmo que fosse somente um pouco...     


A garota se levantou, tentando se firmar nas pernas bambas. E correu sem rumo.


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