Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 27
Capitulo 27 - Espelho


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo, apesar de fazer quase dois meses que não posto nada, me desculpem, mas essa espera valeu a pena, estive trabalhando nela esse tempo todo, imprimindo todos os capítulos e relendo tudo, anotando todas as ideias e pontos para não passar nada. Valeu muito a pena e me diverti muito fazendo isso!

Boa leitura



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Capitulo 27

Espelho

Syaoran perdera completamente contato com todos, tentara saber notícias nas últimas horas que passaram, mas o rádio apenas chiava, estaria fora de sinal? Vasculhou inúmeros cômodos e corredores, não encontrou nada, já esperava que encontrar Sakura não fosse assim tão fácil, mas não conseguia impedir de ficar nervoso.

O colar em seu pescoço balançava conforme seu caminhar, ele carregava um peso muito grande, como uma pedra e isso o incomodava, o peso de uma responsabilidade, teria que ser paciente, Yuko disse que aquilo seria muito importante. Tentou esquecer as consequências de suas escolhas e o preço que pagou para chegar ali, não queria pensar no futuro, era o agora que importava.

Como era de seu interesse, ficou fascinado pela história local, sempre foi interessado por arqueologia, e ali era uma verdadeira fonte histórica. Até mesmo as paredes contavam história. No meio de sua busca, ele encontrara o que poderia ser considerado um antigo escritório, e enterrado em meio a tantos entulhos e bagunças, inúmeros documentos com datas posteriores a séculos passados. O que tornava tudo mais fascinante era saber que tudo aquilo era de um outro mundo, e pelo que pode ver, ele era muito parecido com o seu.

Cartas e selos, encaminhamentos e recomendações, até mesmo pergaminhos, aparentemente, era um mundo monarquista, já que encontrou um selo imperial meio desgastado, talvez a civilização tivesse um desenvolvimento mais lento, não encontrou nada que tratasse sobre magia, talvez não fosse um mundo magico. Na velha escrivaninha, Syaoran arrombou a gaveta com apenas um único puxão e logo ela se desfez, mais papeis e pergaminhos velhos, em muitos deles, a escrita não era nem legível. Era curioso que a gramatica fosse igual ao seu mundo, talvez funcionasse como um espelho, este mundo era paralelo ao seu, como uma outra face, e as pessoas? Também seriam refletidas?

Ele ouviu um estalo no lado de fora da sala, parou de remexer nos papeis e se alocou próximo a porta, escutou atentamente cada som, mas não ouviu nada, olhou os corredores, nada, também não sentia nenhuma presença mágica. Syaoran achou melhor continuar andando.

O rádio em seu ouvido começou a chiar, e por um instante ele escutou uma voz, podia jurar que era a voz de Kurogane. De que adiantava os aparelhos se eles mal funcionavam? Yeilan tinha que mudar seu comprador, tentou contato mais uma vez.

Syaoran não percebeu quando foi que ele tinha mudado sua rota, as coisas estavam um pouco estranhas quando ele desistiu de se comunicar. Os forros das paredes estavam remendados novamente, como se nunca tivessem sido rasgados e as tochas tinham se acendido como um passe de mágica, os buracos e estragos feitos nas portas e paredes tinham desaparecido, ao fim, ele podia escutar algumas risadas e um som suave de música clássica. Foi tão estranho e repentino que por um momento Syaoran achou que estava imaginando coisas, ele devia estar confundindo, então tentou prestar mais atenção.

Foi caminhando em direção aos sons, as risadas e a música foram ficando cada vez mais alto, ele chegou no fim do corredor e encontrou uma grande porta de onde vinha todo aquele barulho. Estendeu a mão para abrir e se perguntou se era mesmo uma boa ideia, pensou em Sakura e respirou fundo, empurrando a porta. O som das risadas e a música explodiram em seus ouvidos, por um instante sua visão ficou ofuscada pelo brilho do ambiente, mas quando amenizou, tentou entender o que estava acontecendo.

Era um grande salão de dança, todo iluminado com um grande candelabro no centro, Syaoran não acreditou em sua visão, deveria estar sonhando, não era um castelo abandonado? Nem parecia que os anos tinham se passado ali. Era um baile de máscaras, haviam inúmeras pessoas, todas vestidas para a ocasião, valsando em meio ao salão, uma velha valsa dançada nos séculos passados, onde os parceiros dançavam todos no mesmo ritmo, sempre com as damas trocando seus pares. E como acompanhamento, uma pequena orquestra no palco, composta por violinistas, flautistas, um violão selo e piano. Ele voltou para o século 16? Também havia bar oferecendo bebidas, mas muito discreto, com um garçom atrás do balcão, os cavaleiros da noite estavam concentrados ali, bebendo mesmo sem retirar as máscaras.

Syaoran percebeu que ele também estava com traje de gala, como se estivesse fazendo porte da cena, um apito em sua cabeça não parava de tocar avisando problemas. Ele desceu a grande escadaria, toda entalhada em marfim, de vagar, em sua frente, a multidão rodopiava, era uma mistura de cores grotescas com rostos assustadores e sorrisos falsos, cauteloso, ele entrou naquele mar colorido e agitado.

Era difícil caminhar, os parceiros de dança por vezes entravam em seu caminho, pisavam em seu pé ou lhe davam trombadas, as mulheres usavam vestidos longos e volumosos, lhe sobrando pouco espaço para desviar. Era como se ele não estivesse ali. Teve a impressão de que a música ficou mais alto e todos riam de forma horrenda e asquerosa, as máscaras tinham um formato de animais, o que tornava ainda mais arrepiante, por um instante Syaoran ficou sem saber como agir e se tornou novamente uma criança medrosa e assustada.

No meio de todo aquele aperto, sem saber para onde andar e sento encurralado por todos, ele olhou para uma pessoa que lhe chamou a atenção. Era um homem, com uma máscara de raposa, parado não muito distante dele, ele observava Syaoran, olhando fixamente para o mesmo. Naquela hora, Syaoran se esqueceu de todas as pessoas ao seu redor, apenas a música da pequena orquestra entoava em seu ouvido, como uma trilha sonora na hora do clímax. Ele viu o homem erguer a mão e retirar a máscara.

Ficou hipnotizado, o homem em sua frente não era só familiar, era ele mesmo, uma pessoa usando seu rosto. Era como se olhar num espelho, seu outro eu ostentava um sorriso mesquinho e egoísta, como se fosse um imperador. Do outro lado do salão, uma mulher com um vestido de renda vermelho e uma máscara de felino atravessava com passos firmes e um rebolado chamativo em direção ao homem com sea face, ela apoiou as mãos em seus ombros, o abraçando. Era uma linda mulher, a mais bela do baile, com seios fartos e cintura fina, seus cabelos longos e vermelhos como fogo desciam em cascata por suas costas, seus lábios eram de um vermelho sangue, carnudos e chamativos, a tentação em pessoa. Seu outro eu a agarrou pela cintura e colou seus lábios nos dela, iniciando um beijo ardente e profundo.

Syaoran ficou extasiado, porque aquilo estava acontecendo? O que representava aquela mulher? Mas, e Sakura? Sentiu um arrepio no estomago vendo a mão da mulher deslizar pelo peitoral e aos poucos ir descendo para a liga da calça, seu corpo queimava. A mão da mulher desceu ainda mais, passando pela virilha, enquanto ele agarrava os seios da mesma, sem soltar a cintura da moça. Syaoran assistia tudo aquilo tendo a mesma sensação que o homem a sua frente, um desejo enorme instalava-se em seu ser, um gosto amargo passou pela sua boca, quem era aquela mulher? Pensou em Sakura, o que ela faria se visse aquela cena? Um arrependimento profundo invadiu seu coração, como se aquilo fosse traição.

_Não, pare....

Seu outro eu agarrou os cabelos da mulher aprofundando ainda mais o beijo, ele se sentiu sujo, mal encarado e podre, sabia que aquele não era ele, mas sentia como se fosse. Uma parte sua que ficara para traz a muito tempo, antes de conhecer Sakura.

_Não faça isso...

O som foi ficando cada vez mais alto, abafando sua voz. Syaoran esticou o braço e correu em direção ao casal em sua frente, sempre trombando com as pessoas que dançavam em volta.

_EU FALEI PARA PARAR!

E assim como a imagem surgiu em sua frente, ela também desapareceu. O salão escureceu, não, ele nunca tinha estado iluminado, o candelabro estava apagado a muito tempo. Não havia nenhuma orquestra, o palco estava vazio e nunca houve pessoas naquele lugar, apenas um piano empoeirado e alguns violinos quebrados, estava ali apenas Syaoran, com a mão estendida para o nada. Mas o que diabos estava acontecendo? Pensava ele.

Com sua respiração ofegante, Syaoran colocou as mãos sobre o rosto, tentando puxar o máximo de ar possível. Era uma ilusão, mas ainda assim, a sensação não deixava seu corpo. Ele havia caído numa armadilha.

_Você está muito vulnerável! – Watanuki se aproximou aos poucos de Syaoran, surgindo das sombras, olhou para ele com desdém, desde quando ele estava ali? – Sua guarda está aberta, Syaoran.

_Foi você não foi, essa ilusão?

_A, isso não foi uma ilusão, é verdade que foi tudo fantasia mas seus sentimentos e desejos foram reais.

_Desejos? Está falando daquela mulher? Isso é besteira, eu tenho a Sak....

_Acho bom você prestar atenção – disse ele afastando-se um pouco – ainda não acabou.

Syaoran olhou ao redor, ele estava mesmo no salão, tudo o que tinha visto não passava de uma miragem, como pode cair numa armadilha tão velha como aquela? Mas tinha algo errado, o que acontecia agora?

_O que você está aprontando, Watanuki?

_Não acho que você deva desviar sua atenção para mim.

Ele olhou em volta, a madeira do chão estava podre e roída, com buracos em todo o salão grande parte devia ser obra de cupins, mas se podia ver marcas de tiros em muitos lugares, que tipo de armas será que foi usada? Pela idade do castelo ele diria que foi uma bem antiga, aquele mundo não era tão diferente assim. Mas o que ele estava pensando, concentre-se Syaoran. Estava tudo corroído, o grande candelabro estava todo enferrujado, pendurado por uma única corrente comida, as paredes estavam com seus forros rasgados e a madeira estourada, podia ver-se marcas de sangue seco pela parede. O que tinha acontecido ali?

Ouviu passos atrás de si, mas quando virou não encontrou nada. Olhou para Watanuki, parado num canto do salão escondido pelas sombras, não poderia ter sido ele, mas sentia seus olhos colados nele. Um pedaço do corrimão das escadas estava desabado, Syaoran andou em direção a escadaria e de novo, algo passou atrás de si.

Não sentia presença magica, muito menos presença humana, não conseguia ouvir som algum, apenas o ruído da madeira de seus passos, e o ambiente não estava muito favorável a ele. Em pleno território inimigo, em um lugar escuro, tendo apenas a luz da lua como auxilio e cego de um olho? Perguntou-se se os outros estavam tendo mais sorte do que ele.

Sem o menor aviso, sentiu um impacto do lado esquerdo do rosto, não chegou a ver o que foi que o acertou, mas suas pernas falharam e ele caiu no chão, foi tão forte que poderia ter quebrado seu maxilar. Quando se levantou, viu sua figura caminhando em sua direção. Isso também era ilusão? Ele não estava mais com a máscara de raposa, nem com um terno chique, era seu reflexo, com o mesmo rosto e vestimentas. Ele agarrou a gola da roupa de Syaoran, erguendo-o e socando seu rosto mais uma vez, então aquele impacto tinha sido um soco? Praticamente fora jogado para longe com apenas um soco? Se levasse mais dois daquele iria desfalecer. Quando seu clone ergueu a mão novamente, ele aparou o golpe e o jogou por cima do ombro, pisou no ligamento do ombro com o braço e o quebrou torcendo para cima.

Syaoran limpou o sangue que escorria de seu rosto, aquilo tinha uma força sobre humana, mas era estranho, não tinha nenhuma presença mágica. Olhou para Watanuki novamente, pronto para ouvir algum comentário, mas o olhar do mesmo o fez mudar de ideia, ele estava analisando alguma coisa? Olhou novamente para seu clone, que já estava em pé, olhou para o ombro e realocou o realocou, puxando o próprio braço para frente, ele parecia um robô, mas Syaoran pode ouvir o som de ossos estralando. Deu um paço em falso para traz, respirou fundo e se preparou para a luta.

Syaoran não aprendeu a lutar com sua ingressão no clã Li, ele já tinha aprendido muito antes de conhecer Yeilan, aprendeu nas ruas, apanhando de outros garotos que muitas vezes implicaram por questões de comida, abrigo e até mesmo tamanho, uma boa parte deles estava envolvidos com drogas. Ele nunca se esqueceu do dia em que mais apanhou, e também foi o dia que aprendeu a lutar.

Não chegava a ter nem 8 anos, estava com dia chuvoso e ele tinha conseguido um bom abrigo, era um armazém abandonado e muitas pessoas desabrigadas viviam ali, o papelão estava úmido por conta da chuva, mas tinha um latão com uma fogueira acesa para se aquecer. No entanto, por aquelas bandas, tinha um grupo de garotos mais velhos, todos drogados, sem ter pelo que viver a não ser o vício, o grupo já tinha mexido com ele antes, então foi fácil de ser reconhecido. Eles deram uma oferta, ofereceram drogas e que entrasse para a turma, se fizesse tudo o que pedissem, dariam comida e proteção. Foi uma grande tentação, ele estaca com fome e era pequeno para se defender, quantas vezes já não tinha sido espancado ou cortado? Mas ele recusou, não confiava naquela gente. Acabou apanhando feio, cerca de vinte garotos? Syaoran apanhou até decidir pegar uma pedra e acertar a cabeça de um, e assim, outros, ele arranhava e mordia, fazendo de tudo para machucar o máximo possível quem estivesse em sua frente, mas não foi uma luta vencida, quase morreu aquele dia, graças a alguns moradores que passavam por ali e viram a sena ele sobreviveu, foi levado para um hospital, mas assim que cobrou a consciência ele fugiu.

A situação não estava muito diferente agora, olhando para seu clone, ele imaginou o que aconteceria se ele tivesse aceitado aquela oferta e muitas outras que vieram depois. Graças as experiências nas ruas, ele aprendeu a nunca recuar, isso era uma coisa que não podia ser ensinada por um professor.

O clone avançava em ataque com chutes e socos, a cada defesa de Syaoran, era como bater os braços e pernas em concreto. Ele não tinha uma abertura, não conseguia momentos para atacar, e tinha a impressão de que os movimentos estavam aumentando a intensidade e velocidade. O primeiro chute o acertou em cheio nas costelas, imaginou se tinha quebrado, mesmo que tentasse se afastar seu outro eu ia para cima, sem deixar oportunidade. Em uma sequência de ataques, os olhos de Syaoran desviaram-se novamente para Watanuki, que observava tudo em silencio, ele acabou levando um chute no estomago que o deixou sem ar, jogando-o para longe.

Syaoran colocou a mão sobre o peito, tentando puxar ar. Qual era a daquele cara? Aproveitou-se para levantar e tomar folego enquanto o clone andava lentamente em sua direção, teria que dar um jeito de atacar. Quando o outro Syaoran chegou perto, o verdadeiro só se moveu quando estava prestes a ser atingido por um soco potente, ele desviou por milímetros e segurou seu pulso, concentrou uma grande quantidade de magia em sua outra mão, que começou a arder em chamas, acertou um único golpe em no estomago de seu oponente.

Com isso, ele enviou seu clone para longe pela primeira vez.

Os joelhos de Syaoran fraquejaram e ele acabou caindo no chão, manteve-se sentado até sentir as pernas novamente.

_Não importa o que fizer – disse ele para Watanuki – eu não vou ceder!

Watanuki manteve-se em silencio, ele apenas olhava para Syaoran com uma expressão estranha. Não era raiva, nem tinha aquele sorriso irônico que esperava, mas não sabia dizer que tipo de olhar era, e aquilo o estava incomodando. Syaoran levou a mão ao pescoço e sentiu falta de algo.

O colar, onde estava o colar? Ele se forçou a levantar e olhou em volta, deve ter caído em algum momento que ele foi acertado. Não podia perder o colar, ele era importante. Como não percebeu? Voltou a encarar Watanuki novamente, ele não podia saber que tinha um colar e que o tinha perdido.

_É melhor você prestar atenção! – Disse ele.

Syaora ouviu um estrondo e olhou para traz, seu outro eu estava dentro de um buraco que se abrira com o impacto, a madeira estava apodrecendo e não resistira, na verdade, eles abriram muito mais pelo salão. O clone retirou os destroços dos ombros e preparou-se para lutar. Syaoran, sem perder tempo, concentrou magia nas mãos novamente e correu em sua direção.

A luta não estava equilibrada, Syaoran estava na desvantagem, além da luta corporal, com seu oponente mais forte que ele, sua magia estava se esgotando rápido. Tinha que acabar logo em essa luta. Seu clone aparou o chute com os braços, então Syaoran pulou e aplicou um chute giratório com a outra perna, não parou por ai, deu-lhe uma joelhada no estomago e agarrando o colarinho da camisa, jogando-o sobre seu ombro, imobilizando seu corpo no chão. O movimento foi rápido e preciso, mas quando foi soca-lo, seu pé afundou na madeira e ele se distraiu por um segundo. Foi tempo mais que o suficiente para o clone revidar, livrou-se das mãos que o seguravam e imitou Syaoran, aplicando o mesmo golpe e jogando-o ao chão.

Ele levantou com dificuldade, respirando fundo. Estava besta, o cara conseguiu jogar o feitiço contra o feiticeiro, só podia ser um clone seu mesmo, teria que ficar mais esperto. Algo na parte do teto abobadado atraiu sua atenção, um objeto grande e pesado, mas que seria de grande utilidade. Tentou ganhar tempo para arquitetar um plano, o candelabro estava logo acima de sua cabeça, seria fácil derruba-lo, e ele era grande o suficiente para esmagar um carro, mas como ele iria atrai-lo?

Syaoran encarou os olhos de seu clone, ele tinha um olhar morto, sem vida. Sentiu um arrepio ao pensar que aquela pessoa poderia ser um monstro refletido dentro dele, isso lhe trouxe péssimas lembranças, a raiva que acumulou durante toda sua vida tinha se tornado uma imensa bola de neve, tornando-se aquela pessoa triste e sozinha, seu clone estava bem ali para lembra-lo. Mas veio Sakura, que foi sua luz, com seus sorrisos e abraços...E por isso iria recupera-la.

Syaoran primeiro teve certeza de que estava posicionado em baixo do candelabro, travou os pês no chão e esperou o momento certo. Defendeu todos os chutes e socos sem sair do lugar, recebeu uma chapa giratória no peito e isso o empurrou para traz, saindo da posição, mas deu um paço a frente e voltou para seu lugar, tinha que ficar no X mental que marcou. Conseguiu segurar um dos braços do clone, precisou utilizar as duas mãos devido a força do oponente, deixando sua guarda totalmente aberta. Seu outro eu começou socar seu estomago repetidamente, Syaoran teve que prender a respiração para aguentar os golpes, um filete de sangue desceu pelo canto de sua boca.

“Vamos lá, isso não será nada depois” – Pensou consigo mesmo.

Focou sua mente para não perder a consciência, usando as últimas forças para manter o corpo do clone naquele ponto, Syaoran usou o outro braço para invocar uma pequena magia, não grande demais, não teria o suficiente para isso, um símbolo abriu na corrente que estava enferrujada, partindo-a no ponto mais fraco, fazendo o candelabro despencar ao chão.

Syaoran sairia no momento certo, vendo o candelabro cair em sua direção, ele nem sentia os golpes no estomago. Tudo aconteceu numa velocidade incrível, soltou o braço do clone e usou todo o restante de magia que tinha para dar um gancho de direita em seu estomago – sentiu satisfação ao descontar todos aqueles golpes que ele se deixou receber.

Impulsionou seu corpo para traz para escapar do gigantesco candelabro de vidro, mas o clone agarrou suas pernas, prendendo-o junto consigo. Não teria tempo para se soltar.

O candelabro acabou despencando sobre os dois.

–------****--------

Yeilan não fazia a menor ideia de como Kurogane estava se virando pelo castelo, como ele tinha conseguido encontra-la ela não tinha entendido até ele lhe explicar.

_Tive a sorte de encontrar essa coisinha aqui. – mostrou-lhe ele um pequeno caderno preto – ele descreve alguns caminhos pelo castelo, e a localização de todas as passagens secretas desse lugar, o restante é pura sorte.

Kurogane carregava Fay nas costas quando encontrou Yeilan, ele estava em péssimo estado. Resolveram parar em um dos saguões para estancar o sangramento, ela também já tinha perdido muito sangue.

_Só sobrou o pirralho – disse ele jogando-se em uma poltrona velha e rasgada – e agora, o que faremos?

_Syaoran sabe se cuidar sozinho – ela rasgou um pedaço do quimono para amarrar no olho de Fay – mas não posso dizer que não estou preocupada.

Fay riu um pouco e olhou para o ombro de Yeilan.

_Esse seu ferimento também está bem feio - Ela o observou, viu que dentro dele algo estava errado, como se estivesse quebrado, uma tristeza que não podia esconder, ou estava cansado disso – não se preocupe, eu estou bem.

_Coisas bem estranhas aconteceram – Yeilan não estava muito a fim de dizer o ocorrido, assim como Fay, seu corpo também tinha se lembrado de muitas magoas do passado e sua mente repassava tudo como um filme antigo, deduziu que eles estavam na mesma situação. – o importante agora é buscar Sakura, mas por onde ir?

_Só nos resta caminhar, mas é como dar um tiro no escuro – disse Kurogane – e eu não acho que vocês estejam em boas condições para uma nova luta.

Fay levantou-se com dificuldade, seu corpo também tinha sofrido muitos danos, apoiou um dos braços em Kurogane.

_Mas não podemos ficar parados, temos que ajudar Sakura-chan! Syaoran-kun está lutando por isso.

Eles prepararam-se para tomar um novo rumo, mas ao dar o primeiro passo Kurogane começou a se sentiu tonto e sua visão ficou turva.

_Eh? O que... – ele foi ao chão levando Fay junto consigo.

_Kurogane?

Yeilan não teve muito tempo para se preocupar, começou a se sentir tonta também, mas e agora, o que estava acontecendo?

_É gás! – disse Fay – Não...respirem....

Era tarde demais, Yeilan desequilibrou-se e se apoiou na poltrona velha. Antes de desmaiar, viu uma fissura em pleno ar se abrir, como um portal, e de lá sair um homem. Conhecia bem aquela pessoa, não conseguia mais enxergar direito, mas já imaginava que em algum momento ele apareceria. Mas dessa forma? Por conta dos ferimentos, ficaram de guarda baixa.

Antes de desmaiar, Yeilan só pode pensar em seu filho, pelo que ele estaria passando? Estava preocupada pelo que poderia acontecer, ele se manteria no controle? No início de tudo, Syaoran era somente um instrumento, mas aos poucos, o garoto foi fazendo moradia em seu coração. Que fim essa história teria?

Syaoran!


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Notas finais do capítulo

Não posso prometer postar o próximo rapidamente, isso sempre é uma mentira, dá pra acreditar que já escrevendo ela a dois anos? Todos os capítulos juntos imprimidos ficaram mais grossos que um livro. Mas posso prometer qualidade, esperem o próximo capitulo e obrigada a paciência para quem esta lendo até o final.



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