Capítulo 1

Casamento arranjado

Casar-se com a pessoa amada é um sonho que toda garota aos seus 16 anos possui. Porém para Sakura Kinomoto não passou mais de um contrato financeiro, um casamento por interesse.

Ao entrar no altar, seria a primeira vez que veria o noivo. As portas da igreja se abriram, e todos os convidados ficaram de pé – o que era engraçado, pois não conhecia nenhum deles. E para piorar, estava entrando sozinha, sem a companhia de seu pai para lhe levar ao altar. Naquele longo corredor, Sakura pensava na falta que sua família fazia estando tão longe dela, no Japão.

A China era realmente um lugar incrível, se estivesse de férias, estaria eufórica para explorar cada canto. As expressões que seu pai e irmão fizeram ao vela partindo do aeroporto não lhe saia da mente. Será que realmente não teria mais permissão para vê-los?

Nenhum dos convidados tinha um sorriso no rosto, era como se estivessem ali por obrigação. Os passos eram lentos e pesados, por vezes tropeçou na barra do vestido. Queria fugir, dar as costas e sair correndo, mas ao lembrar que estava fazendo isso por sua família seus passos ao menos se tornavam decisivos, embora não firmes.

Seu noivo lhe esperava de costas. Um rapaz alto, de cabelos castanhos rebeldes e de costas largas. Ele nem ao menos se virou, apenas lhe estendeu o braço para que o segurasse e ficassem de frente para ouvir as palavras do padre.

(Chinês ON)

_Caros amigos, estamos aqui hoje para realizar essa união entre este homem e esta mulher, devotando e fortalecendo-os, com a graça especial de um novo sacramento para poderdes assumir o dever de mútua e perpetua fidelidade e as demais obrigações do matrimonio.

Sakura não entendia uma única palavra do que o padre havia dito, até então ela sequer olhara para o noivo. A cerimonia se prosseguia em um idioma que ela não entendia e era até engraçado, mesmo que no momento não estivesse com vontade de rir.

_Uma vez que é vosso proposito contrair o santo matrimonio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da igreja.

Sakura, inerte as palavras do padre, assustou-se quando o homem ao seu lado pegou sua mão direita e a pôs sobre a sua. Então ela pode finalmente ver a face de seu noivo. Surpreendeu-se ao ver que ele não era tão velho assim, e que na verdade possuía uma beleza extraordinária, mas assustou - se com a frieza daqueles olhos ambares, que eram tão bonitos. Ela não queria casar-se com alguém assim.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, dizendo palavras que Sakura não entendia, ele pegou uma das alianças que estavam em uma pequena almofada segurada por uma criança que ela não tinha percebido ali. O que ele estava dizendo? Será que eram as juras do noivo?

_ Eu, Syaoran Li, recebo-te por minha esposa e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.

E deslizou a aliança por um de seus dedos.

Sakura sentiu uma tristeza profunda, aquelas juras que os noivos faziam um para o outro deveriam ser ditas com amor, mas ali, palavras ditas friamente de uma forma que ela nem pudesse entender, sentiu-se no fundo do posso. Não sabia o que responder, seria a juras dela? A igreja ficou em um silencio tenebroso. Até que o noivo disse com uma visível irritação.

(Chinês OFF)

_É a sua vez! – sua voz foi baixa o suficiente para que só ela, talvez também o padre pudesse entender. Mais uma vez foi surpreendida ao saber que ele falava sua língua.

Ela fez o mesmo processo, pegou a outra aliança e deslizou-a pelo dedo de seu noivo recitando suas juras.

_Eu, Sakura Kinomoto, recebo-te por meu esposo e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.

Pensara que teria mais confiança para dizer essas palavras ao pensar em sua família, mas sua voz saiu fina e sufocada.

Depois de mais algumas palavras do padre, ele disse algo para os noivos. Sakura, em sua confusão, se assustou ao sentir duas mãos em seus ombros e uma leve pressão nos lábios. O beijo dos noivos. Ela não sabia o que fazer, fora pega de surpresa. Mesmo estando contra o casamento, sentiu a face arder.

Logo ele se afastou e estendeu-lhe o braço para que pudessem sair da igreja. Sakura não deixou de perceber que, mesmo com os aplausos dos convidados, nenhum deles ainda sorria.

Deixando a igreja, eles entraram em uma limusine preta. Parecia que a tensão era maior ali dentro do que na Igreja. Ambos sentaram-se longe um do outro, sem dizer qualquer palavra durante o trajeto.

Olhando pelo vidro do carro, espiou pelo canto dos olhos seu mais novo e, aparentemente, noivo. Ele estava na mesma posição que ela, sem nada o que dizer e apenas olhar para a janela. Teria ele aceitado aquilo tão facilmente? Ela já estava casada, mas ainda procurava por alguma solução.

Se sentindo triste e sozinha, aquela seria a nova vida de casada de Sakura Kinomoto.