Eu e Bradley fomos a uma lanchonete, e lá não tinha quase ninguém. Nos sentamos até que um carinha veio perguntar o que a gente queria. Eu pedi um hambúrguer e o Bradley me copiou. Enquanto esperávamos (o que não foi pouco tempo), ele pegou minha mão e se apoiou, subindo na mesa. Eu ri.

- Bradley, você ta louco?- Perguntei, rindo.

- Sobe, Lottie.- Acabei cedendo e subi com ele, não tinha ninguém por lá mesmo, e os funcionários estavam na cozinha. Ele pegou meu rosto com as mãos, fez um carinho na minha bochecha com o polegar e me beijou.

Mordi o lábio.

-Vamos descer.- Eu disse

-Ah, você sempre estragando meu momentos!- Ele disse

Dei um peteleco no braço de Bradley.

- Vamos dar uma volta?- Ele disse, abrindo a porta do conversível pra mim. Esse era um lado bom de Bradley. Apesar do seu jeito, ele era muito cavalheiro.

- Pode ser- disse, entrando no carro.

Ele foi até o outro lado, sentou e começou a dirigir pela estrada.

A paisagem em volta era cheia de árvores balançando pois estava ventando bastante, o que fazia meu cabelo passear pelo encosto de cabeça do banco. Coloquei o braço pra fora pra sentir o vento em minha pele. A sensação era boa, muito boa. Bradley estava indo bem rápido até, já que era uma estrada completamente deserta. Eu não fazia ideia de onde estávamos indo.

Já que a estrada era vazia, não tinha fiscalização também. Então tive uma ideia: fiquei de pé no banco como havíamos feito na mesa da lanchonete, só que a sensação era muito melhor. Eu podia sentir o vento pelo meu corpo todo, fazendo os cabelos voarem. E só pra melhorar eu balançava a cabeça de um lado para o outro, fazendo o cabelo bater no rosto, voando livremente. Ele começou a diminuir a velocidade e saiu da estrada. Isso significava que estávamos chegando. Sentei de volta no banco, peguei seu chapéu e coloquei na minha cabeça.

- Sua vez de estragar meu momento?- Perguntei quando ele parou o caro não muito depois de sair da estrada. 

Ele se virou pra mim e me beijou.

- Ou não.- Ele respondeu, sorrindo.

Descemos do carro e fiquei olhando em volta. Era quase um deserto, e estava ventando, o que fez o chapéu dele que estava em minha cabeça cair. Ele saiu correndo que nem um louco pra pegar. Eu não aguentei e ri. Ele voltou e jogou o chapéu dentro do carro.

- Esse chapéu custou caro, cara.

Eu ri.

Ele entrelaçou seus dedos nos meus e fomos mais pra frente. Aí eu vi. Ali tinha uma linha de trem, e já dava pra ouvir o barulho dele.

Arregalei os olhos.

- Sério que nós vamos fazer isso?- Perguntei

- Mas é claro, medrosa.- Ele sorriu

- Não sou- disse, irritada

Ele pulou pro outro lado da linha, eu subi do lado que nós dois estávamos. Ele chegou mais perto e me beijou, sem tirar os pés do lugar. Eu pulei pro lado que ele estava, e ficamos fazendo gracinha, até nos sentamos. O trem não estava perto coisa nenhuma.

Até que 

eu vi o trem. Chegando cada vez mais perto. Bradley se levantou e saiu, achando que eu ia atrás. Até que ele se virou

-Lottie, vem!- Ele gritou

Meu pé tinha ficado preso. Eu só conseguia ficar de pé, mas não me movia. Eu puxava a perna com toda a força e nada. O trem estava chegando cada vez mais perto. Minha vida passou em flashes, era meu fim. Eu lutei até não ter mais forças. Agora já era. Eu sentia meu coração batendo, ouvia o barulho do trem e percebia o suor nas minhas mãos. Algumas lágrimas resolveram cair.

Bradley ia mesmo me deixar ali, me ver sendo atropelada? Todo esse tempo eu tinha certeza de que ele me amava, que nunca ia me deixar, mas parece que tudo era mentira. Isso tudo aconteceu muito rápido, desde o nosso beijo até o momento de eu ficar presa foram só uns dois minutos. “Bradley”. Foi a última coisa que eu pensei. “Bradley”. A palavra martelava na minha cabeça. Como será que ele agiria sem mim? Será que ele iria ao meu velório? Será que ele iria sentir algum remorso, alguma culpa? Nem um pouco? Aposto que ele arranjaria uma nova namorada. Será? E se ele se sentisse culpado pelo resto da vida, e não se perdoasse pelo que fez? O lado bom disso tudo é que eu ia morrer rápido –eu espero-. Nada de agonia, só uma dor muito rápida, sangue, e logo eu já estaria destroçada. As lágrimas me invadiram. Além de tudo eu era uma fraca.

Nem me dei ao luxo de sentar. Fiquei de pé e fechei os olhos.