Can I Have This Dance? escrita por Dawseyride shipper


Capítulo 13
The Truth About Me


Notas iniciais do capítulo

Surpresas, surpresas. E eu não demorei. Posto o próximo assim que conseguir.
Aproveitem o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327958/chapter/13

POV Henry

Vejo-a se aproximar e estender a mão. Recolho a minha por um instante, ponderando sua proposta. Observo atentamente sua expressão. Ela está sendo sincera. Aliás, o que estou dizendo? Ela ainda é a minha irmãzinha. Eu a amo. Apenas não demonstro. Sofri muito no passado e faço com que ela partilhe isso comigo. Sei que ela perdeu Stella, a quem era muito ligada, e não nego que também sinto falta de minha pequenina. Mas perdi mais que isso. Perdi o amor da minha vida. Estendo a mão, evitando demonstrar qualquer emoção e aperto a sua.

-Aceito suas condições. Nada mais justo. Quem sabe eu não faço um esforço e não tento aderir à sua dieta? - vejo que ela faz uma careta perante minha ironia.

-Faça o que quiser, desde que não envolva ninguém aqui da cidade.

Viro-me e pulo pela janela antes que Rebekah comece a pronunciar mais alguma palavra. Sei que devo me juntar a ela e descobrir quem está matando os humanos daqui, mas se continuasse ali, acabaríamos brigando. Começo a rodar pela cidade, andando sem rumo, procurando por tudo e por nada ao mesmo tempo. Já escureceu e tenho a impressão de que estou perto dos limites da cidade. Dando meia volta, decido ir para casa de Rebekah e ficar a toa. No caminho, vejo uma jovem sozinha. Ela é loira, não muito alta nem muito baixa, bem magrinha e parece que pode quebrar a qualquer momento. Noto que a garota tem um papel nas mãos e parece procurar por algum lugar. Mantenho-me a uma distância segura. Por que eu pareço um protetor? Ela nem sequer está em perigo. E eu não a conheço. Por que motivo salvaria sua vida? Ao pensar nisso, vejo duas figuras encapuzadas se aproximarem da menina. Ela está tão distraída procurando o que quer que seja que não nota os estranhos ali por perto. Concentro-me neles para escutar alguma coisa.

-Você vai agarrá-la e eu vou pegar a bolsa. - diz um dos homens com capuz.

-Certo, Louis. Essa vai ser moleza. Ela nem vai saber o que a atacou. - a segunda figura é uma mulher!

Eles vão se aproximando da pobre menina que está prestes a ser assaltada. Quem manda andar por aí sozinha à noite? Por alguma razão eu me aproximo velozmente, parando a cerca de três metros dos humanos. Quando o primeiro agarra a menina, ela se assusta e grita. A pobre garota toma um susto tão violento que acaba desmaiando. É nessa hora que eu decido agir. Chegando até a mulher, hipnotizo-a para que se entregue à polícia e confesse o que fizera e quem era seu cúmplice. Quanto ao homem, jogo-o compra uma das árvores e ele acaba desmaiando. Pego a delicada humana do chão, junto de suas malas sem o menor esforço e sigo correndo até a casa de minha irmã. Lá, acomodo a pequena na cama de Rebekah e dirijo-me à sala. Fico em alerta para o caso de surgir qualquer ruído. O que estou fazendo? Eu deveria matá-la. Ninguém pode saber sobre mim. Caminho até o quarto, planejando matar a menina que dorme completamente indefesa. Ao me aproximar o suficiente, noto que ela está acordando, e olhando em seus olhos, sinto algo completamente inexplicável. Foi como se aquelas íris verdes me levassem de volta a infância, quando tudo era normal e feliz, sem complicação alguma. Aquilo me atingiu de tal forma que apenas virei e saí sem nem me importar com o fato de que ela gritava claramente assustada, sem entender nada. Ao sair pela porta da frente, tranco-a, para impedir que ela se vá antes que eu possa explicar-me ou hipnotizá-la. Ela é realmente muito linda. Faz-me lembrar de... NÃO! Furioso com o último pensamento, saio correndo. Só paro quando já estou em um beco de uma cidade diferente, muito diferente. Essa é mais movimentada, mais agitada. Caminho mais um pouco, sentindo fome repentinamente. Não tomo sangue desde ontem. É realmente pouco tempo para a fome que sinto, mas depois de toda a adrenalina e toda essa confusão de sentimentos e memórias, eu preciso de uma reposição urgente. É melhor do que machucar a humana ou matá-la. E quebrar o acordo com Rebekah está fora de cogitação. Escolho uma vítima e ataco. Não mato o homem de quem me alimentei, mas deixo-o ali no beco, desacordado e com o pescoço vertendo sangue vívido. Dou-lhe um pouco do meu sangue para que a ferida em seu pescoço cicatrize. Droga, o que estou fazendo? Dando meu sangue a um humano fétido apenas para que ele sobreviva? Afasto os pensamentos lembrando-me do acordo com minha irmã. Esta deve ter sido a decisão certa a tomar. Contemplo o belíssimo crepúsculo do fim de tarde. Hora de voltar para casa. Chegando ao meu destino, encontro a garota chorando copiosamente enrolada num canto da casa.

-Por que você me trancou aqui? O que você quer?

-Calma, menina. - foi tudo o que eu disse.

-Eu quero sair daqui!

Fui me aproximando lentamente dela, que parecia se encolher mais, como se quisesse sumir dali. Estendo a mão.

-Meu nome é Henry. Qual o seu?

-Me-melissa. - seu nervosismo era tanto que ela gaguejava. Contive minha vontade de rir da situação.

-Melissa, eu não quero fazer mal algum a você. Fui eu quem a salvou dos bandidos ontem à noite. - O que estou dizendo? Henry, o vampiro sem emoções, salvando uma humana medíocre?! Isso é realmente impressionante. Eu simplesmente não consigo conceber a ideia de alguém, nem mesmo eu, fazendo mal a essa garota.

-Mu-muito ob-brigada, Henry. - seus estranhos olhos verdes finalmente encaravam os meus. A sensação de voltar no tempo estava ali novamente. - Aprecio o que fez por mim. Mas ainda não entendo por que motivo me manteve aqui, trancada. - Sim, ela tentara sair, como eu havia previsto.

-Nem eu sei por que tenho feito tudo o que fiz desde ontem à noite. Só sei que fiz. E eu a deixei trancada aqui por que não queria que fugisse antes de conversarmos e eu explicasse o motivo de tê-la trazido até aqui. Não foi minha intenção assustá-la. Desculpe-me. - Ok, agora está sendo demais. Eu estava mesmo me desculpando por assustá-la? Não estou bem da cabeça.

-Tudo bem, já passou. Provavelmente estou mais segura aqui do que ontem à noite na rua. Não sei o que me deu na cabeça pra sair procurando a casa de meu irmão tão tarde. Deveria ter deixado para vir hoje.

-Pense por esse lado: se não tivesse vindo ontem, eu não a teria salvado e não teríamos nos conhecido. E eu gostei de conhecê-la. Mas quem é seu irmão? Talvez o conheça e de repente posso acompanhá-la até a casa dele.

-Stefan. - Droga! Ela é irmã do meu cunhado. Por que eu não imaginei antes? Olhando agora, noto que eles realmente se parecem muito. - Você o conhece? - pergunta, arrancando-me de meus pensamentos.

-Sim, conheço. Ele é namorado da minha irmã. Mas creio que ele não me conheça ainda. Começaram a namorar ontem. - noto que ela é pega desprevenida pela notícia.

-Como assim? Outro dia eu conversei com ele e o mesmo não mencionou ninguém.

-Ela se mudou há pouco tempo. Deve ter sido amor à primeira vista. Mas me responda uma coisa?

-Sim...?

-Se me permite perguntar, por que veio visitar seu irmão agora? Não está na época das festas nem coisa parecida...

-Estou com alguns problemas. Minha mãe pediu que eu viesse para me proteger. - Ora, se ela pensa que aqui está a salvo, está muito enganada. Há seres atrozes a solta. Seres humanos e seres sobrenaturais. - Mas talvez eu estivesse tão segura lá como aqui.

-O que quer dizer com isso?

-Você mesmo presenciou o que me aconteceu ontem. Parece que eu atraio o perigo. - Ah, pequena Melissa, você nem faz ideia.

-Sim, mas para sua sorte, eu estava lá. Aliás, se você quiser, pode ficar até amanhã. Segundo minha irmã, Stefan teve um pequeno problema. - Eu sei que o problema que ele teve foi ontem e já deve estar resolvido, mas não quero que ela vá. - E pelo que sei, ele tem um colega com quem divide a casa que é um tanto inconveniente. Se precisar, amanhã a levo até lá, para garantir que chegue segura.

-Se é assim... É muita gentileza sua.

-Não há problema. Se quiser assistir TV, comer... - corto a frase repentinamente, lembrando-me de algo. O estoque de Rebekah! Droga! - se quiser comer, é só avisar. Ou pedir uma pizza. - Mas... Eu não faço ideia de qual seja o endereço daqui. - Não tenho comida em casa. Costumo comer fora. - sorrio amarelo. Não deixa de ser verdade.

-Ou poderíamos ir ao mercado ou jantar em algum lugar. - ela corou ao fazer o pedido. E eu não entendi o porquê, mas senti uma vontade incompreensível de não recusar. Ótimo, agora vou levá-la para jantar.

-Tudo bem. Se precisar se arrumar, pode ir. Se não, podemos ir agora. - ela assente e sobe as escadas, indo até o banheiro, eu presumo, já que ouço a água caindo.

Enquanto Melissa toma banho, sento-me no sofá e penso. Por que me sinto tão atraído por essa garota? O que será que tem de especial nela que me faz querer protegê-la incansavelmente? Lanço-me num turbilhão de perguntas sem resposta a respeito da garota nem tão misteriosa assim que está temporariamente hospedada na casa que pertence à minha irmã. Pouco tempo depois ela volta à sala e nós vamos caminhando até um dos restaurantes da cidade. O lugar é simples e bonito, nada de muito sofisticado. Jantamos silenciosamente. Toda essa quietude está me matando. Por que ela não diz nada? E eu? Por que não digo nada também?

-Então... - começo.

-Obrigada por me trazer para jantar. Prometo que não darei mais trabalho. Amanhã cedo vou para a casa de Stefan. Se quiser me levar só pra não ficar preocupado... - Aquilo definitivamente era um pedido para que eu a levasse. Não poderia recusá-lo, obviamente.

-Eu a levo, com certeza.

Levantamos e fomos embora do restaurante. Em casa, permiti que Melissa ficasse na cama de Rebekah e eu dormi no sofá. Se é que se pode dizer que eu dormi. Fiquei alerta o tempo todo. Simplesmente não conseguia pegar no sono. Cada ruído que surgia no quintal, ou até mesmo dentro da casa, fazia com que eu acordasse para averiguar. Não sou um vampiro medroso. Estou preocupado com ela, não comigo. No meio da madrugada, ouço um grito. Numa batida de coração encontro Melissa, suada, chorosa e apavorada no quarto.

-O que houve? - pergunto alarmado.

-Eu ti-tive um pe-pesadelo. Era horrível. - dizia em meio a lágrimas.

-Acalme-se. - disse me aproximando e afagando seu rosto. Ela se retrai imperceptivelmente diante de meu toque inesperado. - Já passou. Estou aqui e garanto que nada de ruim irá lhe acontecer. Nem enquanto você estiver aqui nem quando você estiver na casa de seu irmão.

-Você promete? - seus olhos pareceram desanuviar conforme pronunciava a pergunta, em sua voz, notava-se a esperança. Sua tranquilidade ia aumentando ante a minha promessa de protegê-la.

-Eu prometo. - Ok, isso já está insano. Eu estou prometendo proteger uma humana. Por causa da intensidade do momento, aproximei meu rosto do dela, tendo aquelas íris perturbadoras cada vez mas perto. Quando estava prestes a tocar meus lábios nos seus, um trovão soou alto e forte lá fora, fazendo-a pular de susto. Nesse momento, Melissa, que ainda estava um pouco assustada pelo pesadelo, começa a tremer e rir nervosamente.

-Parece que está começando uma tempestade. Não gosto de tempestades. - Nem eu. Os humanos não costumam sair durante tempestades e isso dificulta a minha alimentação. Além disso, a tempestade me interrompeu no momento em que ia beijá-la. Aliás, por que você tanto ri?

-Porque estou nervosa. E você ia me beijar? - noto, pelo que Melissa disse, que pensei alto as duas últimas frases. Sem saber o que responder, fico encarando-a. A situação piora quando ela continua a falar, mais pra si mesma do que pra mim. - Só um garoto quis me beijar. Foi há muito tempo. Mas eu era criança e recusei o beijo. Parecia nojento na época. - não entendia o porquê disso. - Ela é uma linda garota. Mas fico aliviado de saber que ela não tem nem nunca teve um namorado. O que estou fazendo? Não sinto nada por ela! Por que então me agrada o fato dela nunca ter sido beijada?

-Quantos anos você tem, Melissa?

-Dezesseis, por quê?

-Você aparenta ser mais velha. Depois da tempestade eu a levo para casa de seu irmão. Afinal, sua mãe já pode ter ligado para ele e todos ficarão preocupados. - mudo rapidamente de assunto. - E se a Rebekah descobrir que você está comigo, vai querer me matar. - murmuro.

Mais um trovão soa lá fora, fazendo com que Melissa se assuste.

-Você se importa de deitar comigo? Não consigo dormir sozinha durante tempestades. - seu pedido era estranho, mas não me opus. Alguma força desconhecida me fazia querer ficar perto dela. Abracei-a e não se passou muito tempo até que Melissa pegou no sono novamente. Relaxei, sabendo que estava tudo bem e quando estava prestes a dormir, ouço-a murmurar dormindo:

-Obrigada, Henry. - Será que ela está sonhando comigo? Sorrio, quase convencido de que sim. Acabo adormecendo alguns minutos depois.

De manhã, desperto com uma Melissa completamente enrolada em mim. Fico deitado esperando que ela acorde sem mexer um músculo sequer. Quando ela se movimenta, acordando, abre os olhos, aquelas íris verdes vívidas me encarando. O sorriso que se abre em sua boca no momento seguinte é o suficiente pra me fazer sorrir de verdade, como há muito não faço. Ela é diferente. A única menina que eu conheci que era assim foi a Augustine. Surpreendo-me ao notar que pensar nela não foi assim tão doloroso. Dou um beijo na testa de Melissa, afinal, ela era, de certa forma, um anjo na minha vida. Olhando pela janela, vejo que a tempestade já passou, mas o tempo ainda não está exatamente bom.

-Quer ir agora?

-Não. - sua resposta me fez arregalar os olhos. - Pelo menos não agora. Não podemos passar na padaria e tomar um café da manhã de verdade? Ontem eu acordei na hora do almoço. - sorriu, seus olhos numa súplica silenciosa.

-Ok, nós vamos.

Enquanto ela se arrumava, fui até a geladeira e retirei todas as bolsas de sangue colocando-as numa mochila que Rebekah deixou jogada ao lado da geladeira. Vamos evitar descobertas inesperadas e assustadoras. Ando sem ideias nem vontade para criar desculpas. Principalmente em se tratando de Melissa.

Poucos minutos depois ela desce as escadas e nós vamos até a padaria. Compro tudo o que ela pede, já que daqui a algumas horas vou levá-la para Stefan. Procuro agradá-la ao máximo. Enquanto voltamos para casa, fico refletindo esse nosso tempo juntos. É, parece que realmente estou apaixonado. Melissa conseguiu invadir minha barreira de frieza e infelicidade como ninguém nunca fizera.

Em casa, eu preparo o café enquanto a menina vai arrumar suas coisas. Quando ela desce, a mesa está posta igual a que mamãe punha na minha infância. O sorriso que ela abre espelha-se em meu rosto. Tomamos café em silêncio e depois eu a levo para casa de Stefan.

Melissa toca a campainha e quem aparece na porta é o colega de Stefan.  Lembro-me de que seu nome é Peter.

-Quem são vocês?

-Você é Peter e esta é Melissa, irmã de Stefan. Eu só vim trazê-la em segurança. - Peter se sentiu intimidado pela minha presença e voltou pra dentro de casa, deixando-me a sós com Melissa. - Bom, eu fico aqui.

-Obrigada, Henry. - ela se aproxima para beijar minha bochecha e por impulso eu viro o rosto, dando-lhe um selinho. Sinto um sorriso se espalhar por meu rosto enquanto a pequena mulher na minha frente encara o chão, o rosto em chamas. - Eu vou entrar. - se virou e entrou. Acenou para mim e fechou a porta. Procurei sair dali o mais rápido possível, um sorriso idiota que não sumia de maneira alguma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Can I Have This Dance?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.