Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz


Capítulo 7
Capítulo 7 - Clove também tem sentimentos


Notas iniciais do capítulo

O capítulo é narrado pela Clove dessa vez e é mais centrado no shipp CLATO! Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327918/chapter/7

POV Clove

Glimmer encarava-me como se eu fosse uma estranha enquanto eu conversava com a velha enfermeira.

— O que te traz aqui, queridinha? — ela pergunta.

— Preciso falar com a loira oxigenada ali. — digo, apontando para Glimmer. Ela parece ficar brava com seu novo apelido.

— Te dou quinze minutos. Quer que eu saia?

— Tanto faz.

A velha resolve deixar a sala e me sento na beirada da cama de Glimmer, que ainda me olha de um jeito esquisito. Encaro-a durante um tempo.

Marvel pediu-me para vir até aqui para verificar como ela estava, já que ele não pode mais retornar aqui porque a velha não deixa. Como Marvel não é uma pessoa que odeio, resolvi atender seu pedido. 

Explico sobre minha vinda a enfermaria a Glimmer e ficamos em silêncio, olhando apenas para o teto.

— Clove, posso lhe perguntar uma coisa? — pergunta repentinamente Glimmer.

— Você acabou de perguntar. — digo e ela revira os olhos. — Mas continue.

— Você gosta de Cato? — a pergunta me deixa paralisada.

Digamos que eu nutro algum sentimento por ele. Conheci-o nas ruas do Distrito 2, e me lembro muito bem daquele dia.

Ano passado, quando estava com meus catorze anos, caminhava em direção a Academia como sempre: passando por uma ruazinha vazia, rodeada por árvores quase mortas e infestada de insetos. Era a rua mais esquecida do Distrito, não havia nem câmeras de segurança ali.

Um lugar perfeito para ser assaltada e treinar minhas habilidades de luta.

É claro, sempre levava uma faca encaixada com cuidado em um bolso interno da jaqueta, como minha mãe mandava. Assim vai se proteger dos perigos que vem da mata ao lado, dizia ela.

E o pior é que ela tinha razão. Naquele dia chovia muito e ventava fortemente. As folhas das árvores balançavam violentamente com a "doce brisa" do dia. Meu guarda chuva havia sido destruído e eu passava frio.

Foi quando um tipo de animal, um bestante acho, apareceu e me encarou, mas não se movia. Eu havia aprendido sobre bestantes na escola. São mutações da Capital, e a maioria deles aparecem nos Jogos Vorazes.

Se eu quisesse vencer esses Jogos algum dia, teria que enfrentar um desses.

Sem medo, parti para cima do bicho, tirando a faca de minha jaqueta.

Meu primeiro movimento foi bem sucedido: pulei nas costas do bestante e o acertei em cheio. Ele uivou de dor e jogou-me no chão com violência, arranhando-me com as garras no braço esquerdo. Possuo uma cicatriz até hoje. A água da chuva que molhava o chão me encharcou por completo, me deixando pior ainda.

Ainda no chão, rolei por baixo dele e acertei sua barriga peluda, mas ainda assim ele não morria.

Será mesmo que estou preparada para esses Jogos?, pensei. Não, não posso desistir tão cedo.

Aproveitei que ainda estava embaixo do bestante e acertei seu coração. Ele caiu em cima de mim, amassando-me com seus duzentos e tantos quilos. Pelo menos estava morto. Seu sangue caía sobre meu corpo.

Por outro lado, eu não conseguia me mover. Fiquei com dor e frio, sinceramente pensei que iria morrer ali mesmo, até que algo o moveu de cima de mim. Era um menino de dezesseis anos, loiro e dos olhos azuis. Eu o via treinar na Academia: era o melhor de todos.

— Ei, não se deve lutar com um desses. — ele me advertiu.

— Eu sou forte, consigo lutar sozinha.

— Por isso que ficou aí, esmagada. Levante-se. — ele me estendeu a mão e eu agarrei-a. Levantei-me. — Você é bem baixinha, hein?

— Não me faça usar a faca novamente.

— Sou Cato.

— Clove.

— Se fosse você, agradeceria por não ter câmeras por aqui. Melhor limpar essa faca e esse sangue de seu corpo e descansar hoje. Pode deixar que eu aviso o treinador que você está passando mal.

— Ok. 

— Amanhã eu te vejo, baixinha?

— Sim.

Naquele momento, me senti a pessoa mais feliz do mundo: Cato me abraçou. E nos dias seguintes, nos víamos e treinávamos juntos. Viramos melhores amigos, um indo na casa do outro o tempo todo e assistindo os Jogos Vorazes juntos.

— Ei, Clove! — diz Glimmer, me sacudindo e me tirando do transe. — Estou falando com você! Você realmente gosta do Cato?

— Não precisa saber, loira oxigenada.

Levantei-me da cama e corri em direção ao Centro de Treinamento.

***

Eu já estava sentada em minha cama no segundo andar do Edifício dos Tributos, encarando o chão. Lembro-me da conversa que tive hoje com Glimmer e percebo algo que devia ter feito há algum tempo.

Preciso fazer isso agora. Serei corajosa.

Ando lentamente até o quarto de Cato, que está deitado em sua cama prestes a dormir.

— O que quer, baixinha? — pergunta ele. Deito-me ao seu lado e me aconhego em seus braços.

— Posso ficar aqui?

— Por que?

— Eu te amo, Cato. Precisava dizer isso antes de entrarmos na Arena.

Espero sua reação. Ele abre um sorriso grande no rosto.

— Eu também te amo, minha pequena. Porém ninguém poderá saber. — diz ele, acariciando meu cabelo.

Cato segura meu rosto e me beija de um jeito carinhoso. 

Mesmo um de nós estando prestes a morrer, considero hoje o melhor dia de minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jogos Vorazes - Glimmer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.