Devasta-me (Hiatus) escrita por Mel Virgílio


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Por favor. não atirem nada em mim! Me perdoem a demora! Queria postar pelo menos toda semana, mas não consigo :(
Enfim, aqui vai o capítulo todo!
Falo mais lá embaixo.



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Ainda não tenho certeza de para onde vou.

Sei que ainda tenho o dia inteiro pela frente, mas não tenho destino.

Conheço esconderijos por toda a cidade, mas são antigos, podem já ter sido tomados ou destruídos.

Posso ser pega novamente se for para algum deles.

No momento, estou numa rua abandonada, só para variar. Quase trombei com alguns guardas; mas para soldados bem treinados como deveriam ser, não me viram nenhuma vez.

Minha cabeça está a mil, fazendo e refazendo rotas sem parar.

Fora a fome que faz o meu estômago roncar o tempo todo.

Já deve ser perto do meio dia, o sol está no auge, o que também não facilita, por que o calor é intenso.

Basicamente, estou péssima. Mas, provavelmente, já estive pior.

Logo a frente eu vejo um túnel, onde antigamente passavam carros e outros veículos, mas agora, só tanques e guardas a pé.

É cor de asfalto e bem grande, mas as rachaduras mostram que também é velho. Pronto a ruir a qualquer instante e

me é familiar.

Tão familiar quanto um esconderijo de passagem pode ser.

Tinha esquecido o quão grande é o túnel. Estou tão no centro dele que não vejo mais nada, mas, por sorte, guardei a localização com a contagem de passos.


Conto cada passo dado enquanto me apoio na parede, passando a mão pelas rachaduras e procurando a certa.


Cento e dois, 103, 104... E espero que encontre.

Cento e cinco, 106...

Cento e sete.

Procuro uma rachadura mais larga, a qual tem uma pedra grande que a mantém fechada, por trás.

Quando encontro, deslizo a pedra para a esquerda, para que eu possa entrar.

O espaço que serve de entrada não é muito grande, mas sou pequena e magra, então passo sem dificuldades; já o espaço interior, é do tamanho de uma pequena sala.

Empurro a pedra para fechar a entrada, e tudo é breu.

Não enxergo nada, então só me sento no chão frio e espero conseguir dormir rápido.

É mais seguro, para mim, sair durante a noite.

Provavelmente seria muito mais inteligente sair de dia e se misturar com o resto da “população” do Setor, mas me sinto melhor rodando entre as casas durante a madrugada.

Só espero acordar na hora certa.

Encosto a cabeça na parede e durmo ouvindo os roncos do meu estômago.




Acordo e imediatamente sinto falta da cama do Edifício, queria estar numa daquelas agora.


A tradicional dor no corpo pelo péssimo lugar escolhido para dormir volta, e sorrio irracionalmente.

Balanço a cabeça.

Não sei que horas são, se amanheceu novamente, se anoiteceu, o se ainda é de tarde, mas espero que não tenha dormido tanto.

Agora, preciso pensar em um lugar que tenha abrigo e comida.

Deus! Como estou faminta.

Talvez alguma casa abandonada sirva; não como armazém de alimento, afinal, os soldados já inspecionaram todas, mas como abrigo. Já com a comida terei que me virar, mendigando durante o dia.

Isso, se houver alguém bom o bastante para me doar o pouco que tem.

Me levanto, tento me direcionar na escuridão, movo a pedra e saio do esconderijo.

E então, começo a andar, até o outro lado do setor, onde estão às casas mais antigas, que já foram deixadas de lado por todos.

-

Não encontro mais o caminho.

Tanques quebrados, móveis, pedaços de concreto e coisas desconhecidas empilhadas fecham as ruas e esquinas pelas quais eu deveria passar.


Não me dou bem quando tento recalcular a rota em minha cabeça, e me perco várias vezes.

Estou perdida, agora.

Meu estômago não se silencia por um segundo sequer e ando abraçada com minha barriga, dolorida.

Pelo menos estou grata por ter saído á noite, se o sol estivesse no céu, agora, provavelmente não teria agüentado tanto assim.

Me arrasto pelas ruas, olhando só para frente e tentando fazer com a minha visão pare de ficar duplicada.

Pensava que hoje á tarde estava ruim. Não tinha imaginado que teria chego a essa situação na madrugada.

Talvez pudesse ficar por aqui mesmo e morrer esperar.

–Ei, você! – Ouço gritarem. A distância da voz é grande, mas é direcionada para mim.

No mesmo instante fico atenta e alerta. Dou um passo.

– Parada! – Grita outra voz.

Soldados.

Meus olhos vasculham todo o espaço que tenho á minha volta e, quando sei que eles estão se aproximando, planejando atacar, saio em disparada pela rua e entre as ruínas do caminho.

Não sinto mais dor, fome, ou cansaço. É muito bom poder fazer uso da adrenalina em momentos como esse.

Viro ruas aleatórias e passo por quarteirões que nunca conheci na minha vida de fugitiva, mas sigo em frente.

Quanto entro no quintal de uma casa parcialmente destruída, subo no telhado, com a ajuda de tralhas empilhadas.

Ouço os soldados tendo dificuldades para subir, com todo o seu peso, e sigo em frente.

Assusto com o barulho de disparos e salto para o lado.

Vejo uma bala se alojar no telhado.

Continuo correndo pelo telhado e paro, repentinamente, quando me vejo presa entre duas decisões:

Ou voltar para traz e me render – já que lutar está fora de cogitação.

Ou me jogar na escuridão que há abaixo de mim.

Estou rolando.

Mato, terra e sujeira estão em meus cabelos, boca, roupas.

Minhas duas sapatilhas se perderam na descida.

Se ainda pergunta: sim, eu pulei.

Minha cabeça está girando e meu corpo está se chocando contra pedras e gravetos, e a dor está por toda a parte.

Mas só consigo pensar até que bato minha cabeça num pedaço de metal, e desmaio.

Ouço barulhos, pés batendo contra a terra seca, muitos.

Ainda estou desnorteada. Não consigo abrir os olhos, nem me mover, somente ouvir.

Ouço murmúrios e sussurros, sinto pessoas á minha volta.

Mas dura muito pouco, logo, perco a consciência novamente.


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Notas finais do capítulo

Me enviem força, criatividade e imaginação, por favor! Pode ser por telepatia também, estou aceitando.
Agradeço a paciência de vocês e... Reviews ajudam :D

O Capítulo está menor do que os outros, desculpem, mas é por que é somente um capítulo de transição. Eu não ia escrevê-lo, ia resumir tudo isso em 300 palavras e depois continuar, mas preciso de mais capítulos, então...
Obrigada por ler!

*Qualquer falta de concordância ou erro gramatical, por favor, me avisem!*