Acordei com o celular tocando. Ainda meio sonolenta, peguei o celular e cancelei o despertador. Me virei para o lado e fiquei observando o Bruno dormir. Eu ainda não estava acreditando em tudo isso que estava acontecendo. Ele me pediu em namoro, disse que me ama. Estou muito feliz com tudo isso, mas ainda sim eu estou preparada para se caso ele acorde e se arrependa de tudo.

- Bom dia! - ele disse ao acordar e me ver observando-o.

- Bom dia! - eu disse sorrindo sem graça.

- Já acordou faz tempo? - ele perguntou esfregando os olhos.

- Faz alguns minutos.

- E porque não me chamou?

- Fiquei olhando você dormir.

- Eu fiz isso de madrugada também. - ele disse sorrindo.

Eu sorri meio sem graça e ele me puxou para um abraço. Eu fechei meus olhos e as lágrimas começaram a cair. Eu senti uma dor no peito, senti medo.

- O que houve? Você está chorando? - ele disse olhando pra mim.

- Não foi nada. - eu disse limpando os olhos.

- Me conta vai, por favor. - ele disse segurando a minha mão.

- Eu tive medo de acordar e você não estar mais aqui. - eu disse e a dor apertou mais.

- Eu também. - ele disse e abaixou a cabeça.

- Como assim? - eu perguntei confusa.

- Eu tive medo de não conseguir ficar aqui.

- Então você pensou em ir embora? - eu disse com os olhos cheios de lágrimas.

Ele não respondeu. Também nem precisou. Acho que o silêncio que ele fez, respondeu bem mais do que se ele houvesse dito sequer uma palavra. Meu peito doeu mais ainda. Senti meu coração acelerar e doer tanto. Ele se arrependeu. Eu já sabia. Eu disse que estava preparada se caso isso acontecesse. Arrumei meu travesseiro e tentei me levantar da cama. Ele segurou o meu braço e me puxou pra junto de si.

- Preciso ir pra minha casa. - eu disse tentando não olhar pra ele naquele momento.

- Não fica chateada, por favor. Entenda que foi difícil pra mim assumir o que eu sentia por você. Eu só tive medo de não aguentar, mas eu estou aqui. - ele disse e me deu um beijo na testa.

- Você entende que foi difícil carregar um filho seu na barriga e te ouvir dizendo que era de outro cara? Você entende a dor que eu senti quando perdi o meu filho e você não ficou do meu lado? Não entende, Bruno. Nós dois somos diferentes e acho que nunca vamos dar certo.

- Mas a gente pode tentar fazer dar certo.

- Mas pra isso os dois tem que querer. Mas não basta só dizer que quer, tem que querer muito. Tem que ter respeito e confiança. Tem que respeitar as vontades do outro, mesmo quando não for as mesmas que as suas. E você sempre me julgou tanto.

Ele me abraçou e me deu um beijo demorado. Depois voltou a olhar mim.

- Eu não quero que ninguém saiba por enquanto que estamos juntos. - eu disse e ele pareceu ficar surpreso. - Só até eu me acostumar com a ideia. Depois a gente fala que estamos juntos. Tudo bem?

- Se você prefere assim, tudo bem.

- Agora preciso ir pra casa.

- Nos vemos mais tarde? - ele perguntou.

- Eu te ligo. - eu disse me levantando.

Arrumei as coisas e fomos pra casa. Quando cheguei por lá o Vitor ainda dormia. Tomei um banho e me sentei no sofá pra ver televisão.

- Bom dia senhorita. - o Vitor disse e eu levei um susto.

- Ai que susto, Vitor. - eu disse e ri.

- Tudo bem?

- Tudo e com você?

- Também. Que carinha é essa?

- A mesma de sempre ué. - eu disse sem graça.

- Tenho novidades. - ele disse rindo e eu fiquei curiosa.

- Me conta. - eu disse empolgada.

- O Pablo vai vir pra Rio na sexta-feira. 

Eu fiquei sem o que dizer. Meu deus, e agora?

- O que houve, Fatinha? Não gostou? - ele me perguntou e eu realmente não sabia o que responder.

- Claro que gostei, Vitor. - eu disse sem graça. - O que ele vem fazer aqui?

- Ele vai fazer uma cirurgia complicada em um paciente. E como ele é um dos melhores médicos de Brasília, foi pedido para que ele pudesse vir fazer essa cirurgia aqui no Rio.

- Entendi. Ele chega na sexta, né?

- Sim, ele disse que vai ficar na casa de um amigo dele que mora aqui perto mesmo.

- Tá bom então. Vou na casa das meninas conversar com elas. Até mais tarde amigo, beijos.

Eu estava desesperada. Por um lado por ninguém saber que eu estava namorando com o Bruno e por outro, agora com o Pablo vindo pra cá ele vai querer ficar comigo. E agora meu Deus? O que eu faço? Não sei se conto para as meninas que estou com o Bruno. Estou perdida.

Cheguei no apartamento da Ju e toquei a campainha. O Bruno veio atender. Ele me olhou e mordeu os lábios.

- Não me provoca pelo amor de Deus. Vim aqui falar com a sua irmã. - eu disse passando por ele.

- Só um beijo amor, por favor. - ele disse me beijou.

Nesse momento a Juliana apareceu na sala. 

- Gente, o que é isso? - ela disse e eu larguei o Bruno.

- Nada Juli... 

- Estamos namorando.- o Bruno falou e eu quis matá-lo naquele momento.

- Como assim namorando? Desde quando? - ela perguntou confusa.

- Depois eu te conto tudo, Juliana. Você precisa ir agora comigo na casa da Lia. Preciso conversar com vocês.

No mesmo momento a Ju pegou a bolsa e fomos para o apartamento da Lia. Chegamos lá e ela estava em casa sozinha. Fomos para o quarto dela e começamos a conversar. Contei pra elas da noite que eu havia passado com o Bruno e que ele me pediu em namoro. Elas riram abeça. Mas contei logo sobre o Pablo. Contei que eu estava decidida a esquecer o Bruno e o Pablo iria querer ficar comigo.

- Amiga, eu não sei o que dizer mesmo. - a Lia disse.

- Eu vou mostrar a foto dele pra vocês. - eu disse e fui ligando o computador.

Coloquei a foto do Pablo e as duas ficaram boquiabertas. Ele era lindo, eu sei. A Juliana que ficou estranha e eu não entendi porque.

- Fa...tinha. Você conhece esse garoto desde quando? - a Juliana perguntou.

- Já o conheço a muito tempo amiga. A gente meio que 'namorou' lá em Brasília. As pessoas dizem até que ele mudou por minha causa. 

- Mudou? Como assim? - a Lia perguntou.

- Ah, porque ele era muito galinha, sabe? Aí ele queria namorar comigo, mas como eu não gostava dele, eu não aceitei namorar. E ele gostou tanto de mim que parou de ficar com outras meninas.

- Meu deus, então é você - a Juliana falou.

- Eu o que Juliana? 

- Nada não amiga, eu tenho que ir em casa. Deixei meu notebook ligado. Eu estava conversando com a mamãe pelo skype. Mais tarde eu passo na sua casa, tá? Tchau meninas, beijos. - ela disse e foi embora.

Não entendi a reação dela. Mas eu estava mesmo era preocupada no que eu faria quando o Pablo chegasse. Fiquei conversando com a Lia e ela me contou sobre a noite com o Vitor. Depois fui pra casa, na tentativa de criar coragem e contar para o Vitor que passei a noite com o Bruno.