POV Fatinha

Quando eu abracei o Vitor comecei a chorar descontroladamente. Aquele abraço do Bruno mexeu muito comigo. Eu queria tanto um beijo, um carinho, um "Eu gosto tanto de você, fica comigo" mesmo sabendo que o Bruno nunca vai me dizer isso. O máximo que ele sente, é vergonha de mim. 

Porque eu não consigo esquecer esse babaca? Eu não aguento mais me fazer de forte na frente de todo mundo, quando na verdade estou morrendo por dentro. Nenhum beijo é igual ao dele, nenhum sorriso, nenhum abraço, nenhum outro cara me fez sentir as coisas que ele me fez sentir. 

O Vitor se sentou comigo no banquinho que havia na calçada do hostel e tentou me acalmar.

- Amigo, eu não aguento mais. - eu disse quase que sem forças.

- Eu imagino como você deva estar se sentindo, mas ele não pode te ver assim. Ela não merece seu choro.

- Eu sei disso, mas eu não consigo me controlar. Esse abraço mexeu muito comigo. Na verdade, quando ele chega perto, eu me derreto, não consigo me controlar.

- Você aceitaria ficar com ele sabendo que ele tem vergonha de você? - ele me perguntou e eu tentei parar de chorar.

- Vitor, eu amo demais o Bruno. Eu carreguei um filho dele dentro de mim, mas não há amor que suporte tanto desprezo que nem ele me dá. Eu não ficaria com ele escondido. Eu queria fazê-lo feliz, entende? Mas ele não quer ficar comigo, tem vergonha de mim. Eu sei que preciso esquecer, mas não consigo.

- E se você encontrasse o Pablo? Talvez ele te faria esquecer. Tá bom, esquecer é um pouco demais, mas sei lá, talvez ele pudesse te ajudar a amenizar essa dor que você carrega aí no peito.

- Mas eu só vou ver o Pablo em Dezembro, não tem como eu o encontrar agora.

- Ele pode vir pro Rio. O que acha?

- Vitor, eu não quero usar o Pablo pra esquecer o Bruno.

- Você não vai usá-lo, você só vai tentar ser feliz, ao lado de uma pessoa que gosta de você, que vai te dar carinho. E o Pablo sabe que você gosta de um garoto, quando você ficou doente eu conversei com ele.

- E o que ele disse?

- Que se pudesse estar com você, tentaria te fazer a garota mais feliz desse mundo.

- Sério que ele falou isso? - eu peguntei surpresa.

- Falou. 

Estava ficando muito frio e eu decidi entrar. Já era muito tarde e eu não queria ficar do lado de fora do hostel.

- Tem certeza que vai dormir aqui no hostel? Não quer ir pra casa?

- Não amigo. Pode ficar com a Lia. Se ela quiser, pode dormir lá em casa. Eu estou com saudades do meu quartinho e quero ficar aqui essa noite.

- Tudo bem. Vou indo nessa então. A Lia está me esperando.

- Tá bom. Boa noite amigo, obrigada por tudo. E avisa a Lia que depois eu quero conversar com ela, tá? - dei um beijo nele e entrei.

Não havia mais ninguém acordado aquela hora - acredito eu - fui para o meu quarto. Tomei um banho, vesti meu pijama e me deitei na cama. Peguei meu livro e comecei a ler.

Não conseguia me concentrar na leitura, então liguei a TV, por falta de sono mesmo.