Cheguei em casa, joguei minha bolsa em cima do sofá e fui direto para o banho. Tomei um banho gelado e deixei a água levar o suor, o cansaço e todo aquele peso que havia em cima de mim. Eu estava exausta. Não aguentava ficar em pé direito. Meu pé doía demais. Até que eu sorri ao lembrar do dia que eu tive. Do beijo que o Bruno me deu. Dos momentos que eu passei com ele. Ele indo atrás de mim no banheiro e depois me pedindo pra não sair do stand. Ele tocando em mim, fazendo carinho. Foi tudo tão bom. Sem me dar conta do tempo, saí do banheiro e olhei pro relógio. Eram 22h10min. Sentei no sofá e olhei pra porta e deixei as lágrimas rolarem no meu rosto. Eu sabia que ela não iria vir. Porque ele viria? Ele deve ter dito aquilo no calor do momento. Será que se arrependeu de novo? Será? Será? Ele parecia tão diferente hoje. O que será que está acontecendo com o Bruno? Minha deusa interior gritava. Ele está apaixonado e sorria. E eu me fiz de forte e falei. Lógico que não. Ele gostando de mim? Não. Não. E não. Então deitei na cama e levei o notebook comigo. Vi que o Vitor estava online e liguei para ele.

- Amigo, to exausta. – eu disse fazendo bico.

- Como foi na escola? – ele perguntou.

- Ótimo. Aconteceram várias coisas.

E eu fiquei ali conversando com ele, contei tudo. Sobre o Bruno, sobre a Ana. Ele ficou rindo de mim quando eu disse que a Ana quase morreu engasgada quando viu ele dando depoimento. A gente ficou conversando muito tempo, até que Vitor saiu e eu fui na casa da Ju. Queria conversar com alguém. Coloquei uma blusa larga, que mais parecia um vestido e um short jeans e toquei a campainha.

- Oi amiga, entra. – disse Ju abrindo a porta.

Fui entrando e quando vi o Bruno e a Ana no sofá juntos.. minha barriga roncou de novo. Era uma sensação tão estranha. Não era a primeira vez que acontecia. A Ana estava deitada no colo dele, parecia que estava dormindo. O Bruno acariciava seu cabelo, quando me viu, ficou estranho. Levantou-se, pegou a Ana no colo e a levou para o quarto. A Ju olhou pra mim e percebeu que minha feição mudou. Sei lá, eu não sei explicar o que eu senti. E então a Ju me levou pro quarto. Quando eu cheguei lá sentei na cama e ela falou alguma coisa que eu não consegui ouvir.

- Deita aqui, vem. – disse me puxando e eu deitei no colo dela.

- Ju, eu to me sentindo muito sozinha lá no apartamento. – eu disse e pude sentir as lágrimas caindo sobre minha pálpebra.

- Porque você ficou desse jeito quando viu o Bruno e a Ana? – ela perguntou e então eu chorei mais ainda.

- Ju eu não sei. Hoje eu fiquei com o Bruno duas vezes.

Ela levantou minha cabeça e sorriu. Parecia espantada.

- Como assim vocês ficaram duas vezes? Vocês são mais loucos do que eu pensava. – disse sorrindo.

- A primeira foi quando eu fui pro banheiro, ele foi atrás de mim e a gente se beijou. A segunda..

- A segunda foi no stand né? – ela disse me interrompendo.

- É. – eu disse e sorri.

- Eu sabia. Aquela demora toda tinha que ter algum motivo né?

- Eu não devia ter beijado ele, mas eu não consigo resistir. E toda vez que vejo ele e a Ana alguma coisa em mim se manifesta sabe? Eu sinto uma dor na barriga, estranha. Uma sensação que nunca senti antes. Não sei o que eu faço. – eu disse fazendo cara de triste.

Estávamos conversando quando Bruno apareceu no quarto.

- Ju, desculpa interromper a conversar de vocês, mas eu vou levar a Ana no médico. – ele disse desesperado.

- O que houve com ela Bruno? – a Ju disse preocupada e se levantou da cama.

- Não sei. Ela está vomitando muito. Sentindo muito enjoo. Não sei o que eu faço. Liga pro Lorenzo Ju. Por favor.

Nesse momento eu rosto corou. Meu coração parece que tinha parado. Eu não sentia mais nada. Meu olho embaçou. Será? Será que Ana estava grávida? Eu nem sei se seria bom pensar isso naquela hora, mas foi à única coisa que veio na minha cabeça. Uma lágrima caiu do meu olho e eu olhei pra Ju, ela também me olhou. Acenou com a cabeça e eu saí correndo dali. Passei pelo Bruno e esbarrei nele. Pude ouvir a Ju me chamando, mas bati a porta e fui pro meu apartamento. Eu queria morrer naquele momento. Minha barriga doía demais, eu não estava aguentando. Fui beber água, mas foi como se eu não sentisse mais nada. Minha boca parecia seca, meu coração parecia nem bater mais. Cheguei achar que era um exagero, mas enfiei minha cara embaixo do travesseiro e peguei no sono.