May - Parte V escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 9
Deusa da Luta


Notas iniciais do capítulo

May precisa trabalhar mais uma noite e ela precisa pedir a John para cuidar de Max, mas será que John irá entender o seu trabalho ou será que pensará que May trabalha de uma maneira não muito favorável?



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Estou novamente esperando Max na frente da escola, apoiada em minha moto. Consigo encontrar John e espero ele olhar em minha direção. Para minha sorte ele olha e eu aceno chamando para se aproximar. Ele coloca as mãos no bolso e vem caminhando em minha direção. Ele chega perto de mim com aquele sorriso maravilhoso que mostra todos os seus belos dentes e enche de fofas ruguinhas seus olhos e bochechas. 

- Olá - ele diz.

- Olá - sorrio de volta. Coloco meu óculos pra cima, prendendo meu cabelo como se fosse um arco. - E aí... tudo bem? - eu não sabia como começar...

- Tudo sim - ele também parecia um pouco nervoso.

- Eu queria te perguntar... - falamos ao mesmo tempo. 

Olhamos para o outro assustados e começamos a rir, estávamos ambos nervosos. John passou a mão em sua nuca e me olhou.

- Você primeiro - ele disse.

- Não, não, pode ser você...

- Damas primeiro - ele sorriu.

- Ok, eu escolho você falar primeiro.

- Boa resposta - rimos ainda naquele jeito nervoso. - Bom... eu queria saber se... se não quer jantar lá em casa um dia desses.

John parecia aliviado quando finalmente acabou de falar. Fiquei parada, surpresa, o que parece não ter ajudado.

- Quero dizer... já que nossos filhos são amigos, podemos nos tornar amigos também... o que me diz?

- Am.... tudo bem... sim! Claro! Podemos jantar na sua casa um dia desses - sorri.

Agora me sentia ainda mais exploradora, me sinto uma sem teto esfomeada, mas preciso que ele cuide de Max, não gosto dele em bares, sei que ele nasceu em um mas não estava fazendo bem a ele ficar no meio daquela confusão.

- Amanhã a noite? - ele perguntou.

- Sim! Amanhã está ótimo - sorri e coloquei as mãos nos bolsos. Fiquei olhando pros olhos dele, pareciam brilhar e aquilo o deixou mais bonito. Fui obrigada a parar de viajar em seus olhos quando ele disse:

- Então... o que ia me perguntar?

- Ah! É! - ri e ele me acompanhou. - Bom... eu trabalho num bar a noite e... - droga, isso não ficou bom pra minha imagem e a cara dele enquanto eu falo também não está nada boa. - Quero dizer... eu trabalho com lutas de bares...

- Você anda com as plaquinhas no ringue?

- Não - dou uma risadinha -, eu luto mesmo.

- Luta? - ele ficou muito surpreso. Assenti. - Desculpe mas, você é delicada demais pra lutar - ele começou a  rir -, não consigo te imaginar lutando.

Pobre John, não sabe nem metade do que já tive que fazer. Rio com ele e continuo a falar.

- Bom, o que eu queria te pedir era se Max pode ficar na sua casa enquanto vou à luta. Literalmente - dei outra risadinha.

- Pode, pode sim - ele franziu a testa - ainda é muito difícil te imaginar lutando. Sério...

- Quem sabe um dia eu deixo você ver.

Sorrimos. O sinal tocou e em poucos segundos nossos meninos já estavam perto da gente. Nos cumprimentamos e despedimos. Enquanto acenava para John, olhei para Max e ele me olhava com um sorriso malandro.

- O que foi? - perguntei.

- Seus olhos estão brilhando.

- Cala a boca - revirei os olhos, coloquei meus óculos escuros e sentei na moto.

Max riu e correu para cima da moto. Agarrou minha cintura e dirigi até em casa.

A noite chegou, coloquei uma calça de couro preta e uma camiseta branca, coloquei umas luvas abertas nos dedos, meus cabelos soltos e ondulados, batom vermelho e maquiagem carregada nos olhos. Uma bota de couro que ia até o joelho de salto de uns sete centímetros. Max estava arrumado com uma jaqueta de couro e uma camisa branca de mangas vermelhas por baixo. Ele arrumava o cabelo ao meu lado no espelho gigante que havia na parede do meu quarto. Ele jogava a jaqueta pra frente e me lembrava muito Pietro. 

- Tô gato? - ele me perguntou com um olhar sedutor.

- Você já nasceu gato meu querido - beijei a testa dele.

- Aaah mããe... você deixou uma marca - ele começou a limpar freneticamente e eu comecei a rir.

Dirigi a moto até a casa de John.

- Mãe, o que estamos fazendo aqui? Você não vai no bar?

- Sim e você vai ficar aqui com John e Nick.

- Aaaah mãe - ele ficou triste. - Não, eu quero ir com você, quero ver você acabar com aqueles idiotas - e então começou a me imitar nos socos e nas defesas. - Você é incrível!

- Querido, você não pode ir comigo.

- Mãe, eu nasci em um bar, posso muito bem ir algumas noites em...

- Não Max! - não gritei, mas foi o bastante para ele me entender. - Aquele não é um ambiente pra criança, quando voc~e fizer dezoito você me acompanha de novo.

Ele revirou os olhos mas pareceu finalmente entender. Bati a campanhia e John abriu a porta. Nick estava muito feliz ao ver Max. 

- Entra Max, entra!

Max se arrastou para dentro da casa de John.

- Ele não parece muito feliz May - disse John.

- Ele queria ir comigo. Ele sempre foi, mas sabe... um bar não é lugar pra criança.

- Entendo. Nossa... você tá diferente.

- Diferente?

- É... tão... poderosa.

Ri meio sem jeito.

- Obrigada. Preciso parecer poderosa e ao mesmo tempo fraca pra ganhar uma luta.

- Sei... - ele ficou me olhando.

- Ainda tentando imaginar? - pergunto.

- Sim... e tá muito difícil!

Rimos mais um pouco. Me despedi de John e comecei a caminhar até a moto.

- May! - ele e chamou e eu me virei. - Tenta voltar inteira pra vir aqui amanhã hem.

- Pode deixar! - coloquei a mão na testa e a joguei na direção dele, como aqueles cumprimentos militares.

Subi na moto e fui dirigindo até o bar de luta fora do subúrbio. Cheguei na frente do bar. Era um bar de madeira, com entrada como aquelas de faroeste. Ouvi um copo se quebrar lá dentro. Já estavam muito loucos. Vi um homem sair com uma mulher dobar, ele a jogou na parede ao lado e começou a descer a mão pelo corpo dela. Balancei a cabeça negativamente e comecei a andar em direção à entrada. Abri a porta e olhei ao redor. Uns novatos sempre me olhavam pensando que poderiam me ter pra eles. Mas os que já me conheciam sabiam que a verdadeira atração do bar havia chegado. O dono do bar adorava me ver chegar. Ele se chamava Cornelius, mas ele disse que esse nome não combinava com um dono de bar de luta, então o chamamos de Nelly.

- May querida! - ele me abraçou, ele nunca estava bêbado, ele disse que se ficasse bêbado já teria falido.

- Olá Nelly.

- Senti sua falta e vários rapazes também.

Comecei a rir.

- Cadê seu filhote? - ele olhou pra trás de mim.

- Ele não veio dessa vez.

- Deixou ele sozinho em casa?

- Não, na casa de um amigo. Jamais o deixaria sozinho.

- Humm.. e esse amigo? Como ele é?

- Pra quê quer saber Nelly?

- Ele pode ser um concorrente pra mim oras...

Comecei a rir. Nelly não era feio, ele era loiro dos olhos castanhos, era bem atraente com seus cabelos grandes até os ombros  e muito brilhantes. Mas não sentia nada por Nelly além de amizade.

- Nelly querido, você sabe que eu te amo como um irmão. - lhe dei um beijo na bochecha.

- Sério? Nem uma chancezinha?

- Não querido,

- E esse "amigo"? Ele tem chances?

- Não vamos falar disso ok? Vamos à luta.

Andei na frente dele até a área de luta. Quando entrei, tinham dois homens brigando, com sangue saindo em suas bocas, era grandes e estúpidos. Sempre que eu entrava, mais homens apareciam na enorme sala com um ringue no centro. Haviam poucas mulheres, a maioria era bonita, mas elas trabalhavam ali com um intuito diferente do meu. 

Nelly subiu no ringue ao centro. Duck, o cara das apostas, me cumprimentou, ele adorava os dias que eu ai lá, arrecadava muito dinheiro pro bar. O esquema era o seguinte: eles apostavam e quando eu ganhava - que era sempre - o dinheiro ia 10% para o bar, da quantia restante ia 50% pra mim - no início eu ganhava 30% mas agora, como além de ganhar dou uma bela apresentação, recebo mais - e os outros 50% é dividido entre os vencedores da aposta, não sei se eles recebem menos ou mais do que apostam, mas ele não ligam, Nelly os explicou que precisava me pagar para continuar indo lá e eles aceitavam.

- Senhores! A atração de hoje chegou! Nossa querida... MAY!

Ele apontou pra mim, os homens urravam, assoviavam, enquanto eu passava de maneira sexy pelas cordas do ringue. Assim que entrei, joguei meu cabelo pro lado, dei um sorriso, tirei minha jaqueta e joguei para Duck. Levantei os braço para cumprimentá-los mandando beijos. Sim, esse meu show é o que garantia meus 50% das apostas, deixando-os com vontade de me ter como poderiam ter as outras garotas, mas eu sou o prêmio intocável, eu sou aquela que eles admiram lutando, aquela que eles sonham ter uma dia lutando sobre eles nua. 

- E então? Quem será o valentão do dia a encarar a nossa deusa da luta?

Coloquei as mãos na cintura, esperando um voluntário. Voluntários não demoram a aparecer, é a única chance que eles têm de me tocar, mas nem assim eles vão facilmente, pois não garanto que não irei machucá-los. Um homem enorme levantou e veio na direção do ringue. Batemos palmas pra ele. Ele subiu no ringue e então as pessoas tinham dez minutos para fazer suas apostas. Ele me olhou com desdém e um sorriso estampado no rosto, um sorriso de vitória. Ri e revirei os olhos, a plateia riu.

- Qual o seu nome meu jovem? - perguntou Nelly ao rapaz.

- Me chamam de Tunk.

- Tunk! Então Tunk, você costuma assistir às lutas da nossa deusa?

- Um amigo meu me contou sobre ela. 

- E o que ele disse?

- Que eu não teria chances contra ela. Mas vim pra provar que ele tá errado. Olha o tamanho dessa garota? Aposto que vai chorar assim que quebrar a unha dela.

Abri a boca como se me sentisse ofendida.

- E então May, o que tem a dizer ao Tunk?

- Tunk - comecei a me aproximar dele desfilando, cheguei bem perto e toquei os peitos dele arrastando minha mão do umbigo pros ombros. - É melhor você tomar cuidado, não sou tão mansinha quanto pareço ser - dei uma piscada e me afastei para o outro lado do ringue.

Os outros homens piraram com tudo o que fizera a Tunk, até mesmo Nelly que incentivou ainda mais os homens. Duck deu o sinal de que as apostas estavam todas feitas e que podia começar. O sino tocou. Inclinei de uma forma que minha bunda ficasse um pouco impinada, olhei com um olhar sexy para Tunk e o chamei para me atacar. 

- Por que não vem você docinho? - ele perguntou.

Dei de ombros e comecei a correr na direção dele, pronto para dar um soco, mas eu ia errar, ia deixar ele me derrubar com um soco ou uma braçada no meu pescoço, quero que ele se sinta dominante por um tempo, para que meus apostadores achem que falharei com eles. E é exatamente o que acontece. Tunk leva o braço dele até meu pescoço e bem forte, ele não tem piedade e caio dura no chão, minhas pernas voando e caindo depois das minhas costas. Vejo que a maioria dos homens parou de gritar. Tossi um pouco e comecei a me levantar. Tunk me pegou do chão, segurou minha camiseta e deu um soco bem forte na minha cara. Ele então balançou a mão, acredito que ossos de adamantium não são tão macios assim. Dei uma risadinha.

- Voce não tem pensa de mim, gosto disso. 

Sorri e lambi o sangue que saía da minha boca. Meu olhar e minha risada eram sexy. Segurei a mão dele que segurava minha camiseta, dei um pulo e girei torcendo o punho dele. O grito dele foi bem alto e meus seguidores gritavam de excitação. Ele segurava o punho mole com cara de dor. Soquei a cara dele bem forte e senti o maxilar dele se soltar. Fora a luta mais fácil que eu fiz na vida. Tunk era grande, mas apenas grande, não tinha inteligência para me deter e cuspi nele, caído no chão. Sentei na bunda dele e dei umas batidinhas. Os homens piraram. Levantei e deixei que o levassem.

- É... - Nelly aparece de volta ao ringue. - Parece que ele não foi páreo para nossa deusa hem?

Todos rimos. Houve mais três lutas aquela noite e levei muito dinheiro comigo. Vários homens pediram meu autógrafo ou até mesmo um beijo na bochecha suada deles. Nelly me salvava desses. Fui embora do bar na minha moto. Dirigi até em casa e deixei meu dinheiro lá, bem guardado. Fui até a casa de John para buscar Max.

- Olá. E aí, ainda está inteira? - perguntou John.

Abri os braços e girei uma vez para que ele analisasse.

- O que você acha? - perguntei.

- É, parece inteira mesmo. Você não parece ter nenhum arranhão... - ele olhava atentamente meu rosto.

- Eu disse que minha mãe era ótima lutadora - responde Max aparecendo na porta e vindo me abraçar. 

O abraço de volta.

- Então andaram falando sobre minhas lutas...

- É... fiquei curioso e Max pareceu animado ao me contar.

- Eu contei pra ele mamãe aquela que você quase perdeu. Que o cara te socou tanto tanto tanto que a mão dele ficou na carne viva e você ficou meio bamba mas aí você acordou e encheu ele de porrada assim, assim, assim - Max socava o ar -, e ele saiu de lá com nariz quebrado.

- Sério que você fez isso? - John perguntou, parecendo não acreditar.

- É... - respondi apenas aquilo. - Então... melhor irmos não é? Amanhã viremos aqui jantar com vocês - sorrio

- Estarei esperando - John sorriu.

- Obrigada John, muito obrigada.

- Por nada, é sempre um prazer cuidar do Max.

Ficamos um tempo nos olhando nos olhos. Max novamente me perturbou por causa disso, chegamos em casa e Max caiu na cama e dormiu instantaneamente. Eu não estava com sono, minha adrenalina ainda estava a mil. Peguei uma xícara de chocolate quente e sentei no sofá de frente pra lareira.

Amanhã eu jantaria com John. John... era estranho estar erto dele, não estranho de um jeito ruim, mas estranho de um jeito bom. Lembro de ter me sentido assim uma vez, fora com Tom. Tom... o que será que aconteceu com ele? Como reagiu à minha carta? Não sei quanto tempo não nos vemos mas com certeza já faz muito tempo, será que ele está vivo? Eu e minha mania de não contar os anos. Mas com John ainda havia um problema, ele não sabia quem eu era de verdade e se ele soubesse e nunca mais quisesse falar comigo? Então estava decidido, devo contar a ele a verdade sobre eu e Max antes que ele se aproxime de nós e faça-nos gostar dele. Se eu já não estou gostando... aarg, meu coração estúpido me traindo de novo. Mas tudo bem, amanhã saberei se posso deixar meu coração mandar ou não.


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