Já no dia seguinte, todos os vampiros ainda dormiam em seu s quartos escuros. Aquele sol forte da manhã chegava a parecer perigoso a eles. Apesar de todos ainda estarem acomodados em seus sonhos, Kaname permanecia acordado.

O belo vampiro estava sentado em uma aconchegante poltrona na sala. Seus olhos, como sempre, estavam distantes. Por mais curiosidade que se possa ter, era impossível descobrir no que ou em quem ele pensava.

            Hikari estava deitada em sua cama, completamente sem forças para se levantar. Estava fria, pálida e parecia se encontrar num estágio de meia morte. Eram esses os efeitos colaterais que ela apresentava depois de ser mordida por um vampiro.

            Apesar de ser vergonhoso, Hikari possuía uma saúde frágil. A sua linhagem permitia isso. Por causa do saboroso sangue Kurama, ela possuía uma tênue força, que se reduzia ainda mais após ser mordida. Porém, nada mais podia ser feito a respeito disso. Cabe apenas a ela aceitar o seu destino.

            A garota queria ser mais forte. Queria poder resistir a tudo e a todos. Mas querer não é poder. Apesar de seus distúrbios mentais, Hikari tinha plena consciência de seus pontos fortes e fracos.

            Depois de longos minutos nessa insônia ensurdecedora, Hikari escuta a porta ranger. A passos audíveis e firmes, Kaname entra no quarto. A garota ainda permanece estirada na cama. O sangue puro se aproxima e senta-se na beira da cama. Ele olha profundamente para Hikari e assim permanece durante longos minutos. A vampira não reparara, mas ele trouxera em uma das mãos um cálice de sangue.

            Kaname chegou ainda mais perto de Hikari. Naquele seu jeito nobre e clássico, cheio de bons modos e etiqueta, colocou a mão sobre a testa da garota.

            - Você está fria. – diz ele – E sua respiração de morte pode ser ouvida de longe.

            Hikari levantou-se e sentou-se na cama. Permanece encarando o garoto, que lhe ofereceu a taça de sangue. Ela pega e bebe como se aquilo acabasse com toda a segue que uma pessoa fosse capaz de sentir. Quando ela terminou, Kaname disse:

            - Eu sei o que aconteceu. – ele agora tinha uma expressão de fúria estampada na face. – Você deu seu sangue ao Hanabusa. Não devia ter feito isso.

            - Foi ele quem veio aqui primeiro. – diz Hikari inexpressivamente, voltando a ter um pouco mais de cor no rosto.

            - Calada. Não interessa. – agora Kaname parecia realmente furioso, mas ele sequer alterava a voz. – Foi culpa sua. Você deve apenas servir quem eu quiser.

            Ele segurou os pulsos da garota, apertando-os firme e encarando-a.

            - Você deve me servir. – diz ele bem baixo. – Somente a mim. – Hikari tinha um brilho de rebeldia nos olhos, mas isso foi por apenas uma fração de segundo. Depois disso passou a ter o mesmo semblante submisso.

            - E a propósito, o Kiriyuu está rondando por aí. Você está estritamente proibida de se aproximar dele. Entendeu? – agora Kaname sacudia violentamente Hikari.

            - Sim Kaname-sama. – respondeu ela com a voz fraca, mesmo não conhecendo o tal Kiriyuu.

            - Boa garota. – disse Kaname soltando os punhos de Hikari e agora acariciando sua face, com o rosto amigável.

            Porém, esse semblante não passou de uma farsa. Logo, ele estava novamente cravando seus dentes no pescoço de Hikari e sugando-lhe parte do seu sangue.