Os Sete Amores De Michelle Borardi escrita por Dani Morais


Capítulo 20
Viagens de Final de Semana: São as Piores




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Peguei meu celular e comecei a digitar as teclas bem devagar pra ter tempo de pensar se aquilo era mesmo necessário e o que eu iria falar. Quando vi, ele já tinha atendido:

-“Alô. Alô! ALÔ! TEM ALGUÉM AÍ? Alô!” – Ele dizia quando o notei.

-“Oi Fernando! Desculpa estava distraída.”- Eu respondi desconcertada.

-“Como sempre, não é?” - Ele riu.

-“É verdade!”-Eu ri também.

-“Mas então, por que me ligou?”.

-“Eu queria saber... se... está tudo bem?”- Não consegui falar a verdade.

-“Ah, eu estou bem sim, Mi, e você? Chegou bem em casa? Eu ia te ligar já, mas você foi mais rápida.”- Ele disse todo fofo. Apesar de tudo Fernando era meu amigo, estava sempre fazendo de tudo por mim, mas eu confundi as coisas.

-“Estou bem, apesar de ter escutado meus pais falando por 2 horas...”- Eu disse desanimada e deitando a cabeça no travesseiro.

-“Eu te avisei!”- Ele disse como se isso fosse fazer a maior diferença.

-“Eu sei.”- Respondi séria.

-“E então, o que vai fazer no final de semana? Eu tava pensando em...”- Nem deixei que ele terminasse.

-“Não vai dar, Fernando, eu vou viajar!”- Respondi depressa.

-“Ah, vai pra onde?”- Ele perguntou interessado.

-“Guarujá!”.

-“Ah, que pena!”- Ele disse desanimado - “Boa viagem pra você, então!”.

-“Obrigada! Acho que vou desligar, então...”- Eu dei uma indireta.

-“Tá bom, você tá precisando dormir mesmo! Se cuida em menina! Dorme bem!”.

-“Pode deixar! Boa noite!”. – Desliguei o celular, fechei os olhos e acabei dormindo.

...

Sábado de manhã, acordei às nove horas e comecei a arrumar minhas malas correndo ao som de minha mãe reclamando por ter acordado tão tarde sendo que ela já havia me avisado que sairíamos bem cedo.

Joguei tudo de qualquer jeito dentro da mala por sono e raiva.

-“Anda logo menina! Só está faltando você!”- Minha mãe dizia enquanto eu lutava contra a calça jeans que não queria entrar de jeito nenhum.

-“Já to indo mãe!”- Eu disse tão baixinho que ela nem escutou.

-“PEGOU TUDO?” – Ela gritava da cozinha.

-“PEGUEI!”-Eu gritava do quarto.

-“Então, ANDA!”- Ela estava desesperada.

Peguei minha bolsa de mão e saí correndo pela casa. Desci correndo as escadas até o carro. Taquei minha bolsa carro adentro, entrei e fechei a porta. Mal saímos da garagem e eu já estava dormindo.

Perdi o caminho da viagem inteiro, meu pai ficou falando do tal caminho a semana inteira e eu perdi até o passeio de balsa.

Quando chegamos, fiquei impressionada. Ficaríamos na casa da minha tia, dentro de um condomínio. O que eu não imaginava é que seria um condomínio tão luxuoso.

A casa era perfeita. Tinha dois andares, quatro suítes, piscina aquecida, churrasqueira, cozinha grande e tudo mais. Cumprimentei minha tia, meu tio, meu primo, minha prima e a amiga dela.

-“E aí prima? Tá a fim de sair com a gente agora?”- Minha prima disse me dando um abraço.

-“Pra onde vocês vão?”- Perguntei olhando para a amiga dela.

-“Nós vamos num barzinho perto da avenida da praia.”- Ela respondeu toda empolgada.

-“Nós quem?”- Ela deveria achar que eu era uma idiota por fazer tantas perguntas ao invés de estar louca pra sair com ela.

-“Eu, a Bruna e meus primos.”- Ela disse séria.

-“Que primos?”- Pelo que eu me lembrava, ela não tinha nenhum primo.

-“Meus primos de consideração: Henrique e Leonardo.”- Ela fazia chapinha no cabelo enquanto respondia meu interrogatório.

Eu me lembrava daqueles dois nomes, mas não me lembrava quem eram esses dois meninos.

-“Tudo bem, eu vou sim!”- Eu disse desanimada.

-“Ok, então vai trocar de roupa.”- Olhei para o meu corpo e percebi que estava de calça jeans, chinelo e minha camiseta estava toda amassada por ter dormido no carro.

Peguei minha mala e comecei a fuçar nas roupas lá dentro. Desisti de ir na mesma hora.

Quando olhei o que eu trouxe na mala entrei em pânico. Não tinha uma roupa decente, sem falar que eu esqueci completamente de pegar outros sapatos. Resumindo: eu estava sem roupa, sem sapato e o pior de tudo, SEM ESCOVA DE DENTE.

-“Pri, não vai dar pra eu ir!”- Eu disse entrando no quarto da minha  prima.

-“Por que, Mi?”- Ela disse fingindo uma expressão de tristeza.

-“Não tenho roupa!”- Eu disse desesperada.

-“Ah, tudo bem, só troca de sapato!”- Ela disse voltando a se arrumar.

-“Eu só trouxe esse...”- Eu disse querendo me matar.

-“Sério? Nem um tênis você trouxe?”- Ela perguntou espantada.

-“Não!”- Me sentei na cama e fiquei refletindo o quanto eu era idiota.

Quando elas já estavam prontas nós descemos até a piscina e fui falar com minha mãe.

-“Mãe, esqueci a escova de dente...”- Eu disse calma na esperança dela não escovar meus dentes na grama.

-“O QUE?”- Ela disse rindo.

-“Eu esqueci minha escova de dente!”- Falei um pouco mais alto.

-“Ah, tudo bem, filha! Nós vamos ao Super Mercado mesmo, lá você compra uma!”- UFA! Acho que minha mãe bebeu um pouco. Ela não é tão calma assim...

Entramos todas no carro: eu, minha mãe, minha tia (dirigindo), minha prima e a amiga da minha prima. Começamos a andar pelo condomínio até a casa dos primos.

Eu estava tão distraída com as outras casas que levei  um susto quando vi dois meninos enormes abrindo o porta malas do carro e entrando.

Henrique era o mais velho tinha 18 anos, Leonardo era o irmão do meio tinha 16. Assim que vi os dois, de primeira achei o Henrique bonitinho, mas eu realmente me encantei com o Leonardo. Não que ele fosse bonito – por que ele não era- mas sei lá, o jeito dele...

Deixamos os quatro no barzinho. Minha prima ainda insistiu pra eu ir com a roupa que estava mesmo, mas eu não ia sair na rua parecendo uma doida, é claro que eu não fui.

Fomos para o Super Mercado, compramos as coisas que faltavam em casa e minha escova de dente.

-“Quer mais alguma coisa filha?”- Minha mãe perguntou tentando parecer legal na frente da moça do caixa.

-“Quero roupas e sapatos, mãe! Você acredita que eu não trouxe nada!”- Eu disse levantando as mãos para o alto.

Ela riu da minha cara achando que eu tivesse fazendo uma piada, mas quando percebeu que aquilo era mais sério do que qualquer coisa, fechou a cara e me deu uma bronca bem baixinho:

-“Eu não disse pra você arrumar a mala direito?”- Ela disse apontando o dedo para mim.

-“Não!”- Eu respondi, e era verdade.

-“Bem feito, então! Vai ficar sem nada!”- Ela disse seguindo para o carro.

-“Dane-se eu to na praia!”- Eu disse baixo rezando pra que ela não tivesse escutado.

-“MÃE!”- Gritei e fiz sinal para que ela voltasse.

Esperei que ela já estivesse próxima e continuei:

-“Na verdade eu quero essa revista de horóscopo aqui.”- Apontei para uma revista, parecia boa.

Como minha mãe gosta desses negócios de horóscopo, tarô, entre outros, ela resolveu comprar.

Voltamos pra casa, descarregamos o carro com as comprar e fomos sentar perto da piscina.

Peguei a revista e abri no meu signo: Peixes. Fiquei assustada quando vi a previsão para aquele mês:

“Atenção Pisciana! Se está só, prepare-se! Há grandes chances do amor da sua vida ter algum tipo de ligação com a sua família e estar bem mais próximo do que você imagina. Não perca a oportunidade, invista no carinha que encantou seu coração. Cor: Azul. Número: 2,4,7,11,13.”

Isso é um sinal divino ou é impressão minha? Meu coração disparou na mesma hora, me desliguei totalmente do mundo, fiquei  me imaginando com o Leonardo – claro, só podia ser ele!- casando, tendo filhos. Seria uma pena se minha mãe entrasse no meio da minha Lua de Mel:

-“MICHELLE, DÁ PRA RESPONDER?”- Ela gritava comigo na frente de todo mundo.

-“O que foi mãe?”- Eu disse nervosa.

-“Eu perguntei se eu posso dar uma olhada nessa revista.”- Ela mudou seu tom de voz na hora.

-“Toma!”- Joguei a revista em cima da mesa e subi para o meu quarto.

Deitei na cama e voltei a pensar na minha Lua de Mel com Henrique, será mesmo ele o meu sexto amor?


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