Ao longo do tempo, meu relacionamento com Fernando ficava cada vez mais desgastado -até hoje não entendi o porquê- a gente não conversava mais, quase não nos víamos, beijo era uma raridade. Não tinha como continuar num relacionamento como aquele.

Fiquei triste por ele, pois sabia que ele ainda gostava de mim, mas eu nunca imaginaria que depois de tudo que nós passamos eu não iria sentir a menor diferença em estar e não estar com o Fernando.

Ao mesmo tempo em que eu me separava do Fernando, minha amizade com Pedro crescia e fortalecia. Nós conversávamos todos os dias sem medo de ser feliz.

Mas foi quando terminei com Fernando que as coisas começaram a mudar.

Pedro, assim que soube do nosso término, começou a deixar suas intenções comigo bem claras. Ele me tratava super bem, era o sonho de qualquer menina. Um menino bonito e cavalheiro ao mesmo tempo. O único -e fatal- problema era que ele era muito –mas, muito mesmo- safado.

 Ele sabia claramente que eu estava afim dele e faria qualquer coisa por ele. Mas com certeza eu não daria a minha virtude a ele. Eu tinha apenas 12 anos, e ele não entendia isso. Pra ele estar afim de uma pessoa já era o suficiente para sair dando tudo. Eu não sou assim, nunca fui e também nunca vou ser.

-“Escuta Pedro, se você quiser ficar comigo, vai ter que ser do jeito normal. A gente nem se conhece direito, isso é coisa de louco.”- Eu dizia enquanto ele me comia com os olhos azuis.

-“Ai, amor! Eu sei que a gente se conhece a pouco tempo. Mas eu te amo, a gente tem que ficar junto e de todas as maneiras possíveis!”- ARGH! EU NÃO CONSIGUIA DIZER NÃO PRA ELE, MAS AQUILO JÁ ERA DEMAIS!

-“ Olha, é melhor a gente nem começar nada então. Por que pra mim gostar não é sinônimo de dar, beleza?”- Ele percebeu que eu estava irritada, virou as costas e saiu andando. Eu fiz a mesma coisa.

Ficamos sem nos falar o dia inteiro, eu não tive dó. E nem ele.

De noite quando entrei no MSN fui corendo ver se ele estava online, mas ele não estava, engraçado... todo dia ele entrava e justo hoje que eu estava NECESSITANDO falar com ele, ele não entra. Legal a vida!

No dia seguinte fui ver se ele teria treino de basquete, mas não tinha. Perguntei aos amigos dele se ele tinha ido para a escola, mas ele também não tinha.

“QUE IDIOTA! Além de querer me usar, ainda some do mapa, se ele está me evitando ele vai ter o que merece”- pensei sozinha.

Alguns meses se passaram e eu nunca mais tive notícias dele. Cheguei a pensar que ele tinha mudado de escola, fugido de casa, virou gay e não queria assumir, fez uma plástica e não gostou. Pensei em tudo, menos que ele estaria numa briga com o pai que queria colocá-lo no período da tarde por que ele não conseguia levantar pra ir à escola de manhã.

Depois desses 5 meses que ficamos sem olhar um na cara do outro eu achei que ele havia se tocado que eu não ia fazer aquilo com ele. Mas na realidade só serviu para ele ficar com mais vontade de fazer aquilo comigo.

Cheguei em casa numa sexta-feira, eu tinha acabado de sair da escola, estava morrendo de dor de cabeça e com vontade de fazer xixi  -por que os professores só deixam você ir no banheiro uma vez por ano -fui correndo quase fiz tudo pra fora, sem contar que quando me dei conta não tinha papel. Tive que gritar pra minha mãe pegar pra mim. Aquilo era a gota d’agua a cota de merda a acontecer no dia já tinha batido faz tempo, mas algo pior ainda tinha que acontecer.

Saí do banheiro e fui ver se tinha conseguido mais algum seguidor no Twitter, mas, como sempre, quando meu computador liga, automaticamente eu entro no MSN.

Pedro está chamando você...

AH NÃO!

Pedro diz:

Oi, quanto tempo!

Eu digo:

Pois é, bastante tempo mesmo!

Pedro diz:

E ai? Alguma novidade durante esses 5 meses?

Eu digo:

Ah não, só que entrei para a aula de Espanhol. E você, tem alguma?

Pedro diz:

Segunda-feira é meu primeiro dia de aula à tarde. Na sua sala.

O QUE????????????????