Capítulo 45: Sentimento nunca esquecido

- O que eu faço agora? Essa droga de cabeça me fez perder a única garota que gostou de mim! – Jaime falou se sentando num banco de praça, algumas lágrimas desciam. – Maria Joaquina você é causa de tudo de ruim que tem acontecido comigo, mas mesmo assim não consigo te tirar da cabeça! – dizeres cobertos de revolta.

- Jaime... Tudo bem? – uma voz doce e conhecida chega aos ouvidos dele.

- Professora Helena?! – ele fala surpreso a vendo sentar no mesmo banco que ele, o jovem tenta limpar suas lágrimas de forma frenética. – To bem sim! Só que caiu um cisco no meu olho sabe...? O que você ta fazendo aqui fessora? – pergunta curioso.

- O Renê me chamou pra sair... – falou olhando pro professor de música que estava de pé um pouco afastado deles, ele acena pro garoto.

- Entendi... Dá mole não fessora! – o gordinho falou.

- Jaime?! – ela falou de forma repreensiva.

- Desculpa...

- Não tem problema... Então, vai falar pra mim o motivo de você estar chorando?

- Eu não tava chorando fessora, eu não sou do tipo de homem que chora! – ele falou de maneira firme.

- É por causa da Evellin?

- É sim professora! – acabou confessando. – Eu achei que tava fazendo tudo certo, eu tentei ser o melhor namorado possível, mas ela terminou comigo!

- E por quê?

- Porque ela percebeu que eu gostava de outra pessoa... Professora eu juro que nunca traí ela! Só que por mais que eu tentasse esquecer a Maria Joaquina eu não conseguia. Ela tava sempre lá me atrapalhando a seguir minha vida e a Evellin percebeu...

- Então você também gosta da Maria Joaquina. – a professora falou.

- Como assim?

- Escuta Jaime, não era certo você estar com alguém que você não gosta, você estava tentando se enganar mas isso é impossível! O fato da Evellin terminar com você foi porque, provavelmente, ela te amava demais e não queria te ver triste.

- Foi o que ela falou, mas eu me esforcei muito pra gostar dela!

- Não funciona assim Jaime, sentimentos não funcionam dessa forma... Se eu tiver o direito de opinar eu acho que você deve ir atrás da Maria Joaquina.

- Mas ela não gosta de mim professora!

- Isso é o que você acha garoto? Bom, eu sei que não sou nada sua...

- Como não professora?! Você é minha amiga, eu sei que você gosta de mim de verdade!

- Então acho que tenho a liberdade pra te dizer que você não está escutando seu coração, tente ouvir, o que ele está te falando agora?

- Eu... Eu não sei, essa droga de cabeça não entende as coisas...

- Será mesmo? – ela fala e o beija na bochecha. – Te desejo sorte Jaime, mas eu preciso ir agora tudo bem?

- Pode sim fessora, desculpa atrapalhar seu encontro...

- Você não atrapalhou Jaime. – ela falou se levantando e sorrindo, seguiu com Renê enquanto o garoto pensava, concluiu: “Por mais que a Maria Joaquina não goste de mim eu vou tentar convencê-la a ficar... Eu preciso tentar!”

Ele se levantou e seguiu até a casa da moça, não tinha ideia do que ia falar, mas foi mesmo assim, tocou a campainha com receio, olhava com um misto de sentimentos a porta se abrindo e a silhueta da garota por quem era apaixonado se formando.

- Maria Joaquina... – Jaime falou quando a porta se abriu.

- Jaime... – ela respondeu.

- Maria Joaquina eu... Eu vim te pedir pra não mudar de escola! – ele falou em tom de desespero.

- Jaime... – repetiu o nome dele, ainda não sabia como respondê-lo.

- Eu sei que é egoísmo meu, sei que você não gosta de mim...

- Por favor Jaime, me deixa falar... – ela disse o interrompendo e colocando seu indicador nos lábios dele. – Você já falou muito garoto, deixa eu falar agora. – disse sorrindo, ela respirou fundo fazendo uma pausa.

- Maria...

- Não Jaime, é minha vez! – falou decidida. – Eu quero te falar o que eu já devia ter dito há muito tempo... Eu te amo garoto! – palavras que causaram espanto nele. – Eu sinto por você um amor tão grande que eu mal conseguia ficar perto de você sabendo que você tava com outra, eu só pedi pro meu pai me mudar de escola por isso.

- Mas...

- Aquele beijo que nós demos aquele dia só confirmou o que eu sentia, eu também tentei não gostar de você, tive medo porque eu sempre te tratei mal e a sua família também, mas como você diz, essa droga de cabeça não me obedece... Quanto mais eu tentava não pensar em você mais você se fazia presente em meus pensamentos... No dia que descobri que você e a Evellin estavam namorando eu tive vontade de sumir...

- Foi o que senti quando achei que você não gostava de mim... – ele falou.

- A verdade é que acho que não conseguiria te esquecer mesmo em outra escola... – falou aproximando seu rosto do dele, fecharam seus olhos e selaram seus lábios, como da primeira vez o tempo parou, como da primeira vez o mundo exterior não existiu, apenas seus mundos particulares estavam ali, provaram do mundo um do outro, de suas almas, de seus sentimentos, uma sensação tão intensa que chegava a ser indescritível! Por aquele instante viveram, novamente, uma eternidade, viveram o infinito de dois jovens apaixonados pela segunda vez.

Evellin não estava mais ali, a garota se escondeu na cozinha o que não a impediu de ouvir tudo que os dois falaram, se agachou e começou a chorar.

- Tudo bem menina? Você é colega da Maria Joaquina não é? – Joana perguntou.

- Sim... – respondeu com dificuldade.

- Você quer uma água, um remédio? – Joana perguntou novamente.

- Bem eu não to, mas vou ficar... Escuta eu quero ir embora, pode me mostrar a porta dos fundos? – ela pergunta, de bom grado Joana a leva pra saída. A jovem sai e caminha pelas ruas, olha pra trás e fala;

- Seja feliz garoto! – ostentava um leve sorriso em meio às lágrimas.

 Na mansão da Família de Maria Joaquina aqueles jovens continuavam se beijando, entretanto o fôlego acabou e eles pararam.

- Maria Joaquina... – Jaime falou meio zonzo.

- Quer namorar comigo Jaime Palilo, também conhecido como senhor grosso?! – ela falou séria, mas em tom de piada.

- É lógico que sim Maria Chatonilda! – falou a levantando num abraço e a girando, eles riam juntos girando e adentrando a casa, até que ele se cansa e a desce cuidadosamente, se beijam mais uma vez, novamente esqueceram completamente do mundo exterior.

- Maria Joaquina, Jaime?! – o pai e a mãe da garota falam ao mesmo tempo adentrando sua casa. Os jovens se separam e dão as mãos.

- Pai, mãe, eu e o Jaime estamos namorando! – ela falou sorrindo, um sorriso que a muito Miguel e sua mulher não viam.

- É o que parece não é? – a mãe fala.

- É verdade, espero que vocês não tenham nada contra eu namorar a filha de vocês... Vocês sabem que eu sou meio pobre e não tão educado né? – o garoto fala meio sem graça.

- De maneira nenhuma Jaime, na verdade eu até prefiro que seja você o namorado da minha filha do que outra pessoa... – o médico opinou. – O grande problema é eu aceitar que a minha garotinha ta namorando!

- E eu não gostei desse negócio de sair e quando volto ver vocês dois se agarrando aqui em casa! – a mãe falou.

- A gente pode rever isso né? – o garoto fala novamente.

- Eu tenho muita coisa pra falar com vocês dois... Pai, mãe, eu amo esse menino!

- Eu também sou doido com a filha de vocês! – falou a abraçando.

- Pelo menos vocês estão felizes! – observação do pai.

- Há muito tempo que não te vejo feliz assim minha filha, continue fazendo minha menina feliz Jaime! – a mãe opinou fazendo os dois jovens sorrirem, enfim poderiam estar juntos, enfim poderiam viver o mundo um do outro sem impedimento algum.