Capítulo 43: De pai pra filha

O intervalo chegou, momento e tirar a limpo algumas coisas, conversar sobre outras, algumas vezes é o momento de resolver, ou tentar, algum mal entendido.

- Será que eu posso falar com você Nicholas? – Irene pergunta de forma direta, o jovem de cartola estava conversando com Larissa, há alguns dias a moça de mechas vermelhas não lhe dirige a palavra.

- É... Talvez... – ele respondeu sem jeito. – Daqui a pouco eu to de volta. – falou sorrindo pra Larissa e seguiu com Irene pra outro lugar.

- Eu precisava mesmo falar com você... – dizeres de Irene.

- Se você veio descarregar toda a sua raiva em mim... Sei lá, não acho que seja o melhor momento...

- Não é nada disso. – ela falou um pouco envergonhada.

- Então se você veio fazer “outra coisa” também acho que não é o melhor momento.

- Também não é isso... Eu só quero conversar e esclarecer umas coisas. – falou vencendo a própria vergonha. – Eu não agi certo com você, primeiro eu briguei, te ofendi, depois te beijei e... Eu não devia ter feito aquilo...

- Você não parece bem. – Nicholas comentou meio sem jeito.

- É lógico que não! Não ta sendo fácil falar essas coisas, o que acontece é que eu gostei de você, só que daí a Tereza virou pra mim um dia e falou que tava gostando de você, aí... Sei lá se você entende, mas eu achei que seria melhor eu desistir, afinal ela é mais bonita e vocês combinavam mais...

- De alguma forma eu te entendo, mais ou menos. – o garoto falou comparando em sua mente a situação dele e Adriano com a história de Irene.

- Daí quando ela disse que você não queria nada com ela eu fiquei doida de raiva! Eu meio que abri mão de você por ela e de repente vocês não iam ficar juntos... O problema é que você tem sua vontade não é? – ela falou com tristeza.

- Essas coisas de sentimentos são difíceis né? – o garoto fala.

- Você nem faz ideia, aprender a lidar com o que se sente é complicado, até porque tem sempre outras pessoas envolvidas.

- Eu só posso falar com você o mesmo que eu falei com a Tereza, não dá pra ter nada entre a gente porque eu gosto de outra pessoa. – falou olhando pra Larissa.

- Hunn seu safadão! Ela é bonita! – Irene fez piada.

- E o pior é que ela me acha legal! Ou seja, além de bonita é cega! A mulher perfeita! – falou voltando a piada.

- Enfim, eu queria te pedir desculpas, te agradecer também por não ter contado nada do beijo nosso pra ninguém, e te desejar sorte com a garota que você gosta! – a jovem fala séria.

- Você também vai ter muita sorte ainda! – ele falou a abraçando. – Sabe, não foi legal esses dias que a gente não se falou, você é legal, e a gente zoa muito juntos!

- Igual aquela vez na primeira aula de música que nossa piada foi tão bem elaborada que o professor desistiu de nos castigar. – ela lembrou.

- Pois é... Que momento único foi aquele! – falou separando do abraço e olhando pro alto com feição nostálgica, fazia uma piada obviamente.

- Então? Amigos? – ela fala estendendo sua mão em cumprimento.

- Óbvio que sim! – falou cumprimentando de volta.

- Então deixa eu procurar as meninas, temos muita coisa pra fofocar. – Irene fala.

- Eu também preciso falar coisas importantes com a Larissa sabe?

- Sei, claro que sei... – a moça e mechas vermelhas falou em tom de piada, eles se despediram e seguiram caminhos opostos, Nicholas voltou pra perto de Larissa e Irene seguiu seu caminho, algumas lágrimas correram por seu rosto enquanto caminhava, porém tinha certeza que havia feito a coisa certa.

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Numa das arquibancadas Paulo estava sentado com Rebeca, seu olhar distante e sua mente estavam em Valéria, não queria estar é bem verdade, mas era onde estava.

- O que ta acontecendo Paulo? – a ruiva pergunta.

- Oi...

- É que, eu já me acostumei com seu jeito meio perdido sabe? Mas hoje você ta bem mais distante que o normal... O que ta te perturbando? – ela perguntou muito preocupada, o garoto olhava pra ela e se perguntava o que deveria fazer, Rebeca era uma boa garota, apaixonada, bonita, e ele? Ele somente pensava em Valéria, não estava sendo justo com a garota, mas como terminar com ela? Não sabia realmente o que iria fazer.

- Sabe o que é... É que eu to pensando na minha irmã, esse lance dela com o Rafael, ela ta tão triste...

- Sei, você tem alguma coisa a ver com a separação dos dois? – Rebeca pergunta curiosa.

- Não... Quer dizer, não diretamente... É complicado...

- Bom, eu sei que você vai fazer a coisa certa, eu confio em você lindinho! – ela falou e selou seus lábios.

- Desculpa interromper, mas vocês viram o Jaime? – Evellin pergunta ao casal.

- Eu não vi ele no intervalo, você viu lindinho?

- Eu vi ele passando pra lá... – Paulo falou apontando.

- Obrigada. – a moça agradeceu e seguiu o caminho indicado por seu colega.

A moça estava preocupada com seu namorado, às vezes que o olhou durante a aula não parecia que estava bem, depois ele desapareceu no intervalo, o que poderia estar acontecendo com ele? Ela tinha medo de saber.

Não demorou pra encontrá-lo, estava isolado em um banco, ela percebeu nitidamente que chorava apesar de estar em silêncio, a jovem sentiu uma tristeza muito grande em si por conta daquilo, se lembrou de outras situações passadas. Ela fez um barulho como se quisesse que ele percebesse que ela estava chegando, ele por sua vez limpou seus olhos rapidamente.

- Jaime?! Eu tava te procurando. – ela se pronunciou.

- Oi magrela! Eu tava pensando numas coisas pro trabalho... Sabe que eu penso melhor sozinho né? – ele falou forçando um sorriso e a abraçando, a garota se sentia bem entre os braços dele, mas sentia que algo estava errado.

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Aquele dia de aula terminou, as semanas passaram, cada um seguiu seu caminho, Evellin não foi exceção, naquele dia a jovem foi pra sua casa, não comeu, chegou e foi a seu quarto, depois tomou um banho, queria ter mais liberdade pra chorar. A garota estava perdida em seus sentimentos, entre coisas que imaginava e a decisão que havia tomado.

Saiu do banheiro e começou a se arrumar, colocou o melhor vestido que tinha, soltou seu cabelo, não colocou seus óculos, por aquele fim de dia usaria lentes, queria estar muito bonita.

- Nossa Evellin! Será que o Jaime merece isso tudo? – o pai pergunta ao vê-la tão bem arrumada, a jovem vai até ele e o abraça forte, aquele senhor de pele morena e pouco cabelo tentava entender.

- Pai, por que o senhor me adotou? – ela perguntou.

- Bem, porque você era a filha do meu melhor amigo, porque eu te amei no primeiro instante que te vi, porque sei que seus pais de sangue ficariam felizes com a minha atitude! Não gosta de ser minha filha?

- Eu gosto sim! O senhor é melhor de todos! E o senhor fez e faz de tudo pra me ver feliz...

- É o que se faz querida quando se ama alguém, você só deseja a felicidade da pessoa minha linda! – ele respondeu de forma carinhosa, de repente a campainha tocou. – Eu acho que é seu namorado. – falou sorrindo.

- Preciso de força hoje pai... – ela falou descendo até a porta, seu pai não entendeu. Ao abrir a porta Jaime se surpreendeu, nunca havia visto sua namorada tão bonita.

- Mas você ta maravilhosa! – ele falou.

- Obrigada, vamos? – ela falou.

- Sim vamos, seu José vou trazer sua filha cedo! – falou quase gritando.

- Assim espero! – o senhor respondeu e o jovem casal se foi, seguiram o caminho que planejaram praquele encontro.