Capítulo 4: Afinidades e oposições

- Então meninas, quem é agora o menino mais bonito da nossa sala? – Valéria pergunta com um sorrisinho, as garotas se entreolham, algumas riem outras não. – Responde Alicia!

- Eu?! Por que eu tenho que responder? – a jovem de boina fala surpresa.

- Você quase nunca fala dos garotos, quem você acha bonito? – Marcelina pergunta.

- Bonito, bonito, o Paulo é o mais bonito.

- Você acha meu irmão bonito?!

- Você acha o Paulo bonito?! – dizeres esses de Valéria, tanto ela como Marcelina falaram numa tonalidade de revolta.

- Ta, a Marcelina falar nesse tom eu até entendo, mas você Valéria? – Alicia se pronuncia.

- Ham... Que tom...? Eu falei num tom de surpresa... Eu tipo não imaginei que você achasse ele bonito... – Valéria falou tentando disfarçar.

- Sei... – Alicia fala em tom sarcástico.

- O Paulo é bonito mesmo, será que ele tem namorada ou é mais do tipo tímido? – Rebeca pergunta. – Eu tentei puxar assunto com ele só que não deu certo, ele não quis conversar comigo.

- Por que você puxou assunto com ele? – Valéria perguntou inconformada.

- Mas meu irmão senta atrás dela Valéria, ela não fez nada demais... O que ta acontecendo com você? – dúvidas rodeavam a cabeça de Marcelina.

- E depois Rebeca tímido aquele menino não é! Ele é um chato isso sim, você vai ver daqui uns dias, eu tenho até dó de você sentando na frente dele! – dizeres de Maria Joaquina.

- Gente, gente, foco na conversa, agora que eu falei quem eu acho bonito vocês tem que falar também! – palavras de Alicia.

- Eu também acho meu irmão bonito, mas o Rafael é tão fofo! – Marcelina se pronuncia novamente.

- Aquele gordo baixinho?! – Alicia fala surpresa.

- Eu curti o Nicholas também, não que ele seja bonito, bonito, mas ele é estiloso, tipo não tem como não reparar nele! – Rebeca fala novamente.

- Isso é verdade, a cartola dele é legal e ele fala aquele monte de bobeiras! Faz piada com tudo aquele menino. – pronunciamento de Valéria.

- Olha que vocês fariam um belo par hein Valéria? – Alicia fala claramente provocando sua amiga, ela se referia ao fato de Valéria também gostar de fazer piada com as coisas.

- E você Maria Joaquina, quem você acha bonito? – Marcelina pergunta.

- O Jaime... – aquela resposta causou um mais que assombroso susto em suas colegas.

- O quê?! – disse Alicia.

- Aquele que você chama de senhor Grosso?! – falou Valéria.

- Não acredito?! – dizeres de Marcelina.

- Não lembro quem é Jaime? – Rebeca falou.

- O quê...? Não é nada disso meninas! – Maria Joaquina fala. – O que eu quis dizer é que o Jaime ta ali com aquela novata! – falou apontando pra arquibancada onde Evellin estava, Jaime estava próximo dela.

- A bom, por um minuto... – Alicia falou e começou a rir, assim como suas colegas. – Ta mas... O que tem de errado no Jaime conversar com a novata?

- Como assim o que tem Alicia? Essas novatas chegam hoje e ficam se oferecendo pros meninos! Por isso que eu não simpatizei com esses novatos! – falou nervosa se afastando de suas colegas.

- Eu fiz alguma coisa errada? – Rebeca pergunta.

- Liga não, a Maria Chatonilda é assim mesmo! – Valéria fala pra acalmar a ruiva.

- Mas que essa cena foi muito estranha a se foi! – Alicia opina.

- Sem querer tirar conclusões precipitadas, mas a Maria pareceu com ciúmes. – opina Rebeca.

- Ciúmes do Jaime?! – Marcelina fala fazendo suas colegas rirem, menos a ruiva. – Ela detesta o Jaime desde o terceiro ano, e eles são de mundos, universos diferentes!

- É, mas são justamente os opostos que se atraem, como nos imãs, o diferente na outra pessoa é que chama a atenção.

- Não... É impossível... É impossível a Maria Chatonilda gostar do Jaime a ponto de ter ciúmes.

- Sei lá gente, o impossível... Às vezes é tão difícil de definir o que é impossível. – Rebeca fala novamente, dizeres que fizeram suas colegas pensarem.

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- É... Oi Evellin e aí? – Jaime fala se aproximando bastante de sua colega, se aproximou mais que gostaria, só fez isso porque a garota parecia não ter prestado atenção na presença dele.  

- Ham...? Oi, desculpa, mas não lembro seu nome. – a jovem só olhou de relance para o menino, estava concentrada demais em seu game.

- É Jaime, o gordo mais simpático do fundão! – ele falou com um pequeno sorriso.

- Eu não te conheço bem, mas isso não parece coisa que você falaria. – ela pausa seu jogo e sorri de leve olhando pra ele.

- Tem razão, foi o Nicholas que falou pra eu dizer isso.

- Tem a cara dele mesmo, apesar de só conhecer ele há poucas horas já deu pra perceber que ele se acha muito engraçado!

- Pois é... Eu só queria te dizer que você não precisa ficar isolada dos outros, você pode conversar comigo e os outros meninos e as meninas não são ruins, só a Maria Joaquina que é uma chata!

- Não precisa se preocupar, eu to bem, só preciso chegar no final desse jogo depois começo a me enturmar. – ela falou voltando para game portátil.

- Você deve gostar muito de vídeo game, eu nunca conheci uma garota assim...

- Eu amo vídeo games! Sabe por que cheguei atrasada hoje? A verdade é que eu perdi a hora jogando, eu sabia bem onde era a sala... Já tinha vindo aqui antes das férias acabarem.

- O que você ta jogando? – Jaime falou tentando observar o game. – Não acredito! É o novo Deus da Guerra! Esse jogo nem saiu aqui no Brasil ainda! – falou muito surpreso.

- Pois é, eu consegui uma cópia da versão japonesa do jogo!

- E ele é bom?

- Bom?! Ele é sensacional! Tem muito mais sangue, mais golpes, os chefões são muito bem feitos e a jogabilidade é excelente! Espera só eu salvar que eu deixo você jogar. – ela jogou mais um pouco e salvou seu progresso, depois passou seu aparelho para o Jaime.

- Você é bem diferente mesmo, a Maria Joaquina me xingou todo quando falei desses jogos pra ela, se ela me visse jogando isso ia fazer um monte de comentários de como eu sou grosso, mal educado, gosto de coisas violentas, blá, blá, blá...!

- Acho que grosso e mal educado é a mesma coisa ou não?

- Não sei, ela me chama de tantos nomes... Caramba eu vou morrer aqui!

- Vai não, aperta aqui e usa esse golpe! – Evellin falou mostrando um truque pro gordinho.

- Valeu! Você é boa mesmo! Você joga futebol também? Falo em video game.

- Sim! Eu gosto muito de todo tipo de jogos, desde que sejam bem feitos.

- Então você precisa jogar comigo um dia! Ninguém ganha de mim quando pego meu timão! Vai Curinthia! – ele falou se levantando e batendo no peito, quase gritou.

- “Curinthia”?! Menos Jaime, senta aí senão você vai perder o jogo. – as palavras dela fazem ele se abaixar e se lembrar do game que se esqueceu momentaneamente.

- É que eu me empolgo quando falo do meu Corinthians!

- Jura? Nem tinha reparado. – falou ironicamente. – Faz o seguinte, você pega seu Corinthians e escolhe o meu time também, se eu não ganhar por mais de dois gols eu te pago todo o sorvete que você pode tomar!

- Sério?! Olha que eu tomo muito sorvete!

- Mas o contrário também vale, se eu ganhar você vai pagar todo o sorvete que posso tomar!

- Sem problemas, uma menina nunca ganharia de mim num jogo de futebol! Você realmente é bem diferente, a Maria Joaquina mal pode me ouvir falar do Corinthians.

- Escuta vocês dois são namorados ou já foram? – Evellin pergunta fazendo Jaime se assustar e corar.

- Não... L-lógico que não! Eu namorado daquela Maria Chatonilda, nem brinca com isso!

- É porque você fala tanto dela, comigo aqui você falou o nome dela umas quatro vezes... Ela é bonita né?

- Muito... – falou no impulso.

- Oi? – a jovem não escutou direito.

- Muito metida! A gente não combina.

- Ta certo... Agora garoto devolve meu jogo, é hoje que eu chego no final dele!

- Deixa eu jogar mais um pouco vai?

- Não devolve. – eles sorriam enquanto Jaime tentava afastar o game dela e ela tentava pegá-lo.

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Do outro lado do pátio Maria Joaquina observava, aquela última cena a deixou vermelha, rangia os dentes e fechava as mãos de tanta raiva.

“Aquela oferecida daquela Evellin! Fica se jogando pro Jaime bem na minha frente, e aquele sem vergonha do Jaime cai direitinho no plano dela, claro, ele não perde tempo, viu a novata e quis mostrar que ele é o macho alfa! Ai que ódio!”

- Maria Joaquina, você está bem? – a voz da professora Helena chega aos ouvidos dela a fazendo acordar de seus pensamentos. – Você ta muito vermelha, o que houve?

- N-não é nada professora... Eu preciso ir ao banheiro! – fala com muita vergonha se afastando da professora. Ela foi até o banheiro e lavou seu rosto, pensou: “Por que aqueles dois juntos me incomodam tanto? Afinal a Evellin e o Jaime não tem nada a ver comigo... Por que to com tanta raiva? Maria Joaquina o que está acontecendo com você?” olhava no espelho enquanto pensava mais um milhão de coisas.