Truques Mortais escrita por Anna Evans


Capítulo 6
Capítulo 6 - Retornos da Ilha


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta.
Obrigada aos reviews do capítulo anterior.
Espero que gostem deste capítulo também.
E antes de vocês começarem a leitura queria indicar um livro que estive lendo... O livro é da autora Stacey Jay e se chama "Julieta Imortal: A Maior História de Amor de Todos os Tempos é Uma Farsa"
O livro conta uma nova versão da tragédia de Shakespeare. Ele te deixa uma confusão entre um capítulo e outro, mas isso só te deixa mais afim de ler.O começo é repleto de novidades e também podemos contar com um final surpreendente. Eu recomendo!
É isso aí, livro recomendado... Agora podem seguir para o capítulo.



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 O campus estava sombrio. As luzes pareciam ter queimado por ali. Mas Jennifer insistia em andar apressada atrás de uma figura naquela noite, Scott. Ele andava tão de pressa que não parecia alguém que acabara de entrar em uma briga. Porém, Jennifer continuou. O vento frio levando seus cabelos castanhos para trás enquanto lutava para não perder Scott de vista.

— Hey! — Ela gritou — Espera!

Scott parou de caminhar, mas também não se virou para trás.

Jennifer agora caminhava devagar... Olhando para ele. Os olhos estreitados enquanto ouvia os barulhos de seus passos na estrada fria e comprida de concreto pela qual ela percorria.

— Mas que droga! — Jennifer respirou ofegante enquanto se aproximava — Você sabia que cansa tentar ter paciência com você? Estou te seguindo desde o salão... E isso não é pouco.

Scott se virou lentamente. As sobrancelhas unidas. Ainda estava com raiva.

— Problema seu — Sua voz era rouca e baixa — Não acho que eu tenha algo a dizer para você...

— Você conversou com a Juliet — Jennifer parou na sua frente. — Sobre o que conversaram?

Scott franziu a testa.

— Isso não é da sua conta... Afinal, até onde eu fiquei sabendo... Ela só se trancou lá porque vocês duas brigaram.

Jennifer revirou os olhos.

— Olha aqui... — Ela apontou o dedo para ele — Eu não sou obrigada a aturar os seus joguinhos. Você chegou aqui hoje! Eu estou aqui desde o ano passado...

— Então você também não voltou pra casa nas férias... — Scott falou.

Jennifer encarou o chão.

— Eu só quero saber o que ela falou de mim. Tenho certeza que ela falou algo...

Scott analisou Jennifer.

— Falamos de você... Mas se quer saber o que, pergunte a ela.

Scott se virou para ir embora, mas Jennifer o puxou pelo colete.

— Se ela te contou o que eu penso que ela contou... Então é melhor ficar calado!

Jennifer o encarava firme, ainda segurando seu colete para que ele não fosse embora. Scott não ficou irritado... Ele apenas riu... Uma risada seca e amarga. O corte em seu rosto ainda vermelho.

— Do que está rindo?

Ele deu de ombros.

— O que você tanto esconde, Jennifer? — Ele esperou respostas.

Jennifer o soltou. Ela estava esperando ser chantageada nesse momento. Mas essa pergunta...

— Ela não te contou...

Scott bufou.

— É uma pena... Porque parece ser bom. Deveria confiar mais nas suas amigas...

— E você deveria ter amigos para parar de se meter com os meus!

Foi a vez de Scott encarar o chão... Depois de um tempo ele suspirou.

— Todos temos segredos... Não vou insistir em descobrir o seu. O meu é bem mais interessante.

— E qual seria?

— Bom... — Scott sorriu — Eu teria que te matar se soubesse.

Jennifer revirou os olhos... Mas acabou por ver sua cicatriz. A gola de sua blusa estava bagunçada por conta da briga... E bem ali, próximo ao pescoço uma marca.

Jennifer riu baixo.

— Vejam só — Ela falou olhando seu ombro — O garoto não é tão perfeito assim.

Scott não se preocupou em cobrir a cicatriz. Ele apenas puxou a mão esquerda de Jennifer.

— Ninguém é perfeito — Scott falou passando o polegar pelo pulso de Jennifer. Estava repleto de marcas já cicatrizadas.

Ela puxou o braço de volta. Scott a olhou.

— Isso é patético. — Scott falou.

— Você é patético.

— Tentar se matar... — Ele a ignorou — Se quisesse mesmo se matar... Teria se jogado do parapeito de um edifício... Teria se jogado no meio do oceano sem saber nadar... Mas se cortar? Isso é inútil.

— Não queria me matar! — Jennifer foi rápida ao dizer.

— E o que planejava então?

Jennifer suspirou...

— Eu só queria... Só queria concentrar a dor em outro lugar. — Jennifer falou olhando para a frente, sem um ponto fixo. — Eu estava tão... Isso não te interessa.

— Ah... — Scott deixou escapar. — Nunca havia pensado dessa forma... Acho que deveria voltar para a festa.

Jennifer o encarou... Queria lhe fazer perguntas. Mas ela sabia que jamais teria respostas. Ela se virou. Voltou pela mesma estrada, rumo ao salão.

Scott a olhou ir. Parado no mesmo lugar.

— Cicatrizes não amenizam a dor — Ele falou sozinho — Apenas se tornam uma nova dor... Desta vez permanente.

Scott pôs a mão em seu ombro. Precisava voltar para seu dormitório.

Ele atravessou uma parte do campus para chegar novamente até seu dormitório. O prédio estava vazio... Todos pareciam estar na festa.

Ele passou pela sala de estar no primeiro andar e subiu as escadas. Os degraus rangindo. Sua cabeça doía agora e ele se sentia completamente sufocado. Passou pelo corredor do segundo andar a procura de seu quarto. O corredor era enorme. Mas lá estava ela... A penúltima. A porta de seu quarto, número 28. Ela era de uma madeira antiga e escura. A maçaneta era prateada e redonda.

Scott empurrou a porta entreaberta...

Seus olhos se fixaram na luz acesa no canto esquerdo do quarto. Um abajur ligado na cabeceira da cama. Scott suspirou ao ver que não estava sozinho.

— Não sabia que tinha colegas de quarto. — Scott falou com o rapaz deitado em sua cama.

O garoto estava descontraído lendo um livro. Ele o abaixou para encarar Scott. O cabelo castanho avermelhado, os grandes e familiares olhos... Era Johnny.

— E não tem... — Ele respondeu sentando-se na cama deixando o livrod e lado — Pelo menos não sou eu...

— O que faz aqui Jonathan? — Scott correu furioso até a cama — Disse para permanecer em Londres!

Scott o levantou pela camiseta e o prenssou contra a parede.

Jonathan riu balançando as mãos, negando uma briga.

— Fique calmo Vitorino! — Ele pediu — Vim até a ilha pois tenho algo para lhe entregar...

— Não quero nada seu! É melhor ir embora antes que eu...

— Vai fazer o que?! — Jonathan gritou — Me matar? Hein? Vai me matar assim como fez com seus amigos do colégio? Como fez com o seu pai?

Scott o soltou. Ele virou as costas para o garoto e se sentou em uma das camas... Ele não havia matado seus amigos... Nem o seu pai. Disso ele tinha certeza... Mas talvez... Ele tivesse cooperado para que isso acontecesse. E isso... Era o pior fardo que ele teve de carregar durante esses anos.

— O que você trouxe? — Scott perguntou.

Jonathan puxou uma pluma prateada de cima da cama em que estivera deitado. Scott passou seus olhos pela pluma sem acreditar no que via.

— Isso é... — Scott extendeu a mão para pega-la de Jonathan, a voz falhando.

Jonathan a puxou para si.

— Você sabe as consequências disso, não sabe?

— Então quer dizer que … Está tudo aí?

Jonathan afirmou entregando a pluma para Scott.

— O mundo dele está aí... Ele está aí.

Scott analisou a pluma... Aquela era sua chance... Ele veria seu pai novamente. Talvez assim ele não se culpasse mais pela sua morte... Talvez assim ele pudesse apenas... Apenas ser livre.

— Tenho que ir... — Jonathan deu passos largos até a porta. — Tome cuidado, Vitorino... Esta ilha... É um lugar muito forte. Apenas tome cuidado ao usar isto por aqui... Atravessar dimensões é um caso complicado.

— Vá embora — Scott o seguiu até a porta.

— De nada... — Jonathan partiu.

Scott trancou a porta e se encostou nela até chegar ao chão. Os olhos escuros vidrados na pluma em suas mãos... Ele estava com medo do que viria agora... Mas... Medo? Ele fora ensinado a não ter medo. E sua cicatriz era uma prova disto. Logo ele estaria revendo seu pai, o homem que tudo lhe ensinara. O homem que o criara. O homem que ele mais temia... Não só na vida, como na morte.

No salão... A festa ainda continuava... Parecia não ter mais fim. Os novatos já estavam bêbados demais, e os veteranos apenas se divertiam com isso.

Juliet e Holly, repetiam o ano anterior com classe em cima da mesa de aperitivos, agora vazia. Juliet chutava algumas garrafas vazias na mesa e Holly insistia em gritar enquanto tropeçava na letra da música que cantava.

— Eu... Odeio esse lugar! — Juliet continuou a quebrar coisas.

— Eu também odeio essa múscia — Holly ouviu mal.

— O que vocês pensam que estão fazendo? — Jennifer se aproximou das duas. — Holly, eu pedi para você tomar conta... Não para causar a bagunça!

Juliet desceu da mesa quase caindo ao chão.

— Olha só quem voltou Holly. — Juliet falou extendendo a mão para ajudar Holly a descer — Aposto que veio brigar com a gente por coisas que nem fizemos.

— É — Jennfier concordou — Como não estarem tomando conta do salão, por exemplo.

Holly chegou perto de Jennifer e se apoiou em seu ombro.

— Jenny, isso é uma festa! Não devemos tomar conta, devemos nos divertir.

Jennifer passou a mão pelo cabelo impaciente.

— Vocês exageraram de novo.

— Não foi exagero! — Holly disse — Foi Whisky!

Jennifer suspirou.

— Juliet...

— Vai pedir desculpas?

— Desculpas? — Jennifer perguntou — Eu não fiz nada de errado para ficar pedindo desculpas!

— Como assim não fez nada de errado? — Juliet se aproximou.

— Então, me diga o que eu fiz.

Juliet olhou para Holly. O que Jennifer havia feito de errado mesmo? Ela simplesmente não lembrava.

Jennifer cruzou os braços e esperou que Juliet falasse.

— Que droga! — Reclamou Juliet — Eu te odeio.

Jennifer soltou um pequeno sorriso e deu de ombros.

— Achei alguém interessante no meio do caminho.

— E quem seria? — Holly perguntou.

Jennifer olhou para trás e acenou para um rapaz próximo a saída. Juliet arregalou os olhos quando o viu. Já Holly permaneceu indiferente.

— Aquele é...

— Sim — Jennifer olhou para o rapaz vindo em sua direção — Freddie Smith. Nosso amigo do colégio. Ou como você preferia chamar... Seu quase namorado.

Juliet riu.

— Não acredito que ele veio para cá! — Juliet falou.

— Se você não tivesse corrido atrás do Scott, nós teriamos visto ele antes... Ele estava no comitê de boas vindas.

— Certo — Holly falou — Me apresentem, pois eu não o conheço.

Juliet e Jennifer a encararam por um tempo.

— Jennifer você notou que...

— Que a Holly parece uma irmã gêmea perdida do Freddie? É... Notei agora.

— Como? — Holly perguntou.

O rapaz se aproximou das três. Tinha cabelos loiros e cacheados, os olhos verdes e um sorriso brilhante. Usava uma camiseta branca e uma calça jeans escura. Apesar de não ser um, lembrava muito os surfistas da Califórnia

— Olá meninas — Ele falou parando ao lado de Jennifer. Sua voz era suave.

Juliet foi abraça-lo no mesmo instante. Ele era realmente bem mais alto que ela, e isso sempre a incomodou. Talvez, ela fosse muito baixa. Mas esse termo era invalido para ela.

— Oi julie! — Freddie a segurou pelos ombros. — Senti saudades.

— Seu idiota! Porque não veio ano passado?

— Tive uns problemas na família, depois explico melhor. Agora queria conhecer mais esta ilha. — Freddie falou olhando o salão.

Juliet olhou para Jennifer que a fez um sinal positivo.

— Ah, eu posso te mostrar tudo aqui! — Juliet falou.

— Ah! Freddie — Jennifer chamou — Antes dos dois irem, quero te apresentar nossa amiga Holly... Conhecemos ela ano passado aqui. Ela é de Nova York.

Holly acenou para ele sorrindo.

— O Freddie é de Los Angeles também — Explicou Juliet — Conhecemos ele há muito tempo. Agora se nos dão licença... Vou servir de guia.

Freddie riu e olhou para as meninas.

— Vocês duas não vem?

Antes que Juliet pudesse olha-las apreenssiva elas negaram deixando os dois sairem juntos do salão.

Holly se apoiou no ombro de Jennifer.

— Isso é o que eu estou pensando?

— O que você está pensando? — Jennifer perguntou enquanto olhava as pessoas na festa.

— Você achou uma forma de abrir caminho sem guerra...

Jennifer a olhou com a testa franzida.

— Abrir caminho pro Scott.

— O que? — Jennifer a encarou — Eu não abri caminho algum.

— Vamos lá... Te admiro por isso. — Holly a empurrou de leve — Eu andei dando uma olhada em vocês dois e...

— Holly... Dessa vez é sério. Eu não gosto dele.

— Você diz isso sobre todos os garotos... Sempre acaba ficando com eles. Mas com o Scott eu posso notar um olhar diferente.

Jennifer suspirou se virando para Holly.

— Ele me interessa sim, mas não deste modo que você está pensando... Tem algo nele que me prende... Ele esconde algo. E eu ainda vou descobrir o que é.

— Ah entendi... Ele é tipo você, não é? — Holly falou rindo.

— O que você quer dizer com isso? Eu não sou tão repugnante assim!

— E ele é?

— Lógico! Ele pensa que sabe e que pode resolver tudo...

— Aham... — Holly segurou o riso. — E você conheceu ele hoje... Não acha que já sabe muito sobre ele?

— E você não acha que está sendo um tanto indelicada e estúpida agora? — Jennifer a olhou.

— Ah claro! — Holly riu — Venha... Vamos fazer mais alguma coisa e depois encerrar essa festa... Amanhã começa tudo de novo.

Holly puxou Jennifer para perto de outras pessoas.   


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