Capitulo IV – Um Céu, Seis Reinos e Sete Mestres

Depois de terminar a conversa com Natsu e Happy na grande sala onde ocorrera o banquete, Lucy saiu para agradecer e se despedir de Igneel. Antes de sair comentou o pedido de Natsu a ela, seguido de sua resposta a ele. Pode ver no rosto do rei certa tristeza, o que já esperava, pois ele entendia o sentimento do filho, mas não poderia perdê-lo, não queria perdê-lo. Antes de sair recebeu os cumprimentos do rei e com um aceno de mão se retirou do castelo. Não encontrou os garotos no caminho até a saída do reino.

Já era noite quando saiu da grande muralha, os guardas também fizeram cumprimento quando ela passou por eles, e entre si comentaram a respeito da beleza da garota e como ela poderia vencer todo um exercito sozinha. Lucy ouviu os comentários e riu consigo mesma, depois seguiu com Plue sem um rumo traçado.

- É Plue, no fim aqui só é um lugar quente mesmo, nada com o que nos preocuparmos.

- Puum.

- Agora pra onde devemos ir?

Lucy continuou sua caminhada em meio ao terreno irregular que havia próximo às Terras Quentes, ainda não tinha certeza de para onde iria, mas sabia que queria sair do meio daquele calor infernal. Não caminhou muito até que sentiu uma presença não muito distante dela, manteve-se calma e numa fração de segundo se moveu em direção ao local onde a presença tornava-se mais forte.

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Em algum lugar das terras que são denominadas como Céu Escarlate existe um castelo, aqui é o lugar planejado pela Feiticeira Erza para que ocorra a reunião dos Sete Mestres. Mesmo tendo para si um castelo tão grande e luxuoso, Erza passava a maior parte de seu tempo em uma montanha próxima dali. Pode parecer estranho, mas tem a ver com a força da terra que flui da montanha, não só aqui, a montanha onde vive Mirajane também tem essa característica. Mas a ocasião pedia algo grande.

Erza esperava em uma sala cheia de livros, que relatavam tudo, magias, historias, pessoas, reinos, era quase como uma biblioteca do próprio tempo. Mirajane foi a primeira a chegar e trouxe noticias dos outros.

- Olá Erza. Convoquei todos os Mestres. Todos já tinham conhecimento do que se tratava e só estavam esperando o momento em que fossem chamados.

- Isso é ótimo Mira, mostra que todos permanecem atentos e zelando por aquilo que ajudaram a “criar”. Mas se não estou enganada, o Feiticeiro que deveria cuidar das Terras Quentes não se encontra por lá, não é mesmo?

- Sim, ele estava em algum tipo de peregrinação, mas como mantém o titulo confirmou que aparecerá.

Não foi necessário esperar mais. Cada feiticeiro portava uma característica em sua magia e apareceram usufruindo a mesma. Um por um foram surgindo e se apresentando.

- Makarov Dreyar, do Reino Torre do Relâmpago. – Eis o primeiro a aparecer, Makarov surge de um Raio que atravessa uma das janelas da sala. É um homenzinho pequeno, de idade um tanto quanto avançada, tem os cabelos brancos devido à idade, porém nenhum se encontra no topo da cabeça. Veste um manto branco com detalhes em dourado, cores predominantes de seu reino.

- Mystogan, do Reino Tornado de Pureza. – Ele surge de um tipo de distorção feita no ar, impossível descrever sua aparência física, pois tem a cabeça coberta por um gorro escuro, impedindo até que seus olhos sejam vistos. Toda sua roupa é escura como a noite, deixando somente os braços e pernas descobertos, mas eles são envoltos em faixas brancas, tem nas costas uma grande capa e também cinco cajados distintos e de formas estranhas.

- Gildarts Clive, do Reino das Terras Quentes. – Aparece através da parede da sala, a qual se desfaz conforme ele surge. Gildarts é um homem alto, com idade indefinida, porém via-se em seu rosto que era homem experiente. Tinha barba por fazer, cabelos acobreados, olhos da noite. De vestimenta tinha uma capa com a cor da terra e tão suja quanto, calças escuras e um cinturão de ferro. Não vestia camisa, deixando em evidencia os músculos que tinha e também as faixas que cobriam parte da barriga e os braços. – Não fui o ultimo a chegar? Que pena, tentei me atrasar ao máximo. – Disse com uma boa gargalhada.

- Vejo que continua com o humor de sempre, não Gildarts. – Disse Makarov compartilhando da risada do companheiro.

- Mirajane, é certeza que os outros dois virão? Tem muito tempo que não tenho noticias daqueles dois. – Disse o enigmático Mystogan com toda a seriedade e serenidade que pôde.

- Tenho absoluta certeza que virão, afinal é do interesse e importância de todos o que vamos tratar. – Respondeu a garota dos cabelos brancos com um sorriso gentil.

- Creio que ele quer que nos apresentemos antes Mira, afinal já esta aqui. – Dito isso todos pararam e olharam em direção ao canto com menos luz da sala. – Pois bem. Erza Scarlet, das terras conhecidas como Céu Escarlate.

- Ah, não tinha percebido que era só por isso que ele não apareceu. Mirajane Strauss, do Reino Ilha de Gelo.

Feita as apresentações um homem de estatura media, cabelos curtos e pretos como a própria morte deve ser, vestindo um manto negro unido a um grande lenço branco que passava sobre seu ombro esquerdo e dava a volta pelo seu tronco, surge do meio das sombras.

- Zeref, do Reino da Noite. Vejo que ainda não admite esse lugar como seu reino Erza. Mas ela ainda não chegou, será que desistiu? – Disse ele com calma.

- Bom, ela tem muitas preocupações, mas tenho certeza que continua honrando seu titulo. Vamos esperar mais um pouco.

Por mais que Erza se refira ao fato de ser um dos Mestres Feiticeiros como um titulo, não é simples assim, eles são pessoas de altíssimo poder, é um mistério, assim como tantos outros, de onde surgiram ou por que são o que são. O que diz na historia do mundo é que eles tornaram-se observadores dos acontecimentos, porem tem o direito de agirem como qualquer outro individuo. De acordo com o que Erza disse, eles cuidam dos grandes acontecimentos, pois às vezes esses acontecimentos podem acabar simplesmente em catástrofes inúteis. Agora eles vivem cada um ligados a um dos grandes reinos, mas não são os reis ou rainhas destes lugares, com exceção do mestre que faltava. Acabam sendo os conselheiros desses reinos.

- Desculpem tê-los feito esperar. – Disse uma foz suave vinda de um brilho de luz que surge no meio da grande sala, em frente aos mestres. Da luz aparece uma garota pequena, de feição gentil e doce, até um pouco infantil, com longos cabelos loiros claros que descem até seus pés, e com uma mecha pequena que aponta para cima no alto de sua cabeça. Seus olhos verdes parecem não possuir íris, mas aparentam a preciosidade de uma pedra rara. Veste um vestido rosa com um laço vermelho na frente e possui um adorno de asas em volta das orelhas. Aparenta ser uma criança. – Realmente não era minha intenção demorar desta maneira, mas acho que como fui a ultima a chegar sou a única que falta se apresentar, então. Mavis Vermilion, rainha do Reino Fairy Tail.

Todos os Mestres estavam em cena, isso tornava possível a amplificação do poder de cada um deles o que provava que nenhum deles era um impostor. E esse nível de poder se fazia necessário para firma a decisão assim que ela fosse tomada. Erza então decide começar de uma vez.

- Como todos já sabem, o mundo tem mudado nos últimos tempos, primeiro com o surgimento da garota Lucy Heartfilia. Ela conseguiu abalar algumas estruturas dessa era, mas dar o crédito só a ela seria errado, os Seis Reinos também fizeram suas mudanças adquirindo tamanho poder. E nós mesmos nos “afiliando” a estes reinos ajudamos na mudança. Por isso achei necessária essa reunião, temos que decidir o que faremos com relação ao acontecimento que esta para chegar. Por favor, gostaria de saber a opinião de cada um de vocês.

Todos na sala olharam para Erza e após absorverem suas palavras puseram-se a pensar. Não se passou nem um minuto até que o silencio deles fosse rompido por Gildarts.

- Acho que devemos deixar acontecer e agir cada qual por seus ideias, é fato que uma mudança grande está para acontecer, e não temos o direito de impedi-la.

- Não há como saber se isso mudará o mundo para algo melhor, se for como em nossas previsões a força envolvida será tão grande que poderá se tornar uma grande guerra. – Disse Mirajane um pouco preocupada.

 - As pessoas não conseguem viver sem fazer guerras. Tudo que fazem é pela base da força. – Disse Zeref indiferente.

- Guerras por poder só servem para causar sofrimento. – O homem encapuzado da uma pausa. – As pessoas começaram a se separar e passaram a se ver como diferentes, e por isso criaram esses reinos, para firmar a diferença que não existe entre elas.

- Diga o que pensa de uma vez Mystogan. – Pediu Erza com seriedade.

- O que estou dizendo é que essa mudança pode fazer com que as pessoas tornem a se entender e aceitar. E mudanças desse tipo nunca são pacificas, com certeza haverá discórdia, mas é necessário.

- E você Makarov, o que pensa disso tudo? – Gildarts perguntou ao amigo.

- Bom... As pessoas são o que são. Não há como mudar isso. Mesmo que digamos que nós “permitimos” a criação dessa era de reinos nós não poderíamos tê-la impedido, porque nós não temos o poder de interferir no caminho que as pessoas escolhem, não somos Deuses e sabemos disso. No fim nós somos como todos eles, seguimos nossos próprios caminhos. Sempre foi assim. O que você acha Mavis?

A garota se mantém calada por uns instantes, olha cada um dos companheiros na sala e por ultimo pousa o olhar em Zeref.

- Creio que o não fará mais diferença o que for decido aqui, pois vejo que o Mestre do Reino da Noite já não precisa de nossa aprovação para agir em prol de seu reino. Imagino que vocês não tenham conseguido prever os movimentos de Zeref nos últimos tempos, estou certa? – Todos confirmam com a cabeça demonstrando certa duvida enquanto passavam a olhar o Feiticeiro da Noite, que demonstrava um pequeno sorriso. – Não os culpo, afinal a especialidade dele é impedir ser notado, sua magia tem se tornado cada vez mais imperceptível e o reino da noite só faz ampliar seus poderes.

- Ora Mavis, quando foi que descobriu? – Perguntou Zeref ainda sorridente. – Achei que estivesse ocupada demais protegendo seu reino do meu amigo.

- Tinha certeza que era obra sua. – Os outros Mestres não estavam entendendo muito bem a situação. – Há alguns meses atrás uma criatura envolvida por trevas atacou meu reino com tamanha força que me obrigou a usar minha magia para erguer um escudo. Escudo esse que também apagou minha presença de qualquer tipo de previsão por precaução. Agora tenho certeza de que a intenção dele é a destruição, não importando os meios que usa para isso.

- Do que está falando Mavis? – Erza quis saber.

- Estou falando de guerra Erza. Eu já imaginava que chegaríamos a isso, mas nesse exato momento com nossos poderes no auge eu consigo ter certeza de que já é inevitável. Meu reino foi só o primeiro a ser atacado, creio que o próximo alvo é o reino de Gildarts.

- O que? – Gildarts perguntou confuso e já alterado, seguindo em direção a Zeref que continuava a sorrir.

- Meus queridos amigos, no fim é como Makarov acabou de dizer. Nós agimos por nossas próprias decisões, escolhemos nossos próprios caminhos e eu estou cansado de observar essas pessoas fazendo escolhas erradas a todo o momento, por isso vou poupá-las do sofrimento de suas decisões e vou passar a guiá-las do melhor jeito possível. Digamos que vou endireitar seus caminhos, nada de mais, mas para isso tenho que tornar-me seu rei, pois assim elas irão me ouvir. – Zeref disse tais palavras com verdadeira felicidade.

- Você não pode fazer isso. Acha que nós deixaríamos você mudar as coisas dessa maneira? – Disse Mystogan.

- Se vocês pudessem me impedir nós não estaríamos aqui discutindo sobre um acontecimento incerto em todos os aspectos, se estamos aqui é porque qualquer aposta é valida agora e vejam bem... – Gildarts ergue-o pelo pescoço.

- Então acho que devemos terminar com o jogo agora.

- Ótima colocação. – Zeref aparece caminhando de um canto escuro da sala, enquanto na mão de Gildarts não há mais nada. – Você devia se preocupar com o reino do seu querido amigo Igneel. Porque Mavis estava certa, aquele lugar é meu próximo alvo. Antes que tente mais alguma coisa contra mim devo avisar que vocês são única pedra no meu caminho, por isso gostaria que não atrapalhassem, senão terei que dar um fim em vocês.

- Não deveria estar tão confiante, nossos poderes são equivalentes e estamos em maior numero. – Disse Mystogan ainda serio.

- Quanto à quantidade você esta certo, mas já ficaram para trás há muito tempo. – Dito isso todos sentem uma enorme pressão que estava sendo emanada por Zeref. – Acho que não colaborarão comigo, então me despeço de todos.

Antes que qualquer um pudesse protestar de alguma forma ou até mesmo agir de algum jeito foram todos consumidos por uma sombra, toda a área onde se encontrava o castelo de Erza foi obliterada pela magia negra de Zeref, os feiticeiros desapareceram com o castelo, só algumas ruínas restaram junto ao homem que causara tudo isso.

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No castelo de Igneel, um guarda corria até os aposentos de seu rei que estava conversando com Elfman.

- Senhor Igneel! Senhor Igneel! – Entra o jovem guarda de cabelos verdes gritando mais do que deveria.

- O que aconteceu Zalty? Diga como um Homem por que estava gritado por ai desse jeito. – Ordenou Elfman.

- O príncipe Natsu e o Happy.

- Fale como um Homem.

- Eles foram seqüestrados.

- Isso não é possível, você deve ter cometido um engano de Homem Zalty.

- Na hora eu também pensei assim senhor Elfman, mas analisei o quarto do príncipe com outros guardas e era claro que não se tratava de uma brincadeira dos dois, havia sinais de luta no quarto, como se eles tivessem tentado se defender. Parte da mobília foi destruída junto com a janela.

- E como é possível que nenhum Homem tenha ouvido nada disso acontecendo?

O rei se mantinha calado tentando entender o que podia estar acontecendo.

- Nós não sabemos senhor, por isso achamos melhor avisá-los para que tomassem as devidas providencias. Mas os guardas já estão procurando pelo reino para ter certeza de que eles não estão por aqui. Uma pessoa normal não poderia seqüestrar o príncipe sem ser notada ou deixar uma pista. Isso não poderia ser obra da garota que invadiu o reino?

- Não faz sentido. – Igneel começou a falar. – Minha intuição não falha, não senti mal nenhum naquela garota. Isso deve ser um engano, Natsu e Happy devem estar perambulando pelo reino procurando o que fazer.

- Mas senhor Igneel, nós conhecemos o príncipe Natsu há muito tempo, a forma em que encontramos seu quarto não era normal, mais alguém esteve lá.

O rei olhou para o guarda com ar de objeção, mas quando seus olhos encontraram o do outro foi como se seus pensamentos tivessem mudado de direção.

- Elfman reúna os guardas que não estão procurando por Natsu e os coloque na busca, se não o encontrarem até o amanhecer vou declarar a garota Lucy Heartfilia como sendo culpada pelo seqüestro de meu filho.

- Mas meu senhor, como Homem acabou de dizer...

- Elfman não faça objeções, é isso que você ouviu, essa garota é a única que conseguiria invadir o guardo do Natsu sem que ninguém percebesse, já fez isso em meu reino seria fácil para ela fazer de novo. Se não o encontrarem até amanha quero que parta com o exercito atrás dela e será qualquer um que ajudá-la será considerado seu cúmplice, tendo como único direito a morte por me desafiar.

- Não acha que como Homem o senhor não esta se precipitando? – Perguntou Elfman um tanto retraído.

- Elfman já lhe dei a ordem, agora vá cumpri-la sem mais perguntas, sei muito bem o que estou fazeno. Não devia ter deixado essa garota sair livre daqui, foi um erro e agora tenho que concertá-lo. Agora vá de uma vez. Você também Zalty. – O rei estava serio sobre tudo o que havia dito.

- Sim senhor! – Disserem os dois em uníssono, depois se retiraram da sala e se puseram a conversar enquanto iam até os outros guardas.

- O que aconteceu com o rei, ele não ficava serio assim desde que... Alias não me lembro de ter visto o rei assim nenhuma vez. – Comentou Zalty.

- A ultima vez que o rei ficou assim foi quando sua esposa morreu, nunca vi Homem mais serio e transtornado que ele naquele dia, mas isso é estranho, mesmo que o príncipe ainda não tenha aparecido não é normal o rei agir de forma tal mal pensada, Natsu e Happy vivem fazendo essas coisas. – Elfman ainda tentava entender o que poderia ter se passado na cabeça de Igneel para tomar providencias tão drástica, teria a Estrela dado algum sinal de perigo?

- Mas é o filho dele, acho que se tratando de um príncipe tão conhecido é normal que ele se preocupe dessa maneira, afinal é a ultima família que lhe resta.

- Não sei, meu sentido de Homem me diz que algo esta errado nisso tudo.

- Tomara que encontremos o príncipe, mesmo que eu tenha ido relatar o suposto seqüestro do príncipe eu não quero acreditar que seja verdade.

- Nenhum Homem gostaria que fosse verdade, ainda mais depois das palavras do rei. Vamos logo que não temos tempo a perder.

Os dois continuaram a correr e Elfman não pode ver no rosto de Zalty o pequeno sorriso que se formava em seus lábios, era um sorriso de satisfação.

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Nas ruínas do castelo de Erza, local onde até a pouco tempo encontravam-se os Sete Mestres, somente o homem da noite permanecia, olhando aquele céu escarlate que se mantinha sobre ele. E em meio à paz que sentia uma lagrima correu por seu rosto junto com um ultimo pensamento.

“Finalmente começou, agora não há mais volta, tudo que resta é o caminho que escolhi para o futuro.”

E com o encontro da lagrima ao chão o homem desaparece. Deixando tudo o que era vivo próximo de si um segundo atrás agora morto e sem propósito.