Ainda naquela noite em Agnus, Edmundo andava distraído pela ilha. Ele estava com uma sensação parecida com a de Pedro, mas não se importava muito.

A verdade era que o rei justo estava apaixonado pela filha de Rainah. Ele não sabia o que fazer, já que a menina era imortal e ele mortal. Ele sabia que seus irmãos desconfiavam, e que uma hora ou outra eles iriam saber.

– Esta sem sono de novo? – a voz que tanto amava se pronunciou. Deu meia volta e ficou frente a frente à Nissah.

– Sim. – respondeu com um leve sorriso se formando em sua face.

– Não sei por que, eu queria saber como é dormir. – disse a garota, olhando profundamente para Edmundo.

– Devo admitir que dormir é uma sensação maravilhosa. Quando acordamos, nos sentimos ainda mais dispostos. – respondeu ele. – Mas, já faz alguns dias que não sinto mais vontade de dormir.

– Só por que não tem vontade, não quer dizer que seu corpo não precisa de uma boa noite de sono.

Ele apenas deixou o sorriso em sua face, e olhou para o rosto da bela garota que estava em sua frente. Os cabelos castanhos e lisos dançavam com o ritmo do vento, os olhos azuis que tanto impenotizavam o rei de Nárnia estava mais brilhantes que o normal, o rosto angelical e pálido, as boca vermelha. Ela era o anjo dele na terra.

O olhar de Edmundo deixou Nissah um pouco vergonhosa, sentia um enorme apreço pelo rei, uma enorme admiração que já estava se transformando em outro sentimento ainda mais forte.

– Como esta a menina? – perguntou, quebrando contato visual dos dois e olhando para um ponto qualquer.

– Pedro esta com ela. – respondeu Edmundo, o sorriso ainda em seu rosto, ainda admirando o seu anjo. – Como esta sua mãe? Quando terei a grande de honra de vê-la novamente?

– Ela esta bem. – respondeu Nissah, lembrando-se da mãe rapidamente e imaginando o que ela poderia estar fazendo nesse exato momento. – Ela esta viajando muito.

– Huum. – murmurou Ed, se aproximando aos poucos de Nissah, que ficou parada.

Logo, poucos centímetros afastavam os dois, as bocas tão próximas. Edmundo se controlava para não fazer uma besteira, mas estava realmente muito difícil.

– Ed. – ela sussurrou, seu hálito quente batendo no rosto dele, o fazendo fechar os olhos por breves segundos.

– Nissah. – sussurrou em resposta, quebrando a distancia e beijando a mulher a sua frente.

Ela não sabia o que fazer, sentiu-se surpresa por tal atitude do rei, mas não conseguiu resistir. Entregou-se ao primeiro beijo de toda a sua vida. Um beijo cálido, lento e amoroso. Perfeito pensou ela.

Edmundo se afastou devagar, colocando a testa na dela. Respirando vagarosamente. Logo ele se afastou, abraçando a cintura da moça, que nada fez, apenas olhava para a grama relva da ilha.

– Nissah... – ele não conseguiu terminar, a menina tinha sumido bem diante dos seus olhos.

[...]

No dia seguinte, o navio já estava em alta velocidade, partindo para uma ilha, onde poucos encontraram e nenhum destes retornou. Susana estava na polpa, observando o céu limpo, o mar agitado, os pássaros que voavam livres... Queria ela poder voar, fugir de seus medos...

O café da manha estava acontecendo, entretanto ela não estava com vontade de ver a cara de Lilliandil, por isso, evitou o desejum.

Caspian, logo percebeu a ausência da amada, pegou umas frutas, colocando em um pequeno prato. Caminhou pelo navio até achar a pessoa que procurava. Esta, nem reparou a presença do rei de Nárnia, continuou observando o céu.

– Fez falta no desejum. – ele disse, ficando lado a lado de Susana, que o olhou, dando um pequeno sorriso. Recebendo uma maça, onde ficou brincando um pouco, logo a levando aos lábios.

– Não estava com muita disposição. – disse depois da mordida. Ele não disse nada, apenas a ficou observando comer toda a maça. – Que foi? – perguntou, recebendo um beijo na fronte.

– Você fica linda quando ta comendo. – ele respondeu, a fazendo gargalhar.

– Só você mesmo, Caspian. – ela disse, com um sorriso enorme do rosto.

– Amo o seu sorriso. – ele sussurrou perto do ouvido dela, fazendo-a sorrir ainda mais. Ele beijou o pescoço dela, e logo foi até os lábios da moça, dando um demorado selinho. – Tava com saudades dos seus beijos.

– Não estávamos com cabeça pra pensar nisso. – ela disse, o semblante alegre ficando serio, lembrando-se da filha, um aperto no coração que não sairia até encontrá-la.

– Não tem um dia sequer que eu não penso na Milla. – disse ele, olhando para o mar, apertando o corrimão com força, os olhos escuros lacrimejando.

– Por que ela? Uma criança. – sussurrou Susana, que já tinha sido vencida pelas lagrimas, que corriam soltas por seu rosto angelical.

– Su, eu te prometi, eu vou encontrar nossa filha e nunca mais vamos nos separar. – disse Caspian, abraçando Susana que chorava sem cessar, ele mesmo deixou-se levar pelas lagrimas.

Uma mulher alta e loira olhava sorrindo o sofrimento do jovem casal. Para ela, Camilla poderia morrer que ela não ligaria, Lilliandil só queria Caspian, e faria o impossível para tê-lo.