Estar com ele era totalmente diferente do começo. Isso por que ele não era só aquele cara fechado e frio que aparentava ser quando o conheceu, havia algo mais nele. Tinha descoberto um Vitor diferente e tinha gostado disso. Esse estava sendo todo o problema que ela não conseguia entender. Amanda não queria que nada de ruim acontecesse com ele porque se importava com Vitor. Somente isso. Era o que dizia a si mesma. Estava convencida de que era por isso que sentiu o coração apertar ao saber que o rapaz tinha ido atras da ex. Um aperto tão forte que a deixou sem fala.
Amanda pediu ao amigo que a deixasse em casa e assim Gustavo o fez, mas não sem deixar de reparar no silêncio da amiga. Preocupação essa que ela logo tratou de despistar.
Desde que ficou sabendo que Vitor tinha ido em busca da ex, Amanda não conseguiu conter seus pensamentos. Não parava de imaginar, tentando descobrir qual seria o porque de Vitor procurar a ex namorada. Ele queria reatar com ela? Talvez. Foi a primeira coisa que pensou quando Paulo lhe confirmou aonde ele tinha ido. Pensou assim por lembrar-se da reação dele quando soube que a ex estava de volta. Não sabia ao certo o por que deles terem terminado mas, talvez eles conversassem e se entendessem. Será?
Era inegável, havia essa possibilidade, a deles se acertarem e reatarem o namoro. Era estranho como pensar naquilo a deixava um tanto deprimida.
Foi direto para o quarto e jogou-se na cama mas sem conseguir afastá-lo de seus pensamentos. Não queria continuar pensando no assunto, até por que imaginar a hipótese de Vitor reatar o namoro a deixava entristecida e, por mais que tentasse, ela não conseguia evitar de se sentir assim.
Era incomum se sentir assim, sentir tudo isso, até por não saber definir ao certo o que era tudo aquilo que lhe afligia tanto. Não fazia ideia do por que.
Há algum tempo algumas coisas haviam mudado, ou pelo menos era o que ela percebera. Vinha sentindo-o mais próximo dela, mais paciente, mais gentil. O pouco tempo que passavam juntos era, de certa forma vinha sendo, agradável. Era bom estar com ele. Amanda já se sentia à vontade ao lado dele, estava acostumada, mesmo que ainda não tivesse perdido sua timidez. Mas isso seria impossível com aqueles precisos e profundos olhos castanhos sobre os seus. O olhar dele era sempre intenso, parecia enxergar atras dela e a deixava completamente sem ação. E nunca ninguém havia causado isso em si antes. Ela suspirou ao se lembrar. Mas depois, sem saber porque, sentiu de novo o coração apertar. Ele a tinha deixado sozinha, saiu sem nem ao menos se importar, avisar. Era para ela estar zangada mas, só o que conseguia sentir devido a isso era tristeza.
Amanda levantou-se de pressa foi até a cozinha, beber um pouco de água, se não o fizesse talvez algumas lágrimas pudessem escorrer por sua face. Estava sofrendo e estava se sentindo uma boba por isso. Como podia se deixar sofrer assim por Vitor como se ele fosse seu namorado de verdade, somo se ele fosse importante para si, como se o amasse? Pensar em tudo aquilo a só servia para deixá-la ainda mais confusa.
Ela enfim deixou todos aqueles pensamentos de lado. Tomou um banho para que pudesse relaxar e dormir finalmente.
...
–Vitor?
A loira se mostrou surpresa ao ver o ex em sua porta.
–Eu quero falar com você. - passou por ela, adentrou o apartamento.
–Que bom que você veio. - fechou a porta e se dirigiu até Vitor. - Não esperava que você viesse mas, que bom que você veio. - jogou-se nos braços do rapaz.
A loira envolveu o pescoço do ex com os braços. Não demorou muito para que ela levasse o rosto até o dele e para que ela o beijasse. Para que eles se beijassem.
Vitor não resistiu, era por isso que tinha ido até lá. Vitor cedeu e o beijo aconteceu da mesma maneira como sempre acontecia entre o casal.
–Finalmente admiti que também sentiu minha falta? - perguntou ela lançando mordidas pela boca do rapaz.
O beijo continuou à medida que se envolviam um pelo outro e se deixavam levar. Não demorou muito para os dois irem parar no sofá ali ao lado. Sim, era isso que queria, era ela quem ele queria, garota por quem ele sempre amou. Pensava Vitor tentando se concentrar nos beijos dela.
Mas, ele sentia que alguma coisa ainda faltava e passava a se questionar. Era isso mesmo que queria, era realmente ela quem ele queria?
–Espera. - ele parou imediatamente.
–O que foi?
Vitor não disse nada, apenas fitou a loira por baixo de si. Não, definitivamente não era como antes. Nada mais era. Agora sabia o que era, agora sabia o que estava faltando naquele beijo, em tudo. O que faltava ali era um jeitinho tímido, suave e acanhado de ser, ao qual ele tinha aprendido a gostar e que somente uma pessoa possuía. Amanda.
Espera, como podia pensar nela agora? Porque? Algo estava errado ali mas, calma, uma coisa de cada vez.
Ele se levantou rapidamente. Já tinha encontrado a resposta que foi buscar, estava claro para si. Não podia negar, o que sentia por Érika já não era mais como antes e agora tinha plena consciência disso. Aquele sentimento já não tinha mais a mesma força de antes.
–O que foi Vitor? - a moça se levantou sem entender. - Tudo estava indo tão bem.
Se pendurou no pescoço de Vitor na intenção de beijá-lo, porém ele a impediu. A loira insistiu e o segurou com força, sendo capaz de marcar o pescoço do rapaz enquanto ele tentava se livrar dos braços dela que já o puxavam pela gola da camisa.
–Érika. - ele enfim se soltou. - Vim pra por um ponto final nisso de um jeito ou de outro e agora já sei como. Então escute bem o que eu vou te dizer.
Ela parou, ele a encarou e continuou.
–Não quero que você volte a me procurar. - a encarou determinado e bastante decidido. - Eu reconheço que passei muito tempo pensando em você, perdi muito tempo. - se corrigiu. - Mas agora tudo isso mudou.
A moça estava atenta as palavras dele.
–Vitor, eu sei que você ainda gosta de mim, tive certeza disso desde ontem e hoje você veio até aqui porq...
–Você parece não estar entendendo. Você está engana, o que houve ontem foi porque eu estava preso a algo que não existe mais. Agora me dei conta disso. Eu não quero e não vou deixar que continue sendo assim.
–Por que não nos damos mais uma chance?...
–Por que nada mais é como antes, não faz sentido querer continuar. Para mim não faz sentido voltarmos. - ele foi direto. - E agora eu tenho outro relacionamento para me preocupar.
A loira o mirou primeiro para depois perguntar.
–Outro relacionamento? - ela questionou com desdém. - Quer dizer que você está feliz com aquela garota?
–Estou muito bem com ela sim.
Esticando uma das sobrancelhas, Érika afirmou.
–Vitor, você não a ama. - afirmou com um largo sorriso no rosto. - Por que ficar com ela?
–Você não pode dizer isso.
–Está na cara que não. - insistiu certa de suas palavras.
Certeza que fez o Navarro vacilar. Sendo em seguida forçado a admitir.
–Eu gosto muito dela.
–Mas não a ama.
A moça à frente dele cruzou os braços esperando pela resposta que ele lhe daria. E mais uma vez aquilo o fez vacilar.
–Talvez mas...
Vacilar, refletir e concluir que...
–Adoro a simplicidade dela. - encarou a moça a sua frente e continuou. - O jeito tímido e delicado de ser que ela tem. Gosto de cuidar dela, da mania que ela tem em se preocupar comigo. Ultimamente olhar nos olhos dela me faz desligar do mundo. Ela tem olhos lindos! -ele passou por um momento. - Adoro olhar pra eles. - afirmou surpreendido consigo mesmo, e só então se dando conta disso. - Gosto de ouvi-la falar, estar com ela, da companhia dela.
Vitor mostrava veracidade enquanto falava, dava para ver a certeza em cada elogio que fazia a namorada. E, a esse ponto, Érika já estava mais do que enojada com toda aquela declaração que parecia interminável.
Ele prosseguiu.
–Ela é meiga, agradável, verdadeira. Eu sei que posso confiar nela. - o semblante em seu rosto estava sério até aqui.
Mas, à medida que seguiu falando da falsa namorada, Vitor sentiu uma sensação de conforto tomar conta de si, por completo. Continuou.
–Não há nada nela que eu desaprove. Ela é bonita, simpática, generosa, doce... Ela é perfeita. - desviou o olhar sem perceber, e o semblante calmo e sereno da morena lhe veio a mente.
Olhou para a loira mais uma vez. Seria a última.
–Você estava enganada Érika. Talvez eu não a ame mas, com certeza eu, - ele respirou fundo para depois terminar. - estou apaixonado por ela.
Vitor encerrou com certa dificuldade, as últimas palavras quase não saíram. O rapaz fez força para poder afirmar o que disse pois seu coração pulsava acelerado em seu peito de uma maneira como nunca sentiu antes.
–Ah por favor, não me faça rir, né?!
–A culpa não é minha Érika, foi culpa sua se tudo isso aconteceu. Você terminou comigo esqueceu?
–Espera aí Vitor...
–Será que você pode me poupar disso que está fazendo. - o rapaz ergueu a mão num sinal de pare.
–Como assim, do que você está falando?
–Você disse que voltou porque estava arrependida, que queria perdão mas, sério mesmo, eu não consegui sentir verdade alguma nas suas palavras.
A moça permaneceu parada onde estava, abismada, enquanto via Vitor passar por si, abrir a porta e sair em seguida. Érika sentiu tanta raiva que gritou assim que o viu fechar a porta. Furiosa, apanhou a primeira peça de vidro que viu pela frente e o atirou conta a parede, berrando novamente. Sentou-se no sofá e fitou o chão por um instante, ela reparou melhor, com um pouco mais de atenção, e o que viu ali trouxe fogo em seus olhos.
–Isso não vai ficar assim. - ela levantou-se, indo em direção ao que tinha visto. - Ele vai me pagar por tudo o que me disse.
A loira começava então a arquitetar uma vingança.
...
Vitor entrou no carro e saiu para qualquer lugar.
O celular tocava mais uma vez. Essa era a quarta chamada de Paulo que ele não atendia. Estava ao volante, irritado por estar confuso, confuso por estar irritado e não queria falar com ninguém, pelo menos não agora. Primeiro Vitor queria entender o que havia acontecido. Parando um pouco para pensar, era realmente assim que se sentia em relação a Amanda. Louco talvez mas sim, tudo aquilo. Só que daí estar apaixonado por ela...
Será?
Estava se sentindo perdido naquele turbilhão de emoções e sentimentos.
Não podia negar que Amanda mexia com ele, de uma maneira diferente pois ela era diferente das moças com quem já se envolveu mas, ela com aquele jeitinho tímido, de uns tempos para cá vinha despertando algo nele, teve que aprender a ser mais calmo, paciente e cuidadoso para lidar com ela, por várias vezes meteu os pés pelas mãos, mas estava aprendendo. Amanda era uma garota sensível e Vitor não estava acostumado a lidar com pessoas assim entretanto, aquilo nela o encantava. E agora ele estava começando a entender o sentido e o porque de tudo isso.
Mais uma vez seu telefone tocou e ele resolveu atender o insistente amigo.