Mitsuko POV´S ON

O tempo ia passando e eu não largava aquela blusa. Era como se o mundo estivesse dando voltas. Ele olhava no fundo dos meus olhos e eu nos dele. Quando aquela sensação foi indo embora nos demos conta do que tínhamos feito, meu rosto estava queimando enquanto fitava aquele rosto tão branco adquirir uma coloração vermelha. Eu só conseguia pensar em uma coisa no momento:

-É... não sabia o que dizer, não sabia como reagir. Ele me pegou. Eu não consigo acreditar que ele me fez ficar assim! A única coisa que consegui dizer foi -Isso foi...

-Estranhamente... ele disse completando. - Bom. - Era incrível como nos olhávamos fixamente.

-Boa noite! dissemos em uníssono. Corremos até a porta e custamos um pouco para passar ao mesmo tempo, ao chegar em meu quarto eu me joguei em cima da cama e abafei minha voz em um travesseiro. Quando o retirei do rosto, vi a câmera se mexer e com toda fúria que ainda me restava joguei meu tênis nela, a fazendo cair ao chão e romper-se.

-Por que L por quê? Qual é o sentido disso? O que está acontecendo comigo? Ah!!! - não entendia mais nada, sempre procurei não ir nessas águas mais agora parecia impossível. E por mais que eu tentasse aquela cena não saía de minha cabeça.-Quando eu tento não me envolver, ser o mais profissional possível, não expor meu verdadeiro eu... Ele resolve fazer isso. Idiota! eu segurava aquele travesseiro com uma força fora do normal. -Não consegue perceber que agora me fará querer proteger você? disse baixinho enquanto me encolhia de baixo das grossas cobertas com uma lagrima escorrendo pelo meu rosto.

Eram somente 19h30min quando consegui pelo menos parar de gritar, além de não ter sono eu queria sair dali para pensar melhor, ou até para me distrair. Sai de cima da cama e tomei um banho longo e relaxante. Coloquei um baby doll, pois era a única coisa disponível naquela escassa maleta. Preciso voltar em casa para pegar algumas coisas. Peguei um casaco de lã e botei por cima para me proteger do frio.
Por mais que eu tentasse não conseguia dormir. Li um livro, caminhei pelo quarto, até que optei por me manter quieta e deitada para ver se o sono vinha.
Já passavam das 01h30min da manhã quando desisti de dormir. A meu ver todos estão em seus quartos há esta hora. Ryuuzaki deve estar na sala de controle, local que me proíbo de ir até me acalmar completamente. Além do mais, ele já deve estar algemado ao Light. O que só iria piorar as coisas.
Desci da cama e fui em direção ao terraço. É o único lugar que terei paz, penso.
Ao abrir a porta de ferro e sentir a forte ventania, constato uma figura branca.

-Quem está aí? Não acred... Ryuuzaki? - escolhi o lugar errado, a hora errada, o dia errado. Amaldiçoou-me por não ter simplesmente tomado um remédio e dormir.

-Mitsuko? - ele chamou-me. Vendo que não tinha lá muitas opções, me aproximei dele.

-Cadê o Light?

-Agora que falou tinha me esquecido de ir recolocar a algema. Ele provavelmente deve estar dormindo. - ele olhava para o céu, pensativo -Por quê veio até aqui? Estava a minha procura?

-Idiota.- disse para ele e virei-me, pois não queria encara-lo.

-O que disse?

-Eu disse que você é um idiota. - não olhava para ele, não queria olhar.

-E por que diz isso? - ele disse em um tom totalmente confuso

-Porque é verdade. Você não enxerga as coisas Ryuuzaki! - disse olhando para ele com os olhos abarrotados de lagrimas que eu tentava impedir de saírem.

-Mitsuko... - ele não estava me entendendo, EU não estava me entendendo. Só me sentia triste. Estou triste porque sinto que não posso protegê-lo. É um sentimento que não sei explicar...

-Ryuuzaki, eu já sofri muito. Você não tem ideia do que já passei em toda minha vida. Eu era doce, espontânea, generosa, simpática... E eu era muito feliz. Com o tempo aprendi a trancar todos esses sentimentos, a esquecê-los, achava que tinha conseguido mata-los. Até você aparecer. Agora 10 anos da minha vida estão se rebelando. Dez frios e longos anos. Não posso dizer que não me diverti em certos momentos, mas nunca me senti segura e realmente feliz. É por isso que você é um idiota, por conseguir fazer o que ninguém conseguiu.

Ele se mantinha em choque. Em um ato de desespero o abracei. Precisava disso. As lagrimas corriam pelo meu rosto e caiam sobre seu ombro, onde eu escondia meu rosto. Ele acariciou meus cabelos enquanto dizia:

-Você não sabe de nada. Não pode dizer que não sei o que sente. Não pode dizer que não sei qual é a sensação quando se perde os sentimentos. A sensação de segurança, de felicidade, você não pode dizer que não sei como é perder tudo isso.

Me afastei dele e utilizei as mangas de minha blusa de lã para enxugar as lagrimas. Olhei em seus olhos, eles demonstravam tristeza, desconforto. Senti-me horrível depois desta cena.

-Desculpe-me. Isso foi antiprofissional. Não irei repetir...

-E daí que foi antiprofissional? Estamos trabalhando no momento?

-Não, não estamos...Amigos fazem isso não fazem? Consolam uns aos outros? - eu disse a ele.

-É claro. Não tenho muita experiência própria, mas acho que é por este caminho. fui digerindo suas palavras lentamente

-Vamos voltar. Está começando a chuviscar. - disse me protegendo inutilmente das gotas de chuva. Aos poucos fui me acalmando.

-Eu realmente não me importo com isso. - disse ele sem dar sinais de que ia sair de lá tão cedo.

-Fique aí então. Melhor para mim que terei uma vantagem em encontrar Kira, já que meu adversário estará gripado.

-Como você se recupera rápido... - ele foi andando em minha direção. -Vamos.

Passamos na copa, pegamos somente um copo de água e fomos cada um para seu quarto. Quando peguei num sono, pesadelos começaram a me assombrar. Primeiro L morto, depois Hannah, mais a diante a imagem de um garotinho chorando diante de minha figura caída em uma poça de sangue.
Acordei aos berros e olhei o relógio, já era hora de levantar. Fui tomar um banho quente e vesti um vestido preto de mangas compridas, penteei o cabelo, escovei os dentes, coloquei um tênis e desci para sala de controle.

-Bom dia. - disse sem emoção. Quando constatei uma pessoa a mais na sala. -Bom dia?

-Oh! Bom dia! Você deve ser a Mitsuko certo? - o garoto que aparentava ter minha idade, cabelos louros e os olhos mais azuis que já vi na minha vida.

-Sim, sou eu...E quem seria você?

-Me chamo Misaki Ichiro. Sou o novo investigador no caso Kira.

-Como assim? - viro-me para L procurando alguma resposta lógica.

-O senhor Yagami o enviou. Mesmo eu não concordando pois ele não tem tanta experiência para estar em um caso como esse.- ele disse olhando para seus cupcakes.

-Sem mais nem menos? E os perigos que todos nós corremos? Ele aceitou assim tão facilmente? Quem seria idiota o bastante para correr um perigo desses?

-É...Eu estou aqui. E estou ouvindo.... - ele disse levantando seu dedo indicador em nossa direção.

-Oh, desculpe-me. Mais é a verdade. Está ciente de todos os perigos que corremos?

-Claro que estou. Eu vou dar o melhor de mim.- ele disse dando um grande sorriso.

-Você é divertido.- disse retribuindo o sorriso. -Vamos trabalhar?

-Claro! Estou animado! - ele foi em direção aos monitores. -Por onde começo?

-Eu vou te ajudar, afinal quando eu comecei a trabalhar neste caso não recebi lá muita ajuda. - olhei sugestivamente para L

-Não me venha com essa história agora. Você é orgulhosa demais para pedir ajuda a alguém. E o Light pode ajuda-lo...

-Espera... Cadê o Light? Ryuuzaki não me diga que você não... - L começou a rir, era uma risada contagiante, logo estávamos nós dois rindo.

-Quem é Light? Por que estão rindo desse jeito? - Ichiro perguntou, L se virou em sua direção e disse

-Isso não vem ao caso. Comece a procurar todos os membros envolvidos na Yotsuba. Mitsuko, venha comigo. Temos que ir ao quarto da Misa.

Mitsuko POV´S OFF
L POV´S ON

-Mas eu não quero ir. Eu prefiro ficar aqui. ignorei o que ela disse e peguei o pulso dela, começamos a subir a até que ela disse:

-Qual é o seu problema hoje? Você está muito estranho.

-Problema? Eu não tenho problema algum. Quem tem é você.

-Por que?

-Por que está sendo prestativa? E gentil?

-Eu não consigo acreditar. Ryuuzaki, eu só estava querendo causar uma boa impressão.

Para quê? Ele veio aqui para trabalhar, não para fazer amigos. - estava ficando irritado

-Mas nós não somos amigos? - ela conseguiu se soltar de minha mão -Eu não te intendo. - ela começou a andar mais depressa

-Você me disse que era simpática antes. Não consigo pensar dessa maneira. - ela parou por um instante e disse:

-Não quero que fale nada sobre ontem, por favor.

-Se você insiste. Não vejo problema algum.- na realidade eu também não quero falar sobre ontem, muitas coisas aconteceram em uma noite só. Primeiro o beijo, que por mais que tenha sido provocado por mim, sinto que não estava comandando tal ação no momento. Depois toda aquela reação maluca seguida por mais atitudes minhas sem noção. E agora cá estou eu, levando-a contra sua vontade, pois alguma coisa dentro de mim quer mantê-la longe do Ichiro. Eu devo estar enlouquecendo.