Infiltradas escrita por Matheus


Capítulo 3
A Fuga




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Quando todos já estavam dormindo, eu fui até a cozinha, com um saco de couro. Peguei alguns pães, arroz e outros mantimentos. No meu quarto, guardei em uma grande bolsa algumas roupas. Em uma bolsa menor, que levaria junto de mim, guardei alguns objetos importantes e dinheiro. Fui até a escrivaninha e escrevi uma carta que coloquei por baixo da porta do quarto da minha mãe.

Ainda ventava, mas não com tanta força como antes. Pulei pela janela para não fazer barulho com a porta, a terra abafou o som dos meus passos. A alguns metros da casa, virei-me e a olhei, tudo parecia silencioso lá dentro. Fui até o seleiro, onde ficavam os cavalos-avestruzes. Estranhei haver só um, mas logo pus os sacos na sua sela e o montei. Quando saia, ouvi um barulho, olhei pra traz, mas não vi nada na escuridão.

Quando estive longe o bastante da casa, fiz o cavalo avestruz-correr. Ele corria cada vez mais rápido por entre a vegetação, fazendo barulho com as patas. Foi quando eu percebi que o som não era emitido apenas por ele, algo nos perseguia. Olhei para trás e não pude ver qual era o foco do barulho. Continuei sem desacelerar.

Depois de um tempo, passei a não ouvir mais. O que provavelmente nos perseguia devia ter parado ou mudado de rumo. Passadas algumas horas, o cavalo-avestruz estava tão cansado quanto eu. Parei a beira de um rio, onde ele pode beber água. Desci as bagagens, amarrei-o numa árvore, arrumei o saco de dormir e deitei. Apesar do cansaço, não dormi imediatamente. Eu estava muito nervosa, olhava para os lados, de um lado o rio, do outro um arvoredo.

Eu precisava dormir para continuar a marcha amanha, então deitei a cabeça e fechei os olhos. Estava quase dormindo. Quase dormindo quando ouvi novamente os passos. Eram mais rápidos que antes e vinham diretamente na minha direção. O arvoredo impedia-me de enxergar quem vinha então me levantei, virada para oque vinha. Com o rio atrás, estava pronta para atacar com dobra de água. O animal vinha cada vez mais perto e o barulho cada vez mais alto. De repente o som para e vejo, na escuridão, um vulto entre as árvores, que se aproximava, devagar.

Do meio das árvores e em cima de um cavalo avestruz, sai Lyko. Olhava-me com uma expressão séria. Saí da posição de ataque, não havia oque fazer, ele me levaria de volta... Ele chegou mais perto, desceu do cavalo avestruz, e disse:

–Oque você faz aqui? Te vi saindo... – Ele sabia, era obvio que eu havia fugido.

–Eu fugi.

–Fugiu por quê? Algum problema comigo ou a minha família?

–Sim, eu nunca fui a favor desse casamento arranjado. Não gosto nem de você nem da sua família, seria infeliz vivendo lá. – Estava cansada de mentir, senti uma espécie de prazer em finalmente poder dizer as verdades do que sinto.

–Saiba que muitas moças desejam o seu lugar. Minha família tem dinheiro, somos de linhagem nobre e somos muito bem vistos por toda a nação. – Ele falava com todo aquele orgulho que eu odiava.

Eu já estava de costas pra ele, guardando minhas coisas e desatando o cavalo avestruz enquanto dizia:

–Eu não quero seu dinheiro, nem quero seu sobrenome! Já que tem outras, não farei falta não é?

Subi no cavalo avestruz, onde já tinha posto as bagagens, e sai. Ele subiu no dele e me seguiu.

–Zilá. –Disse ele.

Continuei, sem olhar para trás.

Zilá!- Repetiu .

–EU NÃO VOU VOLTAR!

–Zilá, eu também fugi!

Parei o cavalo avestruz e o virei para ele.

–Você fugiu? Você também não queria casar?

–Não, eu não queria.

Por quê? Algum problema comigo? – Senti a indignação que ele havia sentido.

–Não, nada contra você... Quero dizer, você é bonita e tudo mais, mas... É essa tradição... Minha família... Enfim, complexo de mais para explicar agora.

–Você não disse que era uma vida desejável?

–Bom, na teoria... Ei, você também estava fugindo!

Após um momento de silêncio estranho, em que apenas nos encaramos, ele continuou:

–Você... Pode vir comigo, se quiser.

–Não preciso da ajuda do principezinho. – Virei o cavalo avestruz e sai, ele, novamente, me seguiu, falando:

–Você sabe pra que lado fica a casa, ou o vilarejo mais próximo? - Ele falava e eu continuava andando- Você sabe acender uma fogueira? Você sabe oque esse animal come? Você sab...

–Tá, venha comigo se quiser. – Acelerei o animal e ele me seguiu também mais de pressa.


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