Era uma manhã clara, sem qualquer indício de chuva. Definitivamente seria um dia quente e ensolarado. Numa casa do lado oeste da cidade em que morava a família Alvares, uma garota é despertada pelo sol da manhã e começa a se levantar. Ela se alonga ainda sentada na cama antes de ir ao banheiro de seu quarto pra se lavar e se trocar. Pronta ela sai do quarto e entra no quarto ao lado sem bater. Parecia uma ação automática, como se fizesse isso todos os dias.

_ Bom dia maninho! - a garota diz ao menino ainda deitado. - O dia está lindo! - ela completa, abrindo a janela.
_ Argh! Sol fecha essa janela, eu quero dormir! - reclama o garoto.
_ Yu! Um sol maravilhoso desses e você quer dormir?
_ Você sabe que eu odeio esse excesso de luz. E mais, quantas vezes vou ter que te falar que a luz do sol estraga as fotos? Soraya fecha a janela agora! - exigiu o garoto impaciente.

Ao contrário do pedido do irmão, Soraya deixou a janela aberta e pulou sobre ele, prendendo-o e fazendo cócegas. Vencido e dominado ele pediu entre risos que ela o largasse e esperasse do lado de fora para descerem juntos. A garota saiu e ele se trocou. Os dois desceram para tomar o café da manhã antes de ir para o clube como todos os dias anteriores dessas férias. O lugar era um pouco afastado da cidade, o clube tinha duas tendas de madeira onde ficava um conjunto de mesas e cadeiras e funcionava um quiosque. Logo atrás havia uma piscina e um playground separados por uma grade que envolvia os dois espaços. Mais além ficava um pequeno bosque, com algumas árvores altas e frondosas. Os irmãos Alvares iam a esse clube todas as férias. Embora gêmeos seus gostos eram completamente diferentes. Yusuke, o menino, gostava de jogos eletrônicos, detestava acordar cedo e evitava ao máximo sair durante o dia. Soraya, a menina, adorava o sol e acordar cedo, mas tinha sérios problemas com o horário noturno. Era incrível que se dessem tão bem. Na escola andavam juntos a maioria do tempo. Tinham vários amigos em comum embora o círculo mais íntimo de um fosse o oposto do círculo do outro. No clube ela ficava na piscina tomando sol enquanto ele se sentava no quiosque para ler ou jogar algum jogo que levava sempre consigo. Ela tentava ao máximo fazer-lo entrar na água, mas ele se recusava firmemente. Hoje não foi diferente, eles chegaram e já se separaram. Ele se se sentou à mesa de sempre, próxima a piscina e ela se trocou e caiu na água.
No fim da tarde, quando o sol se preparava para se pôr, eles começaram a levantar acampamento. De repente, quando já tinham guardado tudo em suas mochilas, algo diferente aconteceu. Os garotos se encararam imediatamente.

_ Você ouviu não foi? - indagou Yusuke.
_ Depende do que você ouviu. - respondeu a outra.
_ Aquele estrondo, parecendo uma pancada forte no chão... - explicou o garoto.
_ E depois um som agudo parecido com um grito. - completou a menina.
_ Parece perigoso. - disse Sol. - Devíamos chamar algum adulto. Ou a polícia.
_ Claro! A polícia certamente vai acreditar na gente.
_ Mas mais alguém deve ter ouvido. Foi tão alto.
_ Você também viu. Aquele homem estava na mesa do nosso lado e não demonstrou o menor sinal de ter ouvido algo.
_ Mas... não sei... isso me deixa assustada... ainda acho que deveríamos chamar um adulto.
_ Larga de ser medrosa. Vai me dizer que não está curiosa?

"Essa é minha fraqueza. - pensou Soraya - A curiosidade. Yue sempre me convence a fazer besteiras apelando para minha curiosidade."

=LEMBRANÇA=

_ Vamos Sol! Vem comigo. Eu sei que você está doida para ver eles também. - disse um garotinho de uns sete anos para uma menininha da mesma idade.

E eu fui... Aquela cadela quase nos morde.

* Mudança de cenário para outra lembrança.*

_ Vem Sol! Sobe aqui também. Você vai adorar. A vista é linda. - grita o menino de cima da árvore do quintal.
_ Não eu vou acabar caindo.
_ Então tudo bem. Mas depois não vem me perguntar como era a vista.

Novamente vencida pela curiosidade. Subi e... o frágil galho não nos agüentou. Despencamos de uma vez. Quebrei o braço e ele o tornozelo.

= FIM DE LEMBRAÇA=

Os dois correram na direção do bosque, era de lá que o som vinha. Adentraram as árvores e continuaram avançando.

_ Hei! Desde quando tem neblina nessa época do ano?
_ É! Não dá pra ver nada. Melhor voltarmos.
_ Não! Já estamos Aqui. Vamos até o fim. Parece que é mais um pouco a frente. Pelos sons parece uma briga.
_ Mas quem conseguiria socar com tanta força assim?
_ Nenhum humano. Não que eu já tenha visto.

Mais alguns minutos à frente a neblina diminuiu a densidade e eles estancaram onde estavam. Bem na frente deles, a menos de 100 metros, duas grandes criaturas estranhíssimas lutavam entre si. Uma era branco gelo com listras azuis como um tigre, mas era um canino. O segundo era um dinossauro vermelho com listras verdes, lembrava um tiranossauro. Eles se estapeavam e rugiam. O lobo branco acertou uma mordida, mas foi imediatamente jogado contra uma árvore por um sacolejo do outro.

_ Não adianta Garurumon! Você não pode me vencer. Sou mais experiente e mais forte. - disse o dinossauro numa voz audível e perfeitamente inteligível.
_ Pode até ser, mas eu sou muito mais rápido. Você mal consegue me atacar.

Os garotos já assustados quase têm uma síncope. Os "monstros" falavam. De repente Yue deu um grito de entendimento, que perto daquela luta parecia mais um sussurro.

_ Eu conheço esses dois! - exclamou o garoto, deixando a irmã mais intrigada. - Eles são digimon!
_ Digi o quê?
_ Digimon. São criaturas de um dos meus jogos, mas o que fazem aqui? Eles deveriam ser apenas um jogo. Nunca imaginei ver um de verdade.

Nesse momento a conversa foi interrompida. A luta dos estranhos digimon mudou de rumo. Eles tomaram distância um do outro.

_ Baforada de Fogo!
_ Rajada Uivante!

Cada um lançou da boca uma rajada diferente. O lobo um hálito azul brilhante e o dinossauro uma labareda. Os dois ataques se chocaram e desviaram na direção dos dois garotos. Assustados eles não conseguiram sair do lugar. Parecia o fim dos dois.

* Brilho na frente dos garotos absorve os dois ataques e começa a pulsar. Um feixe de luz sai na direção de cada um dos meninos e envolve o braço direito deles se tornando um omegavice.*

\ OMEGAVICE Ativado... DNA digital cadastrado... Transferindo dados.../

* O brilho se divide em dois e cada um se torna um digimon.*

\Coronamon: um digimon novato originado do fogo e da luz. É um digimon puro e inocente com um forte senso de justiça. Seu ataque mais comum é o Corona Soco em que ele concentra o fogo em suas mãos e soca o oponente. Outros ataques dele são a Corona Chama e a Pequena Proeminência./

\Lunamon: digimon novato. É um digimon solitário e com grandes habilidades. Pode ouvir a longa distancia com suas orelhas. Seus ataques são Garra Lunar, Tiro de Água e Vórtex de Bolhas./

_ Ei vocês dois! – o digimon vermelho recém chegado chamou a atenção dos dois que brigavam. – Olhem para onde lançam esses ataques.

Os dois digimon pararam para ver quem os interrompia e avistaram os dois pequenos ali ao lado com dois humanos mais atrás.

_ Por que vocês estão brigando? – indagou a digimon branca e lilás. – Não podem ser amigos?
_ Amigo dele? Nunca! – respondeu o digimon lagarto vermelho.
_ Isso mesmo. Jamais seremos amigos. Somos inimigos desde que nascemos.

\Tiranomon: um digimon adulto. Esse dinossauro tem uma força física muito grande. Capaz de erguer um peso até duas vezes o seu próprio. Seu ataque Baforada de Fogo é muito destrutivo./

\Garurumon: digimon lobo adulto. É um digimon do gelo. Vive a beira de lagos onde descansa antes de caçar. É geralmente dócil. Seu ataque Rajada Uivante pode congelar até o aço.

_ Vocês não podem se odiar tanto assim. Tem que haver algo em que vocês concordam. Algo que faça vocês se entenderem.

Os dois digimon adultos se olharam. Uma névoa negra surgiu atrás deles e entrou em seus corpos. A fisionomia dos digimon mudou. Eles pareciam fora de controle.

_ Sim. Há uma coisa em que concordamos. – disse Garurumon
_ Vocês devem morrer! – completou Tiranomon.
_ Rajada Uivante!
_ Baforada de Fogo!

Os ataques foram certeiros na direção de Lunamon e Coronamon.

_ Corona Chama!
_ Tiro de Água!

O ataque de fogo de uma dupla acertou o ataque gelado da outra dupla, anulando os quatro ataques.

_ Corona Soco! – Coronamon aqueceu seus punhos e avançou contra Garurumon, socando-o e queimando-o a cada golpe.
_ Garra Lunar! – Lunamon atacou Tiranomon com suas garras cobertas por energia das trevas.

Os digimon adultos recuaram. Mas voltaram a atacar. Lunamon e Coronamon trocaram de posição para manter Soraya e Yusuke longe dos ataques. Garurumon e Tiranomon continuavam a atacar.

_ Assim não vamos conseguir. – disse Coronamon caído.
_ Temos que conseguir. Eles foram dominados pela nuvem negra. Se não forem derrotados atravessarão o digicampo e atacarão a cidade.
_ Tem razão. Mas como vamos impedi-los?
_ Se não temos forças para lutar um contra um. Vamos atacar juntos.

Os dois digimon novatos se voltaram contra Garurumon, concentrando os ataques nele.

_ Corona Chama!
_ Vórtex de Bolhas!

Os ataques foram certeiros. Garurumon caiu enfraquecido. O próximo foi Tiranomon.

_ Corona Soco!
_ Tiro de Água!

Com a combinação de ataque Tiranomon caiu derrotado. Com um ataque em conjunto os digimon novatos mandaram os outros dois de volta ao digimundo. A névoa se dissipou dando fim ao digicampo de distorção.


– - - - x - - - -

– Do outro lado da cidade. -
No começo da tarde no galpão onde Eiri, Augusto, May e Lipe se encontraram para conversar, outra luta se desenrolou. Outros dois garotos foram encurralados por agentes da CDD após terem feito contato com digimon. Agora os quatro Kanjis tentavam proteger os garotos e dois digimons.

_ Vocês não vão conseguir nos vencer. – dizia Eiri. – Somos seis e vocês só dois.
_ Mas somos muito mais experientes e bem treinados que vocês. Esses dois digimon invadiram o mundo humano e devem ser mandados de volta. – disse um garoto estranho com um uniforme da CDD.
_ Ninguém vai mandar o Penguinmon embora. Ele é o meu amigo. Ele vai ficar comigo – disse uma garota também estranha, mas que estava com Augusto e os outros.
_ Isso mesmo! Também não vou deixar que levem o Gotsumon. – disse um garoto parecido com Eiri, mas menor e com o cabelo um pouco mais claro.
_ Asckot, Akira, fiquem fora disso. Vamos cuidar dessa batalha.
_ Nem pensar. São os nossos amigos que eles querem. Nós vamos lutar. Mesmo que tenhamos que pôr nossas vidas nisso.
_ Isso mesmo. Estou disposta a dar minha vida pelo Penguinmon.

* Brilho no ar. Omegavice no braço de Asckot e Akira brilham.*

_ Digimudança! Acessório de Força Alfa! – diz Asckot.
_ Digimudança! Acessório de Alta Velocidade! – diz Akira.

Os dois digimon brilham.

_ Tapa Duplo! – Penguinmon ataca com uma velocidade muito maior deixando o digimon do agente da CDD sem reação.
_ SnowAgumon! – grita o garoto.
_ Furacão Espiral! – grita o digimon da garota que estava junto com o agente da CDD.

O ataque não surte efeito sobre as rochas reforçadas de Gotsumon.

_ Marcus, Misato. Vocês têm que entender. Nós é que estamos lutando pela causa certa. Se a CDD continuar lançando sondas para o digimundo a barreira que mantém os dois mundos separados vai se romper. – explicava Lipe.
_ Nunca. Somos agentes, sabemos o que os digimon querem. Fomos selecionados especialmente para essa missão, por que somente nós poderíamos fazê-lo.
_ Isso mesmo essa é a nossa missão. O nosso destino. Mesmo eu detestando usar a força, usarei se precisar dela para enviar todos os digimon de volta.
_ Droga! Eles não entendem. Só estão fazendo o serviço sujo para a CDD. Mandando de volta os digimon que escaparam do laboratório. – disse Eiri.
_ Vamos acabar logo com isso. SnowAgumon! Ataque!
_ Estaca de Gelo!

O digimon dispara uma estaca de gelo contra os dois digimon a sua frente, mas a pele rochosa de Gotsumon resiste ao ataque e protege Penguinmon.

_ Punho de Pedra! – disse o digimon de rocha disparando os punhos contra SnowAgumon.

O lagarto de gelo oi jogado aos pés do seu parceiro humano já sem forças.

_ Tapa Duplo!

Penguinmon esbofeteou Byomon e depois a lançou no ar com um balão. A pequena digimon ave caiu sem consciência aos pés de Misato.

_ Dessa vez vocês venceram. Mas ainda mandaremos todos esses digimon para seu devido lugar. – ameaçou Marcus.
_ Digiporte para central. – disse Misato e os quatro foram levados embora.
_ Conseguimos! – comemoraram Akira e Asckot.

Todos pareciam felizes com a vitória. E se preparavam para ir pra casa quando os seis omegavices se ativaram ao mesmo tempo.

\OMEGAVICE Ativado... outra assinatura digital detectada... novos Kanjis encontrados.../

Um mapa surgiu em cada omegavice e um ponto vermelho cintilava no ponto do mapa onde ficava o clube da cidade. Os seis garotos se entreolharam confusos...