Never Shout Love escrita por MF


Capítulo 2
Capítulo 2




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Subi meu olhar encarando os homens em volta de mim. Todos tentavam conter sua expressão de choque, menos o Christofer. Ele soltou uma gargalhada, e todos o encararam sem crer. Era a primeira vez que eu via um riso tão espontâneo e natural quanto o dele. Observei-o até que ele cessasse a sessão de risadas e respirasse fundo para conseguir falar.

–Posso te garantir que não virará um prostíbulo, talvez, no máximo, um boteco. –ele grunhiu voltando a rir.

Abri um sorriso tímido pela facilidade dele de rir de sua piada. Taylor, Hayden e meu pai acompanharam a risada de Christofer, só que mais moderadamente.

–Apenas um boteco? Ah, então sem problemas. –dei de ombros, enquanto brincava, sem sorrir.

Outra onda de gargalhadas interrompeu o silêncio da sala. Observei meu pai pelo canto do olho, que ria quase sem som, levemente irritado pela conversa informal. A única coisa que fazia meu pai sorrir de verdade era dinheiro. Não que isso fosse mal, era apenas ambicioso. Às vezes, ambicioso demais.

–Enfim, fechado? –perguntou meu pai, empurrando o contrato pela mesa em direção aos garotos.

–Fechado. –confirmaram os três depois de se entreolharem.

E então começou a assinatura das milhões de folhas do contrato. Levantei-me e rondei um pouco por aquela sala pequena. Estar em Los Angeles era uma raridade para mim, já que a única coisa que meu pai fazia aqui era fechar contratos. Eu só vinha quando precisava de ajuda para convencer uma banda mais jovem e tinha que me passar como fã. O que meu pai pensou que fosse o caso com essa banda. De repente, fiquei curiosa e virei-me para a mesa.

–Qual é o nome da banda? –perguntei para o meu pai em português, para não constrange-los muito.

Os três me olharam tentando decifrar as palavras que eu havia dito, sem sucesso, é claro. Evitei olhá-los e fitei meu pai, que se virou silenciosamente.

–Never Shout Never. –respondeu meu pai apenas com os lábios, sem omitir som.

Sem querer transparecer reação, virei-me e andei em direção à pequena janela. Observei a rua movimentada de L.A. respirando fundo. Never Shout Never.

O nome era legal, os caras eram legais... Por que não? Peguei meu Iphone do bolso e procurei o nome da banda no youtube. Conectei meus fones e cliquei no primeiro vídeo que eu vi, “What is Love?”. Assim que começou o clipe, meu coração acelerou. Olhei para o Christofer do outro lado da sala, comparando-o com o garoto do clipe. Ele estava obviamente mais novo no vídeo e seu cabelo bem diferente. Fui escutando a letra da música e a cada segundo que passava, eu me sentia mais envolvida no que ela dizia. Além daquela dura primeira imagem, tão impactante que ele passava, quem era ele?

Esperei a música acabar e cliquei em outra, temendo que a banda fosse daquelas de uma música só. Magic. Assisti o clipe e gostei da música. Não era tão simbólica quanto What is Love?, mas abria um enorme sorriso em meu rosto. Aquela música realmente me fazia sorrir. Olhei para eles disfarçadamente e observei todos debruçados, falando qualquer coisa em inglês.

Próxima música, cliquei em The Past. Os acordes tristes silenciaram a sala e comecei a absorver aquelas palavras. Aquela era sua história? Não podia ser. Ele devia ser só mais um daqueles produtos de marketing, assim como foi o... Bem, é melhor não lembrar dele. Voltei a prestar atenção na letra. Aquela música transparecia dor e sinceridade. Se aquilo fosse uma mentira, era uma daquelas que você demora a perceber. Observei Christofer novamente e pude vê-lo lendo atentamente o contrato. Seu rosto estava tão sereno que mal combinava com aquela dor que aparecia na música. Senti meus pelos do braço se arrepiarem assim que a guitarra entrou na música. Aquilo era realmente triste. Era quase um pedido de socorro, me senti quase tão sufocada quanto ele naquele momento. “All I ever wanted was love”.

–Filha,- chamou meu pai- já fechamos o contrato. Eles vão lá para casa na semana que vem.

–Ah, sim... Ok –falei meio aérea pela música que tinha acabado de escutar.

–Semana que vem, Annie. Tudo bem mesmo? –perguntou meu pai meio esperançoso.

–Sim, pai, sim. –respondi dando de ombros, ansiosa para dar replay em “The Past”.

–Estamos muito felizes também. –falou Christofer sorrindo.

–Sim, estamos. Nos vemos na semana que vem? –perguntou Taylor pela primeira vez naquele dia.

–Claro! Até lá. –sorriu meu pai, apertando a mão de cada um dos três.

Observei-os sair um por um, abraçando cada um ao sair. Quando chegou a vez de abraçar Christofer, meu coração parou. Eu deveria abraça-lo? Ele era ridiculamente importante para mim agora, o que me fazia parecer uma idiota. De fato, eu era uma idiota. Afinal, se já abraçara Hayden e Taylor, obviamente teria que abraçar Christofer. E qual seria a diferença? Eram todos incrivelmente lindos. O problema é que o Christofer me fazia sentir exatamente como eu me sentia com o... É, esse era o problema. Borboletas no estômago, coração correndo uma maratona no peito e vontade de checar o cabelo a cada três segundos. E tudo isso intensificado após ouvir suas canções.

Olhei-o novamente, esperando alguma expressão significativa em seu rosto. Ele só me olhava atenciosamente, como se eu fosse um bebê. E provavelmente eu era! Quero dizer, como uma irmã mais nova ou apenas alguém que ele via como criança. Soltei o ar, meio relaxada, apesar de sentir uma pequena dor no peito por essa suposição. Seria melhor daquela maneira. Sorri para ele e passei meus dois braços ao redor de seu pescoço. Ele passou as suas ao redor da minha cintura e, ao ficar na ponta dos pés, consegui abraçá-lo. Não que tivesse sido muito fácil, ele era realmente alto. Senti minha blusa subir um pouco, e os braços dele darem uma leve escorregada. Estremeci pelo contato entre nossas peles. Senti o polegar dele afagar levemente minhas costas nuas e, assustada, o soltei. Dei um último sorriso tímido, contendo minhas bochechas rosadas. Ele sorriu de volta e saiu logo em seguida.


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