Never Shout Love escrita por MF


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326893/chapter/1

E então o vi. De costas, parecia simplesmente um garoto normal, com costas e braços magros, assim como o bando de famosos perdedores que havia conhecido por causa do emprego de meu pai, mais um. Mas quando ele se virou, meu estômago revirou e minhas mãos começaram a suar. Como estava sem camiseta, as tatuagens por todo o seu peito e braços transpareceram. Seu cabelo leve e propositalmente bagunçado era de uma cor avelã, combinando com seus olhos, emoldurados por grandes cílios pretos. Um alargador preto de, aproximadamente 18mm habitava seu lóbulo direito. Seu rosto era praticamente indescritível, nariz levemente arrebitado, olhos arredondados e uma boca levemente rosada. Seu lábio inferior continha um piercing argola. Suas bochechas tinham duas listras verticais pintadas de tinta guache preta, assim como bigodes de gato. Tomei cuidado ao observar seu corpo magro e tatuado. Ele vestia um jeans furado nos dois joelhos e tinhas os pés descalços. Em uma de suas mãos, ele brincava com um cigarro entre os dedos. Pisquei com força, me convencendo de que aquilo era um sonho. Quem era aquele garoto? E por que ele estava interessado em fazer um show junto com a companhia dos meus pais? Quero dizer, eles não são péssimos patrocinadores, entretanto, era uma daquelas companhias que patrocinam os Jonas Brothers, e não um cara todo tatuado e vestido como um mendigo.

Fugi de meus pensamentos, voltando a olhar para o meu pai. Ele estavalevemente chocado, o que imaginei ser por causa do corpo do caras. Meu pai não era grande fã de tatuagens. De repente, dois outros homens andaram em nossa direção. Um deles, também incrivelmente bonito, tinha cabelos longos e negros, combinando com sua barba e contrastando com seus olhos azuis. Ele também não usava camiseta, oferecendo uma leve comparação com o corpo do garoto mais tatuado. Ele era, inclusive, meio gordinho, mas assumi que isso elevava seu charme. Ele combinava com tudo aquilo perfeitamente, e só tinha uma tatuagem, nas costas, além de ter o peito peludo. Usava uma bermuda de poliéster com elástico e chinelos.

O outro homem, que parecia o mais velho dos três, era ruivo. Era tão lindo quanto os outros dois, mas também, o que menos fazia meu tipo. O que mais me chamava atenção em seu rosto era o seu bigode, também ruivo, e seus olhos, de um verde azulado inimaginável. Ele tinha alargador nas duas orelhas de aproximadamente, mesmo tamanho do que o do mais tatuado. Vestia uma camiseta do Slipknot e usava jeans. Ele era tatuado nos braços e parecia divertido.

–Ei, você é o John? –perguntou o ruivo ao meu pai, em inglês.

–Sim, sou eu. E esta é a minha filha, Annie. –respondeu meu pai, exibindo seu sorriso e inglês perfeitos.

–Muito Prazer. Eu sou Christofer, esse é Taylor e aquele é o Hayden. –falou o mais tatuado, apontando para o ruivo e para o moreno, respectivamente.

Christofer. Então esse era o seu nome. Olhei para Taylor e Hayden por um segundo, mas, quando voltei meus olhos a Christofer, ele me olhava também. Percebi que ele chegava a ser uns 20cm mais alto do que eu. Meu coração começou a bombar enquanto ele abria um breve sorriso para mim. Sorri de volta sem dentes, esquecendo o porque de nós dois estarmos lá, que era, na verdade, o emprego de meu pai e o chachê deles. Respirei fundo e voltei minha atenção ao meu pai, que nos convidada para sentar.

–Então, os shows do Brasil serão em maio, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba, certo? Vocês exigem camarim ou alguma coisa parecida? –perguntou meu pai, pegando seu bloquinho de anotações.

–Não, só queremos que se divirtam. –respondeu Christofer, sorrindo abertamente em meio a uma tragada.

–Acho que seria bom termos ao menos um hotel, certo Christof? –perguntou Hayden revirando os olhos para Chris.

–Bem, este é o problema. Em junho, a maioria dos hotéis de São Paulo estará lotado, porque a vinda de vocês coincide com a Copa do Mundo, o que é um problema. O que eu sugiro é que fiquem na nossa casa de São Paulo, porque temos o segundo andar, que é enorme e está disponível. –meu pai explicou sorrindo simpaticamente.

Deixei meu queixo cair enquanto escutava aquelas palavras saindo da boca de meu pai. Três músicos lindos na minha casa durante a semana de shows? E um deles, o Christofer, uma das pessoas mais atraentes que eu já vira. É claro que nossa casa viraria um prostíbulo. A banda se entreolhou e depois de alguns minutos, os três sorriram para nós. Aquilo era um sim.

Abri um sorriso amarelo, meio envergonhada pela situação. Quero dizer, só eu e meu pai morávamos em casa e meu pai sempre estava fora. O que ele estava pensando? Eu tenho ou não tenho 18 anos? É claro que meu pai nunca deu muita atenção para mim desde que me entendo por gente, mas e se esses caras fossem assassinos brutais? Observei-o sorrir de volta enquanto sacava um contrato de sua pasta pesada. É claro que seria bem mais barato para a companhia esses garotos ficarem na nossa casa, mas era algo quase antiético.

–Desculpe, tem algum problema com você? –perguntou o moreno, Hayden, quebrando o silêncio.

Levantei minha cabeça, procurando para quem ele havia perguntado, e percebi seus olhos fixados em mim. Olhei para Christofer e Taylor, que me encaravam. Depois, procurei o olhar do meu pai, que me fitava também. Remexi-me na cadeira, procurando uma resposta simples e verdadeira o bastante.

–Não, acho que não. É que, nunca, nenhuma banda tinha ficado na nossa casa. –respondi medindo minhas palavras, temendo errar no inglês.

–Se for incômodo, podemos achar outra casa. –falou meu pai, olhando para mim e fazendo a banda concordar com a cabeça.

–Não, está tudo bem. –dei de ombros olhando para baixo- Só espero o mínimo de educação. Eu realmente não quero que nossa casa vire um prostíbulo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Shout Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.