Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 32
Segundo livro. Capítulo III - Friendzone


Notas iniciais do capítulo

Gente, plmdds, eu peço imensas desculpas pela demora!! ♥ sério mesmo, foi sem querer, eu apenas não estava achando tempo. Espero que gosteeeem ♥ hahah e se acalmem, ok?
e, hmm, todo mundo sabe o que é Friendzone, não é? HUASHAUSHAUH quem não soube aí vai uma explicação rápida: É onde a Bella coloca o Jacob na Saga e onde Daenerys coloca o Jorah em GOT. Pode ser temporária (no caso de ES) ou definitiva HAUSHSUSHUH ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326767/chapter/32

POV Bella.

Andei desanimadamente pelo corredor principal de Cambridge, minha atenção brevemente voltada às pessoas que quase esbarravam em mim. Fora isso, uma bomba explodiria e eu não notaria o seu estrondo. Minha mente e meus fones estavam mais barulhentos que a bomba, não me sendo assim nenhum problema. Distraída como eu estava provavelmente sequer me preocuparia em tentar correr.

Passar o dia todo estudando não fazia parte de minha rotina e eu ainda estava me acostumando com o ritmo frenético que Cambridge caminhava. Era bem mais difícil do que eu havia imaginado. Era uma universidade perfeita para esquecer os problemas e se focar nos estudos. No final, você iria ver que o cansaço estava te suprimindo tal que seus olhos não permaneceriam abertos por nem mais dois segundos.

Eu era a prova viva — ou quase, dependendo do ponto de vista.

Parei. Alguém que andava atrás de mim quase esbarrou e soltou um palavrão baixo que eu fiz questão de ignorar. Qual era o número do meu armário mesmo? 166? 167? Droga! Se eu me lembrasse do número, provavelmente não lembraria a maldita senha. Em Cambridge armários e suas respectivas senhas eram o de menos, correr para as aulas por estar atrasada era o que ocupava o maior espaço entre meus pensamentos.

Havia somente mais um problema. Eu precisava do livro que estava no armário para ir à próxima aula. Sem o livro, eu sequer ousaria entrar na sala do Sr. Lowhing, ele nunca me permitiria e se permitisse, seria somente pelo prazer de me ver fazer a prova sem opção nenhuma de consulta. Ele daria a minha prova com um zero estampado com um sorriso em seu rosto.

— Esse não é o seu armário. — Os fones foram puxados de meus ouvidos e eu voltei meu rosto para cima pronta para gritar algum palavrão que estavam começando a serem bem presentes em meu vocabulário ultimamente.

Mas era William e ele sorriu com os lábios fechados. Apesar do meu mau-humor, ele era outro caso. Era praticamente impossível ficar com raiva dele.

— Está tudo bem?

— Acordei do lado errado da cama hoje. — Resmunguei, abaixando meus olhos e suspirando com pesar. Enrolei meu fone ao redor do ipod lentamente e terminei o guardando no bolso da minha calça jeans. — Você se lembra de qual é o meu armário? Posso tentar arrombar…

— É o 158, Bella. — Sua voz continha um sorriso ao mesmo tempo em que a sua preocupação também estava implícita. Ignorei-a. — A senha é o aniversário da sua avó por parte de pai se também se esqueceu.

Fechei o armário com um pouco mais de força assim que arranquei de lá o livro que eu precisaria. Era um modo de culpá-lo. Mesmo sendo estupidamente incoerente pensar que eu estaria causando alguma dor a um objeto inanimado. A que ponto eu havia chegado? Era patético todo esse mau-humor por nada em especial — o nada se chamava Edward Cullen. Eu tinha de parar com isso, tinha de me conformar com uma coisa que já estava velha.

Há anos eu deveria ter me acostumado com essa merda de ausência. Eu não o fiz porque ainda tinha esperanças que ele telefonasse em uma noite, dizendo sentir minha falta, dizendo sentir muito por ter se esquecido de telefonar por todas essas semanas. Ele deveria me ligar e dizer seu novo número. Deveria cumprir suas promessas.

Abri o armário de novo, tirando de lá uma cartela de remédios para dor de cabeça. Se eu queria tentar ficar com bom-humor, teria de estar isenta de qualquer dor. Por mais chata que fosse. Se eu já era rabugenta saudável, imagina com uma dor insistente na cabeça? Sem chance.

— Faltam quinze minutos para tocar a primeira aula. — William refletiu enquanto andava ao meu lado. — Eu vi uma pesquisa que informava que pessoas que tomam chocolate de manhã cedo ficam mais espertas e com um melhor humor. Que tal?

Fui forçada a fungar um riso. Com ele era impossível manter o mau-humor por muito tempo.

— Qual é a fonte?

— Fonte? — Perguntou ele, confuso.

— A fonte da tal pesquisa, William. — Quando eu virei meu rosto em sua direção, ele levantou os ombros em sinal de displicência e ignorância. — Não tem nenhuma fonte, não é? Você inventou! — Acusei.

— Não… — Ele cerrou os olhos. — São coisas óbvias.

— Talvez.

Andamos apressados até a cantina e como William era amigo de todo mundo, principalmente das garotas que ficavam na parte do café, conseguimos passar na frente das outras pessoas e pegar os chocolates quentes. Ignoramos os resmungos insatisfeitos das outras pessoas, dando-lhes as costas e nos dirigindo à mesa mais próxima. O cinismo era algo que estava sendo aperfeiçoado com ele e todas as filas que eu já furei aqui em Cambridge. Todas elas quando William estava comigo na hora da entrada e do almoço.

No primeiro dia, lembro-me de ter ficado com as bochechas vermelhas, quentes por estar sendo tão desonesta. Com o passar dos dias, eu notei que isso não importava e que furar fila era a coisa mais normal do mundo, passando a fazer toda vez que tinha a necessidade. Ou seja, sempre, sem sobrar uma vez sequer.

William não era bem o que eu chamava de boa influência. Mas, afinal, quem se importava para isso? Pessoas sensatas, talvez.

Eu deixara de ser sensata há muito tempo.

Demoramos demais tomando o chocolate quente e tivemos de disparar em uma corrida para o quinto prédio que era dedicado às salas de Direito. Correr com casaco com certeza não era uma de minhas atividades preferidas, tropeçar na barra da calça de William também não. Mas foi exatamente isso que eu fiz, com a péssima coordenação motora que eu adquirira por estar com uma bolsa pesada e um livro enorme em meus braços. Sem contar com o copo que eu me recusara a deixar para trás.

Eu até tentei manter o pouco da minha dignidade e tropeçar. Apenas tentei mesmo. Falhei lindamente, caindo sentada no chão, sentindo as minhas nádegas protestarem pelo impacto.

— Salvei o chocolate! — Exclamei, estendendo o copo ainda inteiro e sem nenhum sinal de que estava transbordando.

William que até aquele momento estava sério, soltou uma gargalhada que também me fez rir. Ele ainda estava rindo quando estendeu a mão para pegar o livro que havia caído para o lado. Levantei-me e limpei a terra de meus jeans escuros. Meu cabelo criara vida própria durante a queda, então com a única mão livre, ajeitei-o e coloquei a franja crescida atrás da orelha.

— Você deveria ser mais cuidadosa. — Ele murmurou.

— Eu só caí por sua culpa! A barra de sua calça estava na minha frente e você estava correndo devagar demais.

— Ah sim, claro. — William bufou, revirando os olhos. — Seus argumentos para disfarçar o seu desastre natural são incríveis.

— Eu sei, obrigada. — Disse convencida.

Sabendo que eu não beberia mais do chocolate quente, joguei o copo no lixeiro mais próximo e peguei meu livro das mãos dele. Graças a algum milagre dos céus, o Sr. Lowhing ainda não havia chegado à sala e foi com alívio que eu me deixei desabar na cadeira ao lado de William, jogando a minha bolsa ao lado da banca.

Ele até se virou para falar alguma coisa comigo, mas o pior professor de toda a Cambridge entrara na sala com seu maldito pigarro que sempre me enervava. Ele então se virou para frente de novo antes que o Sr. Lowhing decidisse dar um dos seus surtos de mau-humor e reclamar até o fim da aula sobre o quanto os estudantes de hoje estavam desatenciosos.

Só para demonstrar o quanto era chato, o professor cancelara a prova com consulta. Seria ótimo e até atípico dele se ele tivesse apenas remarcado para outro dia. Ele decidiu fazer uma coisa pior: tirar a consulta. Recebeu até resmungos de pessoas que não estudaram previamente e se apoiaram na ideia que poderiam consultar o livro. Coitados, eu só tinha a lamentar.

Felizmente, eu havia estudado na noite passada e alguns dias antes com William que sabia mais coisas daquela matéria do que eu. A prova estaria difícil mesmo que tivéssemos olhado no livro e não me foi surpresa nenhuma quando a ideia de que eu ficaria com um zero redondo apareceu em minha mente. Eu até estava me sentindo conformada quando o entreguei e recebi um sorriso amarelo e apático em resposta.

Eu desconfiava que ele não ia muito com a minha cara. E não me surpreenderia nada se minhas desconfianças fossem verdadeiras.

— É dez, Bella.

Eu sorri.

— Dez zeros. — Resmunguei.

William sorriu e empurrou seu ombro com o meu, fazendo-me cambalear para o lado. Alguns dias atrás eu teria o empurrado também. O problema era que ele não cambaleava — que era a graça de tudo —, ele sequer pestanejava. Era frustrante.

— Não estava tão difícil assim.

— Não, imagina. — Disse sarcasticamente.

— Seu gabarito estava igual ao meu.

— Espero que você tenha tirado um dez.

A outra aula se passou rapidamente e nas várias vezes que eu me pegava pensando em Edward, me punia mentalmente e me forçava a prestar atenção no que a professora falava. Eu estava cansada de pensar sobre ele, não me parecia saudável. Eu tinha de parar com aquele péssimo costume. Pensar nele já estava começando a me atrapalhar.

O problema maior de tudo era o quanto eu era dependente, o quanto eu era idiota em pensar que o que eu tinha com Edward pudesse sobreviver por muito mais tempo. Ele era um homem, adulto, já tinha 24 anos e tinha a Tanya em seu apartamento, carregando um filho dele em seu ventre. Eu era… nada. Uma paixão que ele teve quando sua noiva estava rabugenta demais, alguém para beijar…

Céus, eu odiava pensar sobre aquele ponto de vista.

Talvez eu estivesse sendo precipitada demais, mas o que eu deveria pensar? A última vez que eu havia tentado falar com ele havia sido um desastre. Além da humilhação que eu senti. O que havia acontecido era que eu havia ligado para Renée e Carlisle estava, como sempre, junto dela. Eles estavam jantando na casa de Edward. Eu, como a idiota que era, pedi para que Carlisle passasse o telefone para ele.

Diga a ela que eu estou ocupado. Diga que depois eu ligo. Ele nunca ligou.

— Bella! — Tyler me chamou, tirando-me dos devaneios e fazendo-me erguer os olhos para ele sem muita empolgação. — Eu estava falando com você.

— Ah, me desculpe de verdade. Estava distraída.

— Como sempre. — Angela comentou abrindo um sorriso malicioso. — Quem será que anda tomando os pensamentos de Isabella Swan? Hein?

— Ninguém. — Apressei-me a falar.

William me olhou curiosamente, erguendo as sobrancelhas.

— De qualquer jeito, não importa quem anda tomando seus pensamentos. Espero que seja eu. — Tyler acrescentou. — Quero saber se pode ir comigo para a festa de Lauren que vai ter na semana que vem.

Senti minhas bochechas corarem quando os três rostos curiosos se voltaram para o meu, esperando a minha resposta.

Eu não estava planejando ir para a tal festa, tudo que eu queria era ficar em casa e dormir pelo resto do dia. Estava desanimada demais para pensar em dançar, beber e me divertir como aconteceria se eu fosse. Eu nunca gostei mesmo de ir para festas, achava uma enorme perda de tempo, mesmo nos tempos do colegial onde tinha bailes duas ou três vezes ao ano.

— Na verdade, Tyler — Comecei, hesitantemente. —, já combinei de ir com o William. Desculpe-me. — Menti.

A diferença entre Tyler e William era que eu tinha a certeza que ele não me beijaria quando eu estivesse desatenta. Não que eu estivesse com o ego inflado, apenas não era segredo nenhum que Tyler tinha uma queda por mim que estava longe de ser correspondida. Ele já havia tentado várias coisas, inúmeras vezes. Minha paciência estava começando a se esvair toda vez que via seu rosto e seu sorriso gentil demais.

William reprimiu um sorriso e bateu no ombro de Tyler como uma forma de consolá-lo.

— Desculpa, cara. Ela já é minha.

— Menos, William. — Revirei meus olhos.

— Tudo bem. Quem sabe da próxima vez? — Aquele garoto era esperançoso até demais. Será que eu não havia sido clara o suficiente? Talvez ele só entendesse se alguém gritasse em sua cara que não queria ter nada com ele.

— Quem sabe? — William devolveu a pergunta quando tudo que eu queria era dizer que não haveria “próxima vez” e se houvesse a resposta continuaria sendo a mesma.

Mexi em meu hambúrguer sem muita animação, decidindo se eu comeria ou não. Ultimamente a última coisa que eu estava tendo era fome, comia só quando notava que minhas dores de cabeças eram decorrentes disso. Tudo que eu estava fazendo era estudar, dormir, sair com William que não se aquietava em casa e assistir televisão. Eu estava começando a ficar sedentária. Mas não era como se eu pudesse simplesmente pular em uma piscina a qualquer momento. Quando eu terminasse, com certeza congelaria como o Jack de Titanic.

— Bella, eu estava pensando se não poderíamos assistir a um filme hoje… — Angela disse quando o assunto acabou.

No momento, não havia ideia melhor que aquela. Sair com Angela e…

— Estou dentro! — Tyler exclamou de imediato.

— Já tinha combinado uma coisa com a Bella. — William mentiu. Eu nunca conseguiria explicitar o quanto eu estava grata por ele estar tentando me tirar daquela roubada que Tyler sempre fazia questão de me colocar.

Ele era tão insistente que merecia um murro.

— O que é que está acontecendo entre vocês dois, hein? — Tyler perguntou, franzindo o cenho.

— Ahn?

— Está na cara que há algo. — Insistiu.

— Claro que há. — Minha voz finalmente demonstrou a falta de paciência que me atingia. — Amizade.

— Ih, friendzone. — A voz dele foi provocativa para William.

— Ao contrário de algumas pessoas, eu não me incomodo de ficar na friendzone e fico importunando a garota como certas pessoas fazem. — Não entendi o porquê de sua voz estar mil vezes mais raivosa, cheia de uma letalidade que até agora eu não havia percebido.

Ergui as sobrancelhas para Angela que, como eu, não estava entendendo mais nada.

— Vocês vão continuar com isso por muito mais tempo? — Indaguei quando vi o punho de Tyler se fechar. — Eu, somente eu, vou sair com Angela hoje.

— Você não tinha que sair com seu querido William hoje?

— Tyler! — Exclamei, sentindo meu rosto esquentar. Não de vergonha, e sim da mais pura raiva que uma pessoa poderia sentir.

— Bella e eu podemos sair em qualquer outro dia. Não vou me importar.

— William, colabore. — Lancei-lhe um olhar repreensor. Ele apenas sorriu de lado como resposta. — Como eu estava falando, eu vou sair com Angela hoje e amanhã, talvez, pudéssemos sair juntos para o cinema.

— Só eu e você? — Tyler perguntou, sugestivamente.

Pelos cantos dos olhos, vi William encostar-se à cadeira e bufar, sem paciência.

— Eu, você, William e Angela. — Informei pausadamente para caso ele ter algum problema com o meu sotaque americano.

Depois que o horário de lanche acabou, acompanhei Angela até o prédio dois que era destinado à área de saúde. Ela e Tyler faziam Medicina, mas felizmente o inconveniente tinha dito que precisava ir à cantina antes de partir para a aula. Aproveitei a brecha para deixá-lo para trás, minha cota de paciência quando se tratava dele já havia acabado há muito tempo. Talvez nunca tivesse existido.

— Às cinco? — Perguntei à Angela.

— Sim. — Ela sorriu.

***

Depois que William me deixou em casa com um suspiro teatralmente triste por eu ter recusado seu convite de tomar chocolate quente com ele às dez horas da noite, entrei em minha casa com um suspiro cansado. O dia não fora nada menos que estafante e tudo que eu queria era me jogar na cama e só acordar amanhã, no sábado. Com o tamanho do meu cansaço, não duvidava nada que realmente fosse capaz de fazê-lo.

Não me seria difícil dormir as dozes horas que eu vinha deixando de dormir… ah, seria uma ótima sensação. Eu até poderia imaginar a felicidade que eu teria quando me acordasse, bem tarde da manhã e sentisse que não havia mais nenhum pingo de sono dentro de mim. Parecia uma realidade tão distante, tão impossível de alcançar. Cambridge estava tomando tudo.

Levantei-me da letargia que me encontrava encolhida em cima de minha cama quando meus olhos pousaram brevemente no relógio que ficava em cima do criado-mudo. Quatro e meia. Angela iria me matar! Ela odiava atrasos e com certeza ela faria questão de apitar a buzina de seu conversível azul marinho o máximo que conseguisse.

Corri para me arrumar, tomando um banho quente rapidamente e colocando um casaco bege por cima da minha blusa justa que também tinha manga. O frio em Cambridge não dava uma trégua sequer e se eventualmente dava, eu nunca percebia. Para mim sempre fazia frio demais para que eu pudesse suportar somente com um suéter como outras pessoas acostumadas faziam.

— Ah Bella — Angela suspirou quando eu já estava no banco de carona do seu carro. — Você vai me dizer que não o acha bonito?

Eu estava distraída demais para notar a quem ela estava se referindo.

— Quem?

— William, ora! — Ela me lançou um rápido sorriso cúmplice.

Senti minhas bochechas corando enquanto eu abaixava meu rosto para as minhas mãos.

— William? — Estava tentando enrolar, arranjar outro assunto.

— Sim, ele é atraente, não é? — Sorriu mais uma vez. — Você não acha?

— Acho.

— Sente-se desse jeito por ele? — Insistiu, erguendo uma sobrancelha ao meu olhar de relance, observando as minhas reações constrangidas. — Sente-se atraída por ele, Bella? Porque, olha, está bem óbvio que ele se sente desse jeito por você.

— Sim, mas é complicado…

— Não vejo nenhuma complicação nisso. — Murmurou impertinente. — Ele quer, você quer, fim de história.

Eu sorri amargamente, balançando meu rosto.

Angela só falava aquilo porque não sabia sobre Edward e toda a influência, mesmo de longe, que ele exercia sobre mim. Eu me sentia patética. Enquanto eu estava parada, o esperando, ele estava correndo junto de Tanya — e não, aquela não era uma consideração feita por tentativa. Era de verdade. Eu sabia somente pelo modo que Alice os descrevia e às vezes falava mais do que deveria…

Eu sempre murmurava que estava tudo bem, já imaginava e tudo isso. Não que funcionasse com ela. A baixinha sempre sabia como eu me sentia. Eu, no entanto, nunca dava o braço a torcer e murmurava que ela estava sendo muito exagerada. Estou bem, eu insistia sempre que ela desconfiava da minha tristeza. Aquela era uma das maiores mentiras que um dia eu já ousei contar para ela.

— Ah não. Você deixou alguma paixonite nos Estados Unidos, não foi?

— Era mais que uma paixonite. — Murmurei na defensiva.

Ela sorriu.

— Claro que era, Bella. — Seu tom era compreensivo. — Se tivesse sido apenas uma paixonite, provavelmente não resistiria ao William.

— Você é o superestima. Talvez devesse se aproximar dele e… quem sabe vocês não namorassem? Seria super… — Parei de falar quando pousei meus olhos nela, observando o seu rosto se balançando brevemente de um lado para o outro.

— Já estou em outra, minha querida.

— Ah é? — Ergui as sobrancelhas com uma incredulidade surpresa ao virar-me e lhe olhar com interesse. — Estou desinformada…

— Eric, ele é da minha sala de anatomia.

— Hmm… conte-me sobre ele. Quero saber tudo. — Exigi.

Angela era uma cópia quase perfeita de Alice. Era comunicativa, suspirava de paixão todas as vezes quando falavam sobre os rapazes que elas estavam interessadas e, o pior de tudo, me forçavam a fazer algo em meu cabelo quando paravam em um salão. A diferença foi que, como eu estava desapegada a tudo, não ofereci resistência nenhuma quando Angela me empurrou em direção a uma cadeira.

Eu disse a cabeleireira para fazer o que bem entendesse, pouco me importava se ficasse careca. Edward… parei-me. Eu tinha de interromper isso, meus planos não podiam sempre abrangê-lo. A partir daquele momento até quando eu bem entendesse, faria o máximo para pensar o menos que eu podia nele. Não importava o jeito que ele iria me ver, não me importaria o que ele pensasse de mim.

Ele não me importava. Não mais.

Realmente me foi uma surpresa quando eu vi meus cabelos escuros quando o molhou. Eu estava morena! Todo o meu horror e surpresa inicial passou quando ela sacudiu meu cabelo já escovado para frente e me mostrou com orgulho o resultado. O meu riso estava mais para chocado do que para cômico.

— Se bem que com esse rosto qualquer cabelo fica bem. — Kate passou gentilmente um dedo por baixo do meu queixo e saiu.

— O namorado dela também é um amor de pessoa. — Angela murmurou. — Você deveria vir aqui, quem não sabe ele não te convença a fazer umas mechas?

Eu sorri, negando veemente com o rosto.

— Não! Chega de mudanças radicais por hoje. — Declarei. — Ainda vamos para o cinema?

— Claro! Acha mesmo que eu perderia O bebê de Bridget Jones? Já está saindo de cartaz!

Eu não gostava muito de comédias românticas, mas com toda a minha coragem, amizade e tolerância, a acompanhei. Fora a parte que eu devo ter ganhado uns dois quilos a mais só por causa do milk-shake e pipoca que eu comi, foi tudo ótimo. Eu estava mesmo precisando me distrair com uma companhia feminina. William era uma ótima distração, mas… mas não era a mesma coisa que uma amiga. Quero dizer, ele não fofocava ou percebia os mínimos detalhes que percebíamos.

Principalmente os caras gatos que passavam pela praça de alimentação.

— Você me falou que deixou alguém esperando por você nos Estados Unidos…

— Sim. — Concordei.

— Não a vejo atendendo ligações, enviando mensagens, sorrindo feito uma apaixonada…

— Não estou apaixonada. Caí na minha realidade, simples. — Dei de ombros como se não estivesse me importando quando na verdade tudo que eu queria era enfiar meu rosto num travesseiro e chorar. — Não tem essa de “esperar”, Angela. Uma hora ou outra alguma coisa vai acontecer ou alguém mais acessível para aparecer.

— Eu não deveria ter começado esse assunto. — Ela se desculpou.

— Eu já superei.

Foi a partir daquele momento que eu comecei a tentar mesmo superá-lo, tentei com mais esmero do que estava fazendo. Eu tinha esse direito, não tinha? Ele mesmo havia reatado com Tanya sem nem ao menos terminar o relacionamento não definido que tínhamos, ele nem ao menos teve essa consideração. E sofrer eternamente por causa de um relacionamento não era exatamente a minha cara, por isso, sem mais hesitação não o fiz.

Se ele queria agir daquele modo, tudo bem. Declarei a mim mesma que eu não tinha mais nada com Edward Cullen, sendo assim eu poderia sair beijando quem eu quisesse. A última parte foi mais um pensamento burlesco já que era óbvio que eu não beijaria alguém diferente a cada dia que passasse. Eu não era desse jeito. Mas poderia tentar ser.

Mentira, não poderia. Era repugnante beijar alguém que eu não conhecesse previamente. De qualquer jeito, foi gratificante quando eu consegui executar o meu propósito sem muitos esforços.

Esquecer não era difícil quando já havia a atração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês já colocaram alguém na friendzone? Eu já (e me arrependo amargamente, mass enfim). E, hm, ES não é baseado em fatos reais, flw? Obrigada a quem comentou. Vocês são demais! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enjoy the Silence" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.