Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 24
XXIII. Indignação injustificada.


Notas iniciais do capítulo

Ah, esse capítulo ♥
Obrigada a todas as garotas lindas que comentaram no capítulo anterior! Vocês são demais.



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— O que é isso? — Edward perguntou e da cozinha, virei-me para ver o que ele bisbilhotava na sala. — É uma passagem para a Ingla… ah. — Ele parou de falar assim que percebeu do que se tratava.

Eu me estiquei para consegui enxergá-lo e a parede divisória impossibilitou com deleite. Somente senti, alguns segundos depois, sua mão em minha cintura e sua presença calma ao meu lado, jogando meu cabelo para trás e o tirando do meu ombro para que pudesse ver o rosto o qual eu tentava esconder. Eu, no momento estava tentando saber o que dizer quando ele perguntasse — e eu sabia que iria —, mas era complicado quando nem eu mesma sabia a resposta.

— Bella… — Tentou falar.

— Eu não sei o que eu vou fazer. — Disparei imediatamente, encostando minhas costas ao balcão e cobrindo meu rosto com as duas mãos. Céus, eu estava tão envergonhada por estar tendo aquela conversa com ele. — Eu quero ficar aqui…

— Mas também quer ir para Cambridge. — Ele completou por mim.

— Sim. — Concordei.

Olhei para o chão quando ele se colocou a minha frente, pegando as minhas mãos que, inquietas, se abriam e fechavam. Eu suspirei ao olhá-lo. Queria ter certeza quando o olhei de que era com ele que eu queria ficar, mas nada. Não veio nenhuma luz divina ou algo do tipo, minha mente continuou dividida sobre as duas opções e eu tive o pressentimento que eu nunca iria descobrir.

— Se você me pedisse para ficar, eu ficaria. — O disse, um fio de esperança aparecendo em minha expressão.

— Não sou tão egoísta a esse ponto, você sabe.

— Talvez você pudesse ser só por alguns minutos. — Murmurei, esfregando meu rosto em seu peito pálido e lindamente desnudo.

Era naqueles momentos que eu desejava sussurrar um “meu” somente para que eu escutasse, para saciar aquela possessão que eu tinha dele. Porque eu queria dizer para tudo e para todos que ele era meu, apenas meu e de mais ninguém e então eu caía na minha triste realidade de que nada era certo entre eu e Edward. As coisas não eram como eu queria que fosse e eu guardaria aquilo para mim, já estava bom de brigas.

— Me peça para ficar.

— Não. — Ele abaixou o rosto para o meu e tocou os nossos narizes, deixando nossos lábios igualmente próximos.

Não fui paciente, logo me inclinei para que estivesse o beijando. Beijamo-nos pelo mínimo minuto que se passou e depois, Edward acariciou a minha nuca com os dedos e suspirou com pesar. Eu não abri meus olhos, não queria ver a sua expressão que apostava estar daquele mesmo modo que acabava comigo.

— Eu quero que você fique. Claro que quero. Mas é injusto demais pedir para você desistir de um sonho somente por causa de mim.

— Não me parece nada injusto. — Sussurrei.

— Bella. — Sua voz foi claramente repressora. — Não vou ser egoísta com você. Aliás, são somente quantos anos? Quatro?

— Cinco. — Resmunguei.

— Eu poderia ir, você poderia vir… eu não sei. — Ele passou a mão pela minha cintura e encostou a testa em meu ombro como se estivesse cansado.

Não fizemos praticamente nada naquele dia e mesmo assim não houve um momento em que eu senti tédio ou vontade de estar em algum lugar sem ser onde eu estava. Na verdade, eu não sentia vontade de me desgrudar de Edward pelo resto da semana, queria ficar no sofá onde ficamos deitados até o início da noite. A televisão estava ligada e mais um dos filmes de ação que Edward amava estava passando, porém minha atenção estava entre as carícias dele em meus braços e no sono que atingia eventualmente as minhas pálpebras.

Em minha quase inconsciência, minha mente vagou para Renée e Alice — duas pessoas que desde que souberam sobre Carlisle se distanciaram perceptivelmente de mim. Alice era com quem eu estava lidando melhor já que eu não falara ou a vira nesses últimos dias, eu não precisava perceber os olhares desconfiados e raivosos que ela me mandaria assim como Renée. Eu não precisava escutar todas as indiretas que ela me mandaria. Era covardia de minha parte, eu sabia, mas eu já não fazia mais questão de tentar esconder.

Eu até tentei ligar para Alice e todas as minhas tentativas de contato foram frustradas pelo silêncio de sua caixa de mensagem. Ela até adaptara-a para mim, dizendo “Oi, aqui é Alice. Se você for Isabella Swan, sequer tente, eu não vou escutar. Se não for, sinta-se a vontade para mandar uma mensagem, vou escutá-la assim que puder”. E o que eu mais poderia fazer além de ser teimosa e deixá-la inúmeras mensagens com desculpas? Nada. Eu poderia ir lá no apartamento de Edward, onde ela estaria, mas essa ideia logo sumia de minha mente. Eu não queria esbarrar com Tanya e não queria conseguir uma tapa na cara de Alice.

Estava claro que eu não tentaria me defender. Não com ela.

— Bella? — Edward me chamou, sua voz pela primeira vez naquele dia assumindo uma hesitação que não lhe era característica.

Levantei meu rosto para ele e esperei que continuasse a falar. Assim como fazia quando estava apreensivo, passou a língua para umidificar os lábios e desviou seus olhos dos meus, vagando-os pela televisão e pela janela.

— Sim?

— Não usamos camisinha — Ele murmurou. — Em nenhuma das vezes que transamos.

Senti meu rosto arder de vergonha e daquela vez fui eu que desviei os olhos, constrangida, para qualquer lugar.

— Bom, você não precisa se preocupar em ter outro filho indesejado… eu tomo anticoncepcional para regular o período e podemos começar a usar camisinha a partir de hoje.

Não tocamos naquele assunto de novo, ou pelo menos não de modo explicitamente direto. Porém no outro dia Edward chegara logo quando eu estava saindo para fazer as compras mensais e mesmo eu dizendo-lhe que demoraria o bastante para que ele ficasse entediado com rapidez, ele disse que queria me acompanhar. Aquilo foi ótimo para mim, teria alguém para empurrar o carrinho.

Não foi entediante, foi muito… eu não sabia a palavra para descrever a vontade que eu tive que aquilo acontecesse mais vez. Talvez fosse o desejo de criar uma rotina com Edward, mesmo sabendo que em breve eu teria de me acostumar a fazer compras sem ele já que estaríamos longe demais para isso. Então fui firme e determinada e não me deixei sentir aquilo por muito mais tempo.

Foi impossível, como ambos sabíamos que seria.

Estávamos agindo exatamente como aqueles casais — certos — que passeavam pelos corredores do supermercado com a garota agarrada ao braço do namorado/noivo/marido ou sei lá mais o quê. Eles sorriam e debatiam o porquê de aquele produto não ir para o carrinho, mas os dois sabiam que era inútil. Ela sempre ganharia. E foi exatamente daquele jeito que aconteceu a nossa ida ao supermercado.

E depois, quando eu fiz menção de pegar algumas camisinhas, ele me parou com um sorriso torto e malicioso.

— Eu tenho o bastante, Bella. — Edward murmurou. — Não é preciso comprar por enquanto.

Mais uma vez, minhas bochechas coraram e compadecido com a minha timidez, Edward sorriu docemente e passou o braço por meus ombros, juntando-me a ele na medida do possível para beijar minha testa.

— Você age como se nós nunca tivéssemos dormido juntos. — Ele disse sorrindo com escárnio.

— E você se aproveita disso, tenho certeza. — Revirei meus olhos enquanto me desvencilhava dele e colocava os suprimentos em cima do balcão para que a moça que ficava no caixa os registrasse.

— Você é totalmente maleável as minhas provocações, Bella. Então a culpa é sua.

O olhei incredulamente e, impertinente, ele retribuiu, roubando-me um beijo logo em seguida.

A moça que estava nos atendendo sorriu docemente em nossa direção e eu tentei disfarçar as minhas bochechas vermelhas abaixando meu rosto para pegar as coisas dentro do carro de compras. Eu era tão infantilmente envergonhada quando ele fazia algo desse jeito na frente de outras pessoas e, de verdade, eu gostaria de acabar com aquilo no mesmo instante que comecei a ter. Deveria ser madura, sem bochechas coradas.

Mas então, Edward enlaçou seu braço livre em meus ombros enquanto com o outro segurava as sacolas e beijou a minha bochecha, bem perto de minha orelha. Claro que eu estremeci pelo arrepio costumeiro que passou por debaixo de minha pele quando ele fez aquilo. Nunca me habituaria, realmente.

— Eu adoro as suas bochechas coradas.

— Você adora fazê-las corar, isso sim. — Resmunguei, o empurrando para o lado com minhas duas mãos.

Ele cambaleou, rindo largamente.

Deixei que ele me abraçasse de novo enquanto andávamos de volta para o estacionamento onde Edward tinha estacionado seu carro. Colocamos as poucas sacolas nos bancos de trás e entramos no carro para finalmente ir almoçar alguma coisa. Eu já tinha reclamado de fome umas três vezes em apenas uma hora. Isso se dava somente por eu ter me esquecido de tomar café da manhã na pressa de ir fazer compras antes que ele chegasse. Não estava me parecendo muito saudável, mas ignorei aquela percepção.

Como os outros pensamentos, tudo saiu de minha mente quando comecei a tagarelar com Edward as novidades que tinha no cinema. Filmes de ação os quais me pareciam que ele gostaria de assistir, e animadamente ele me disse que qualquer dia desses nós iríamos assistir todos que eu o falei. Todos de uma vez só. E claro, eu concordei, animada com a possibilidade de sair para algum lugar com Edward.

Assim que paramos no restaurante cujo ele julgara como seu preferido, não pude deixar de notar sua mão que procurou a minha assim que saímos do carro. Fomos daquele jeito para dentro e eu não parava de achar que tinha alguma coisa estranha no ambiente. Talvez não fosse o restaurante, talvez fossem as pessoas. Sei lá, pareciam atentas demais a mim e a Edward… alguma coisa desse tipo.

Conformei-me com a ideia que eu estava ficando paranoica e me esforcei para parar de prestar atenção ao nosso redor ao começar a conversar com Edward. O assunto variou entre Carlisle, Renée, faculdade. Era fácil conversar com ele, simples como se nos conhecêssemos há muitos anos e houvesse várias novidades que deveríamos compartilhar. A boa parte disso tudo era que ele era meu melhor amigo.

Pelo menos sobre sua amizade eu tinha certeza.

E sobre seu amor também. Tudo que eu não sabia era sobre o que exatamente nós éramos e se fosse por mim, ficaria com aquela dúvida para sempre. Eu seria a última que o perguntaria aquilo, não queria brigar e não tinha certeza se o indagar sobre aquilo o enfureceria ou sei lá o quê.

Era tudo tão incerto!

Voltamos para casa e agoniada com o dia mais que abafado, subi para tomar um banho. Até convidei Edward para me acompanhar, mas ele apenas sorrira maliciosamente e negara com o rosto. Ele tinha que arrumar suas coisas para ir para casa já que no outro dia ele teria um plantão. Não o pedi para dormir aquela noite comigo, tinha vergonha de pedi-lo para ficar. Ele tinha um filho — ainda na barriga — agora e eu tinha que considerá-lo em cada ato meu que lhe era direcionado. E sim, aquela era uma situação horrivelmente chata.

Eu estava soltando meu cabelo quando Edward abriu a porta da suíte e entrou com o cinismo tingindo seu rosto enquanto sorria tortamente.

— Sua proposta é boa demais para não ser reconsiderada. — Foi tudo que ele disse antes de puxar a minha cintura já despida da blusa em sua direção e buscar meus lábios.

Ele ergueu a minha cintura para que eu estivesse sentada no balcão que antes tinha os meus xampus e condicionadores arrumados os quais agora estavam no chão. Sua boca em nenhum segundo ousou sair da minha e um sorriso pelo nosso desespero brotou em nossos lábios ao mesmo tempo. Eu amava aquela sua impetuosidade que estava presente em seus beijos, em seus toques… nele em completo.

Estava prestes a arrancar a camisa que ele vestia de seu corpo quando eu escutei o toque irritante do celular dele. Afastei-me de olhos fechados e suspirei frustrada, tirando minha mão de seu cabelo mais que bagunçado. Ele demorou um pouco para se desencostar de mim e pude escutar com facilidade o suspiro exasperado que ele soltou.

— Alô. — Sua voz não era nada gentil.

Abstraí-me de sua conversa com Tanya e até tentei pular do balcão, ir de uma vez por todas tomar banho, porém o corpo de Edward me impedindo de sair era um sutil aviso. E eu também não tinha vontade nenhuma de me mover para longe agora que ele já havia colocado ideias em minha mente.

Depois que ele terminou, ele suspirou e olhou para o meu rosto entediado que não estava muito longe do seu. Seus pedidos de desculpa vieram por meio dos beijos leves que ele deixou em meus lábios. Estes mesmos beijos teriam sido aprofundados se o seu celular não tivesse tocado de novo e daquela vez foi a minha hora de sentir a exasperação aquecendo o sangue nas veias. Bufei de pura raiva e tentei me desvencilhar de seus braços, sendo mais uma vez impedida por ele.

— O que você quer, Alice? — Ele vociferou.

Você está com ela, não é? — Não teve como não prestar atenção na voz raivosa de minha antiga melhor amiga. — Com Isabella? — Outra coisa que eu não pude deixar de perceber foi sua voz enojada ao murmurar meu nome.

Edward olhou para mim e como uma criança que é flagrada fazendo algo errado, desviei meus olhos concentrados dele para o azulejo do banheiro. Mas ele sabia que eu estava ouvindo e acariciou a minha cintura levemente com a mão.

Eu não acredito nisso, Edward! — Ela gritou. — Você me prometeu que não iria fazer isso! Por Carlisle.

— Alice, essa não é uma hora boa para falar sobre isso. Quando eu chegar ao apartamento, nós conversamos. — Sua voz era baixa, porém firme e autoritária do mesmo jeito que um irmão mais velho era.

Ele desligou o celular sem dá-la chance para resposta e daquela vez ele não voltou a tocar, ainda bem.

Edward acabou não indo para o apartamento naquele dia, embora eu não tivesse o pedido para ficar. Ele apenas me perguntou humildemente se podia se abrigar por lá por uma noite a mais e eu o abracei pelo pescoço, inclinando-me nas pontas dos pés para murmurar que ele poderia passar o tempo que ele quisesse comigo. Foi um grande, ótimo e calmo dia, talvez um dos nossos melhores.

Fomos dormir cedo já que ele tinha que se acordar de cinco horas da manhã. Nove horas da noite em ponto ele já estava com os olhos trêmulos e com um sorriso — que eu tinha a certeza ser bobo demais para mim — deslumbrado, o puxei escada acima, indo para o quarto florido. Nosso quarto, como eu o dissera na primeira vez que dormimos juntos.

Devido ao seu sono, ele dormiu antes que eu. Tudo que me restara foi acariciar o couro cabeludo de um Edward há muito tempo adormecido e que inconscientemente estava quase em cima de mim, deixando uma faixa enorme de espaço vazia. Bom, aquele era o meu modo preferido de dormir com ele, pelo menos nós não precisávamos de cobertor.

Não me foi surpresa nenhuma quando eu cheguei a conclusão de que eu não conseguiria viver sem ele como eu pretendia.


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Notas finais do capítulo

Okay, eu só percebi agora o quanto esse capítulo era pequeno e nem me lembro de quando eu o estava escrevendo, admito. Mas é isso aí. Eu devo ter tido as minhas razões para o fazer desse tamanho (razões as quais eu já, claramente, me esqueci). Anyway, minhas aulas voltam ~chorando eternamente~ quinta-feira. Se der e se tiver comentários o suficiente, posto antes disso ♥
comentem, por favor? Não vai levar nem um minuto.
É isso. Beijos, pessoas e boa noite pra vocês! ♥