Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 23
XXII. Ruína (Parte II).


Notas iniciais do capítulo

É isso aí. Menos de quatro dias depois eu venho postar! Espero que gostem, anyway.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326767/chapter/23

Eu  não sei o que eu deu em mim nem muito menos o que deu em Bella quando nossas bocas se encontraram. Talvez tenha sido a saudade imensa que sentimos, a necessidade ou talvez algo que nenhum de nós nunca saberíamos explicar direito. O caso foi que seu nome foi a última coisa que eu falei contra os seus lábios por um bom tempo. E quando eu digo bom tempo, você pode muito bem imaginar o que aconteceu.

Teve alguma coisa naquele beijo que me impediu de pensar parar e ela, minha Isabella, parecia se sentir da mesma forma tendo em vista suas mãos desesperadas — quando eu fechei a porta atrás de mim de qualquer jeito — em busca dos botões que desabotoariam a minha camisa. Foi ótimo sentir que ela estava correspondendo e não me afastando como eu esperei que ela fizesse assim que a abracei.

O problema era que Bella queria me abraçar ao mesmo tempo em que suas mãos corriam atrás dos botões que, de olhos fechados, pareciam mais complicados para se abrir. Então, em um ato grosseiro, ela abriu a minha camisa sem ser importar com os botões que eu pude escutar caindo no chão. Estava tudo bem, eu nem gostava tanto dela assim mesmo… e já estava velha… em breve iria ser excluída do meu guarda-roupa por Alice.

Na verdade, o pensamento passou quase que abstrato por minha mente centrada em Bella. Quem iria ligar para uma porcaria de camisa quando se tinha uma garota daquelas tocando-lhe o peitoral? Bom, não eu. Nem ninguém que estivesse em seu juízo perfeito.

Andei com ela em meus braços para a cozinha e a sentei no balcão, minhas duas mãos logo tratando de passar a sua blusa larga por sua cabeça, notando pela primeira vez que ela não estava com short algum e também sem sutiã, restando somente à calcinha. E depois, enquanto sentia os lábios quentes de Bella deslizarem por meu pescoço, abri meus olhos somente para encarar o seu tronco pálido nu.

Ainda me era um segredo como Bella sabia tanto sobre mim em tão pouco tempo que passamos juntos. Não tinha como ela saber que eu gostava que passassem a mão em meu cabelo do exato jeito que ela fazia, suavemente com as unhas enquanto seus lábios não saiam de meu pescoço. E depois, ela deslizava a mão para a minha nuca, fazendo o caminho de volta várias vezes até eu interrompê-la ao puxar seu rosto de volta para o meu e beijá-la da mesma forma desejosa que estava fazendo antes.

Não sei por quanto tempo ficamos na cozinha, as únicas coisas que eu percebi foram, respectivamente: A respiração ofegante de Bella, sua voz rouca que sussurrava meu nome, seu rosto corado, seus olhos e beijos impetuosos, suas mãos curiosas, seu ótimo cheiro, e o maldito preservativo que sempre passava por minha mente quando já era tarde demais.

Eu queria ter a decência de me afastar de seu ombro, quando tudo acabou, e conversar como pessoas normais fariam. E tudo que precisávamos fazer no momento era ter uma boa e franca conversa, conversa a qual não pôde ser concluída pelo toque gritante que vinha do meu celular que, dentro de minha calça, estava jogado pelo chão.

Pude sentir sem dúvidas alguma os braços confortáveis de Bella se apertando ao redor de minha cintura e o ar de sua respiração quente batendo contra o alto de meu ombro em um suspiro pesado.

— Não atende. — Ela pediu.

Eu queria acolher ao seu pedido, e como! Era só que… se Tanya estava me ligando agora, era porque a coisa era séria mesmo. Merda! Será que eu não conseguiria nem mesmo um dia em paz somente para conversar com Bella direito? Porque estava bem óbvio que era o que precisávamos. Não podíamos somente seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Não era tão simples, embora ser simples fosse o meu maior desejo.

Exasperada por minha falta de respostas e indecisão, Bella suspirou e se desencostou de mim, empurrando o meu ombro com as duas mãos para que eu me soltasse dela — uma coisa que eu não queria de nenhum jeito fazer. Mas o fiz, infelizmente. E ainda pude enxergar, com muita dificuldade pela luz mínima que a cozinha oferecia, seus olhos voltando novamente a marejar.

Antes que tivesse minha confirmação, Bella saltou do balcão, abaixando-se para pegar suas roupas, colocando na frente de seus seios e intimidade como se eu nunca a tivesse visto nua, como se nunca a tivesse tocado e beijado de um modo mais íntimo que o padrão, como se fossemos desconhecidos. Eu odiava aquela maldita indiferença que ela usava quando estava magoada! Deveria ser proibido ser usado por Isabella Swan.

— Bella… — A chamei, puxando seu pulso.

Como se meu toque a queimasse, ela puxou o pulso com força, virando-se para mim com o rosto já corado.

— Sabe — Bella respirou fundo e olhou para a janela que reluziam as luzes dos postes. —, essa é àquela hora em que você pergunta “Quanto foi o programa?” porque é exatamente desse jeito que eu estou me sentindo!

O celular não parou de tocar em nenhum momento em que ela estava falando.

Eu estava pasmo ou colérico — comigo mesmo — demais para falar alguma coisa coerente.

— Pensei que ficaria… — Continuou fracamente. — Que conversaria comigo, que dormiria… droga, eu sou tão idiota!

Ela respirou fundo e desistindo das roupas, as jogou em qualquer lugar sem dar muita importância. Depois, passou os dedos entre os claros e longos cabelos e suspirou, fechando os olhos por apenas dois segundos. Eu teria olhado a sua maravilhosa nudez nos dois segundos que seus olhos me deixaram livre, mas de algum modo meu olhar permaneceu em seu rosto, avaliando a sua expressão de dor.

E sim, eu a havia machucado mais uma vez. Como sempre fazia.

— Carlisle… ele deixou escapar sobre Tanya e a sua gravidez. — Seus olhos estariam baixos se estes mesmo estivessem abertos. — Não o culpe, fui eu quem o pressionou para saber… — Ela abriu os olhos e como já era esperado, transbordaram as lágrimas que ela prendia. — É egoísmo de minha parte pedir para você não atender quando se trata de um filho seu, também sou egoísta quando eu penso que em algum momento vai poder ser apenas eu e você nessa merda de relacionamento conturbado.

— Você sabe que é isso que eu quero.

— Não sei. — Sussurrou ela.

Minha Isabella não mostrou resistência alguma quando lhe puxei para um abraço enquanto beijava o alto de sua cabeça.

— É isso que eu quero. — A falei. — Eu amo você.

Ela assentiu e soltou um baixo, único e dolorido soluço. Soluço o qual acabou comigo e toda a minha vontade de atender qualquer coisa que envolvesse Tanya. Nesses momentos, porém, eu me lembrava de que foi a minha maldita irresponsabilidade e culpa.

— Eu vou voltar mais tarde. — Prometi a ela, enfiando meu nariz dentro de seus cabelos.

Bella não falou nada, apenas me soltou e suspirou, baixando o queixo para limpar seu rosto que eu sabia estar molhado de lágrimas. Enquanto eu me vestia, ela não me olhou e também não falou nada, apenas colocou a blusa larga que estava antes e se sentou em uma cadeira que tinha na mesa, olhando para o nada até eu me abaixar a sua frente, já devidamente vestido e pronto para ir.

Novamente, evitou meus olhos e fungou de um modo tão discreto que se eu não estivesse perto o bastante, não teria escutado.

— Eu vou voltar. — Disse a ela de novo.

Tudo que fez foi assentir, e suspirando pesadamente decidi dá-la mais um tempo para pensar sobre tudo o que aconteceu em pouco tempo. Beijei sua testa antes de ir e Bella sequer falou alguma coisa ou se levantou para fechar a porta. Parecia estar num estado suficientemente pensativo para que não desviasse o olhar com curiosidade ou qualquer outra coisa que teria feito antes.

Não me esforcei para fazê-la falar, somente fechei a porta atrás. Claro que não antes de olhar para trás e checá-la mais uma vez. No entanto, Bella já estava de costas para mim, subindo as escadas com os passos lentos e cansados. Tudo que eu queria era voltar e poder fazer o que eu havia planejado de última hora quando apareci em sua porta do nada.

Atendi finalmente às ligações de Tanya quando cheguei ao carro e ela estava histérica, gritando em meus tímpanos já maltratados que eu era um terrível pai. Tanya estava sangrando, ou pelo menos foi o que ela me disse quando conseguiu se controlar para formar frases coesas.

POV BELLA.

Eu estaria razoavelmente bem se Edward não tivesse aparecido na minha porta no meio da noite. Nos últimos dias eu tinha a impressão que o mundo estava cooperando para que eu não ficasse um dia sequer sem derramar uma lágrima. Nas últimas semanas eu vinha chorando toda noite por Edward, que talvez fosse o maior motivo, e minha mãe e os meus… dois pais. E todas as mentiras, claro.

Eu até chegava a achar que eu somente tinha descoberto o quanto uma mentira poderia doer fisicamente quando descobri que Carlisle era o meu pai. Se eu soubesse antes, com certeza nunca mais ousaria falar uma mentira que causasse problemas para alguém. Renée dizia que não sabia antes, que não refletia sobre isso antes até perceber as semelhanças que eu tinha com Carlisle.

Meu cabelo loiro, que um dia foi uma pergunta de Edward para mim, não viera da vovó Swan. Viera de Carlisle. Até meus olhos eram parecido com os deles, o nariz… Renée dizia que o meu rosto era uma adaptação feminina para o dele. Já eu, discordava plenamente. Nos primeiros minutos eu fiquei fielmente incrédula sobre isso, não tinha condições! Era o que eu pensava. Mas eu não pude revogar contra um exame feito no laboratório, não tinha lógica alguma.

Depois de apagar todas as luzes, tomei um banho gelado com a intenção de tirar o maldito cheiro de Edward que permaneceu em mim mesmo após todas as minhas tentativas. Não tentei muito, eu admito, de certa forma eu sentia falta dele e o cheiro que costumava fazer parte de todas as roupas que eu usei quando estava com ele.

A quem eu queria enganar? Não importava todas as coisas que um dia ele me falasse, eu o amava demais para deixar de fazê-lo somente depois de algumas semanas. E eu duvidava que eu deixasse de fazer mesmo depois de alguns meses… era uma situação a qual eu não apreciava. Dependência, ansiedade… inferno.

Tentei dormir e eu até consegui por míseras quatro horas. As poucas horas que eu dormi só me fizeram acordar pior do que fui: com mais olheiras levemente escuras e o cansaço estampado em minha expressão. Pensei em passar alguma maquiagem, pelo menos uma base para quando Edward chegasse, mas eu não queria me esforçar e me decepcionar como sempre acontecia quando fazia alguma coisa desse tipo para ele.

Decidi, então, por nada fazer. Apenas esperar e esperar.

Quando deram duas horas da tarde, eu desisti do meu plano de ir nadar por estar muito cansada e deliberadamente fui para a lavanderia já que o cesto de roupas sujas estava esborrando do tanto que eu havia acumulado. Em toda a minha viagem de ida e volta, tentei não pensar em Edward e no quanto eu queria vê-lo, tentei ser saudável e divagar sobre Cambridge.

Mas aí eu me lembrei que Edward e Cambridge não existiam ao mesmo tempo, uma hora ou outra eu teria de abdicar de um para poder ter o outro. E isso era tão complicado que todo o meu desejo era jogar tudo ao alto, não ficar com Edward e nem com Cambridge… e então eu me lembrava de que se eu não fosse para Cambridge, iria correndo para ele porque, é obvio para todos, eu não conseguiria.

A minha fraqueza que antes era só um detalhe agora estava começando a ser uma característica quando se trata de Edward. E eu não gostava disso, não gostava de ser fraca… nem mesmo com ele. Era patético tudo isso.

O tempo que eu passei esperando as roupas serem lavadas e secarem na lavanderia passou rápido, até demais. Duas horas se transformaram em quatro sem que eu sequer percebesse e talvez isso se desse por minha mente estar perdida. Não tanto quanto eu estava, claro. O meu caso era estar perdida entre decisões e amor por Edward, amor o qual ainda seria a minha ruína.

Ainda com raiva de mim mesma, guardei minhas roupas sem me preocupar em ser atenciosa e guardar, apenas joguei tudo por lá e marchei de volta para a minha casa enquanto tentava planejar alguma coisa antidepressiva para fazer a noite. Bom, tudo que me vinha à cabeça era Edward e apesar de saber que as expectativas eram mínimas, eu simplesmente tinha a teimosia dos infernos de não aceitar isso como uma pessoa normal aceitaria.

Suspirei pesadamente e abri a porta de minha casa com um chute leve já que minhas duas mãos estavam ocupadas com o cesto gigante que eu carregava. Até que eu parei o que estava fazendo ao escutar o barulho quase silencioso que eu sabia ser do carro de Edward. E eu ainda estava avaliando se saber sobre aquilo era normal. Não, não era, mas isso foi o de menos quando eu me virei e o vi saindo do carro.

O sorriso torto que ele soltou acabou com toda a resistência que eu estava tentando construir dentro de mim. Ele sempre fazia isso com a mesma intenção.

— Como você está? — Edward perguntou assim que se colocou a minha frente, estendendo a mão para acariciar o meu ombro. — Senti sua falta, Bella — Ele disse.

— Eu estou bem. — Murmurei. — E Tanya?

— Não vamos falar sobre ela. — Ele pediu, se aproximando o tanto que o cesto largo permitia, não muito para a minha felicidade. — Vamos falar sobre nós dois.

— Quero saber como ela está, Edward, então, sim, vamos falar sobre ela. Por que é sempre você quem decide sobre o quê vamos ou não falar?

Ele suspirou pesadamente e ergueu os olhos para o céu, impaciente.

— Ela está bem. Não foi… nada. — Eu ainda não entendia o porquê de sua voz estar hesitante e desconfortável como se não gostasse de falar aquilo comigo.

Tudo bem, falar sobre Tanya não era lá uma das melhores coisas para fazer, mas… não podíamos fingir que ela era inexistente — não agora, pelo menos. Ele me olhou de novo com as sobrancelhas erguidas, a máscara de impaciência em seu rosto que foi se desfazendo lentamente quando o segundo suspiro escapou por entre seus lábios. Lábios que costumavam ser menos ressecos, eles foram tudo que eu percebi.

Assim que me virei para o olhar silenciosa e atentamente, dentro da minha casa e com as mãos livres, notei que ele não estava muito saudável. Seus olhos tinham olheiras escuras como se fizesse um bom tempo depois de sua última noite de sono, seu rosto estava pálido e seus lábios quase rachando. E olhando para ele, eu não consegui reprimir a onda de proteção que me envolveu.

Então suspirei mais uma vez, aproximando-me dele.

— Como você está? — Eu o perguntei, erguendo minha mão em um ato de desistência para tocar os seus lábios com a ponta dos dedos. 

Ele capturou minha mão na sua quando a passei por seu maxilar. Depois de depositar um beijo na palma da minha mão, ele a fixou em seu rosto e outra coisa que eu percebi foi à barba rala que estava nascendo em sua mandíbula — uma coisa a qual ele um dia me confessou não gostar. Já eu, gostava de seu rosto de qualquer jeito e tinha a impressão que isso sempre faria parte de minha percepção.

— Faz três dias que eu durmo menos de duas horas cada noite. — Ele resmungou. — Antes que pense que é completamente sua culpa, não é — Sorriu. — O trabalho e as chatices de Tanya estão acabando comigo.

— Ah, eu…

— Sinto sua falta, Bella. — Ele disse por mais uma vez, espalmando uma mão em meu rosto que agora estava corado. — Ficar sem ver você ou saber apenas detalhes supérfluos sobre como você está acaba comigo. Eu preciso ficar com você, ver você… eu preciso de você comigo, consegue entender isso?

Eu assenti, descendo minha mão para a sua nuca quando ele a soltou.

— Eu sinto muito por tudo que eu lhe disse, às vezes eu sou impulsivo quando estou com raiva. Você sabe que nada do que eu te falei é verdade, não é? O que eu sinto por você é mais que uma mera atração.

Eu sorri e então, pegando meu rosto em suas mãos, ele me beijou nos lábios e quando se separou, ainda deixou sua testa encostada na minha. Eu o amava e amava também quando ele me olhava daquele jeito, quando acariciava minha cintura com a mão e quando me fazia ter vontade de ficar nas pontas dos pés para conseguir alcançar seus lábios — agora já um pouco mais umidificados — e beijá-lo.

Edward sorriu.

— Não me importa o que você fez antes, Bella — Sussurrou. — Eu sei que você sente muito… você já me disse isso e Carlisle já te perdoou. É incoerente eu me ressentir por isso… e nem querendo com todas as minhas forças, eu conseguiria, você sabe.

— Eu amo você. — Declarei.

— Eu sei. — Sussurrou, abaixando seu rosto mais uma vez para que nossos lábios se encontrassem.

Daquela vez, para um contato maior e mais voluptuoso.

Dizem que a melhor reconciliação para um casal é na cama. E foi para nós dois também. Dormimos o fim da tarde e a noite inteira e, céus, eu senti uma falta enorme de dormir com ele porque essa era a graça. Sentir um corpo quente lhe abraçando e depois escutar as palavras emboladas e incoerentes que ele falava para depois dormir de novo.

Foi uma das melhores noites para mim. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que comentem, hein? Dependendo, posto brevemente ou não.