Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 19
XVIII. Desaprovação definitiva.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente bonita! ♥ como vão vocês? Espero que bem. E é, aqui estou eu, depois de baixar todos os álbuns da Brandi Carlile pq ela é pfta, vindo postar ♥ em menos de uma semana! o/ então, eu quero dizer que estou muito feliz com todos os comentários que o capítulo anterior teve (13 ♥). Se vocês continuarem assim, vou postar sempre rápido (mais rápido do que eu postei nessa semana). Um super obrigada a todas as lindas que comentaram no capítulo anterior! ♥ leiam as notas finais antes de me esganarem, sim? Amor no coração e é isso ai. Capítulo totalmente dedicado para a linda da Viviane que me mandou uma recomendação linda hoje mais cedo! Obrigada, Vivi ♥
Espero que gostem e comentem, hein?
ps: Quem comentar e colocar no review "eu quero spoiler do próximo capítulo de ES" eu vou mandar por MP frases sugestivas sobre o que irá acontecer. Quem não comentar com isso, vou considerar que não quer os spoilers. Se você se esquecer e se lembrar quando já tiver mandado o review, é só me mandar uma MP que o spoiler vai ser devidamente enviado.



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Eu sabia desde o início que ficar com Edward seria difícil, desde aquele dia em que ele apareceu em minha porta e me abraçou com força eu coloquei em minha mente que nada seria fácil para mim. Outra coisa a qual eu sabia também era que várias pessoas iriam julgar e eu pensava, jurava de todo o meu coração que eu não me importava para o que elas achavam. A vida era minha e eu sabia o que eu fazia, eram minhas escolhas.

A situação era que, mesmo eu tentando ficar longe dele, eu não conseguira resistir e na primeira oportunidade, eu achei um pretexto para desistir de minha longa partida de abstinência de seus lábios. Um erro enorme, eu deveria ter sido forte como eu costumava ser. Por que eu decidira ser fraca logo com ele? Céus! Não podia ser alguém mais… acessível? — Eu me indagava naquele momento.

Alice estava claramente decepcionada comigo, eu podia perceber pelo modo como ela me olhou com o queixo erguido, tentando mostrar a imponência a qual ela nunca conseguiria assumir. Mas, meu Deus, havia algum erro em amar? Claro que havia. Amar era errado quando a pessoa que você ama já pertence à outra maldita pessoa. Sempre tem uma pedra no caminho que já não é lá um dos mais fáceis.

A irmã de Edward ficou em silêncio por alguns momentos enquanto tragava a informação com amargor. Pude ver a pele de seu pescoço se movendo quando ela engoliu com dificuldade e depois suas bochechas se mexendo quando ela respirou fundo e soltou o ar com aspereza. Esperamos com agonia sua reação.

— Eu poderia jurar que aquelas fotos que tem na internet eram falsas, Isabella… Edward. — Foi a primeira coisa que ela falou, sussurrando.

— Eu sinto muito. — Murmurei a ela, tentando fazer com que minha voz soasse as apologias que eu queria.

— Quer entrar? — Edward perguntou.

— Não, eu… — Ela fechou os olhos como se estivesse lembrando-se de algo e logo os abriu, olhando para o chão. — Eu tenho coisas para fazer.

Desvencilhei-me da mão de Edward que ainda me prendia perto dele quando ela virou-se para ir embora e puxei seu pulso, fazendo-a parar. Não me importei com meus pés descalços pisando o chão áspero e morno, nem muito menos com a roupa que eu vestia, eu tinha de falar com ela. Esclarecer algo que já estava claro o bastante.

— Alice, espera. — Pedi. — Me deixa explicar.

— O que você vai me dizer? — Ela vociferou, erguendo mais uma vez o queixo. — Eu já sei de tudo, está tudo óbvio… não se tem nada para escutar e eu realmente não quero desculpas para… isso. — A voz dela se quebrou de nojo e seus olhos se desviaram de volta para a casa onde Edward provavelmente estaria em frente.

— Alice… — Eu tentei falar e não consegui, tudo que saiu de minha garganta foi um sussurro que nem eu mesma escutei.

— Você era a pessoa em que eu mais confiava, Isabella. — Ela olhou para a minha mão fechada em seu pulso e a puxou grosseiramente, com raiva. — Agora, se não se incomoda, eu vou para longe desse lugar que está me deixando enjoada.

Entorpecida, eu somente observei-a em vez de tentar ir atrás dela, tentar explicar alguma coisa que me viria à cabeça. Alguma coisa que justificasse o fato de eu estar com seu irmão ou de nunca tê-la contado sobre isso. Alguma coisa que eu inventaria, eu diria que sentia muito como disse na primeira vez quando, na verdade, eu não sentia muito. Eu estava feliz, qual era o problema? Ah é, ele tem uma noiva… mas mesmo assim, de todas as pessoas, eu jurava que Alice seria a quem mais me entenderia e entenderia seu irmão também.

Engoli em seco e prensei meus lábios uns contra os outros, contendo as lágrimas que marejaram em meus olhos. Saí logo da rua e não olhei para cima até sentir as mãos confortáveis e acalentadoras de Edward pegando meus ombros, puxando-me junto com ele para dentro de casa. Foi um abraço desajeitado e apressado, como se ele precisasse mesmo me consolar. Ou talvez ele quem precisasse ser consolado, eu não sabia bem.

Chorei todas as lágrimas que eu prendia somente o apertando em meus braços, o rosto límpido e seco. O abraço o qual eu respondi era um tipo de lamúria desolada que apenas eu escutava e percebia.

— Eu sinto muito, Edward, de verdade.

— Você não tem culpa.

— Não mesmo? — Perguntei incrédula.

— Bella. — O tom de sua voz foi claramente repreensor. Eu odiava quando ele falava daquele jeito comigo, me fazia sentir como uma criança que estava emburrada por motivos fúteis. — Você tem que parar colocar a culpa somente em você. Não é culpa de ninguém.

Eu assenti, mesmo que o movimento que a minha cabeça fez fosse limitado. Edward, porém, entendeu o que eu quis dizer e separou-se de mim, subindo as mãos que antes estavam em meus ombros para o meu rosto. Ele o pegou entre as mãos e beijou-me na testa, suspirando logo em seguida.

— Por que não… vamos comer algo? — Ele sugeriu.

Eu assenti, mais uma vez. Minha mente recusava a ideia de fingir normalidade pelo menos perto de Edward, eu não queria fingir nada, estava mais que cansada disso. Então me liberei do trabalho de fingimento enquanto permanecia calada por todo o café-da-manhã que se seguiu e Edward entendeu o meu silêncio. Eu só queria… sei lá, recuperar-me mais rápido das coisas, assim eu poderia ficar melhor perto dele. Fazê-lo ficar melhor.

Mas Edward estava bem ou ele fingia muito bem. Eu não sabia a diferença nem muito menos perguntei, tudo que eu queria era afastar o assunto — mesmo sabendo que passaríamos boas semanas pensando todo dia sobre isso.

Edward parecia quase relaxado e eu não o perguntei o porquê daquela sua expressão, minha vontade de falar havia partido tão rapidamente quanto Alice descobrira sobre nós. Minha mente ainda estava na expressão dela e de suas palavras claramente odiosas quando eu me levantei da mesa para lavar os pratos e igualmente silencioso, Edward se colocou ao meu lado, não me ajudando, apenas fazendo o favor de me distrair.

Ele me olhou até eu desviar os olhos para ele e depois sorriu levemente na minha direção, colocando dois dedos em cima de meu braço que se apoiava na pia e o acariciando em um carinho ligeiro e muito bem-vindo pela minha pele que não perdeu um segundo para se arrepiar. Como sempre que alguma parte de sua pele encontrava a minha. Embora ele não desviasse os olhos de mim, ele nada falou, apenas ficou olhando-me lavando as poucas louças que sujamos.

— Ela em um instante vai estar em sua porta pedindo desculpas, Bella. — Edward disse quando eu enxuguei minhas mãos em um pano de prato e o joguei em qualquer lugar quando terminei.

— Não dessa vez.

— Bella. — Ele rogou. — Você é uma pessoa da qual não dá para viver sem por mais de três dias. Sabe disso, não é?

— Você ficou uma semana…

— A pior semana de todas. — Ele interrompeu, sorrindo e abaixando o rosto para procurar meus olhos. — Olhe, eu tenho que ir agora, mas assim que eu largar, eu volto, tudo bem?

— Sério? — Tinha certeza de que meus olhos brilharam assim que minha mente assimilou tudo que ele havia falado.

Ficar um dia com Edward era milagroso, dois dias era no mínimo estranho. Eu estava feliz demais para lhe fazer alguma pergunta, por isso eu apenas puxei sua nuca para baixo e encontrei seus lábios com os meus rapidamente. Assim como começou, terminou de maneira rápida, com um sorriso torto nos lábios avermelhados e atraentes ao extremo de Edward.

— Vou estar aqui às cinco e meia. — Edward disse. — Consegue ficar bem até lá?

— Vou ver o que eu posso fazer — Respondi revirando meus olhos.

Ele foi embora rapidamente depois de ter pegado a sua pasta escura de couro e as chaves de seu carro que estava pendurada atrás da porta. Da minha porta. Eu sentia que todo esse tempo que ele estava passando comigo e as pequenas coisas que ele fazia estavam sendo no mínimo estranhas, mas parte de mim recusava-se a indagar alguma coisa, era satisfatória a ignorância temporária.

Voltei para a cama e dormi escutando as várias músicas que tinha em meu Ipod, acordando-me por mim mesma, algumas horas depois. Às onze horas de uma manhã brilhante e abafada que me fazia cogitar a ideia de não sair do conforto friento que meu ar-condicionado oferecia. Eu até fiquei lá, deitada e olhando para o teto por alguns momentos, mas logo minha mente despertou completamente e sugeriu que eu fosse procurar a mamãe.

Porém, logo meu rosto se voltou na direção do notebook que estava quase criando teias de tanto tempo sem ser usado. Eu podia escutar o seu clamado por um esquento, ele estava dizendo “Me ligue! Me ligue! Eu vou morrer congelado!” e pelas condições geladas do quarto, eu não duvidaria nada que aquilo realmente acontecesse.

Tudo bem.

Talvez alguns dos meus pensamentos estivessem sendo retardados, mas era o sono! Eu tinha acabado de me acordar, o que mais podia-se esperar de uma mente recém-desperta? Nada, eu mesma respondia essa pergunta.

Não demorou quase nada para o notebook iniciar e logo de cara apareceu que eu tinha e-mails não lidos. Se não fosse por isso, talvez eu nem sequer me lembrasse de que eu ainda tinha isso e que estava esperando e-mails de Cambridge com informações sobre quando eu deveria estar lá e todas essas coisas. Eu tinha me esquecido sobre a universidade.

Era só que… agora eu não tinha mais tanta certeza de que eu queria ir para a Inglaterra. E eu estaria mentindo se dissesse que aquilo não era por causa de Edward porque era inteiramente culpa dele. Na verdade, a culpa era minha por ter me envolvido com alguém antes da universidade, assim como eu havia dito a Alice que era estupidez. Era estupidez, como eu dissera, e só naquele momento eu enxerguei onde eu já tinha me metido. Estupidez era não suportar pensar em ficar longe de Edward, era amá-lo, era colocar a porcaria da universidade em segundo e permanente lugar em minha lista.

Eu não queria ir.

O que havia acontecido comigo? Como eu mudara em tão pouco tempo? Às vezes eu não reconhecia meus próprios pensamentos, era como se tivesse alguém falando à minha mente e eu estivesse executando atos que não eram meus. Eram compassivos demais para o que eu costumava ser, amáveis demais, apaixonados e que soltavam constantes suspiros de deleite.

Não era eu.

Ou talvez fosse e eu apenas não conhecesse essa parte que Edward fez o favor — ou desfavor, dependendo do ponto de vista — de me fazer.

De qualquer jeito, minha discursão mental sobre quem eu era não se comparava ao fato de eu estar completamente confusa sobre o que eu queria. Era óbvio que eu queria ficar aqui com Edward nos EUA, mas também era claro para mim que eu adoraria ir para Inglaterra e me formar em Cambridge. Eu gostaria de fazer as duas coisas ao mesmo tempo sem ter que abrir mão de nenhuma.

Cruzei meus braços em cima da bancada que o notebook estava apoiado e encostei minha testa neles, choramingando baixinho para mim mesma o porquê de tudo estar sempre de cabeça para baixo quando se tratava da minha vida. Eu nunca era feliz por duas coisas ao mesmo tempo, tendo-as perto de mim. Era tudo um completo desastre.

O que eu havia vindo fazer no notebook mesmo? — Eu me indaguei depois de ter levantado o rosto e olhado inexpressivamente para a caixa de entrada de meu e-mail que estava me deprimindo. Não me esforcei mais que aquilo para redescobrir os meus pensamentos, então eu desliguei o maldito eletroeletrônico e decidi que decidiria o que iria fazer depois, bem depois quando eu tivesse coragem, paciência e insensibilidade para ser justa comigo mesma.

Arrastei-me para o banheiro e tomei um banho rápido, evitando molhar os meus cabelos já que não era agradável sair andando por aí com a blusa molhada por causa dos pingos que eu sabia que ele acumularia. Não demorei quase nada para me arrumar, o problema foi arranjar algum tipo de maquiagem que tirasse a vermelhidão do meu pescoço devido aos beijos, mordidas, chupões e tantas outras coisas que Edward havia me feito ontem. Coisas das quais eu não tinha nenhum tipo de arrependimento, apenas boas memórias.

Vesti-me com uma calça jeans de lavagem normal, escolhendo a primeira blusa que eu vi pela a minha frente quando eu olhei para o closet. Eu nunca tivera algum tipo de paciência para escolher roupas e naquele momento, com a mente mais cheia que o normal, era quase impossível pensar nos prós e contras de uma mísera roupa.

Meu carro era outro que estava clamando por ser usado pelo menos uma vez. Eu quase não saíra para nenhum lugar depois que comecei a passar todo o tempo que podia com Edward, mas não era como se eu sentisse falta de sair sem ele. Qual era a graça de ficar sozinha, afinal? Antes eu teria argumentos para essa pergunta, agora a situação era outra. Ficar com Edward era bom, por que então eu escolheria ficar sozinha?

Foi bom dirigir de janelas abertas, era quase como se sentir livre. Quase.

Tinha mais guardas que o normal de frente ao portão imponente da mansão dos Swan e eu franzi meu cenho ao constatar que eles me deixariam entrar sem sequer pensar duas vezes. Charlie não era de dar esses tipos de ordens ao meu favor, por isso não esperei coisa boa daquela atitude.

Após sair do carro, recusei a oferta que estacionassem dentro da propriedade já que demoraria muito caso eu estivesse apressada. Os seguranças sorriram ao meu cumprimentar e daquela vez não me dei ao trabalho de corrigi-los quando me chamaram de “Srta. Swan”.

Eu só estava ali por causa da minha mãe e planejava não voltar após tê-la convencido a me visitar. Ela me perdoaria antes, claro, e depois acreditaria em mim quando eu dissesse que estava arrependida. Tudo que eu fiz não foi para magoá-la, de jeito algum, eu só queria que ele dividisse o tempo dela comigo também. Eu sentia sua falta — e tinha quase certeza de que assim que a falasse aquilo, ela desistiria de ficar com raiva.

Eu sabia que meus motivos não eram lá os melhores, mas eu contava com que Renée fosse compreensiva. Outra coisa que eu também sabia era que pedir compreensão após arrancar o namorado o qual ela parecia amar desesperadamente, de seus braços era uma atitude não muito legal e as chances de perdão era baixas. Mas Renée era uma boa pessoa, eu tinha certeza daquilo, e como uma ótima mãe ela não permitiria que seu rancor crescesse por muito mais tempo.

— Bella? — A voz de Charlie veio de trás de mim enquanto eu avaliava a cozinha em busca de minha mãe. Ela não estava lá.

Era claro que eu tomara um susto, eu não esperava que ele estivesse em casa nem muito menos que me tratasse com tanta gentileza. Sua voz era gentil de uma forma que não era comum ser antes, era quase paternal de um jeito que ele não fazia quatro anos. Meu medo também foi pela felicidade em sua voz, a rouquidão dela que demonstrava passividade, calma e sei lá mais quantos adjetivos favoráveis a ele.

Esperei um momento para me virar em sua direção, não tinha certeza de quanta surpresa meu rosto demonstrava. Minha maior surpresa foi ao ver suas roupas informais, roupas as quais eu pensava estarem extintas de seu guarda-roupa.

— Hum, oi, Charlie. — Forcei minha voz teimosa a sair.

— Bella… oi. Que grande surpresa você por aqui…

— Vim procurar a mamãe. Ela está?

Ele franziu o cenho e seu rosto fez o mínimo movimento que negava. Esperei que ele me desse mais alguma informação, qualquer coisa que explicasse sua ausência, no entanto seus olhos pararam em meu rosto e não saíram até eu mesma desviar os olhos para os meus pés. Se ele queria disputar quem conseguia encarar por mais tempo, ele com certeza ganharia. Eu era horrível para fitar continuamente alguém, minhas bochechas achavam que aquilo era motivo para vergonha e logo coravam.

— Onde… ela foi?

— Eu não sei. — Ele murmurou. — Provavelmente ela foi atrás do advogado ou procurar uma casa, eu sinceramente não sei.

Ergui minhas sobrancelhas, incrédula. Ir atrás de um advogado e procurar uma casa não era bem o que eu esperava de explicação. Lentamente, quase ao passo de uma tartaruga, meus pensamentos foram clareando e formaram uma ponte de reconhecimento entre as duas hipóteses que Charlie me dera. Ir atrás de um advogado e procurar uma casa era igual a divórcio.

Divórcio.

Não sei por quanto tempo a palavra ficou martelando em minha mente, provavelmente alguns minutos. O olhar de Charlie dissecou a minha expressão chocada e ele encostou-se a parede que dava para a entrada da cozinha, esperando que meus lábios formassem palavras que custavam para sair. Era minha culpa, minha exclusiva e total culpa que eu tivesse lhe confessado o meu fingimento com Carlisle. Mamãe se divorciou de Charlie porque provavelmente foi visitar Carlisle e redescobriu sua paixão.

Por mais que eu não gostasse, a ideia fazia sentido.

— As coisas… — Ele hesitou, olhando para baixo. — não estão indo tão bem nessas últimas semanas e eu juro para você, minha filha, que eu estava tentando de tudo para não perdê-la.

— Como… foi mamãe que pediu o divórcio? — Eu queria acreditar que tudo não fazia nenhum sentido, mas fazia. Merda! Fazia sentido, inferno!

Charlie assentiu com o rosto, abaixando-o novamente logo em seguida.

— Eu sinto muito. — Murmurei por fim.

— Eu diminuí o meu tempo na empresa, Bella — Sua voz era desesperada de um modo como ele nunca se permitiu ficar —, eu fui mais atencioso, até mesmo sugeri que fossemos visitar você, mas ela parecia contrária a essa ideia. Disse que por enquanto não queria te ver… ela anda tão estranha ultimamente, não posso imaginar o que pode ter acontecido.

— Quando ela pediu divórcio? — Perguntei.

— Três dias atrás.

Eu assenti pensativamente.

— Eu posso abraçar você?

Eu nem tinha concordado quando ele andou rapidamente até onde eu estava parada, ainda incrédula com tudo que eu havia piorado, e colocou os braços ao meu redor, abraçando-me com força. Só por piedade eu passei meus braços ao redor dele. Só por isso. Se eu fosse insensível, com certeza teria me afastado e me lembrado de todo o rancor que eu sentia dele antes.

Rancor o qual se transformou em pó em somente alguns segundos.

Eu me dizia ser forte, dura, impiedosa e tantas outras coisas quando se tratava de Charlie, mas eu não era. Nem mesmo um pouco. Era só alguma atitude e lá voltava eu a me arrepender pelas horas que eu ficava com raiva dele, assim como eu fazia quando morava em Forks. Exatamente como lá, como se eu tivesse treze anos e possuísse perdão para distribuir a todos.

Certa vez, Charlie brigou comigo por algum motivo do qual eu não me lembrava — as memórias ruins apagavam-se em minha mente com rapidez quando se tinha coisa melhor para lembrar — e eu achara que aquilo fora o cúmulo da injustiça porque eu não fizera nada. Eu nunca fazia. Eu fiquei com tanta raiva dele que eu marchei para o meu quarto e enterrei o rosto dentro do travesseiro, gritando ao mesmo tempo em que chorava por mais de uma hora.

E depois eu não pensei duas vezes antes de perdoá-lo quando ele chegou ao meu quarto perguntando se eu não queria uma xícara enorme de chocolate quente. Foi um bom dia cheio de chocolate que me fez esquecer tudo que eu estrava com raiva ou todos os litros de lágrimas que eu havia derramado. Acabei ao final de tudo achando-me uma idiota que ficava com raiva por besteira… eu sempre fazia isso.

Era o que estava acontecendo agora.

— Me perdoe se eu não fui um bom pai, Bella. Eu deveria ter sido… — Murmurou ele. — mesmo ao saber que…

— O quê? Saber o quê? — Eu o perguntei, afastando-me para lhe olhar quando ele parou de falar.

Ele tencionou o maxilar e desviou os olhos.

— Deveria perguntar a sua mãe. — Charlie disse.

Eu não insisti, não queria imaginar que havia alguma coisa que eu não sabia e me fora escondida. Eu não era a melhor pessoa para lidar de forma racional e passiva a coisas ocultadas de mim por um longo período de tempo, e sim, estava sendo mais que hipócrita já que eu escondia coisas de quase todo mundo. Mas essa era eu. E eu era hipócrita, reconhecia isso e não tentava mudar.

Fiquei por pouco tempo lá e outra surpresa foi escutar Charlie me dizendo que eu deveria voltar lá, que queria que eu voltasse. Eu não sabia o que o tinha feito mudar tanto, mas estava por enquanto gostando disso tudo. Mais uma vez eu chegava a pensar que nós só dávamos valor as coisas quando as perdíamos definitivamente e chegávamos a mudar.

Dei tchau para os seguranças quando passei por ele e voltei para o ambiente calmo e confortável de meu carro. Tentei não pensar muito sobre as coisas que aconteceram em tão pouco tempo e sem eu ter consciência e mais uma vez me culpei por mamãe estar pedindo o divórcio para Charlie. Talvez ela nunca tivesse ido atrás de Carlisle se eu não tivesse contado.

Suspirei e fechei meus olhos quando o carro parou em um sinal vermelho, encostando meu rosto ao banco fofo. Eu queria começar a dormir de tão cansada que eu já estava, mental e fisicamente, mas ainda tinha de ir lá ao apartamento de Edward para tentar falar com Alice. Parte de minha mente me contradizia ao murmurar que eu era louca e que aquela atitude não era sensata, porém a outra me dizia que quanto antes, melhor.

Eu não sabia a qual escutar.

Teria ido direto para o apartamento onde Alice morava se minha barriga não estivesse clamando pelo almoço, forçando-me a parar em um dos meus restaurantes favoritos. Antigamente eu vinha para ele sozinha, sem companhia nenhuma mesmo, apenas para degustar a maravilhosa comida que eles ofereciam. Fiz uma anotação mental de chamar Edward uma hora para vir jantar ou almoçar comigo.

Então, quase novamente radiante, estacionei meu carro sem muitas delongas e peguei minha bolsa azul escura que estava no banco do passageiro, caminhando com passos calmos para dentro do restaurante. Como eu era minimamente detalhista, o fato de eu gostar de lá se devia também a decoração amena e confortável que ele oferecia. Os dois aquários que tinham logo na entrada, a iluminação avermelhada, o toque suave do piano branco de cauda que ficava no centro, as luminárias altas e lindas. Tudo aquilo melhorava a impressão que eu tinha.

Sentei-me em uma mesa para dois lugares e suspirei. Fazia um bom tempo que eu não vinha aqui e eu esquadrinhei com meus olhos a decoração que tinha se renovado e melhorado consideravelmente. Não tinha como ficar mais perfeito, realmente. Logo um garçom veio me atender e relapsa, deslizei a atenção para o cardápio que foi colocado a minha frente, procurando o meu prato preferido. Camarão com molho de queijo, como quase sempre.

Não me permiti pensar em coisas desagradáveis enquanto estivesse lá e por um lado funcionou, mas aí minha mente voou na direção de Edward. E Tanya, claro. Eu não podia pensar em Edward sem pensar também em sua noiva e o quanto eu estava sendo infiel a mim mesma estando com ele. Eu havia dito, afinal, que nunca me envolveria com ninguém, e me envolvi. Disse também que traição era uma coisa terrível e que eu nunca conspiraria para isso, e conspirei. Por ele.

Eu comi no automático, meus pensamentos disparando em várias direções que por vezes não eram agradáveis. Por exemplo: Eu me encontrava completamente perdida sobre o que fazer o que não fazer porque, cara, como eu ia fazer faculdade na Inglaterra se Edward ficava aqui? Eu tinha consciência, claro que tinha, de que ir para Cambridge sempre foi o meu grande sonho e que desistir assim dele era estupidez, mas era Edward.

E eu o amava. Tanto que era insuportável pensar em ir para a Inglaterra.

Suspirei pesadamente mais uma vez e bufei, perguntando-me o porquê de a minha vida ser tão difícil. Eu sabia, céus, eu sabia que eu havia errado muito outrora, mas agora eu já havia melhorado e não tinha a pretensão de acabar com a vida de alguém mais uma vez. Tudo que eu queria no momento era que as coisas fossem mais fáceis para mim e para Edward. Para nós dois. Juntos.

Decidi me levantar quando meus olhos foram acidentalmente para o relógio em meu pulso e notei já serem duas horas da tarde. Mais tarde do que eu imaginara.

O garçom logo se aproximou quando eu o chamei com um gesto da mão, já estando com a conta pronta em suas mãos. Coloquei o cartão dentro de um tipo de carteira vermelha — combinando propositalmente com o ambiente — que eles usavam e o entreguei. O garçom que se chamava Jonas, não demorou muito para trazer de volta, nem mesmo foi meio segundo completo.

Eu estava prestes a sair do restaurante quando eu por acaso escutei meu nome sendo dito. Isabella, Bella… tudo isso em sussurros. Juro que não foi curiosidade de minha parte, era apenas o reflexo que eu tinha de sempre que eu escutava meu nome, virar-me na direção da voz. O pior era que eu conhecia aquelas duas vozes que conversavam entre si.

— Você tem de dizer para ela, Renée. — O homem loiro falou, firmemente e a primeira coisa que meus olhos focaram foi sua mão deslizando na direção da outra.

— Eu sei, eu só não consigo…

— Não é justo com ela.

Carlisle. Aquela maldita voz era de Carlisle. Eu demorei a perceber porque eu não queria de nenhum jeito estar certa, mas era impossível negar o que eu estava vendo com meus próprios olhos. Era ele… eu nunca me esqueceria de seu nariz reto e erguido, as bochechas e os cabelos loiros que agora estavam um pouco mais curtos.

Eu acho que eu passei um bom tempo olhando para eles, incrédula, só me dei por mim quando ele, perceptivo, desviou os olhos de Renée e me olhou. Antes de sair apressada e aterrorizada pela porta de vidro, pude perceber a surpresa presente em cada parte de seu rosto, uma surpresa que eu não tive tempo de ver se era positiva ou não.

Não importava o tipo de surpresa. O que importava de verdade era que Carlisle estava solto e com Renée.

Inferno.


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Notas finais do capítulo

É... hum, as coisas começam a esquentar a partir do próximo capítulo. E é, isso não é um sonho/miragem/imaginação da Bella. É verdade. Eu espero que vocês comentem (amo ler o que vocês falam) e que tenham gostado do capítulo. Breve breve posto mais. Beijos ♥

ps: Eu me esqueci de comentar no capítulo anterior, mas... vocês viram o novo banner que a linda da Anne Lov fez pra mim? Aposto que a maioria viu. A Bella de ES é loira, certo? No banner ela está morena porque lá pelo capítulo 30 ela pinta o cabelo e o porquê eu não vou dizer. Se vocês olharem direitinho, vão ver o big ben ao lado da Bella ♥ enfim, é isso.