Renegados escrita por Isa


Capítulo 7
Capítulo 7 - Apenas "Amigos"




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        Ok, eu tinha que ter calma, talvez fosse um defeito do aparelho, ele não é novo mesmo.

 

        Não.

 

        Era óbvio que o tal robô havia chegado à Base Seis, e aparentemente estava ganhando dos mutantes de lá exatamente como previ. Eu tinha que arranjar um jeito de ir lá, ir lá e salvar Bryan. Meu melhor e único amigo em muito tempo.

 

        - Jen? Jenny? – Lance se ajoelhou ao meu lado e pôs a mão em meu ombro, tentando me tirar de meus devaneios. Estava tão nervosa que nem liguei para o Jenny que ele falou. – Jen você está com o olhar vidrado, o que houve?

 

        - O Bryan... o aparelho... o robô Sentinela. – falei, meus olhos começavam a se encher d’água quando pensei na possibilidade de Bryan estar... morto.

 

        - Bryan e Sentinela? Ah, então aquele robozão chegou na sua ex-Base? – perguntou ele. Mais tarde eu com certeza iria me arrepender daquilo, mas me virei e abracei Lance. Qual é, ele era o mais próximo de um amigo que eu tinha por lá, não quer dizer que haja algo entre a gente.

 

        - Hum, Jen, eu não sou muito bom em consolar as pessoas não. – falou ele, mas me abraçou também. Ficamos ali por um minuto no máximo, ele me abraçando e eu me sentindo protegida por aqueles braços fortes e... Peraí, o que eu estou pensando? Braços fortes? Abraçada com Lance Evans? Não! Esse era o momento de ser durona e ir à Base Seis atrás do Bryan.

 

        Me desvencilhei dos braços de Lance e me levantei.

 

        - Isso não é hora de bancar o herói consolando a donzela indefesa, Lance. A gente tem que achar um jeito de salvar o Bryan e o resto do pessoal da Base.

 

        - Eu estou bancando o herói?! – falou ele, levantando-se – Você que veio cheia de “oh, Lance, me console”. – ele fez uma imitação que nada tinha haver comigo, pondo uma das mãos na testa. Parecia mais a Bela Adormecida ou alguma outra princesa e não eu.

 

        - Eu não fiz isso. – eu disse.

 

        - Por pouco não o fez. Que seja, você que chegou cheia de amores me abraçando e eu que estou bancando o herói?! ‘Cê deve sofrer de distúrbio de personalidade.

 

        - Ora, cale a boca. Vamos falar com o Capitão! – eu abri a porta do quarto e saí, antes de continuar lembrei que não conhecia nada das regras e localizações daquele lugar ainda. Me virei e apressei Lance.

 

        - Cara, depois disso tudo eu tenho que ir pro Céu quando morrer. – ele falou, me segurando de leve no braço e levando-me até aquela grande sala branca.

 

        O Capitão não estava mais lá.

 

        - Lance. – chamei, ele me soltou e virou-se pra mim. Eu havia lembrado de um detalhezinho. – Qual ou quais são os poderes do Capitão?

 

        - Ele tem uma mira perfeita e consegue usar com destreza qualquer arma que você ponha em suas mãos, além de ter aqueles poderes de lançar raio vermelho dos olhos, sabe, tipo o Ciclope?

 

        - Ah, sei. – nossa, o cara tinha categoria pra ser líder mesmo.

 

        - Lucy! – ele chamou a loira que estava conversando com o Capitão quando fomos falar com ele. Ela só tinha o nome igual ao da minha antiga amiga, a Lucy que eu conheci era ruiva.

 

        Lucy foi até nós e perguntou o que queríamos. Ela devia ter uns vinte e poucos anos, talvez mais velha que Mark Spencer. Lucy era bonita, tinha olhos azuis claros e uma voz agradável, mas não aquele agradável enjoativo, apenas agradável.

 

        - Tem um robô invadindo a...

 

        - Antiga Base da Srta. Talbot. – ela terminou para Lance. – Nós sabemos, na verdade estamos monitorando essa Sentinela há muito tempo.

 

        - Batizaram o robô de Sentinela oficialmente? – perguntei.

 

        - Sim, por causa de X-men, todo mundo conhece mesmo. – ela deu um sorrisinho.

 

        - É, pois é. – realmente todo mundo já tinha ao menos ouvido falar de X-men. Que coisa. – Mas voltando ao assunto...

 

        - Pode me chamar de Lucy.

 

        - Ah, tá. Então Lucy, o que será feito a respeito da invasão à Base?

 

        - Nada poderá ser feito, não sabemos nada sobre o robô Sentinela, não podemos atacar assim o desconhecido.

 

        - Mas... – eu ia acabar começando uma discussão, mas Lance interrompeu.

 

        - Obrigado pela informação, Lucy. Eu vou falar com a Jen sobre as regras daqui, só pra ela não fazer besteira. – Lucy assentiu e Lance me puxou até um quarto bem antes do meu.

 

        A decoração era a mesma. O mesmo estilo de móveis, a mesma cor de parede, até os mesmos lençóis e cobertores de cama, mas neste quarto havia um pôster na porta. Para minha surpresa era um pôster do Linkin Park e eu adoro Linkin Park.

 

        - Jen, regra número um: não discuta nem com Lucy nem com o Capitão, principalmente com o Capitão. – falou Lance, sentando-se na cama. Pelo visto estávamos no quarto dele.

 

        - Quais são os poderes da Lucy? – perguntei, tirando o pôster de mente.

 

        - O oposto dos meus. Eu sou fogo, ela é gelo.

 

        - Nossa, vocês devem evitar se encontrar, né? – sentei-me ao lado dele.

 

        - Não há motivo para isso, sabemos controlar nossos poderes muito bem. – ele deu de ombros.

 

        - Então quer dizer que vocês costumam se encontrar informalmente, assim, como amigos? – perguntei. Foi só curiosidade, porque eu não achava que Lance e Lucy tivessem algo. Ela era... muito velha pra ele.

 

        - Mais ou menos. Na verdade muito raramente e só porque foi Lucy quem me encontrou e me trouxe pra cá.

 

        - Hum, agora chega de conversa fiada. O que vamos fazer para salvar meu amigo?

 

        - E lá vem o distúrbio de personalidade... – ele revirou os olhos.

 

        - Não é distúrbio nenhum, certo? É meu amigo, meu único amigo!

 

        - Único amigo? Posso saber o que você me considera? – perguntou ele, e que pergunta desconcertante.

 

        - Te considero um conhecido... – ele me olhou com o rosto meio mal-humorado – Talvez um colega.

 

        - Ah, valeu, Jenny. – ah, o Jenny de novo. Por que diabos ele foi inventar de me chamar assim? Era tão bonitinho. E se eu continuar por esse caminho vou acabar igual à princesa que ele descreveu.

 

        - Não mude de assunto. Eu quero saber com vou salvar o Bryan.

 

        - Você não vai. – antes que eu interrompesse, ele continuou:

 

        - Você não entende? Aquela Sentinela é um robô desconhecido, ela pode ter armas que você nem imagina que existam, pode te matar, Jenny.

 

        - Vou morrer salvando um amigo, eu não ligo se eu morrer assim. – falei, teimosa.

 

        - Mas eu ligo. – disse Lance, para minha surpresa. Ele olhou no fundo dos meus olhos e ficamos assim, até que notei que ele estava se aproximando. Ele ia me beijar, era óbvio. Mas eu não ia ceder assim fácil, tinha praticamente acabado de conhecer ele, certo?

 

        Quando ele estava bem próximo a mim, comecei:

 

        - Olha, você não... – Lance me puxou para si e eu parei de falar. Então ele disse:

 

        - Uma vez na vida, cala a boca. – e me beijou. É, simples assim, eu cedi facilmente. Francamente acho que qualquer outra garota no meu lugar cederia, ou melhor, nem teria tentando interromper como eu fiz. Afinal, ele era Lance Evans.

 

        Pus os braços em volta do pescoço dele e me rendi ao beijo. Ele tinha os lábios macios e o hálito quente – oh, que surpresa -, sem dúvida alguma foi o melhor beijo de minha vida.

 

        Não que eu tivesse sido uma beijoqueira, só tinha beijado uns três garotos até então, não tive exatamente muito tempo para me preocupar com paqueras depois da descoberta dos mutantes. Lembrei do que Bryan disse sobre isso e concordei com ele, pena que não havia tempo para paqueras. E me lembrei; Bryan, meu amigo, aquele que provavelmente estava enrascado.

 

        Interrompi o beijo, mas não soltei Lance – tinha que aproveitar, né.

 

        - Lance, o Bryan...

        - Ah, Jenny. Ainda vai insistir nisso? – ele também não tinha me soltado. Era estranho e ao mesmo tempo bom ficar assim com o Lance, ele me fazia sentir bem, não havia mais como negar.

 

        - Vou, porque sei que o Bryan não desistiria de mim se fosse ele que estivesse aqui com uma garota.

 

        - Jenny... – então ele me soltou e eu fiz o mesmo. Fiquei um tempo olhando   para Lance que olhava para baixo, pensativo. Como ele não disse nada eu resolvi:

 

        - Faz o seguinte: insiste um pouco mais com o Capitão, se não der certo eu tento, ouviu bem, tento esquecer isso pelo menos por hoje. – Lance levantou a cabeça e olhou para mim. Depois de um tempinho pensando, aceitou minha sugestão.

 

        - E sobre, ãh, isso que rolou agora? – indagou ele. Primeiro pensei que Lance estivesse, sei lá, de brincadeira. Porque pelo que eu sabia depois de um beijo daqueles estávamos namorando, certo? Mas pelo que ele falou não, não estava certo.

 

        - Ah, sei lá. – falei. Lance deu aquele meio sorriso.

 

        - Nossa, de todas as garotas que conheci nunca pensei que fosse me interessar por uma como você.

 

        - Uma como eu? O que quer dizer com isso?

 

        - Sabe, sem frescuras ou sem jeito de líder de torcida, pouco feminina, entendeu? – falou ele. É eu entendi, entendi que ele não me achava feminina. O que sou então? Mas ele ia ver só.

 

        - Você disse que eu não sou feminina? Acha que eu sou o que, um troglodita com TPM? Ah, dá licença, eu vou para o meu quarto arranjar sozinha um jeito de salvar o Bryan, meu único amigo. – falei, me levantando e indo em direção a porta.

 

        - Jen, espera não foi isso que eu quis... – foi o que eu ouvi antes de fechar a porta, mas então lembrei do pôster. Entrei novamente e perguntei:

 

        - Gosta de Linkin Park?

 

        - É a melhor banda.

 

        - Ah, que bom. – e saí novamente antes que Lance pudesse falar qualquer outra coisa, mas ainda ouvi ele falando algo com “entende tudo errado” na frase. Pouco feminina, vê se pode. Só porque eu tenho mais personalidade. Mas agora meu foco era outro, eu tinha que salvar Bryan... e lembrar qual era o meu quarto.


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