Renegados escrita por Isa


Capítulo 5
Capítulo 5 - Novo-Antigo Robô




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/32616/chapter/5

        Eu e Lance acordamos cedo no dia seguinte, às sete da manhã. Ele disse que “não queria arriscar acordar tarde numa sala humana de experiências científicas”. Eu o chamei de paranóico, mas não pareceu o afetar muito, ele até sorriu, e é isso que me irrita no Lance. Ele parece inabalável, nada parece afetá-lo, ou ele leva na brincadeira ou nem dá importância. No fundo, no fundo acho que até queria ser igual a ele, era bom caso alguém resolvesse me perturbar algum dia.

 

        Depois de meia hora, para minha surpresa, ele puxou assunto.

 

        - Já tentou falar com seu amigo pelo tal walkie talkie? – perguntou Lance.

 

        - Não, vou tentar na nossa próxima parada. Não consegui ontem por causa daquela, hum... aposta, que fizemos. – falei, parei por aí para ele não puxar assunto sobre o ocorrido do dia anterior.

 

        - Ah, tá. Será bom ligar assim que chegarmos, ele pode pensar que você esqueceu ele... Ou que eu te matei na floresta. – ele falou, com seu costumeiro meio sorriso. Sorri também.

 

        - Agora me diz, como que você descobriu seus poderes? – perguntei para Lance. Eu adorava perguntar isso para os outros.

 

        - Eu tinha doze anos – e adorava ainda mais quando recebia a resposta -, estava no meu quarto no meu computador, até que ele começou a paralisar, isso era comum, mas me estressava extremos, ele não voltava e eu ia ficando com raiva, coisa comum na pré-adolescência, até que, bem... Digamos que expandi a minha raiva. Resultado...

 

        - Pôs fogo no quarto? – perguntei. Lance fez que sim com a cabeça.

 

        - Fiquei de castigo por uma semana e meus pais acharam melhor esconder dos outros meu dom para queimar coisas. Mas você nem imagina como foi estranho estar coberto de fogo pela primeira vez, estava em todo lugar mesmo. Tanto em mim quanto no quarto. – ele sorria lembrando-se daquilo tudo, provavelmente pela lembrança conter sua família.

 

        - O que houve com seus pais? – tomei coragem de perguntar. O sorriso de Lance se desfez.

 

        - Eu tinha quatorze anos quando começaram a vasculhar casas a procura de mutantes depois daquele mutante descontrolado que destruiu a Golden Gate, os policias humanos mataram meus pais quando eles não deram a eles minha localização. Eu nem estava tão longe, estava numa espécie de entrada secreta que tínhamos no porão, meu pai tinha construído quando eu era criança para eu brincar esconde-esconde com meus amigos, eles nunca me encontravam. – ao terminar, Lance suspirou e um silêncio incômodo surgiu entre nós, até que ele o quebrou novamente.

 

        - E você, como descobriu os seus dons?

 

        - Foi tão idiota... – eu disse, porque realmente havia sido bem idiota.

 

        - Mais idiota do que um adolescente irritado com o computador? – ele sorriu, e quem resiste ao sorriso de Lance Evans?

 

        - Eu tinha mania de andar pelo telhado da minha casa quando eu tinha onze anos. – já que Lance franziu a testa, eu acrescentei – Nem me pergunte por que, eu também não faço idéia. Enfim, eu não sou nenhum Tarzan pra me equilibrar perfeitamente, então, numa das vezes que tentei ir mais para a ponta do telhado, eu caí e meus pais não estavam em casa, pois eu nunca subia quando eles estavam, óbvio.

 

        - Agora eu adivinho; saiu voando? – arriscou ele.

 

        - Errado. Eu realmente caí mas não me machuquei, me transformei em aço durante a queda e só percebi quando vi que o chão embaixo de mim tinha afundado um centímetro enquanto eu estava intacta.

 

        - Com certeza é menos idiota do que o meu.

 

        - Mas eu ainda não te contei das asas.

 

        - Então manda. – ele falou. Eu suspirei e me segurei para não rir de mim mesma.

 

        - Eu estava brincando de pique-pega no quintal de minha casa com minha melhor amiga, a Lucy...

 

        - Que coincidência, conheço uma Lucy também.

 

        - É né, existem várias Lucys pelo mundo, não me interrompa. Enfim, eu estava correndo porque estava com ela, então, no meio da corrida as asas saíram e saí voando. A princípio entrei em pânico, mas depois me acostumei e acabei gostando de voar. Quando voltei ao chão, Lucy havia chamado minha mãe que murmurava “De novo não.”, balançando a cabeça. Lucy prometeu não contar à ninguém e felizmente cumpriu a promessa. – no fim não resisti e ri, Lance fez o mesmo.

 

        - Olha, não é que seja ridículo é só... Inusitado. – falou ele.

 

        - Pois é.

 

        - E o que aconteceu com seus pais?

 

        - Ah, eles foram presos por não falarem onde eu estava, acho que os policiais que encontraram minha casa eram menos cruéis que os que encontraram a sua. Meus pais podem estar vivos ou não, mas é improvável que nos reencontremos.

 

        - Queria ter essa esperança. – falou Lance, cabisbaixo. Eu ia tentar consolá-lo, mas algo nos distraiu – uma sorte, não sou boa nesse tipo de coisa.

 

        Lance pôs o braço na minha frente para evitar meu avanço. O terreno já começava a mudar. Se Lance desse um passo a frente poderia ter escorregado devido à inclinação, sorte que ele notou antes.

 

        - Ufa, essa foi por pouco. – falei. – Essa mudança é “maus”, certo? Quer dizer que vamos encontrar mais áreas abertas e mais Ciborgs.

 

        - Isso aí.

 

        - Ah, quando eu acho que tá tudo calmo... – não pude terminar a frase, pois o chão tremeu. Isso aí, tremeu. Mas não era um terremoto, era uma tremida com o intervalo de quatro segundos mais ou menos, pareciam grandes passos, e infelizmente realmente era isso.

 

         Um enorme robô com forma humanóide e de cor preta surgiu do meio das árvores altas à frente. A sorte é que ele tinha uns dez metros e olhava para frente, e não para baixo, logo não viu Lance e eu olhando-o abobalhados.

 

        - Mas que m... – eu comecei, mas fui interrompida por Lance. Já estava virando mania essa história de interromper.

 

        - Acho melhor sairmos daqui antes que ele pise na gente. – dizendo isso, ele me puxou para o meio de umas árvores, e um segundo depois o robô pisou exatamente onde nos encontrávamos.

 

        - Mas Lance... Se ele continuar sempre em frente, ele vai encontrar a Base Seis. Eu tenho que avisar ao Bryan! – eu estava em pânico. Se aquele robô enorme chegar até a Base, o pessoal não vai ter chance. Ele é enorme, além de provavelmente tem armas e ser blindado, então lembrei que aquele robô parecia ser do modelo antigo, aquele estilo "Sentinela".

 

        - Não temos tempo agora. Temos que encontrar um abrigo primeiro, porque se esse monstrengo está por aí, os 14.2 e 14.3 também devem estar, Jen. Não podemos nos distrair com nada. – ele finalizou. Eu entendia a situação, Lance estava certo, não podíamos vacilar, se vacilássemos era bem provável que morrêssemos antes do robô chegar à Base.

 

        - Agora vamos logo, antes que... – ele parou no meio da frase olhando algo atrás de mim.

 

        - O que foi? – perguntei. Eu me virei e levei uma pancada forte na cabeça, a última coisa que ouvi foi Lance respondendo:

 

        - Nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixe seu review, não cai o dedo, você ganha pontos e alegra alguém - euzinha. ^^
Agradeço desde já à quem deixar ^^