Renegados escrita por Isa


Capítulo 4
Capítulo 4 - Acampando


Notas iniciais do capítulo

Contém o POV de outro personagem :)



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        Eu e Lance andamos o dia inteiro, até que andamos rápido levando em consideração as raízes de árvores e as próprias árvores no caminho, estava até me arrependendo de me juntar à tal Resistência, então comecei a pensar no lado bom da história; eu teria o que fazer, seria útil e poderia sair mais, provavelmente. Isso me animou um pouco.

 

        O tempo todo eu e Lance não trocamos uma palavra, até que, olhando meu relógio e vendo que eram sete horas da noite, eu resolvi perguntar:

 

        - Quando nós vamos para, posso saber?

 

        - Pelos meus cálculos... – começou ele, pensou um instante e acrescentou:

 

        - Podemos parar porque já está escurecendo e é melhor achar um lugar para dormir antes de estar difícil de enxergar, mas amanhã temos que andar mais uns cem metros.

 

        - Pelo menos vamos descansar, né. – falei, dando de ombros. Realmente era melhor do que ficar andando a noite inteira, mas o maior problema para mim não era andar, e sim aquele silêncio de falta de assunto entre eu e o Lance.

 

        Nós andamos pela floresta procurando um lugar ao menos protegido por árvores. Para a nossa sorte achamos uma caverna desocupada e espaçosa pelo menos na parte de dentro, por fora havia apenas um buraco onde eu passava na boa e Lance tinha que se espremer um pouco mesmo passando a mochila antes. Depois de deixar minhas coisas lá dentro saí novamente para pegar pedaços de madeira para uma fogueira. Alguns minutos depois já estávamos instalados na caverna.

 

        - Aproveita enquanto ainda estamos em terreno plano. – falou Lance depois de acender a fogueira com o dedo.

 

        - Como assim? – perguntei. Não podia piorar, podia?

 

        - Estamos nas montanhas, lembra? Daqui a pouco o terreno vai inclinar ou qualquer outra coisa parecida. – percebendo minha apreensão, ele acrescentou com seu costumeiro meio sorriso:

 

        - Vai dizer que a famosa Jennifer Talbot não agüenta o tranco?

 

        - Ah, claro que agüento. – falei, o que era verdade – Eu só não agüento mais viajar com um cara que parece que é mudo.

 

        - É você quem não puxa assunto. Eu tenho que me ocupar em não nos perdermos, entretenimento é com você. Por exemplo, você tem mais chances de fazer um striptease decente do que eu. – ele sorria malicioso quando disse isso. Não pude deixar de rir também, mas o repreendi.

 

        - Ah, cala a boca, seu pervertido! Só não te nocauteio porque se o fizesse não teria para onde ir.

 

        - Como se você tivesse capacidade para tanto. Olha o meu tamanho e olha o seu. – ele disse, sorrindo.

 

        - Ah, é? Então eu te desafio. – falei, me levantando e mudando para o aço. Lance então se levantou também e ficou completa e literalmente em chamas.

 

        - Aceito o desafio. – era óbvio que não era preciso explicar qual era o tipo de desafio; uma briguinha informal e quem ganhasse podia jogar aquilo na cara do outro o resto da vida. Até que seria divertido. Mal sabia eu que nossa briguinha seria bem “inha” de tão curta.

 

        De surpresa, pulei pra cima dele, jogando-o no chão, eu ia dar um soco nele – não um soco forte, só simulando um, dessa forma eu poderia me considerar campeã, seria rápido e fácil -, mas antes que eu o fizesse, Lance segurou meu pulso, rindo daquele jeito seu malandro, e em seguida conseguiu segurar meu outro pulso, me virando e mudando as posições. Agora ele me prendia contra o chão pelos pulsos enquanto estava em cima de mim. E nós continuávamos nas nossas formas mutantes.

 

        Embora a situação parecesse constrangedora, nós dois ríamos de tudo aquilo, ele fogo, eu aço. Mas depois de alguns segundos os risos pararam e parecemos meio que tomar conhecimento da situação, mas nenhum dos dois se moveu. Então percebi que Lance se aproximava, não que já não estivéssemos próximos, mas ele se aproximava ainda mais. Eu não queria beijá-lo, ou talvez quisesse, ou então era só o fato de ele ser lindo que me impedia de virar o rosto. Quando já estava a milímetros de mim, ele se levantou, voltando à sua forma humana. Fiz o mesmo.

 

        - Então... acho que eu ganhei, certo? – pela primeira vez Lance parecia encabulado.  

 

        - É, você... ganhou. – concordei.

 

        - Me deu um sono. Acho que vou lá fora, sabe. Pra... pegar umas folhas pra gente poder deitar e não ficar no chão duro. – dizendo isso, ele saiu pelo buraco um tanto pequeno da caverna e foi no meio da noite buscar as tais folhas.

 

        - Ele só pode estar brincando. – murmurei para mim mesma. Provavelmente aquele fora apenas um motivo para se distanciar de mim depois daquele momento constrangedor entre nós. Eu particularmente acho que faria o mesmo se tivesse tido mais tempo pra pensar. Peguei um edredom velho que tinha enviado na mochila e o dobrei ao meio no chão – eu não precisaria me cobrir já que o fogo me aqueceria.

 

        Me deitei no edredom e poucos minutos depois já havia adormecido. Tive um sonho bem confuso envolvendo alguém em chamas.

 

 

 

Lance POV

 

        Eu tive que arranjar uma desculpa pra sair. O que tinha dado em mim naquela hora? Cara, eu ia beijar a Jen, nada haver. Não havia motivo para eu estar afim dela, tantas garotas bem mais bonitas, mais velhas e que tinham mais poder na Resistência que babavam por mim e eu afim da Jennifer? Lance Evans, você mal começou a trabalhar e já precisa de férias.

 

        Ouvi um som metálico interrompendo meus pensamentos. Vi um ser que parecia ter um metro e alguma coisa de altura e parecia ser de metal. Só podia ser um Ciborg. Voltei correndo para a caverna, largando as três folhinhas que havia me dado ao trabalho de pegar. Nem me preocupei em ver de qual tipo eles eram; eu tinha que avisar Jen e talvez até protegê-la.

 

 

 

Jennifer POV

 

        Acordei de maneira nem um pouco agradável: alguém me sacudia. Abri os olhos com má vontade e olhei primeiro para Lance que me cutucava e em seguida para o buraco de saída da caverna, então percebi que ainda era noite e que a fogueira estava apagada.

 

        - Qual é, a gente só vai voltar a andar amanhã, lembra? – resmunguei.

 

        - Acorda logo, Jennifer! Ciborgs! – Lance falou, agora me sacudindo. Ao ouvir a última palavra me levantei de um pulo.

 

        - Qual tipo? – perguntei.   

 

        - Sei lá. Está escuro e eu não cheguei perto dele o bastante para isso. Posso parecer, mas não sou completamente doido.

 

        - Por que não trancou a entrada da caverna?

 

        - Porque... eu não pensei nisso. – Lance bateu na própria testa quando disse isso. Eu só levantei uma sobrancelha.

 

        - Sabe se tem alguma pedra grande o suficiente por aqui? O buraco não é enorme, não deve ser difícil haver uma. – eu me levantei e comecei a andar pela caverna em busca de alguma pedra, com cuidado para não fazer sombra ou qualquer coisa sobre a entrada. Agora eu podia ouvir os sons metálicos emitidos pelo robô.

 

        - Você pode dar uma acendidinha aqui, Lance? – perguntei a ele quando cheguei ao fundo mais escuro da caverna. O rapaz veio rapidamente até mim e acendeu um pouco de luz na ponta do dedo indicador. Logo avistamos uma pedra que provavelmente tamparia a entrada.

 

        - Eu levo a pedra e você vigia e me diz quando a colocar quando a barra estiver limpa. – falou ele.

 

        - Ok... Capitão. – falei, irônica.

 

        Andei até a borda da entrada e fiquei olhando, Lance estava na outra borda, segurando a pedra. O robô de um metro e meio mais ou menos, passou pela entrada e, em frente a ela, parou. Segurei a respiração, pois ele começou a ir cautelosamente na direção da entrada. Mas, no meio do caminho, algo ligado a ele apitou e o 14.2 – pude ver gravado numa placa em suas costas quando se virou – voltou para o meio da floresta, indo embora. Dei o sinal para Lance largar a pedra na entrada e ele o fez, acendendo novamente a fogueira em seguida.

 

        - Isso porque ainda estamos em floresta fechada, quando o terreno começar a inclinar e estiver mais aberto você vai saber o que é perigo. – ele avisou. – Por isso eu digo: sempre alerta. Pode parecer paranóico, mas é o certo.

 

        Eu só acenei com a cabeça e voltei a me deitar, ainda estava meio constrangida com o que acontecera entre nós. Murmurei um ‘boa noite’ ao passar por ele, me deitei e rapidamente dormi. Dessa vez acabei sonhando com robôs, que “ótimo”.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Mesmo que seja xingando eu quero, hein ;D