Já era tarde da noite, ele estava sentado no terraço de um prédio. Fumando e admirando o mar e os navios e o cais da cidade, volta e meia olhava para o relógio em seu pulso. Até que um carro preto quebrou o silêncio da noite, dobrando a esquina e parando perto de um dos grandes galpões. Três homens e uma garota aproximadamente de 15 anos, amarrada e vendada. Eles a arrastaram para dentro do 3º galpão. O homem então apagou o cigarro no parapeito e desceu pela escada de incêndio, sem tirar os olhos do galpão.

Dentro do galpão a garota foi amarrada em uma das pilastras e inúmeras vezes agredida por não saber responder as perguntas que foram feitas a ela. “O que é você?”, “Quem são essas aberrações que apareceram no mundo?”, “Vocês são demônios?”. Ela repetiu que não sabia, apanhou várias vezes antes dos homens desistiram do interrogatório. Um deles deu a ideia de matar a garota e depois se livrarem do corpo. O outro homem disse que estava mesmo querendo uma diversão, começou a se despir e ir à direção da garota. Assim que ele começou tentar tirar a roupa dela, todo o galpão foi cercado por chamas, altas e fortes, podia se sentir o calor delas mesmo de longe.

Uma silhueta apareceu entre as chamas e a porta principal foi aberta. Um homem de cabelos negros adentrou o galpão, vestido com bota, calça jeans escura e uma jaqueta de couro negra com algumas spikes. Ele parou e olhou para os três homens, mas seus olhos se fixaram na garota. Um dos homens sacou a pistola e disparou contra ele três vezes, dois dos tiros o acertaram no ombro e no peito, mas o homem continuou de pé. Assustados os três começaram a atirar, enquanto lentamente o homem estendia a mão para as chamas e puxava uma fina linha vermelha de chamas que se tornou um chicote de fogo. Ele avançou rapidamente, desenhando linhas de fogo pelo galpão, chicoteando e ateando fogo aos três homens. Em questão de um minuto tudo havia terminado.

O incêndio em torno do galpão havia se extinguido e nada parecia ter sido queimado, como se nunca houve tido incêndio ali. Os únicos vestígios eram os três corpos no chão, carbonizados, deixando um cheiro podre no ar. Ele soltou a garota, ainda amedrontada, e entregou um pedaço de papel e pediu que ela saísse logo dali. Assim que a garota desapareceu correndo em meio à escuridão do cais, ele também começou a caminhar. Olhando para o mar ele percebeu uma coisa interessante, havia um rapaz nadando em meio ao mar altas horas da madrugada, incansavelmente. Ao se aproximar então ele pode perceber quem era um antigo conhecido seu, que infelizmente ele não queria ver tão cedo...
Ele se sentou em uma das pedras, até que o rapaz saísse da água, ambos se encararam, então ele resolveu acabar com o silêncio.
_O que faz nadando essa hora da noite Estefan?  -sorriu- _Virou esportista?
O rapaz saiu da água, sacudiu o cabelo e retribuiu o sorriso.
_Não, querido Karael, estava apenas saindo de fininho de uma festa um pouco que incômoda. Não quero confusão agora, quero apenas descansar um pouco.
Os dois ficaram em silêncio, o ar era um pouco tenso, mas logo foi quebrado pela sirene da polícia. Ambos se levantaram e olharam para as luzes se aproximando, se entreolharam e cada um saiu correndo para uma direção diferente.