Primeiro dia de aula. Estou nervosa, não conheço ninguém, não sei o que esperar disso tudo.

Acordei cedo, na verdade nem consegui dormir à noite. Resolvi tomar um banho bem demorado pra relaxar, já que tinha bastante tempo, mas não adiantou, só fiquei mais nervosa ainda. Saí do chuveiro e fui escolher uma roupa. Tinha que ser uma roupa especial para um dia especial, mas minhas expectativas foram pro esgoto depois que abri meu armário. Nada de interessante, as mesmas roupas velhas de sempre. Então, pra melhorar um pouquinho a situação, resolvi colocar minha camiseta dos meus pimentinhas de quando fui ao show deles pela primeira vez, pra dar sorte, uma calça jeans surrada e um all star vermelho. Coloquei também algumas pulseiras de taxinhas, brincos de caveira, um casaco xadrez por cima de tudo e minha bolsa.

Tomei meu café da manhã. Minha mãe não chamaria isso de café da manhã nem que fosse a última caixa de cereal do universo. Cereal e leite. O que mais uma adolescente precisa comer para enfrentar o primeiro dia de aula na universidade rodeada de gente desconhecida num local totalmente desconhecido?

Fui pro campus.

Não era tão longe de casa, uns dez quarteirões do meu prédio, mais ou menos, uma caminhada boa. Tentei por minha cabeça em ordem, minhas emoções em controle. Repassei todo o cronograma do que teria que fazer quando chegasse lá.

Cheguei e tive que me cuidar pra não entrar em desespero. O trote de boas vindas até que estava tranqüilo, meu medo anterior fora precipitado. Alguns alunos avançados estavam pintados de tinta guaxe recebendo os novos alunos. Fui parada por um garoto. Ele era alto, cabelos pretos, olhos castanhos, usava uma camiseta verde musgo e jeans que pareciam novos.

“Hey novata, ta perdida?”

“É, acho que estou. Preciso pegar meus horários, a secretaria fica pra que lado?’

“Bloco B logo na entrada, é só seguir por ali. Vai cursar o que?”

“Arquitetura. É meu primeiro ano. Preciso ir, obrigada pela informação.”

“Ah, legal. Se precisar de ajuda, eu sou da turma do terceiro ano de Engenharia Civil.”

“Ah, claro. Até logo.”

“Hey, seu nome. Ainda não me disse seu nome.”

“Janevive."

“E eu sou o Jack. Prazer em conhece-la, Janevive.”

Assenti. - “Até mais, Jack.” – Ou esse Jack é simpático assim mesmo, ou ele estava dando em cima de mim. Mas aposto mesmo na primeira opção.