A Profecia escrita por Annabel Lee


Capítulo 5
CAPÍTULO V


Notas iniciais do capítulo

Voltando para o nosso bem conhecido mundo... Avisando que a diferença



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HELENA

A chuva caía forte pela janela da sala, e o vento vinha frio. Foi assim os dois dias que estive aqui na casa de vovó, e creio que continuará até os dois dias mais que ficarei.

Nós todos estamos na sala. Envoltos por cobertores e assistindo à trilogia do Poderoso Chefão, que vovó insiste em ver praticamente todo o fim de semana.

André estava dormindo, obviamente. Filmes bons não o interessavam.

Eu via. Mas não estava muito interessada. Eu já havia visto. E gostei, de fato. Mas não sentia vontade de vê-lo de novo.

Vovó tem sido uma pessoa incrivelmente amável esses dias. E as esquisitices que falava para mim e para André quando éramos crianças não são mencionadas.

- Ah, como eu amo esse filme - ela comenta.

Eu acho que, na verdade, ela queria dizer: como eu amo o Marlon Brando.

Mas eu não disse isso em voz alta.

Quando o filme terminou, olhei pela janela e depois o relógio. Eram 16:30. E nem parecia. O tempo estava cinzento e escuro. O que era péssimo!

Amanda decidiu que queria ver o noticiário da tarde, então as pessoas começaram a sair da sala, com exceção da minha avó.

Eu resolvi dar uma voltinha pela casa rústica e aconchegante. Passei pelos quartos e observei os detalhes das paredes para passar o tempo.

O quarto da vovó era completamente Oriental, exceto por sua cama.

Sua cômoda de madeira polida tinha uns detalhes que me pareciam indianos, e por cima dela possuía estátuas de mulheres africanas segurando seus bebês.

Na janela havia um bounsai. Uma pequena árvore de origem japonesa. Era bonita. Muito bonita.

Encostei-me na parede ao lado da cama, para observar os lindos passarinhos amarelos que pousavam na janela. E senti um estalo no ombro. Logo após, a parede se moveu para trás, e depois girou. Fazendo com que eu entrasse numa câmara.

Eu nunca faria ideia de que a casa da minha avó tinha passagens secretas. Deus. Que imaginaria?

Meu primeiro impulso foi: sair. Mas o brilho mortal da curiosidade gritou dentro de mim. Acendi a luz.

A câmara era do tamanho da sala de estar. O piso era de granito, e as paredes eram brancas e bem iluminadas.

A sala era bonita. E muito, muito simples. Pois não possúia mais nada além de um grande espelho dourado preso na parede. Coisa estranha. O espelho tinha aparência antiga. E misteriosa.

E ao lado dele uma coisa mais misteriosa ainda. Uma escritura presa à parede. Num velho pergaminho. A letras eram perfeitas e bem alinhadas. Dizia:

"A cada ciclo, eis que uma fenda deve se abrir

E encontra-te a oportunidade de outro Universo descobrir

Mas ouça-te bem antes de um passo dar

Pois se a fenda você atravessar,

Jamais irá voltar"

Não entendi absolutamente nada. Outro Universo? Isso era possível? Talvez. A ciência diz que há possibilidades de 6 Universos alternativos. Mas... Nossa! Assustava só de pensar nisso.

E que fenda será esta? E... ciclo? O único ciclo que conheço é o menstrual, e realmente não me agrada.

Fiquei ali tanto tempo lendo o papel e tentando entendê-lo, que só fui perceber a presença de vovó quando a mesma disse:

- Você não deveria estar aqui.

Levei um susto.

- Que coisa é essa? - pergunto - esse espelho e esse papel?

- Coisa nenhuma. Não é de seu interesse.

- Eles tem algo haver um com o outro? - pergunto pensativa - talvez, senão não estariam no mesmo lugar...

- O que eles tem haver é que não são do seu interesse!

Mas nada do que ela dizia a advertia me era ouvido. Continuei a raciocinar sobre o mistério. Então uma coisa estalou em minha mente.

- O espelho é a fenda! - exclamo.

- PARE! - o grito de minha vó me traz a realidade, e me assusta. Sua expressão era rígida e decidida... mas também preocupada.

- O que há de errado, vó? - pergunto - Não quero ir para o outro Universo, se sei que não vou voltar...

Vovó respira fundo. Quando retorna a falar, sua voz é calma e reservada:

- Essa é a questão, minha jovem. Você poderia voltar.

- Como assim?

- Não sei explicar. Ninguém sabe. Só sabemos que um humano foi para lá e voltou. Mas, por mais que tentasse, não retornou.

- Que humano?

- Um tal de Tolkien. Pelo que sei escreveu um livro baseado no lugar, mas sem os nomes reais.

Já ouvi aquele nome antes. Tenho certeza. Mas não consigo recordar. Então, num estalo, o nome se revela. E me lembro do próprio escrito na capa de um velho livro de biblioteca.

- Você quer dizer - digo - que o autor de Senhor dos Anéis esteve num outro Universo?

- Sim.

- E escreveu o livro baseado nele?

- Sim.

- Ele foi para a Terrá Média?

- Não.

- Como?

Vovó ri.

- Eu disse que ele se baseou. Não que ele escreveu sobre o Universo. Não sei o nome do planeta a que estamos conectados. Mas não é Terra Média... isso posso garantir!

- Ok - digo quase sonhadora - eu posso dar uma espiada?


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